terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cine Lançamento



O ditador

General Aladeen (Sacha Baron Cohen), um temível ditador africano, comando o país a ferro e fogo, não permitindo a democracia. Lá, na República de Wadiya, organiza anualmente seus próprios Jogos Olímpicos, manda assassinar rebeldes sem qualquer piedade e ergue infinitas estátuas para homenagear a si mesmo. Quando a comunidade internacional suspeita de que ele esteja construindo armas nucleares, Aladeen viaja aos Estados Unidos para prestar esclarecimentos à ONU. Em solo americano, o déspota megalomaníaco envolve-se em confusões de proporções calamitosas.

O ator e roteirista Sacha Baron Cohen e o diretor Larry Charles, dois doidos de carteirinha assinada, firmaram uma parceira duradoura que vem desde “Borat” e “Bruno”. Especializaram-se em um humor agressivo, politicamente incorreto, grosseiro, de ataque a políticos e ao sistema, com fundo crítico e contínuo deboche. Ambos os filmes eram concebidos numa espécie de falso documentário: Cohen dava vida real a personagens bizarros, e embaixo da pele do apresentador Borat e do estilista gay Bruno, fazia entrevistas com personalidades americanas, estudiosos, artistas, e circulando pelas ruas pregava peças nas pessoas, no estilo “câmera escondida”. O resultado: comédias ultrajantes, que expunha o público a situações pitorescas e embaraçosas, tudo para provocar gargalhadas no espectador (“Borat” é criativo e pouco menos vulgar que “Bruno”, mas não foge à regra das piadas abusivas).
Explico o passado cinematográfico de Sacha Baron Cohen e de Larry Charles para termos uma noção básica do teor de “O ditador”. Os produtores optaram por uma obra puramente ficcional, não mais com o estilo de falso documentário, sem provocar transeuntes nas ruas e, pasmem, sem a agressividade e a escatologia dos anteriores.
“O ditador” segue a fórmula convencional das narrativas hollywoodianas, que pode ser aproveitado como um entretenimento acima da média, ainda que para poucos. Cohen, com uma barba postiça caricata, interpreta um general inescrupuloso, que governa um país fictício, Wadiya, no Norte da África. Rasga as leis, pisa na democracia, administra o lugar de maneira absurda, cheio de ostentação. Investigado por uma suposta construção de armas nucleares, segue para os EUA, para dar seu depoimento frente à ONU. Pela frente encontrará uma série de problemas: perde-se dos oficiais africanos que o acompanham, passa fome nas ruas, cai pelas esquinas como um indigente, porém nunca perde a pose de governante austero.
A comédia, inspirada na vida de Saddam Hussein (como os produtores fizeram questão de divulgar), mostra a trajetória descabida de um homem com poder infinito nas mãos e sua “virtude”, a de cometer atrocidades sociais – que simboliza a égide de tantas autoridades que governaram seus países com os exageros mostrados (Reza Pahlevi, Komeini, Fulgêncio Batista, Amin Dada, Baby Doc e Papa Doc, Sesse Seko etc).
O filme traz as participações de Ben Kingsley (num dos poucos momentos cômicos da carreira) e da humorista sumida Anna Faris.
Não teve bilheteria agradável nem ponto positivo da crítica americana. No Brasil também ficou poucos dias em cartaz devido ao desprestígio por parte do público. Assim como em “Borat” e “Bruno”, “O ditador” segue a linha de “Ame-o ou deixe-o”. Quer fazer o teste? Por Felipe Brida

O ditador (The dictator). EUA, 2012, 83 min. Comédia. Dirigido por Larry Charles. Distribuição: Paramount

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