domingo, 31 de março de 2019

Nota do Blogueiro


"Por que os animais eram tão populares no cinema, especialmente no início da sua história? Em parte, por uma questão de conveniência: eles estavam sempre disponíveis, não precisavam ser pagos e podiam ser facilmente dirigidos e manipulados. Além disso, as pessoas gostam de animais, têm prazer em observá-los e se sentem menos constrangidas com eles do que com seres humanos - a alteridade dos animais faz deles presenças agradáveis".

Trecho do livro "Rin Tin Tin - A vida e a lenda", best seller ganhador do selo 'Book Review', do The New York Times, escrito por Susan Orlean e publicado originalmente em 2011, que ganhou versão em português em 2013 pela editora Valentina (tradução de Pedro Jorgensen Jr., 294 páginas). Retrata a incansável jornada do cachorro Rin Tin Tin, desde quando sobreviveu a ataques a bomba num campo de batalha francês durante a Primeira Guerra Mundial até ser cuidado e adestrado por um soldado e se tornar astro do cinema norte-americano nos anos 20 e ícone do showbiz. Um livro cativante e misterioso, repleto de aventuras e emoção! Ilustrado com fotografias super bacanas, é um deleite só, para os amantes da Sétima Arte. E para os que gostam de cachorros :) Obrigado, equipe da Valentina, pelo envio do exemplar. Adorei.



sábado, 30 de março de 2019

Resenha Especial


Com amor, Van Gogh

O carteiro Joseph Roulin (voz de Chris O'Dowd) encarrega seu filho mais velho, Armand (voz de Douglas Booth), de levar uma carta do pintor Vincent Van Gogh (voz de Robert Gulaczyk) ao irmão, Theo Van Gogh (voz de Cezary Lukaszewicz). O ano é 1891, e o rapaz viaja à França em busca dele, cruzando com uma série de pessoas que tiveram alguma relação com o artista plástico, que havia morrido de forma misteriosa um ano antes.

Uma animação grandiosa indicada ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao Bafta na categoria (infelizmente perdeu todos), sendo o primeiro filme da história do cinema totalmente pintado a mão, quadro a quadro, com tinta, resultando numa técnica impecável que reconstitui as cores vibrantes e pinceladas fortes do renomado artista plástico holandês Vincent Van Gogh. É tão rico em detalhes que demorou seis anos para ser produzido, com um custo de cinco milhões de euros, bem caro para uma animação europeia. Os atores foram filmados, e depois cada fotograma foi pintado, num total de 65 mil quadros, por uma equipe de 100 artistas plásticos selecionados num concurso, que tiveram a liberdade de utilizar como base 120 obras de Van Gogh. Além das cores vibrantes, a animação mistura um preto-e-branco puxado para o cinza nos momentos de flashback, de bastante destaque, vale lembrar.
Em formato de documentário com um quê investigativo, a intrínseca história é narrada pelo protagonista Armand Roulin (que realmente existiu, aliás, tudo no filme é baseado em fatos comprovados), filho de um carteiro incumbido de levar a última carta do pintor para o irmão, na França. Armand segue a viagem para Auvers-sure-Oise, vilarejo no norte do país, onde Van Gogh morreu um ano antes, e lá ele descobre que o irmão, Theo, também morrera pouco tempo atrás. Circulando por bares e ruelas, tromba com vários moradores que tiveram algum contato com o pintor. Estes narram diversas passagens para ele, enquanto tenta descobrir as causas da morte de Vincent. Inclusive nas andanças encontra versões não-oficiais sobre a morte do pintor, e passa a investigar o caso - Van Gogh faleceu de maneira trágica, ferido a bala, alguns falavam em suicídio, num fato ainda sem explicações.


Nesse filme cult, um pouco lento para o público comum, somos aproximados de um perfil autêntico do pintor, entregue à bebida, que sofria depressão, possivelmente tinha esquizofrenia, e num dos surtos cortou a própria orelha. Morreu pobre, às mínguas, sua obra ficou conhecida pós-morte. É inegável seu talento, que influenciou gerações de pintores, é considerado um dos maiores artistas modernos e o principal representante da Holanda nas artes plásticas.
“Com amor, Van Gogh” é visionário, uma obra de arte difícil de ser feita, poética e instigante, com participação de atores como Chris O'Dowd, Douglas Booth e Saoirse Ronan (os vemos “sob” a tinta, mas reconhecemos seus traços e a voz). Assemelha-se à técnica das duas animações de Richard Linklater, “Waking life” (2001) e “O homem duplo” (2006), porém estes eram no processo de rotoscopia, onde artistas gráficos redesenham os quadros filmados, que não envolve tinta direta e é mais comum no cinema.
Palmas para a diretora Dorota Kobiela e para o diretor Hugh Welchman, ganhador do Oscar pelo impressionante curta “Pedro e o lobo” (2006), que possuía uma técnica bem parecida de pintura por cima do quadro.

Com amor, Van Gogh (Loving Vincent). Polônia/ EUA/ Reino Unido/ Suíça/ Holanda, 2017, 95 min. Animação. Colorido/ Preto-e-branco. Dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Welchman. Distribuição: Focus Filmes

sexta-feira, 29 de março de 2019

Resenhas Especiais



 Fragmentado

Três garotas são sequestradas por Kevin (James McAvoy) no estacionamento de uma loja. Misterioso, ele as leva para um cativeiro e são mantidas refém. Aos poucos as vítimas conhecem o lado sombrio desse homem, que fora diagnosticado com 23 personalidades. O objetivo de Kevin é preparar as meninas para um culto onde ele assumirá a 24ª personalidade, chamada de “A Fera”.

Com um fracasso após o outro, o cineasta indiano M. Night Shyamalan, realizador de uma das obras-primas do terror contemporâneo, o imprevisível e chocante “O sexto sentido” (1999), retornou com vigor no gênero ao fazer em 2015 o bom e assustador “A visita”, e no ano seguinte este “Fragmentado”, um excelente exemplar que mistura suspense, ação e drama. Obra inteligente, traz um tour-de-force de James McAvoy, no papel de um jovem que interpreta 24 personalidades, dentre mulheres e criança (no filme vemos parte delas, Dennis, Patricia, Hedwig, Kevin, Crumb, Barry, Orwell e Jade). No início da história ele sequestra três garotas para um ritual de transformação. Tem o poder de mudar quimicamente seu organismo com a força do pensamento, e em breve a última personalidade irá se materializar num ser monstruoso, que dominará todas as outras. Para isto trancafia as meninas numa casa isolada. A angústia, a claustrofobia e o medo tomarão conta delas, assim como do telespectador, nesse terror psicológico de muitos sustos e calafrios. O público é convidado a mergulhar na mente insana de um homem perturbado - McAvoy, que está impressionante, deveria ter sido indicado ao Oscar. Na história também aparecerá uma médica psiquiátrica, Dra. Karen, que cuida do jovem, outro personagem de destaque, feito pela veterana atriz Betty Buckley.


Grande sucesso de público, custou U$ 9 milhões e deu de bilheteria U$ 280 milhões. Um grandioso retorno às origens de M. Night Shyamalan, que escreveu, dirigiu e produziu o filme (e como sempre participa numa pontinha). Nessa altura do campeonato, já sabemos de alguns lances especiais sobre a produção; teve uma ótima continuação chamada “Vidro”, lançada nos cinemas este ano, e “Fragmentado” trazia uma relação direta com o quarto longa de Shyamalan, “Corpo fechado” (2000), algo que só descobríamos nos segundos finais do filme.
Filmão obrigatório aos fãs de terror! E para entender mais o processo criativo do filme acesse os extras do DVD, como bastidores e making of.

Fragmentado (Split). EUA/Japão, 2016, 117 min. Suspense/Terror. Colorido. Dirigido por M. Night Shyamalan. Distribuição: Universal Pictures 


Uma verdade inconveniente

O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore viaja pelo mundo apresentando palestras com um alerta impressionante sobre o aquecimento global.

Contundente e estarrecedor, o documentário, que foi sucesso de público em 2006, venceu os dois Oscars pelos quais foi indicado, melhor documentário e canção (“I need to Wake up”, de Melissa Etheridge), e em 2017 ganhou uma correta continuação, “Uma verdade mais inconveniente” (indicada ao Bafta e exibida em Cannes). Escrito por Al Gore e dirigido por Davis Guggenheim, o filme dá uma sacudida nas pessoas, é de causar impacto as informações trazidas por Gore em suas falas, com uma mensagem alarmista sobre a degradação do planeta Terra. Cada vez mais o homem destrói florestas, e os altos índices de poluição colaboram diretamente para o aquecimento global, terminando em enchentes, inundações, incidentes climáticos e muitas mortes ao redor do mundo. Gore é polêmico, traz sua visão de mundo e do futuro (ambas apocalípticas) através de palestras onde carrega a bandeira da sustentabilidade, na tentativa de conscientizar o público sobre mudanças de hábito (há 30 anos ele é engajado na causa de “salvar o planeta”). Intercalado com reportagens, gráficos e vídeos extras, o doc tem um aspecto de denúncia, mas também conta um pouco mais do perfil, da vida pessoal e do cotidiano do político, um homem inteligente, discreto, com bom humor, extremamente afetivo com a família.


A reflexão do filme é provocadora e atualíssima: “O planeta Terra pede urgentemente socorro”.
Assista ao documentário e à continuação, realizada 10 anos depois, “Uma verdade ainda mais inconveniente” (2017), em que Al Gore volta a comparar o aquecimento global nessa uma década de diferença.

Uma verdade inconveniente (An inconvenient truth). EUA, 2006, 96 min. Documentário. Colorido. Dirigido por Davis Guggenheim. Distribuição: Paramount Pictures

Nota do blogueiro


RIP. Agnès Varda se despede aos 90 anos! Cineasta das mais importantes do cinema francês, de filmes como "Cléo das 5 às 7", "Os renegados" e "As duas faces da felicidade"! Viva!


terça-feira, 26 de março de 2019

Resenha Especial



Setembro em Shiraz

O casal de origem judia Isaac (Adrien Brody) e Farnez (Salma Hayek) e a família de ambos são detidos durante a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. Sob ameaças e vivendo num forte clima de insegurança que assolou o país, enfrentarão uma terrível jornada para escapar das mãos do governo autoritário.

Baseado em fatos reais extraídos do romance da iraniana Dalia Sofer, este drama norte-americano pouquíssimo conhecido do público é um filme tenso sobre o fanatismo religioso islâmico e a perseguição cometida pelo governo iraniano durante a Revolução Xiita entre os anos 70 e 80. As ações envolvem o dia a dia de dois personagens, um casal de judeus bem sucedido que é preso e sofre abusos no horror da revolução. O que era para ser um momento de transição aparentemente benéfica ao país, com a deposição do Xá Mohammad Reza Pahlavi, transformou-se em tempos sinistros, um verdadeiro barril de pólvora, com perseguições políticas e étnicas, violência, mortes, tudo causado pelo extremismo a comando do Aiatolá Khomeini.


Com roteiro ponta firme assinado pela estreante Hanna Weg a partir do romance original de Dalia Sofer, a história começa como um drama envolvente e mergulha num thriller, com amplas reviravoltas, que deixa o público com os nervos à flor da pele.
Rodado na Bulgária, com destaque para o ganhador do Oscar Adrien Brody, uma participação regular de Salma Hayek e aparição da grande atriz iraniana Shohreh Aghdashloo (indicada ao Oscar de coadjuvante pelo excelente “Casa de areia e névoa”, em 2003).
O diretor australiano Wayne Blair, de “Música da alma” (2012), dedicou o filme a todas as famílias que sofreram perseguição. Uma obra para ser descoberta!

Setembro em Shiraz (Septembers of Shiraz). EUA, 2015, 109 min. Drama. Colorido. Dirigido por Wayne Blair. Distribuição: California Filmes

segunda-feira, 25 de março de 2019

Nota do Blogueiro


CINEMÃO

Boxes especiais da Obras-Primas do Cinema que acabaram de chegar no mercado brasileiro. Filmes raros e antigos remasterizados com qualidade impecável de imagem. O primeiro chama-se "Comédias clássicas" reunindo em dois discos quatro comédias clássicas do cinema americano realizadas entre as décadas de 30 e 40; são elas "Irene, a teimosa" (1936), "Os pecados de Theodora" (1936), "O diabo e a mulher" (1941" e "Indiscrição" (1945).
E na outra caixa, "Boris Karloff", um especial em homenagem ao icônico ator britânico do cinema de terror, com quatro obras do gênero: "O zumbi" (1933), "Corredores de sangue" (1958), "The haunted strangler" (1958) e "Morte para um monstro" (1965). Há muitos extras nos discos e cards colecionáveis. Obrigado, Obras-primas, pelo envio dos filmes.




Resenha Especial



Bye bye Alemanha

Em 1946, com o fim da Segunda Guerra, o judeu David Bermann (Moritz Bleibtreu) junta seis amigos com um objetivo em mente: abrir um negócio para ganhar dinheiro e assim ir embora da Alemanha, que está devastada pela guerra. O destino do grupo é os Estados Unidos. Resolvem então vender enxovais para mulheres alemãs o que inclui dar pequenos golpes na comunidade.

Baseado em uma maluca e até infame história real ocorrida no primeiro ano após a Segunda Guerra Mundial, na cidade de Frankfurt, este divertido e inesperado filme traz um grupo de sobreviventes judeus que aplicavam golpes vendendo enxovais para famílias de nazistas mortos. É uma comédia dramática original em tom de farsa, bem arquitetada, com um roteiro funcional, bons atores em cena e uma grande reconstituição de época (a Alemanha em uma profunda crise econômica, devastada pela guerra).
São sete amigos judeus que tinham profissões variadas (um era músico, o outro sapateiro, um ator etc) que abrem um ponto comercial para retomar a vida e juntar grana. A ideia é partir para a América, em busca do tão almejado sonho americano. Inauguram uma loja de enxovais e toalhas, vendem de porta em porta e aos poucos conquistam as ricas mulheres da sociedade. A malandragem da trupe era apresentar os enxovais às viúvas que perderam o marido na guerra informando que os produtos haviam sido encomendados pelo morto, provocando assim uma espécie de “vingança judia”, como eles mesmos intitularam a arte do negócio. Entre idas e vindas, lucram bem. Mas será que a enganação será desvendada?


Injeta humor num tema sério e apesar de politicamente incorreto, mostra as sacadas brilhantes desse grupo de desempregados para ganhar a vida a qualquer custo. Eles já tinham perdido tudo, inclusive a família no Holocausto, e analisando bem não deixaram de ser empreendedores!
O destaque maior do elenco vai para o personagem principal, o judeu e líder dos trapaceiros David Bermann - bem conduzido pelo ator Moritz Bleibtreu, de “A experiência” (2001) e “Corra, Lola, corra” (1998). Um cara piadista e irônico, que brinca a todo momento em meio ao estado delicado do pós-guerra, e tudo que ele conta nunca sabemos se é verdade ou não (nem seus amigos). As vivências dele são extraordinárias, por exemplo, diz ter conquistado os nazistas durante a guerra por meio das piadas, fora uma vez contratado como humorista de stand-up e chegou a ensinar piadas para Adolph Hitler contar em seus discursos e dessa maneira descontrair a numerosa plateia – por tais atos Bermann foi acusado de colaborar com o Nazismo.
Exibido no Festival de Berlim, o filme é do diretor alemão Sam Garbarski, de “O tango de Rashevski” (2003) e “Irina Palm” (2007), que escreveu o roteiro ao lado de Michel Bergmann, o autor dos dois livros de fundo autobiográfico que originaram esta produção para cinema. Assista e se divirta!

Bye bye Alemanha (Es war einmal in Deutschland...). Alemanha/ Bélgica/ Luxemburgo, 2017, 102 min. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Sam Garbarski. Distribuição: Mares Filmes

sexta-feira, 22 de março de 2019

Resenha Especial


Kick-Ass 2

O herói da vida real Kick-Ass (Aaron Taylor-Johnson) inspirou uma legião de jovens mascarados que hoje atuam de forma independente combatendo o crime em Nova York. Ele, Hit Girl (Chloë Grace Moretz) e outros garotos são convidados pelo Coronel Estrelas e Listras (Jim Carrey) para integrar um grupo secreto cujo objetivo é coibir atos de violência e consequentemente eliminar bandidos. Mas quem está de volta na cena e ainda mais vingativo é Red Mist (Christopher Mintz-Plasse), que sai à caça de Kick-Ass para se vingar da morte do pai, o cruel mafioso Frank D’Amico (Mark Strong).

Divertido, original e mais violento, a continuação de “Kick-Ass: Quebrando tudo” (2010) saiu três anos depois do primeiro conquistando o público jovem americano, mas sem o devido sucesso nas salas de cinema. Os heróis da vida real, liderados por Kick-Ass e Hit Girl, retornam com pique para combater o crime na cidade grande, aliados a um coronel disposto a treiná-los para encarar aventuras mortais.
Começa de onde terminou o primeiro filme, com o violãozinho frangote Red Mist jurando vingança, pois o pai dele havia sido morto por Kick-Ass com um tiro de bazuca. Red Mist virou um cara violento e psicótico, que junta a escória de estranhos criminosos para caçar o grupo dos heróis – tanto mocinhos quanto vilões estão melhor preparados, e travarão uma luta sem igual. É ver para crer!
A franquia de cinema Kick-Ass veio das HQs criadas por Mark Millar em 2008 (com um dos selos da Marvel Comics). Ele é o criador de “Kingsman”, também adaptado para a telona pelo criativo Matthew Vaugh, diretor que rodou o primeiro Kick-Ass e deixou esta segunda parte para o cineasta Jeff Wadlow, apenas assumindo a produção. A franquia trouxe ao cinema um novo tipo de super-herói, antes mesmo de “Deadpool”, com quem tem semelhanças. Subvertendo o tipo clássico de heróis, estes são rapazes e garotas magricelas, sem poderes especiais, corajosos, mas atrapalhados, que apanham muito, sangram e choram. Independente das ameaças, nunca perdem o espírito de liderança e união, para salvar a sociedade dos diversos tipos de crime, desde grandes corporações ligadas a corrupção a assaltantes nas ruas.


Nesta segunda parte focaram a preparação física e psicológica dos mocinhos para combater o mal. Eles treinam duro na academia e também procuram aperfeiçoar a mira com armas e dribles com tacos. Todos são fruto do bullying, foram excluídos por colegas na escola, agora se fortalecem num pequeno grupo secreto visando a paz social. Prepare-se para uma aventura digna, com peripécias e uma explosão de adrenalina! Tão empolgante quanto o original, tem piadas engraçadas, sequências de violência com muito sangue e humor negro. O ponto alto é o retorno do elenco inteiro, jovens vigorosos que já despontaram no cinema atual (Johnson, Chloë, Plasse etc). Olhe que bacana, em um momento do filme toca uma música brasileira, “Minha menina”, de Jorge Ben Jor, cantada em português pela banda inglesa The Bees!
Um dos personagens traduz a essência de Kick-Ass: “Um bando de garotos com nomes fictícios, vestindo fantasias caseiras, pesquisando crimes sem solução na internet. Os heróis das HQs têm bilhões de dólares e esconderijos na lua, mas este aqui é o mundo real”. A frase define tudo! Boa sessão!

Kick-Ass 2 (Idem). EUA/Reino Unido, 2013, 102 min. Ação. Colorido, Dirigido por Jeff Wadlow. Distribuição: Universal Pictures

quarta-feira, 20 de março de 2019

Cine Lançamento



A viagem de Fanny

Durante a França ocupada pelos nazistas, na Segunda Guerra Mundial, uma garota chamada Fanny (Léonie Souchaud), de apenas 12 anos, foge para a fronteira suíça levando consigo um grupo de garotas de um orfanato. A arriscada viagem transformará para sempre a vida de cada uma delas.

Esta espirituosa fita independente francesa, coprodução com a Bélgica, é uma incrível história de amizade e solidariedade em meio à guerra, baseada no romance autobiográfico da alemã Fanny Ben-Ami (hoje viva, aos 89 anos). Na época dos fatos, em 1942, Fanny tinha 12 anos, quando deixada juntamente com as irmãs menores num orfanato em plena ocupação nazista na França. A instituição abrigava crianças judias enquanto os pais fugiam, e no momento que o cerco alemão avançava, a garota, para não ser transferida para um campo de concentração, criou um plano de fuga para a Suíça levando seu grupo, composto por oito meninas. Pelos campos franceses até as montanhas frias da Suíça, aventuraram-se por uma viagem de centenas de quilômetros, a pé, marcada por perigos, descobertas, amadurecimento e autoconhecimento. Perceba bem a protagonista, que abandona aos poucos o perfil de menina teimosa e cheia de conflitos para se transformar em uma heroína corajosa, que por acaso salvou várias vidas do Holocausto. Por isto a obra dá um sopro de vida, funciona como um “filme de família” ou como um drama social, leve, emocionante e bem realizado, que destrincha ainda temas como o valor do trabalho em equipe e o fortalecimento da amizade.


Escrito e dirigido pela jovem Lola Doillon, que tem fortes laços no cinema francês: ela é filha do prestigiado cineasta Jacques Doillon (de “Ponette”, “O jovem assassino” e “Rodin”) com a montadora de filmes Noëlle Boisson (indicada ao Oscar de edição por “O urso”, em 1990). E é casada com o cineasta de “Albergue espanhol” (2002), Cédric Klapisch.
Lançado em 2016 na Europa, passou nos cinemas brasileiros em 2017 e saiu em DVD pela Mares Filmes. Altamente recomendado!

A viagem de Fanny (Le voyage de Fanny). França/Bélgica, 2016, 94 min. Drama. Colorido. Dirigido por Lola Doillon. Distribuição: Mares Filmes

segunda-feira, 18 de março de 2019

Nota do Blogueiro


"Ficamos assistindo ao desfile de drag queens de todos os tipos, cores e tamanhos que dão tudo de si e esbanjam talento no palco daquela boatezinha fuleira nos confins do Texas. Elas usam vestidos cintilantes e sofisticados, saltos altíssimos e perucas insanas. Cada uma tem seu próprio tipo de beleza. Rola até um dueto com uma mulher travestida de Kenny Rogers, numa interpretação de 'Islands in the stream'. Mas a minha favorita é uma drag asiática mignon, com o nome de Lee Wei. Está usando um minivestido azul-claro com uns paetês tão longos que toda vez que ela se move é como se desse uma pincelada de cor no palco. Quando o refletor a ilumina e a música começa, basta uma nota para a boate inteira ir ao delírio [...]"

Trecho de "Dumplin'", livro que ficou em primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times, escrito por Julie Murphy e publicado no Brasil pela Editora Valentina (2017, 336 páginas, tradução de Heloísa Leal). De fácil leitura, fala sobre uma garota plus size que sofre preconceitos, tem uma relação tumultuada com a mãe e com o apoio de alguns amigos resolve se inscrever num concurso de beleza no Texas. A obra tem traços autobiográficos da autora e trata de temas atuais na sociedade, como bullying, empoderamento feminino e autoaceitação, de forma leve e divertida.
Foi transformado num bom e fiel filme, produzido pelo Netflix e lançado em dezembro de 2018 (com Danielle Macdonald e Jennifer Aniston), recebendo indicação ao Globo de Ouro de melhor canção. Já nas livrarias! Obrigado, equipe da Valentina, pelo envio do lindo exemplar!





Nota do Blogueiro


Quatro grandes filmes do cinema agora em DVD pela Classicline. Lançamentos fresquinhos de março! Tem o drama romântico de guerra "Quando a neve tornar a cair" (1944, com Gregory Peck), o thriller de espionagem "O emissário de Mackintosh" (1973, de John Huston, com Paul Newman) e duas comédias dramáticas, "O despertar de Rita" (1983, com Michael Caine, ganhadora de dois Globos de Ouro) e "Hannah e suas irmãs" (1986 - vencedora de três Oscars, que conta com um grande elenco). Todas as cópias são remasterizadas, com a qualidade que só a Classicline traz para os colecionadores. Já nas lojas! Obrigado, equipe da Classicline, pelo envio dos filmes.



sexta-feira, 8 de março de 2019

Viva Nostalgia!



O monstro do Ártico

Cientistas alojados em uma base de pesquisa no Ártico descobrem uma estranha forma de vida num bloco de gelo. O organismo escapa, cresce e ataca um a um naquela inóspita região.

Um grande clássico da ficção científica da RKO, com toques de terror, que marcou a década de 50 fazendo sucesso nos cinemas e na TV. Tamanho o sucesso que foi refilmado duas vezes, com o título de “O enigma de outro mundo” – a primeira versão era a impressionante e violenta versão de John Carpenter, de 1982, e depois veio a de 2011, assustadora e bem parecida com a anterior.
“O monstro do Ártico” teve produção assinada pelo mestre do faroeste e realizador de comédias Howard Hawks (que também dirigiu a fita, mas não aparece nos créditos) e aborda um tema comum no cinema scifi daquela época, de descobertas de novos mundos onde, sem ninguém saber, habitam seres alienígenas. Na história, cientistas, com ajuda de militares americanos, terão pela frente longos dias para destruir uma criatura milenar encontrada no Polo Norte (a diferença deste está na amenidade da concepção do monstro, em formato de humano, com longas unhas e cabeça disforme – enquanto as duas versões futuras traziam bichos gosmentos, asquerosos, além de mortes bizarras e sangue aos montes).



Dirigido por Christian Nyby, o roteiro é do famoso Charles Lederer, adaptado de um conto, “Who goes there?”, de John W. Campbell Jr.
Saiu em DVD pela primeira vez no Brasil em 2015, no box “Clássicos Sci-fi – volume 2”, pela Versátil, com outros cinco títulos: “Scanners: Sua mente pode destruir” (1981), “O homem dos olhos de raio-X” (1963), “Matadouro 5” (1972), “No mundo de 2020” (1973) e “Robinson Crusoé em Marte” (1964).

O monstro do Ártico (The thing from another world). EUA, 1951, 83 min. Ficção científica. Preto-e-branco. Dirigido por Christian Nyby. Distribuição: Versátil Home Video

Nota do Blogueiro



Sesc, em parceria com Senac e Imes Catanduva, realiza Mostra Especial de Cinema neste mês

No início da próxima semana o Sesc Catanduva abre a Mostra "Glauber Rocha 80", uma iniciativa cultural em parceria com o Senac Catanduva e o Imes Catanduva. Entre os dias 12 e 23 de março serão exibidos gratuitamente sete obras do controverso diretor brasileiro que revolucionou o cinema e foi um dos fundadores do movimento Cinema Novo – serão cinco longas e dois curtas-metragens. Todas as sessões são abertas ao público, realizadas no auditório do Senac Catanduva (Rua Santos, 300 – Vila Rodrigues).
A mostra, idealizada pelo Sesc Catanduva, contou com a colaboração do jornalista, crítico de cinema e professor do Imes e do Senac Felipe Brida, que auxiliou na organização e seleção de filmes. Brida irá fazer a abertura do evento, no dia 12 de março, às 19h, e em seguida será exibido o curta “Maranhão 66” (1966) juntamente com o primeiro longa do diretor, “Barravento” (1962). O professor e crítico de cinema também conduzirá o debate de encerramento da Mostra, no dia 23/03, quando será exibido “Deus e o diabo na terra do sol” (1964), que também abrirá o Cine Debate 2019 do Imes.


A Mostra homenageia os 80 anos de Glauber Rocha; diretor, roteirista, produtor e montador, ele faleceu prematuramente aos 42 anos, em 1981, deixando um impressionante legado de filmes que discutiam disputa de poder, religião, misticismo, além de temas de forte cunho social, como fome, violência e a miséria no Nordeste do Brasil, repleto de alegorias.
Confira abaixo a programação:

Dia 12/03 – 19h – Abertura da Mostra com exibição do curta “Maranhão 66” (1966) e do longa “Barravento” (1962)
Dia 13/03 – 19h30 – “Pátio” (1959 – curta) e “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” (1969)
Dia 19/03 – 19h30 – “Terra em transe” (1967)
Dia 20/03 – 19h30 – “O leão de sete cabeças” (1970)
Dia 23/03 – 14h30 – “Deus e o diabo na terra do Sol” (1964) – Cine Debate Especial





quinta-feira, 7 de março de 2019

Resenha Especial


Lady Snowblood: Uma canção de amor e vingança

Presa pela polícia japonesa, Yuki Kashima (Meiko Kaji), conhecida como Lady Snowblood, é capturada por um grupo secreto que tem por trás um plano de espionagem. Eles a infiltram na casa de um anarquista para vigiá-lo dia e noite, no entanto uma série de imprevistos farão com que Lady Snowblood fique dividida em meio a uma sanguinária conspiração política.

Da produtora Toho, a continuação de “Lady Snowblood: Vingança na neve” (1973) foi feita concomitantemente à primeira parte, mas lançada no ano seguinte (1974). Sanguinário, moderno para a época e violento (mas em doses menores em relação ao original), o cultuado filme de ação japonês reinventou o chambara, que eram as populares fitas de samurai (trocando aqui o gênero do protagonista, sai o homem entra a mulher). Na primeira produção, “Lady Snowblood: Vingança na neve”, termina a história com Yuki ferida após uma chacina na casa de festas, abandonada na neve. Ela retorna sã e salva anos depois nesse novo capítulo, com o mesmo pano de fundo: finalzinho do século XIX, a Era Meiji, quando o Japão deixou de ser feudal e começou a se modernizar, e uma série de manifestações políticas agitavam o país. Yuki deixou a vida de crimes, até que é resgatada por um grupo de mercenários e aceita um acordo, o de vigiar um cidadão adepto do Anarquismo, movimento proibido no Japão. Quando as coisas se complicam, ela se vê de volta aos crimes portando sua infalível espada.


Menos estilizado que o anterior, o capítulo 2 vira um drama social com implicações políticas, com poucas, mas bem coreografadas cenas de ação, e, não poderia faltar, o tradicional sangue jorrado quando a personagem decepa mãos e braços dos bandidos – a saga influenciou Quentin Tarantino em seu “Kill Bill” (2003 e 2004), semelhante no formato, na estética da violência, na fotografia, nos enquadramentos e no uso das cores fortes.
Dirigido também por Toshiya Fujita, o filme foi baseado no mangá homônimo de Kazuo Koike, criador de “Lobo Solitário”, que virou uma série de filmes de sucesso no Japão nos anos 70.
Em 2016 saiu em DVD pela Versátil, num digistack duplo, com os dois filmes, em excelente cópia.

Lady Snowblood: Uma canção de amor e vingança (Shurayukihime: Urami koiuta). Japão, 1974, 89 min. Ação. Colorido. Dirigido por Toshiya Fujita. Distribuição: Versátil. Disponível em DVD.

Nota do Blogueiro


Lançamentos da Obras-Primas do Cinema chegando no mercado. Atentem-se para estes grandes filmes, inéditos em DVD no Brasil, e que estão com preço especial!
Tem o drama "Meu mestre, minha vida" (1989, com Morgan Freeman), sobre o sistema educacional americano, e dois boxes exclusivos: "Cinema mudo", com cinco clássicos do cinema mudo de Hollywood - O sheik (1921), O anjo das ruas (1928), Lágrimas de palhaço (1924), O ladrão de Bagdad (1924) e The penalty (1920), e ainda a caixa "Alejandro Jodorowsky, com três longas do aclamado diretor surrealista (El Topo, de 1970, Fando e Lis, de 1968, e Santa Sangre, de 1989), além do curta-metragem A gravata (1957). Todos acompanham cards especiais e muitos extras! Já nas lojas!
Obrigado, pessoal da OPC, pelo envio dos filmes :)




quarta-feira, 6 de março de 2019

Nota do Blogueiro


Lançamento do mês em DVD pela @cpcumesfilmes: "Quando voam as cegonhas" (1957), drama de guerra soviético ganhador da Palma de Ouro em Cannes e indicado ao Bafta. O filme sai em excelente cópia, pela primeira vez no Brasil. Já nas lojas. Obrigado, equipe da @cpcumesfilmes, pelo envio do DVD.



Nota do Blogueiro


Chegaram bons lançamentos em DVD pela distribuidora A2 Filmes! Com o selo Focus Filmes tem quatro dramas franceses: "Depois do apocalipse" (2017, que mistura terror e perseguições), "A aparição" (2018, de cunho religioso, com Vincent Lindon), "Marvin" (2017, de temática gay, vencedor do prêmio Queer Lion no Festival de Veneza) e "Gauguin: Viagem ao Taiti" (2017, baseado na vida do pintor Paul Gauguin). E saiu também, com o selo Mares Filmes, o excelente drama suíço "Mulheres divinas" (2017), uma história bem humorada sobre o movimento feminista na Suíça, baseado em fatos reais. 
Valeu, pessoal da A2, pelos filmes!





Nota do Blogueiro


"Toda essa sociedade tomou-a Míchkin como moeda de lei, ouro puro, sem liga. Toda essa gente se achava, essa noite, como que por privilégio, no mais feliz estado de espírito e muito contente de si. Todos, sem exceção, sabiam que estavam, com a sua visita, prestando uma grande honra aos Epantchín. Mas pobre dele, Míchkin! Não suspeitava existirem tais sutilezas. Não suspeitava, por exemplo, que, conquanto os Epantchín estivessem considerando um passo tão importante para decisão do futuro de sua filha, ousariam deixar de exibi-lo, a ele, Príncipe Liév Nikoláievitch, ao velho dignatário que era reconhecidamente o patrono da família".

Trecho de "O idiota", um dos maiores clássicos da literatura russa, escrito por Fiódor Dostoiévski e publicado originalmente em 1869. Neste romance de base humanista, conhecemos a trágica história do príncipe Liév Nikoláievitch Míchkin, um idealista cristão, internado em um sanatório por sofrer de epilepsia. Quando sai de lá, tenta se readaptar em uma sociedade corrompida e preconceituosa, que o considera inútil, "um idiota".
O livro tem traços autobiográficos, pois Dostoiévski, na época, sofria de epilepsia, estava endividado e sentia rejeição da sociedade. O autor, segundo consta, inspirou-se na literatura de Miguel de Cervantes e Charles Dickens para escrever o livro, que demorou dois anos para ficar pronto. Em 1951 o diretor Akira Kurosawa adaptou a história para o cinema, passando-se agora no Japão, num de seus filmes mais importantes da década de 50.
"O idiota" acaba de sair no Brasil em uma edição de luxo, com capa dura, pela editora Martin Claret (2019, 712 páginas, tradução de José Geraldo Vieira). Já disponível nas livrarias!
Obrigado, equipe da M. Claret, pelo envio do exemplar :)