Scarface
Expulso de Cuba por lutar contra o regime socialista de Fidel Castro, o criminoso Tony Montana (Al Pacino) refugia-se em Miami, no sul dos Estados Unidos, onde inicia nova vida. Cria laços com mafiosos locais, vira assassino de aluguel e passa a traficar cocaína. Em pouco tempo, por meio de negócios ilícitos, Montana recebe a fama de “O barão da coca”, tornando-se um dos homens mais ricos, violentos e inescrupulosos de Miami.
Remake bem modificado de “Scarface – A vergonha de uma nação” (1932), clássico do cinema policial dirigido por Howard Hawks que trazia Paul Muni como o ganancioso gângster com uma enorme cicatriz no rosto (por isso o nome do filme, que no Brasil ganhou um subtítulo moralista). Nessa versão épica moderna, Oliver Stone escreveu o roteiro a partir do romance de Armitage Trail, com a proposta de atualizar o personagem central: agora Scarface é um imigrante cubano recém-saído da prisão, com sede de poder, que chega a Miami Beach, onde aos poucos trapaceia amigos, reúne um grupo de criminosos e assim organiza seu próprio império. Al Pacino, descontrolado, sem freio algum, faz sua composição mais memorável como Tony Montana, esse cidadão disposto a tudo para ter riqueza e fama. Perseguido por mafiosos de todos os lados, monta esquemas sujos de lavagem de dinheiro e trafica drogas da América do Sul. Por ser uma figura central com perfil de bandido, Montana surge como um anti-herói, dos mais temíveis do cinema.
Um dos filmes mais violentos já produzidos, tem a marca autoral nítida do diretor Brian De Palma, como os virtuosos panoramas à la Hitchcock, seu cineasta favorito. Pesado e de um amargor cruel, teve diversos cortes em vários países, principalmente as de consumo excessivo de cocaína (Montana, no desfecho, junta uma verdadeira montanha de drogas na mesa e enfia o rosto nela para se dopar), além de sequências brutais de assassinato, como a da serra elétrica, e o extenso tiroteio nas escadarias, um interminável bala com bala, no final.
Não há como sair inerte após a exibição. Um filme que choca, perturba, arranha a cabeça, sobre a ascensão e a queda de um homem simples que atinge o poder, e pela ganância desenfreada, perde tudo o que construiu.
Recebeu três indicações ao Globo de Ouro em 1984 – melhor ator (Pacino), ator coadjuvante (Steven Bauer, como o comparsa de Montana) e trilha sonora para Giorgio Moroder, num trabalho musical difícil de esquecer. Paradoxalmente teve uma nomeação ao Framboesa de Ouro, como pior diretor.
O elenco reúne também a atriz Michelle Pfeiffer, magérrima, em início de carreira (como a mulher de um mafioso interpretado por Robert Loggia, por quem Montana se apaixona), Mary Elizabeth Mastrantonio (estreando), Pepe Serna, Miriam Colon, F. Murray Abraham, Harris Yulin e o falecido Paul Shenar.
Como produto, foi lançado em DVD no Brasil em três edições: a simples, a dupla (com bons extras) e uma junto com a versão original de “Scarface”, de 1932.
Obra indispensável do cinema, para público de nervos fortes. Por Felipe BridaScarface (Idem). EUA, 1983, 170 min. Ação. Dirigido por Brian De Palma. Distribuição: Universal Pictures
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