Fragmentado
Três
garotas são sequestradas por Kevin (James McAvoy) no estacionamento de uma loja.
Misterioso, ele as leva para um cativeiro e são mantidas refém. Aos poucos as
vítimas conhecem o lado sombrio desse homem, que fora diagnosticado com 23
personalidades. O objetivo de Kevin é preparar as meninas para um culto onde
ele assumirá a 24ª personalidade, chamada de “A Fera”.
Com
um fracasso após o outro, o cineasta indiano M. Night Shyamalan, realizador de
uma das obras-primas do terror contemporâneo, o imprevisível e chocante “O
sexto sentido” (1999), retornou com vigor no gênero ao fazer em 2015 o bom e
assustador “A visita”, e no ano seguinte este “Fragmentado”, um excelente
exemplar que mistura suspense, ação e drama. Obra inteligente, traz um
tour-de-force de James McAvoy, no papel de um jovem que interpreta 24
personalidades, dentre mulheres e criança (no filme vemos parte delas, Dennis,
Patricia, Hedwig, Kevin, Crumb, Barry, Orwell e Jade). No início da história
ele sequestra três garotas para um ritual de transformação. Tem o poder de mudar
quimicamente seu organismo com a força do pensamento, e em breve a última personalidade
irá se materializar num ser monstruoso, que dominará todas as outras. Para isto
trancafia as meninas numa casa isolada. A angústia, a claustrofobia e o medo
tomarão conta delas, assim como do telespectador, nesse terror psicológico de muitos
sustos e calafrios. O público é convidado a mergulhar na mente insana de um homem
perturbado - McAvoy, que está impressionante, deveria ter sido indicado ao
Oscar. Na história também aparecerá uma médica psiquiátrica, Dra. Karen, que
cuida do jovem, outro personagem de destaque, feito pela veterana atriz Betty
Buckley.
Grande
sucesso de público, custou U$ 9 milhões e deu de bilheteria U$ 280 milhões. Um grandioso
retorno às origens de M. Night Shyamalan, que escreveu, dirigiu e produziu o
filme (e como sempre participa numa pontinha). Nessa altura do campeonato, já
sabemos de alguns lances especiais sobre a produção; teve uma ótima continuação
chamada “Vidro”, lançada nos cinemas este ano, e “Fragmentado” trazia uma
relação direta com o quarto longa de Shyamalan, “Corpo fechado” (2000), algo
que só descobríamos nos segundos finais do filme.
Filmão
obrigatório aos fãs de terror! E para entender mais o processo criativo do
filme acesse os extras do DVD, como bastidores e making of.
Fragmentado (Split). EUA/Japão, 2016, 117 min.
Suspense/Terror. Colorido. Dirigido por M. Night Shyamalan. Distribuição:
Universal Pictures
Uma verdade inconveniente
O ex-vice-presidente
norte-americano Al Gore viaja pelo mundo apresentando palestras com um alerta impressionante
sobre o aquecimento global.
Contundente
e estarrecedor, o documentário, que foi sucesso de público em 2006, venceu os dois
Oscars pelos quais foi indicado, melhor documentário e canção (“I need to Wake
up”, de Melissa Etheridge), e em 2017 ganhou uma correta continuação, “Uma
verdade mais inconveniente” (indicada ao Bafta e exibida em Cannes). Escrito por
Al Gore e dirigido por Davis Guggenheim, o filme dá uma sacudida nas pessoas, é
de causar impacto as informações trazidas por Gore em suas falas, com uma
mensagem alarmista sobre a degradação do planeta Terra. Cada vez mais o homem destrói
florestas, e os altos índices de poluição colaboram diretamente para o
aquecimento global, terminando em enchentes, inundações, incidentes climáticos
e muitas mortes ao redor do mundo. Gore é polêmico, traz sua visão de mundo e
do futuro (ambas apocalípticas) através de palestras onde carrega a bandeira da
sustentabilidade, na tentativa de conscientizar o público sobre mudanças de
hábito (há 30 anos ele é engajado na causa de “salvar o planeta”). Intercalado
com reportagens, gráficos e vídeos extras, o doc tem um aspecto de denúncia, mas
também conta um pouco mais do perfil, da vida pessoal e do cotidiano do
político, um homem inteligente, discreto, com bom humor, extremamente afetivo com
a família.
A
reflexão do filme é provocadora e atualíssima: “O planeta Terra pede urgentemente
socorro”.
Assista
ao documentário e à continuação, realizada 10 anos depois, “Uma verdade ainda
mais inconveniente” (2017), em que Al Gore volta a comparar o aquecimento
global nessa uma década de diferença.
Uma verdade inconveniente (An inconvenient truth). EUA, 2006,
96 min. Documentário. Colorido. Dirigido por Davis Guggenheim. Distribuição:
Paramount Pictures