Marvin
Estudante
do Ensino Médio, Marvin (Finnegan Oldfield) sofre bullying na escola e desprezo
em casa por ser gay. Desde garoto enfrenta problemas semelhantes, uma vida
marcada por abusos, falta de compreensão e renúncias. Tentando fugir a todo
momento da realidade, aproxima-se do teatro onde conhecerá pessoas que o ajudarão
a se libertar.
Um delicado
drama de temática gay muito bem construído, com destaque para o bom trabalho do
ator principal, o britânico criado na França Finnegan Oldfield, que interpreta com
sinceridade o garoto-título do filme - e pelo papel concorreu ao Cesar. Mistura
fatos recentes, do rapaz nos palcos do teatro, e memórias, do protagonista
quando pequeno (interpretado por outro bom ator, Jules Porier), e em ambos os
tempos os problemas que cercaram Marvin, de bullying e desprezo por ser
homossexual. Nascido no interior, ele vivia fugindo da escola por apanhar e ser
ridicularizado pelos alunos mais velhos. Em casa o pai o condenava com olhares
fulminantes, havia a ausência da mãe e tinha medo do irmão violento. Ficou sozinho
em quase todos os momentos da vida, até que na juventude, por meio do teatro, aproximou-se
de pessoas que mudariam sua trajetória, como uma diretora da escola
recém-empossada, um mentor que o encoraja a contar sua vida nos palcos e por
fim a atriz Isabelle Huppert (que faz ela mesma).
Marvin
vira um exemplo comum de vidas massacradas pelos abusos físicos e psicológicos,
uma das vítimas das várias formas de intolerância que se arrastam pelo mundo
afora. Mesmo com dificuldades, como se estivesse numa prisão eterna, amenizou
os tormentos da alma ao lado de pessoas solidárias e compreensivas (ainda resta
uma salvação!?).
Veja
e se emocione! Um filme independente da diretora e roteirista Anne Fontaine (que
também foi atriz), uma grande realizadora de dramas femininos com personagens
mulheres de impacto em seus filmes, como “Nathalia X” (2003), “A garota de
Mônaco” (2008), “Coco antes de Chanel” (2009), “Gemma Bovery – A vida imita a
arte” (2014) e o melhor de seus trabalhos, “Agnus Dei” (2016) - em “Marvin”,
com roteiro dela junto de Pierre Trividic, percebemos sua mão feminina na
composição das cenas, do enredo e dos personagens.
Ganhador
do Queer Lion no Festival de Cinema de Veneza, onde também concorreu a melhor
filme no Venice Horizons. Foi exibido ainda no festival Varilux de Cinema de
2017.
Marvin (Idem). França, 2017, 113 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Anne Fontaine. Distribuição: Focus Filmes
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