General
Aladeen (Sacha Baron Cohen), um temível ditador africano, comando o país a
ferro e fogo, não permitindo a democracia. Lá, na República de Wadiya, organiza
anualmente seus próprios Jogos Olímpicos, manda assassinar rebeldes sem
qualquer piedade e ergue infinitas estátuas para homenagear a si mesmo. Quando
a comunidade internacional suspeita de que ele esteja construindo armas
nucleares, Aladeen viaja aos Estados Unidos para prestar esclarecimentos à ONU.
Em solo americano, o déspota megalomaníaco envolve-se em confusões de
proporções calamitosas.
O
ator e roteirista Sacha Baron Cohen e o diretor Larry Charles, dois doidos de
carteirinha assinada, firmaram uma parceira duradoura que vem desde “Borat” e
“Bruno”. Especializaram-se em um humor agressivo, politicamente incorreto,
grosseiro, de ataque a políticos e ao sistema, com fundo crítico e contínuo
deboche. Ambos os filmes eram concebidos numa espécie de falso documentário: Cohen
dava vida real a personagens bizarros, e embaixo da pele do apresentador Borat
e do estilista gay Bruno, fazia entrevistas com personalidades americanas,
estudiosos, artistas, e circulando pelas ruas pregava peças nas pessoas, no
estilo “câmera escondida”. O resultado: comédias ultrajantes, que expunha o
público a situações pitorescas e embaraçosas, tudo para provocar gargalhadas no
espectador (“Borat” é criativo e pouco menos vulgar que “Bruno”, mas não foge
à regra das piadas abusivas).
Explico
o passado cinematográfico de Sacha Baron Cohen e de Larry Charles para termos
uma noção básica do teor de “O ditador”. Os produtores optaram por uma obra
puramente ficcional, não mais com o estilo de falso documentário, sem provocar
transeuntes nas ruas e, pasmem, sem a agressividade e a escatologia dos
anteriores.
“O
ditador” segue a fórmula convencional das narrativas hollywoodianas, que pode
ser aproveitado como um entretenimento acima da média, ainda que para poucos.
Cohen, com uma barba postiça caricata, interpreta um general inescrupuloso, que
governa um país fictício, Wadiya, no Norte da África. Rasga as leis, pisa na
democracia, administra o lugar de maneira absurda, cheio de ostentação.
Investigado por uma suposta construção de armas nucleares, segue para os EUA,
para dar seu depoimento frente à ONU. Pela frente encontrará uma série de
problemas: perde-se dos oficiais africanos que o acompanham, passa fome nas
ruas, cai pelas esquinas como um indigente, porém nunca perde a pose de
governante austero.
A comédia,
inspirada na vida de Saddam Hussein (como os produtores fizeram questão de
divulgar), mostra a trajetória descabida de um homem com poder infinito nas
mãos e sua “virtude”, a de cometer atrocidades sociais – que simboliza a égide
de tantas autoridades que governaram seus países com os exageros mostrados
(Reza Pahlevi, Komeini, Fulgêncio Batista, Amin Dada, Baby Doc e Papa Doc, Sesse
Seko etc).
O
filme traz as participações de Ben Kingsley (num dos poucos momentos cômicos da
carreira) e da humorista sumida Anna Faris.
Não
teve bilheteria agradável nem ponto positivo da crítica americana. No Brasil
também ficou poucos dias em cartaz devido ao desprestígio por parte do público.
Assim como em “Borat” e “Bruno”, “O ditador” segue a linha de “Ame-o ou
deixe-o”. Quer fazer o teste? Por Felipe Brida
Nenhum comentário:
Postar um comentário