sábado, 7 de dezembro de 2019

Resenha Especial



Marvin

Estudante do Ensino Médio, Marvin (Finnegan Oldfield) sofre bullying na escola e desprezo em casa por ser gay. Desde garoto enfrenta problemas semelhantes, uma vida marcada por abusos, falta de compreensão e renúncias. Tentando fugir a todo momento da realidade, aproxima-se do teatro onde conhecerá pessoas que o ajudarão a se libertar.

Um delicado drama de temática gay muito bem construído, com destaque para o bom trabalho do ator principal, o britânico criado na França Finnegan Oldfield, que interpreta com sinceridade o garoto-título do filme - e pelo papel concorreu ao Cesar. Mistura fatos recentes, do rapaz nos palcos do teatro, e memórias, do protagonista quando pequeno (interpretado por outro bom ator, Jules Porier), e em ambos os tempos os problemas que cercaram Marvin, de bullying e desprezo por ser homossexual. Nascido no interior, ele vivia fugindo da escola por apanhar e ser ridicularizado pelos alunos mais velhos. Em casa o pai o condenava com olhares fulminantes, havia a ausência da mãe e tinha medo do irmão violento. Ficou sozinho em quase todos os momentos da vida, até que na juventude, por meio do teatro, aproximou-se de pessoas que mudariam sua trajetória, como uma diretora da escola recém-empossada, um mentor que o encoraja a contar sua vida nos palcos e por fim a atriz Isabelle Huppert (que faz ela mesma).
Marvin vira um exemplo comum de vidas massacradas pelos abusos físicos e psicológicos, uma das vítimas das várias formas de intolerância que se arrastam pelo mundo afora. Mesmo com dificuldades, como se estivesse numa prisão eterna, amenizou os tormentos da alma ao lado de pessoas solidárias e compreensivas (ainda resta uma salvação!?).


Veja e se emocione! Um filme independente da diretora e roteirista Anne Fontaine (que também foi atriz), uma grande realizadora de dramas femininos com personagens mulheres de impacto em seus filmes, como “Nathalia X” (2003), “A garota de Mônaco” (2008), “Coco antes de Chanel” (2009), “Gemma Bovery – A vida imita a arte” (2014) e o melhor de seus trabalhos, “Agnus Dei” (2016) - em “Marvin”, com roteiro dela junto de Pierre Trividic, percebemos sua mão feminina na composição das cenas, do enredo e dos personagens.
Ganhador do Queer Lion no Festival de Cinema de Veneza, onde também concorreu a melhor filme no Venice Horizons. Foi exibido ainda no festival Varilux de Cinema de 2017.

Marvin (Idem). França, 2017, 113 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Anne Fontaine. Distribuição: Focus Filmes


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