quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Resenha

.
Scarface

Expulso de Cuba por lutar contra o regime socialista de Fidel Castro, o criminoso Tony Montana (Al Pacino) refugia-se em Miami, no sul dos Estados Unidos, onde inicia nova vida. Cria laços com mafiosos locais, vira assassino de aluguel e passa a traficar cocaína. Em pouco tempo, por meio de negócios ilícitos, Montana recebe a fama de “O barão da coca”, tornando-se um dos homens mais ricos, violentos e inescrupulosos de Miami.

Remake bem modificado de “Scarface – A vergonha de uma nação” (1932), clássico do cinema policial dirigido por Howard Hawks que trazia Paul Muni como o ganancioso gângster com uma enorme cicatriz no rosto (por isso o nome do filme, que no Brasil ganhou um subtítulo moralista). Nessa versão épica moderna, Oliver Stone escreveu o roteiro a partir do romance de Armitage Trail, com a proposta de atualizar o personagem central: agora Scarface é um imigrante cubano recém-saído da prisão, com sede de poder, que chega a Miami Beach, onde aos poucos trapaceia amigos, reúne um grupo de criminosos e assim organiza seu próprio império. Al Pacino, descontrolado, sem freio algum, faz sua composição mais memorável como Tony Montana, esse cidadão disposto a tudo para ter riqueza e fama. Perseguido por mafiosos de todos os lados, monta esquemas sujos de lavagem de dinheiro e trafica drogas da América do Sul. Por ser uma figura central com perfil de bandido, Montana surge como um anti-herói, dos mais temíveis do cinema.
Um dos filmes mais violentos já produzidos, tem a marca autoral nítida do diretor Brian De Palma, como os virtuosos panoramas à la Hitchcock, seu cineasta favorito. Pesado e de um amargor cruel, teve diversos cortes em vários países, principalmente as de consumo excessivo de cocaína (Montana, no desfecho, junta uma verdadeira montanha de drogas na mesa e enfia o rosto nela para se dopar), além de sequências brutais de assassinato, como a da serra elétrica, e o extenso tiroteio nas escadarias, um interminável bala com bala, no final.
Não há como sair inerte após a exibição. Um filme que choca, perturba, arranha a cabeça, sobre a ascensão e a queda de um homem simples que atinge o poder, e pela ganância desenfreada, perde tudo o que construiu.
Recebeu três indicações ao Globo de Ouro em 1984 – melhor ator (Pacino), ator coadjuvante (Steven Bauer, como o comparsa de Montana) e trilha sonora para Giorgio Moroder, num trabalho musical difícil de esquecer. Paradoxalmente teve uma nomeação ao Framboesa de Ouro, como pior diretor.
O elenco reúne também a atriz Michelle Pfeiffer, magérrima, em início de carreira (como a mulher de um mafioso interpretado por Robert Loggia, por quem Montana se apaixona), Mary Elizabeth Mastrantonio (estreando), Pepe Serna, Miriam Colon, F. Murray Abraham, Harris Yulin e o falecido Paul Shenar.
Como produto, foi lançado em DVD no Brasil em três edições: a simples, a dupla (com bons extras) e uma junto com a versão original de “Scarface”, de 1932.
Obra indispensável do cinema, para público de nervos fortes. Por Felipe Brida

Scarface (Idem). EUA, 1983, 170 min. Ação. Dirigido por Brian De Palma. Distribuição: Universal Pictures

Nenhum comentário: