Gente como a gente
A morte acidental de um jovem esportista deixa cicatrizs profundas em toda a família. Conrad Jarrett (Timothy Hutton) é um adolescente em crise, que se sente culpado pela morte do irmão e já tentara o suicídio. A mãe, Beth (Mary Tyler Moore), tem dificuldade em aceitar o filho e assumidamente amava mais o outro. E o pai, Calvin (Donald Sutherland), tenta unir aquela família marcada pelo trágico passado.
Pela primeira vez em DVD no Brasil, distribuído recentemente pela Paramount Pictures, o drama familiar que influenciou gerações de cineastas e um dos primeiros a discutir a dor da perda dentro de uma família. Lançado em 1980, venceu quatro Oscars do ano seguinte – melhor filme, diretor (Robert Redford), roteiro adaptado e ator coadjuvante (o estreante no cinema Timothy Hutton, perfeito em um personagem complexo, oprimido pela mãe), além de outras duas indicações, a de ator coadjuvante (para o judeu Judd Hirsch, como um psiquiatra nada ortodoxo, que clinica o rapaz em crise) e melhor atriz para a comediante Mary Tyler Moore, em um papel nada engraçado – pelo contrário, interpreta a rancorosa figura materna, uma mulher de sentimentos controversos, que não aceita o filho mais novo.
Repercutiu no mundo todo, com boa bilheteria na estreia, e tornou-se, merecidamente, o filme do ano, indicado aos principais prêmios – além do Oscar, o Bafta e o Globo de Ouro.
Baseado no romance de Judith Guest, o drama absorve temas universais, como reabilitação e sofrimento, tudo porque a história envolve uma família em fase de superar a morte do filho, um jovem que morreu afogado. O personagem do irmão se culpa pela tragédia, tenta o suicídio, recorre a um psiquiatra, interrompe as atividades diárias devido ao trauma que o acompanha. E os pais se dividem, em lados bem opostos: a mão rejeita o rapaz, sem disfarces, e o patriarca da família tem esperança de que o clima harmônico retorne. Diante da tela o público acompanha a dureza do dia-a-dia dos Jarret’s com desilusão à flor da pele. O clima é amargo, os três personagens tem aproximação com ressalvas, falta calor humano e carinho na casa “assassinada”. As peças que faltam demoram a se encaixar, as feridas não cessam de sangrar. Por essas razões não é uma fita fácil de lidar, guardando um desfecho sem concessão, bastante negativo. No fundo, Conrad, Beth e Calvin são pessoas como nós, que sentem tristeza, choram escondidas, punem-se pela culpa, pensam duas vezes antes de perdoar. Gente como a gente.
Foi o primeiro trabalho de Redford como diretor, cuja carreira atrás das câmeras foi de altos e baixos (os melhores dele são este, “Nada é para sempre” e “Quiz Show – A verdade dos bastidores”).
Todo o eleco dá um show de interpretação, em especial Timothy Hutton, filho do falecido ator Jim Hutton e ex-marido da atriz Debra Winger. Tinha 19 anos quando fez o filme, e nunca sua carreira alavancou. Nem se tornou galã, tampouco participou de outros trabalhos importantes. Um desperdício, pois Hutton era carismático e bom em cena. Hoje o vemos apenas como coadjuvante em algumas poucas fitas comerciais. Por Felipe Brida
Gente como a gente (Ordinary people). EUA, 1980, 124 min. Drama. Dirigido por Robert Redford. Distribuição: Paramount Pictures
A morte acidental de um jovem esportista deixa cicatrizs profundas em toda a família. Conrad Jarrett (Timothy Hutton) é um adolescente em crise, que se sente culpado pela morte do irmão e já tentara o suicídio. A mãe, Beth (Mary Tyler Moore), tem dificuldade em aceitar o filho e assumidamente amava mais o outro. E o pai, Calvin (Donald Sutherland), tenta unir aquela família marcada pelo trágico passado.
Pela primeira vez em DVD no Brasil, distribuído recentemente pela Paramount Pictures, o drama familiar que influenciou gerações de cineastas e um dos primeiros a discutir a dor da perda dentro de uma família. Lançado em 1980, venceu quatro Oscars do ano seguinte – melhor filme, diretor (Robert Redford), roteiro adaptado e ator coadjuvante (o estreante no cinema Timothy Hutton, perfeito em um personagem complexo, oprimido pela mãe), além de outras duas indicações, a de ator coadjuvante (para o judeu Judd Hirsch, como um psiquiatra nada ortodoxo, que clinica o rapaz em crise) e melhor atriz para a comediante Mary Tyler Moore, em um papel nada engraçado – pelo contrário, interpreta a rancorosa figura materna, uma mulher de sentimentos controversos, que não aceita o filho mais novo.
Repercutiu no mundo todo, com boa bilheteria na estreia, e tornou-se, merecidamente, o filme do ano, indicado aos principais prêmios – além do Oscar, o Bafta e o Globo de Ouro.
Baseado no romance de Judith Guest, o drama absorve temas universais, como reabilitação e sofrimento, tudo porque a história envolve uma família em fase de superar a morte do filho, um jovem que morreu afogado. O personagem do irmão se culpa pela tragédia, tenta o suicídio, recorre a um psiquiatra, interrompe as atividades diárias devido ao trauma que o acompanha. E os pais se dividem, em lados bem opostos: a mão rejeita o rapaz, sem disfarces, e o patriarca da família tem esperança de que o clima harmônico retorne. Diante da tela o público acompanha a dureza do dia-a-dia dos Jarret’s com desilusão à flor da pele. O clima é amargo, os três personagens tem aproximação com ressalvas, falta calor humano e carinho na casa “assassinada”. As peças que faltam demoram a se encaixar, as feridas não cessam de sangrar. Por essas razões não é uma fita fácil de lidar, guardando um desfecho sem concessão, bastante negativo. No fundo, Conrad, Beth e Calvin são pessoas como nós, que sentem tristeza, choram escondidas, punem-se pela culpa, pensam duas vezes antes de perdoar. Gente como a gente.
Foi o primeiro trabalho de Redford como diretor, cuja carreira atrás das câmeras foi de altos e baixos (os melhores dele são este, “Nada é para sempre” e “Quiz Show – A verdade dos bastidores”).
Todo o eleco dá um show de interpretação, em especial Timothy Hutton, filho do falecido ator Jim Hutton e ex-marido da atriz Debra Winger. Tinha 19 anos quando fez o filme, e nunca sua carreira alavancou. Nem se tornou galã, tampouco participou de outros trabalhos importantes. Um desperdício, pois Hutton era carismático e bom em cena. Hoje o vemos apenas como coadjuvante em algumas poucas fitas comerciais. Por Felipe Brida
Gente como a gente (Ordinary people). EUA, 1980, 124 min. Drama. Dirigido por Robert Redford. Distribuição: Paramount Pictures
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