Dois filmes com
efeitos visuais do mago do cinema Ray Harryhausen, para ver em DVD,
distribuídos pela Classicline.
O monstro do mar revolto
O comandante da Marinha
Pete Mathews (Kenneth Tobey) mais dois cientistas procuram pistas de um animal marinho
que vem atacando embarcações. Eles se deparam com um polvo gigantesco, que
agora se desloca rumo a São Francisco ameaçando toda a cidade.
Para a época, 1955 (período
frutífero do cinema scifi americano com filmes com criaturas gigantes
ameaçadoras), “O monstro do mar revolto” foi vendido como terror, invadindo as
salas pelo mundo afora, empolgando uma legião de fãs. Esse aqui fez tanto burburinho
que chegou a influenciar outros futuros longas-metragens com polvos assassinos,
como as duas versões de “Tentáculos” (1977 e 1998). A trama desse e de muitas
fitas do cinema scifi do período carregava um ar de aventura, porém aos poucos
assumia um outro lado, com elementos absurdos do universo da ficção científica literária
(típicos de H.G. Wells e Julio Verne), com seres estranhos em mundos desconhecidos,
que habitavam oceanos, florestas e o espaço sideral – e quase sempre esses “monstros”
eram frutos de experimentos genéticos malsucedidos. Aqui, a Marinha investiga
um ser subaquático que ataca navios, e descobrem que ele é um polvo contaminado
com elementos radioativos. O animal abandona o fundo do mar e vem para a
superfície atacar barcos e pessoas na praia. O principal alvo será a cidade de
São Francisco – numa das cenas antológicas, ele chega a escalar o maior cartão-postal
de lá, a ponte de São Francisco, destruindo tudo pela frente. Como cinemão,
diverte e chama a atenção pela criatividade e pelos efeitos visuais, do mestre
Ray Harryhausen, famoso por criar truques visuais com stop-motion (como aqui, que
foi seu segundo trabalho – anteriormente fez os efeitos de “O monstro do mar”, de
1953, sobre um Godzilla americano); Harryhausen deixou um legado importante na
área técnica com duas dezenas de obras, como “Simbad e a princesa” (1958) e a
primeira versão de “Fúria de titãs” (1981).
O ator Kenneth Tobey,
protagonista do filme, foi o capitão Hendry de “O monstro do Ártico” (1951), outro
clássico do cinema scifi (com terror), que inspirou um de meus filmes de terror
preferidos, “O enigma de outro mundo” (1982), de John Carpenter.
Saiu em DVD recentemente
pela Classicline, em disco duplo: no primeiro disco, o filme com a versão
original, em preto-e-branco, e a versão colorizada, e no disco dois, extras com
mais de 1h40 de making of, bastidores, entrevistas etc
O monstro do mar
revolto (It came from
beneath the sea). EUA, 1955, 79 minutos. Ficção científica/Terror.
Preto-e-branco. Dirigido por Robert Gordon. Distribuição: Classicline
A 20 milhões de léguas da Terra
Uma espaçonave americana
cai na Sicília ao retornar de uma viagem a Vênus. A tripulação não sabe, mas
traz consigo uma estranha forma de vida que, aos poucos, cresce e se transforma
num réptil feroz. Ele fica grande e sai atacando tudo o que vê pela frente em
várias cidades da Itália.
Ray Harryhausen (1920-2013)
abriu novos horizontes para os efeitos visuais do cinema americano a partir dos
anos de 1950, responsável em criar efeitos em stop-motion que até hoje inspiram
diretores – o stop-motion, também chamado de “quadro-a-quadro”, já existia
desde a década de 1910, no entanto era trabalhoso de ser feito, e Harryhausen o
projetou com intensidade no cinema de entretenimento tornando a técnica mundialmente
famosa. Harryhausen começou no departamento de efeitos especiais de um filme em
que nem foi creditado, “Monstro de um mundo perdido” (1949), a primeira versão de
“Poderoso Joe”, que por sua vez vem do universo do gorila King Kong. Em seguida
assinou pela primeira vez os efeitos de um filme, “O monstro do mar” (1953),
sobre um Godzilla mortal, e mais tarde, “O monstro do mar revolto” (1955), com
um polvo gigante atacando São Francisco. Depois vieram “Invasão dos discos
voadores” (1956), um filme sobre ataque de alienígenas à Terra, até chegar esse
aqui, “A 20 milhões de léguas da Terra” (1957), sobre um réptil que vem de
Vênus e cresce a ponto de se tornar um monstro terrível. Fez ainda três fitas
de “Simbad” para o cinema, “Jasão e o velo de ouro” (1963), o icônico “Fúria de
titãs” (1981) e outros.
O filme é puro
entretenimento no aspecto “Sessão da Tarde”: descompromissado, ágil, curtinho, fácil
de se apreciar (e ainda por cima, nostálgico – fica na memória a saudade de um
cinema artesanal de outrora e também fica a pergunta, “Como eles faziam esses
efeitos”?).
Quem dirige é Nathan
Juran (1907-2002), cineasta austro-húngaro que começou como diretor de arte (de
clássicos dos anos 40 e 50 como “Como era verde o meu vale” e “Meu amigo
Harvey”), e que nos anos de 1950 partiu ser diretor de filmes de terror (como “O
castelo do pavor”), de faroeste (“Com a lei e a ordem” e “A morte tem seu
preço”), além, claro, de aventuras com ficção científica com criaturas fantasiosas,
como “Fúria de uma região perdida” (1957), com um gafanhoto enorme e assassino,
esse “A 20 milhões de léguas da Terra”, “O ataque da mulher de 15 metros”
(1958), com uma mulher gigante, e “Simbad e a princesa” (1958), o primeiro de uma série de filmes de
aventura com monstros míticos e animais ferozes (também com efeitos de
Harryhausen).
Curioso que rodaram parte
em Los Angeles e sequências na Itália, em Roma (vê-se o Coliseu, onde
conseguiram gravar dentro dele).
Lançado em DVD pela
Classicline em disco duplo: no primeiro disco, a versão original, em
preto-e-branco, juntamente com a colorizada, e mais um disco de bônus, com mais
de duas horas de making of, bastidores e entrevistas.
Para se ter na coleção.
A 20 milhões de
léguas da Terra (20 million
miles to Earth). EUA, 1957, 82 minutos. Ficção científica/Aventura. Preto-e-branco. Dirigido
por Nathan Juran. Distribuição: Classicline
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