quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Viva Nostalgia!

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O cardeal

O jovem eclesiástico Stephen Fermoyle (Tom Tryon) deverá se tornar cardeal em poucos dias. Até que receba o título da Igreja, passará por uma série de provações, como a força da fé, a paixão por uma mulher e a dúvida sobre o chamado.

Interminável adaptação do romance de Henry Morton Robinson, com quase três horas de duração, que situa a vocação eclesiástica de um jovem padre americano na Segunda Guerra Mundial. O cineasta austríaco de origem judia Otto Preminger (viveu exilado nos Estados Unidos desde os anos 30 e sempre realizava filmes sobre conflitos existenciais) era um crítico nato quando o assunto era política e religião. No drama “O cardeal” exprime uma opinião que ainda gera polêmica: a inclinação da Igreja Católica ao regime nazista de Hitler.
Sem partir para ataques ou moralismo barato, o diretor se assegura com seriedade e, acima de tudo, sinceridade. Ele registra, como um extenso diário, o dia-a-dia de um padre novato (o falecido Tom Tryon, modesto na interpretação) que logo será elevado a cardeal. Dividido entre religião e política, fé e uma enxurrada de dúvidas, o rapaz é mostrado como uma pessoa comum: apaixona-se por uma mulher (papel da bela Romy Schneider) e tem receio sobre qual caminho seguir. EM certo momento é transferido para outras paróquias menores, cai nas mãos da Ku Klux Klan quando defende a comunidade negra (e apanha muito), logo a cúpula religiosa do Vaticano o força a envolver-se com política, torna-se monsenhor e vira uma voz tímida contra os ideais nazistas que querem aliança com a igreja.
Fica nítida essa posição de Preminger, que condena o comportamento dos religiosos católicos que, mesmo à força, criaram vínculos com Alemanha Nazista.
Tem direção de arte e figurino que recriam o ambiente episcopal com riqueza de detalhes, muito bonito quando na tela.
Em 1964 recebeu seis indicações ao Oscar: melhor diretor, edição, figurino, fotografia, direção de arte e ator coadjuvante (John Huston, como um cardeal conselheiro do jovem padre). E no Globo de Ouro do mesmo ano ganhou os prêmios de melhor filme e ator coadjuvante (Huston).
Filmado em Boston, Los Angeles, Viena e Roma, o filme não descreve apenas o universo do padre, em suas escolhas; os questionamentos do personagem também são os nossos, as dúvidas de cada um, os medos que nos devoram. Por isso considero um bom estudo de caso para os interessados.
A história é puramente ficção, não baseada em fatos reais, como está descrito na abertura do filme. Originalmente distribuído pela Columbia Pictures, sai em DVD no Brasil em edição limitada pela Lume Filmes. Conheça. Por Felipe Brida

O cardeal
(The cardinal). EUA, 1963, 175 min. Drama. Dirigido por Otto Preminger. Distribuição: Lume Filmes

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