sábado, 14 de janeiro de 2012

Resenha

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Wall Street – Poder e cobiça

Bud Fox (Charlie Sheen) é um ambicioso corretor da Bolsa de Valores à procura de status e dinheiro. De uma hora para outra ganha a confiança de um poderoso investidor de Wall Street, Gordon Gekko (Michael Douglas), um dos maiores magnatas dos negócios financeiros. Só que para obter poder Fox será arremessado para o mundo ilegal da espionagem empresarial, colocando em dúvida sua índole e moral.

O engajado diretor Oliver Stone, depois de abrir seu diário sobre a Guerra do Vietnã com o premiado “Platoon” (1986), filmou outra história que viveu em épocas passadas. Seu falecido pai, a quem “Wall Street” é dedicado, trabalhou anos a fio na Bolsa de Valores, e em conseqüência Oliver conheceu a fundo o dia-a-dia da especulação financeira, venda de ações, espionagem empresarial, enfim, todos os macetes legais e ilícitos que circundam o mundo dos negócios em Nova York.
Diante do leque de informações e vivências, rodou uma ácida visão sobre o tema, de forma crítica, coerente e, por incrível que pareça, didática (boa parte do público foge quando se fala em filme político ou sobre negócios financeiros).
E não sobra para ninguém: na trama dois homens com supostos diferenciais de comportamento e atitude começam a trabalhar juntos - um jovem (Charlie Sheen, como o yuppie engomadinho, mas de família simples, que quer crescer na carreira) e um magnata quarentão com grana em contas gordas (Michael Douglas). Como ambos têm ambição desmedida, loucos por poder, dinheiro e status, confrontam-se para ver quem engole quem, até o ponto em que terão de fechar um negócio gigantesco, que poderá inclusive colocar o trabalho de toda uma corporação em jogo.
Como sempre nos trabalhos críticos de Oliver Stone, as pessoas não se salvam, pois guardam sujeira na manga. Em “Wall Street” há trapaceiros, fraudadores, esquemas de trilhões de dólares e corrupção em cada canto. Todos são vilões, inescrupulosos, facilmente corrompidos.
O cineasta expande uma visão séria e dura sobre a amarga ilusão provocada pelo capitalismo selvagem, a do sonho americano em colapso.
Aos curiosos em conhecer os bastidores do mundo empresarial, uma boa opção de filme de adulto, cujo elenco reúne famosos como Terence Stamp, Hal Holbrook, James Karen, Martin Sheen (pai de Charlie, interpretando o próprio pai no filme), Sean Young, Paul Guilfoyle, James Spader, Saul Rubinek, Sylvia Miles e Richard Dysart. O próprio Oliver Stone aparece poucos segundos como um investidor.
Reparem nas duas músicas centrais, como se contrapõem com o antes e depois do personagem Bud Fox (sem contar a ironia dos títulos) – a de abertura, “Flying me to the moon”, cantada por Frank Sinatra, e o encerramento com “This must be the place”, de Talking Heads.
Em 1988 o filme ganhou o único Oscar que concorreu, o de melhor ator para Michael Douglas (que faz uma interpretação soberba). Ele levou os principais prêmios daquele ano – Globo de Ouro, Kansas, National Board of Review, obtendo notoriedade a partir daqui. Nos anos seguintes ‘estourou’ em três sucessos da carreira, “Chuva negra”, “A guerra dos Roses” e “Instinto selvagem”. Por Felipe Brida

Wall Street – Poder e cobiça
(Wall Street). EUA, 1987, 126 min. Drama. Dirigido por Oliver Stone. Distribuição: Fox

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