Regras do amor na
cidade grande
Agradabilíssima comédia romântica
sul-coreana para fãs de histórias de amor água com açúcar, inspirada no romance
de sucesso do escritor Sang Young Park. Com altos e baixos e momentos bem
dramáticos, de arrancar lágrimas dos apaixonados, o filme acompanha uma jovem
estilosa, de espírito livre, e o relacionamento de amizade com um rapaz que divide
a casa com ela e toca sua vida de maneira especial - porém guarda um segredo a
sete-chaves. Entre amor e dor, risos e lágrimas, eles dividem o tempo juntos no
mesmo espaço, confidenciando fatos marcantes e tendo apoio um do outro. Na
movimentada capital Seul, os dois encaram uma jornada transformadora de amizade
e lealdade, enfrentando inclusive preconceito de gênero – ao assistir você verá
o porquê. A dupla central está bem, composta pela atriz Kim Go-eun, do terror ‘Exhuma’
(2024), e pelo ator Steve Sanghyun Noh, da série ‘Pachinko’ (2022-2024). Pode
até parecer mais um título da safra inesgotável de K-dramas e Doramas que
invade os streamings de hoje, mas não é – é um bom filme para jovens e adultos,
com resoluções não tão sentimentais e piegas como o estilo de filmes e séries
de K-drama costuma realizar. Exibido no Festival de Toronto, o singelo
longa-metragem chega aos cinemas brasileiros pela A2 Filmes.
Força bruta: Punição
Porrada, tiro e pancadaria
invadem a telona nesse fim de semana com a estreia do explosivo ‘Força bruta: Punição’,
o quarto capítulo da cinessérie sul-coreana de enorme bilheteria no país asiático
e que fez carreira em outros países, inclusive exibido no Festival de Berlim de
2024 e no Brasil na última edição do Festival do Rio – lá o filme passou com o
título ‘Força bruta: Condenação’.
Dessa vez, o detetive
fortão Ma Seok-do (Ma Dong-seok, apelidado de Don Lee, ator de toda a franquia ‘Força
bruta’ e de ‘Invasão zumbi’) se alia a uma equipe especializada em crimes cibernéticos
para caçar um perigoso bandido que chefia um esquema de jogos de azar online e tráfico
de drogas. Para isso, o policial entrará de cabeça no submundo do crime de dois
países, Coreia do Sul e Filipinas, colocando sua vida em jogo. Ágil, funcional
para seu propósito e um humor agressivo, traz cenas estrondosas de brigas,
algumas ininterruptas, com quebra-quebra generalizado, típico dos filmes chineses
e japoneses de Yakuza e de Bruce Lee. E trata de um tema atual que abriu os
olhos do mundo nos últimos anos, os jogos de aposta online, que movimentam bilhões
de dólares e são proibidos em muitos lugares. Os filmes anteriores da franquia
são ‘Cidade do crime’ (2017 – exibido no Brasil no Prime como ‘Os fora-da-lei’),
‘Força bruta’ (2022) e ‘Força bruta: Sem saída’ (2023), este a maior bilheteria
da franquia, estreando em quase 3000 salas de 165 países. A franquia ‘Força
bruta’ se consolida com o quarto capítulo e demonstra a força do cinema
sul-coreano. Nos cinemas pela Sato Company.
As primeiras
Documentário brasileiro
que registra o cotidiano, hoje, de um grupo de ex-jogadoras da Seleção
Brasileira Feminina de Futebol que fez carreira nos anos 80 e 90, composto por
nomes de destaque na época como Elane dos Santos Rego, Leda Maria Cozer Abreu,
Maria Lucia da Silva Lima (Fia), Marilza Martins da Silva (Pelé), Marisa Pires
Nogueira e Rosilane Camargo Motta (Fanta). No passado, as distintas mulheres formaram
o primeiro time feminino em campo, atuando pela Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) e ganhando títulos em campeonatos. Com o passar dos anos, devido
a salários baixíssimos pagos pelo futebol, tiveram de seguir rumos diferentes
que não o esporte; parte delas entrou no trabalho informal, como motorista e ambulante,
enquanto outras se dedicaram a projetos sociais. Atualmente, vivem no subúrbio do
Rio de Janeiro, e no filme abrem a porta de suas casas para contar sobre a
trajetória de antes e de agora. O filme tece um reflexo dramático, às vezes com
um leve humor, sobre sonhos perdidos, desilusão, o ‘ser mulher’ e o
envelhecimento. As entrevistadas ainda mantêm vínculos, algumas são amigas
inseparáveis, mostrando assim como o esporte as uniu para superar as barreiras.
Elas se encontram uma vez por ano para uma ‘pelada’, e até assistem Copa do
Mundo juntas.
O doc teve première
mundial na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, onde recebeu o prêmio de Melhor
Filme pelo Júri Popular. Entrou em cartaz ontem no Espaço Petrobras de Cinema
(Rua Augusta, 1475), em São Paulo (SP), e fica disponível até o dia 16 de abril.
No próximo fim de semana entrará no streaming da ClaroTV e Vivo Play (via Canal
Brasil), seguido de estreia no Canal Brasil, no dia 17 de maio. Dirigido por
Adriana Yañez, do contundente documentário sobre exploração sexual infantil ‘Um
crime entre nós’ (2020), o filme foi produzido pela Olé Produções, que o
distribuiu nas salas brasileiras.
Antônio
Bandeira – O poeta das cores
Outro bom documentário
brasileiro entra em circuito em algumas salas de cinema alternativo aqui do país.
O longa, com encenações que lembram um ‘docudrama’, resgata a trajetória
perdida e pouco conhecida do artista plástico e desenhista cearense Antônio Bandeira (1922-1967),
representante da arte abstrata e do Modernismo. Por meio de um estudo
criterioso, o filme analisa dois momentos da vida do pintor – do nascimento até
os 23 anos no Brasil, época em que entrou para o mundo das artes plásticas, e sua
estadia/moradia na França, de 1946, quando ganhou uma bolsa de estudo e foi
para Paris, até sua morte na capital francesa. Viveu metade da curta vida na
Cidade-Luz onde participou de salões e expos em diversos países da Europa, tornando-se
figura ímpar do Abstracionismo – Bandeira ficou mais notório lá fora do que no
país onde nasceu. Quem conduz as histórias é o sobrinho Francisco Bandeira, um
dos herdeiros de sua obra – enquanto há um ator que atua como Antônio, fotos,
reportagens e telas verdadeiras dele aparecem no quadro, como uma maneira de
desvendar a inquietude artística desse homem genial, que infelizmente partiu
cedo, aos 45 anos, durante uma cirurgia malsucedida.
O doc recebeu o troféu
Mucuripe de melhor longa na mostra ‘Olhar do Ceará’, no Cine Ceará de 2024, e
acaba de estrear nos cinemas com distribuição da Sereia Filmes.
Pindorama – Uma
História do Brasil ancestral
Realizado na cidade de
Campinas (SP) e no distrito vizinho de Sousas, o documentário educativo e
etnográfico nos leva a uma jornada ancestral ao Brasil da época do ‘descobrimento’,
quando as terras dos indígenas que aqui moravam foram invadidas pelos
portugueses em suas naus. Conta-se que ‘Pindorama’ foi o primeiro nome dado ao
Brasil, pelos tupis-guaranis, que significa ‘Terra das palmeiras’. É um filme de
narrativa decolonial, que conta uma história nada romântica, de um território nu
e ingênuo, mantido e organizado pelas comunidades originárias, que foi
brutalmente colonizado pelos europeus. Com a chegada dos portugueses, eliminou-se
a cultura ancestral, substituindo-a pela cultura branca – sem contar a
destruição das matas, estupros e assassinatos de indígenas e aculturação
forçada. Dirigido pelo jornalista Marcos Rogatto, conta com produção de
Patrícia Ogando e realização da Vista Filmes. Para o longa-metragem, a equipe
entrevistou 43 pesquisadoras e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento,
de universidades renomadas, como Unicamp, diretores de museus, e de indígenas,
resultando num material amplo e inédito sobre o tema. Há passagens em sítios arqueológicos
e paleontológicos como Lapa Vermelha (MG), Toca do Boqueirão (PI) e da cidade
vizinha à minha Monte alto (SP). É um filme explicativo, didático, que entrelaça
temas como arqueologia, meio ambiente e ancestralidade, com forte pesquisa científica
que ajuda a reconstruirmos a verdadeira História do Brasil. Exibido ontem no
Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, o filme terá em breve novas
exibições pelo país – algumas estão agendadas, como dia 06 de maio às 20h, na
Cinemateca do MAM Rio de Janeiro, e 23 de maio às 19h30, na Rabeca Cultural, no
Distrito de Sousas, próximo a Campinas.
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