domingo, 20 de abril de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 2

 
O rei dos reis
 
Animação religiosa que alcançou números impressionantes de bilheteria, obtendo U$ 20 milhões somente no fim de semana de estreia nos Estados Unidos na semana passada, ‘O rei dos reis’ chega ao Brasil nos cinemas – e pelo mundo vem fazendo uma boa campanha. Com distribuição da Angel Studios, distribuidora cristã fundada em 2021 nos Estados Unidos e que lançou ao mercado a série de sucesso ‘The chosen’ – recém-rompida com a Angel, o filme traz o escritor britânico Charles Dickens narrando para seu filho Walter, antes de dormir, a trajetória de Jesus Cristo - e o garoto se imagina dentro dessa história. Por trás disso, a história é real e pouco conhecida do público, que se tornou pública e notória apenas recentemente - realmente, Dickens, autor de ‘Oliver Twist’ e ‘Um conto de natal’, escreveu um livro infantil para seu filho sobre a vida de Cristo. Isso por volta de 1846, porém a obra foi publicada apenas em 1934, 65 anos após a morte do autor, de título ‘A vida de nosso Senhor’. A animação, então, reimagina esses fatos misturando com a jornada de Cristo, do nascimento até a crucificação. É um filme que carrega – é de se notar pelo teor das obras cristãs da Angel - um lado moralizante/instrutivo/educativo que, confesso, não funciona para mim. Mas sei que muita gente consome, assiste e indica. Dirigido por um sul-coreano, Seong-ho Jang, que faz aqui sua estreia após trabalhar como animador de efeitos visuais – o filme é produzido por uma empresa coreana, Mofac Studios, e reúne um time de nomes consagrados: Kenneth Branagh (como Charles Dickens), Uma Thurman (como Catherine Dickens), Oscar Isaac (como Jesus Cristo), Ben Kingsley (como Caifás), Forest Whitaker (como o apóstolo Pedro), Pierce Brosnan (como Pôncio Pilatos) e Mark Hamill (como o Rei Herodes). No Brasil a dublagem conta com Guilherme Briggs e Luiz Carlos de Moraes, por exemplo. Quem escreve é Rob Edwards, corroteirista das animações ‘A princesa e o sapo’ (2009) e ‘Sneaks: De pisante novo’ (2025, que está nos cinemas também). No Brasil a distribuição nas salas é pela Heaven Content, outra distribuidora de filmes cristãos.
 


 
Bolero – A melodia eterna
 
Ex-atriz nos anos 70 e 80, Anne Fontaine se dedica à direção desde a década de 90, e já assinou filmes franceses admiráveis, como ‘Agnus dei’ (2016) e ‘Marvin’ (2017). No Brasil, acaba de ser lançado nos cinemas seu novo trabalho, inspirado em fatos verídicos, ‘Bolero – A melodia eterna’, exibido na última edição do Festival Varilux de Cinema, em novembro de 2024. Com roteiro dela, adaptado de um ensaio do musicólogo Marcel Marnat, o drama musical reúne trechos da vida do compositor e pianista francês Maurice Ravel (1875-1937), focando, como o próprio título induz, na criação de sua obra-prima, ‘Bolero’. O contexto é a Paris da década de 20, quando Ravel, apaixonado por música desde criança, agora aos 50 anos, recebe o convite da dançarina ucraniana Ida Rubinstein para escrever uma parte do balé em que ela estava envolvida. Sem inspiração, Ravel se agarra a fatos passados, revisita a infância e juventude, lembrando os traumas da Primeira Guerra e do amor não correspondido de sua musa, Misia Sert, que era patrona das artes, e assim começa a planejar ‘Bolero’, que demorou três meses para ser escrito. Concebido originalmente como uma peça de orquestra sem música, foi lançado em 1928 e se tornaria uma das músicas mais tocadas no mundo, que já foi tema de vários filmes – na abertura, temos a dimensão disso, com versões de ‘Bolero’ pelo mundo, instrumentais e cantadas por indianos, japoneses, espanhóis etc. O filme tem uma riqueza de figurinos e uma fotografia que realça o visual de Paris dos anos vibrantes da efervescência cultural. Exibido no Festival de Rotterdã, o drama, coprodução França/Bélgica, conta com um bom elenco, como Raphaël Personnaz, de ‘Anna Karenina’ (2012), como Ravel, Doria Tillier, de ‘Monsieur & Madame Adelman’ (2017), como Misia, Jeanne Balibar, de ‘Os miseráveis’ (2017), como Ida, e uma breve participação de Vincent Perez, de ‘A rainha Margot’ (1994). Em cartaz nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Vitória, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Salvador e Recife, com distribuição da Mares Filmes.
 


 
Born in flames
 
O Sesc Digital, plataforma de streaming do Sesc lançado em 2020, na pandemia, resgata filmes cult esquecidos e disponibiliza os títulos de forma gratuita para apreciação do público. Está no acervo ‘Born in flames’, intitulado no Brasil como ‘Nascidas em chamas’, um documentário/ficção de 1983 exibido nos festivais de Nova York, Toronto e Berlim (onde ganhou prêmio especial), cuja trama transcorre num futuro distópico nem tão longe assim. Com a chamada ‘Segunda Revolução Cultural’, ou ‘Revolução Cultural, Social e Democrata Norte-americana’, um movimento pacífico, de orientação socialista, expande-se em Nova York o Exército das Mulheres, após o assassinato de sua líder, Adelaide Norris (Jean Satterfield), uma mulher negra de ideias radicais. Figuras femininas de classes sociais e gêneros se juntam para refundar a sociedade americana, lutando contra o racismo, a homofobia e a misoginia. Elas fazem manifestações pelas ruas, dão entrevistas e chacoalham a mente das pessoas com suas novas propostas de se pensar identidade, sexualidade e liberdade. Misturando videoclipes com fantasia, ficção científica, cenas reais da agitada Nova York dos anos 80 e entrevistas falsas – é também um ‘mockumentary’, um falso documentário, que virou um marco do cinema independente, um cinema de guerrilha/revolucionário e feminista, feito pela diretora Lizzie Borden, que depois voltaria a fazer filmes provocativos sobre sexismo como ‘As profissionais do sonho’ (1986). Traz participação das atrizes Florynce Kennedy e Adele Bertei e uma pontinha da cineasta Kathryn Bigelow como uma editora de jornal. Disponível no Sesc Digital até hoje, em ótima cópia, preservada pelo Anthology Film Archives com a restauração financiada pela Hollywood Foreign Press Association e The Film Foundation.



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