Pecadores
Arrebatador, o novo
filme de Ryan Coogler renova a parceria com o astro Michael B. Jordan – os cinco
longas do diretor são com o ator, da estreia em ‘Fruitvale Station: A última parada’
(2013) até o anterior, ‘Pantera Negra: Wakanda para sempre’ (2022), passando
por ‘Creed Nascido para Lutar’ (2015) e ‘Pantera Negra’ (2018). O trailer, até antes
da estreia, na semana passada, não revelava o exato teor da obra; sabíamos que
era um policial com terror. Nessa altura do campeonato, não é segredo falar que
é uma fita de vampiro, mas um filme de vampiro inteligente, com forte crítica
social, sangrento e ousado. Misturando ação e horror, carrega traços de ‘Um
drink no inferno’ (1996). Michael B. Jordan performa papel duplo, de irmãos
gêmeos travando uma luta contra a Ku Klux Klan e também contra um bando de
vampiros brancos. A história se desenrola durante a Lei Seca, na década de 30, no
estado do Mississipi. Os gêmeos Smoke e Stack, na tradução no Brasil Fumaça e
Fuligem, são dois gângsteres temidos, que querem abandonar o crime. Para tanto,
retornam para a cidade de suas raízes e se reaproximam da família. Gerenciam uma
casa de blues (estilo musical condenado na época, que representava o canto dos
escravos), até que um dia três desconhecidos - dois homens e uma mulher, todos
brancos, com instrumentos musicais nas mãos, surgem na porta do local, com
comportamento ameaçador. A partir daí, os personagens são tragados para uma descida
ao inferno, em que enfrentarão uma legião de sugares de sangue. Não é um filme
comum, traz uma mistura eclética de gêneros e temas, com uma crítica social
envolvendo segregação racial, e trata ainda da formação do blues e da
ancestralidade negra. Visionário, o diretor Ryan Coogler investe num novo
formato de terror vampiresco, com pano de fundo real, e com equipe composta
essencialmente por pessoas pretas. Há cenas que ficam ressoando na mente, como a
da dança principal na casa de blues, em que a câmera gira em torno dos
personagens, compostos por homens e mulheres vestindo figurino dos anos 30, mas
interagindo com rappers e artistas da nova música afro, rompendo com a diegese.
As sequências com os vampiros são assustadoras, algumas sanguinárias. Além de
Jordan, há no elenco atores em bom momento, como Delroy Lindo e Wunmi Mosaku, fortes
candidatos ao Oscar de coadjuvantes em 2026, e Jack O'Connell como o sinistro
líder dos vampiros. Ah, e esse é um filme obrigatório para se ver no cinema,
com som bem alto! Em exibição pela Warner Bros.
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