O contador 2
Nove anos depois de ‘O
contador’ (2016), um filmaço de ação com Ben Affleck que dava um nó em nossa cabeça,
Gavin O'Connor reuniu a mesma equipe para uma continuação, agora mais excitante.
Mesmo com toda a complexidade da trama e das camadas dos personagens, o filme
de ação e suspense é uma boa surpresa e acaba de estrear nos cinemas
brasileiros pela Warner Bros. O astro Ben Affleck retorna no papel de Christian
Wolff, um contador forense de mente brilhante e métodos nada ortodoxos para resolver
crimes – agora o caso que cai em seu colo é o assassinato de seu ex-chefe (J.K.
Simmons), um estranho crime cometido por bandidos desconhecidos. Ele é
recrutado por uma agente do Tesouro americano (Cynthia Addai-Robinson) e para investigar
as profundezas do caso se une ao irmão distante (Jon Bernthal), um ex-agente policial
especializado em rastrear criminosos. Assim como o original, não é uma fita de consumo
fácil, a história é complexa, trata do mundo das corporações e de negócios escusos,
com muitos diálogos, e poucas, mas caprichadas sequências de ação. A escalação
de elenco está preparada para entrar em jogo, num filme sólido, meticuloso, criativo.
segunda-feira, 28 de abril de 2025
Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 2
domingo, 27 de abril de 2025
Estreias da semana – Nos cinemas
A mais preciosa das
cargas
Comovente animação
franco-belga para público adulto, que foi exibida no maior festival de cinema
animado do mundo, o Annecy, na França, ainda indicada à Palma de Ouro em Cannes
e que infelizmente ficou fora da lista de finalistas ao Oscar de 2025. Digo que
é para adultos, porque é um filme sério, triste, com poucos diálogos e se contextualiza
no Holocausto. Um simplório lenhador e a esposa residem num casebre na
floresta, enquanto o mundo se desespera com a Segunda Guerra Mundial. É frio, tudo
está congelado. Um dia, a mulher encontra um recém-nascido abandonado na neve,
após ser jogado pelos pais de um trem – trem esse que os levava para o campo de
concentração. Ela carrega o bebê para casa, comprando um atrito com o marido,
que não quer crianças. Aos poucos, o rude lenhador tem o coração amolecido pela
criança, afeiçoam-se e passa a cuidar com carinho dela. A bebê cresce, vira uma
menina zelosa, e em breve uma surpresa impensável baterá à porta daquela família.
A Segunda Guerra e o Holocausto não eram evidentes até a chegada dos últimos
trailers de cinema desse filme peculiar, e de fato essa questão vai se
confirmado a partir da metade do filme. Conta com uma técnica de ilustração belíssima,
inspirada nos quadros do pintor pós-impressionista francês Henri Rivière (1864-1951).
É a primeira animação do diretor Michel Hazanavicius, mundialmente conhecido
pelo filme que o consagrou com o Oscar de direção, ‘O artista’ (2011) – ele foi
quem pintou os quadros para o longa, que demorou cinco anos para ser
finalizado. Prepare-se emocionalmente para a terça parte, que é contundente,
toca fundo na alma. Último trabalho de Jean-Louis Trintignant, que é o narrador
– ele faleceu durante as gravações, em 2022. Assisti à animação no Festival do
Rio de 2024, numa sessão lotada, aplaudida no fim. Curtinho, com apenas 81
minutos, saiu com classificação de 14 anos e está nos cinemas pela Paris
Filmes.
sábado, 26 de abril de 2025
Nota do Blogueiro
Cine Debate promove hoje sessão com premiada comédia dramática brasileira
sexta-feira, 25 de abril de 2025
Especial de cinema
Cinema 'Blaxploitation'
A Versátil Homem Video acaba de lançar no mercado, em DVD, três boxes da Blaxploitation, contendo ao todo 15 longas-metragens. São eles 'Blaxploitation vol. 5', 'Blaxploitation vol. 6' e 'Obras-primas do terror - Blaxploitation'. Dentre os filmes que compõem as caixas estão 'O cafetão' (1973), 'Blackenstein' (1973), Inferno no Harlem (1973), 'Jones, o faixa preta' (1974), 'Car Wash: Onde acontece de tudo' (1976) e 'O genro do diabo' (1977). A distribuidora também lançou um livro temático, 'Blaxploitation - Filmes essenciais', com 80 páginas. Nele há 13 textos escritos por jornalistas e críticos de cinema convidados - um deles é o meu, que segue abaixo, na íntegra.
Rudy Ray Moore, o furacão da Blaxploitation
Dolemite – das ruas para as telas
No documentário ‘I, Dolemite’ (2016, de Elijah Drenner), que vem como extra no box em DVD ‘Blaxploitation - volume 4’, da Versátil Home Video, o biógrafo de Rudy Ray Moore, Mark Jason Murray, comenta que para Moore realizar o filme ‘Dolemite’, juntou royalties da venda de seus discos, cerca de U$ 100 mil dólares na época.
Mesmo com o roteiro em mãos, escrito por um amigo que era ator, Jerry Jones, Moore não seguia as falas do jeito que estava no papel – ele costumava improvisar, lembrando de histórias e rimas, muitas delas infames.
‘Dolemite’ foi seu primeiro trabalho. Moore interpreta um cafetão que sai da cadeia com o objetivo de se vingar dos bandidos e policiais que o incriminaram indevidamente. Ele solta palavrões a cada minuto, fala e pensa em sacanagem, luta kung fu e inaugura uma boate para ganhar a vida, ao mesmo tempo em que procura seus algozes. Vie cercado de mulheres e armas. Por causa de ‘Dolemite’, Moore arrastou o apelido do personagem a vida toda, virou um alter-ego, até porque, por causa do tipo excêntrico de Dolemite, começou a se vestir com o mesmo figurino extravagante - ternos coloridos, óculos grandes, chapéu de lado e bengala. Bizarro, maluco e erótico, ‘Dolemite’ estreou tímido em poucas salas, em seguida, depois de muita negociação, entrou no circuito e fez bons milhões, surpreendendo Moore e a equipe. O público pedia mais Dolemite, então...
Dá-lhe, Dolemite. Agora um tornado!
Tanto ‘Dolemite’ quanto ‘O tornado humano’ seguem a cartilha da Blaxploitation; filmes de baixo orçamento, recheados de gírias do gueto, muita violência, roupas chocantes, uma mensagem política e de poder advinda do movimento Black Power e a personalização das figuras negras como super-heróis ou anti-heróis. Já que os grandes estúdios fechavam as portas para os pretos, as produtoras menores faziam o trabalho, projetando-os, primeiramente, para as telas dos cinemas de pequeno circuito, o que os tornavam atores e atrizes cultuados, e depois em cinemas maiores. A representatividade acontecia com forte potência nos filmes inusitados e ousados da Blaxploitation. Josiah Howard, na introdução do seu livro ‘Blaxploitation Cinema: The essential reference guide’ (2008), diz que os filmes da Blaxploitation eram feitos de negros para negros, procurando atrair o público preto para as salas e ali na tela mostrar os reais problemas da sociedade. Em artigo científico, o professor da Universidade de Washington Zachary Manditch-Prottas concorda com a explicação acima e, utilizando como base esse livro de Josiah Howard, relata que “o termo Blaxploitation funcionou inicialmente como um canal carregado para debates críticos sobre as implicações psicológicas e políticas da representação negra na tela nos últimos anos da era dos direitos civis”.
Moore e o diabo
Os filmes com Rudy Ray Moore e a Blaxploitation como um todo inovou o cinema, diversificou temas e lutou contra o preconceito racial abrindo portas para pretos e pretas. A Blaxploitation ressignificou fitas de máfia, como ‘O chefão de Nova York’ (1973), filmes de terror com ‘Blacula’ (1972) e ‘Blackenstein’ (1973), musicais etc. com inovações técnicas, figurinos exuberantes que foram marcadores de tempo, com gente usando boca de sino e ternos roxos, cabelões black power e mulheres de roupa sexy.
Atuou em 18 filmes; além dos já citados, fez ‘The Monkey Hu$tle’ (1976), ao lado de Yaphet Kotto, ‘Disco godfather’ (1979), ‘Penitentiary II’ (1982) e ‘Ricas e gloriosas’ (1997), com Halle Berry. Voltaria a interpretar Dolemite, seu personagem mais famoso, em clipes musicais para diversos rappers, como Snoop Dogg, no filme para home vídeo ‘Shaolin Dolemite’ (1999) e no final de carreira em ‘O retorno de Dolemite’ (2002).
Ator talentoso e virtuoso, Moore morreu em 2008, aos 81 anos, de complicações da diabetes.
quinta-feira, 24 de abril de 2025
Resenhas especiais
Detetive em Seul, Ma Seok-do (Ma Dong-seok) encara a tarefa de investigar duas gangues rivais que tocam o terror nas ruas da capital da Coreia do Sul. Ele tentará facilitar as facções a fazer um acordo de paz enquanto disputam territórios da cidade.
Fita que funciona e não desagrada quem busca ação ininterrupta. Tem mais duas continuações, ‘Força bruta: Sem saída’ (2023) e ‘Força bruta: Punição’ (2024), todas com o ator Ma Seok-do em missões arriscadas pelo mundo.
quarta-feira, 23 de abril de 2025
Especial de Cinema
Festival In-Edit Brasil anuncia data e divulga pôsteres da edição 2025
O In-Edit Brasil tem patrocínios como Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México. Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no instagram https://www.instagram.com/ineditbrasil/ e no site oficial https://br.in-edit.org. Abaixo um dos pôsteres do evento.
terça-feira, 22 de abril de 2025
Resenha especial - Nos cinemas
Pecadores
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 3
Mente perturbada
Baseado no livro best-seller de Emmanuelle Carrère, publicado em 2011, está nos cinemas pela Pandora Filmes, que vem lançando nas salas bons filmes de festivais e de gêneros variados – só nesse ano foram ‘Girassol vermelho’, ‘Quando chega o outono’, ‘Máquina do tempo’, ‘A voz que resta’, ‘Trilha sonora para um golpe de Estado’, ‘Redenção’ e ‘Encontro com o ditador’.
PS - O próximo filme do diretor será apresentado em Cannes em maio desse ano, ‘The disappearance of Josef Mengele’ (2025).
domingo, 20 de abril de 2025
Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 2
O rei dos reis
Animação religiosa que alcançou números impressionantes de bilheteria, obtendo U$ 20 milhões somente no fim de semana de estreia nos Estados Unidos na semana passada, ‘O rei dos reis’ chega ao Brasil nos cinemas – e pelo mundo vem fazendo uma boa campanha. Com distribuição da Angel Studios, distribuidora cristã fundada em 2021 nos Estados Unidos e que lançou ao mercado a série de sucesso ‘The chosen’ – recém-rompida com a Angel, o filme traz o escritor britânico Charles Dickens narrando para seu filho Walter, antes de dormir, a trajetória de Jesus Cristo - e o garoto se imagina dentro dessa história. Por trás disso, a história é real e pouco conhecida do público, que se tornou pública e notória apenas recentemente - realmente, Dickens, autor de ‘Oliver Twist’ e ‘Um conto de natal’, escreveu um livro infantil para seu filho sobre a vida de Cristo. Isso por volta de 1846, porém a obra foi publicada apenas em 1934, 65 anos após a morte do autor, de título ‘A vida de nosso Senhor’. A animação, então, reimagina esses fatos misturando com a jornada de Cristo, do nascimento até a crucificação. É um filme que carrega – é de se notar pelo teor das obras cristãs da Angel - um lado moralizante/instrutivo/educativo que, confesso, não funciona para mim. Mas sei que muita gente consome, assiste e indica. Dirigido por um sul-coreano, Seong-ho Jang, que faz aqui sua estreia após trabalhar como animador de efeitos visuais – o filme é produzido por uma empresa coreana, Mofac Studios, e reúne um time de nomes consagrados: Kenneth Branagh (como Charles Dickens), Uma Thurman (como Catherine Dickens), Oscar Isaac (como Jesus Cristo), Ben Kingsley (como Caifás), Forest Whitaker (como o apóstolo Pedro), Pierce Brosnan (como Pôncio Pilatos) e Mark Hamill (como o Rei Herodes). No Brasil a dublagem conta com Guilherme Briggs e Luiz Carlos de Moraes, por exemplo. Quem escreve é Rob Edwards, corroteirista das animações ‘A princesa e o sapo’ (2009) e ‘Sneaks: De pisante novo’ (2025, que está nos cinemas também). No Brasil a distribuição nas salas é pela Heaven Content, outra distribuidora de filmes cristãos.
sábado, 19 de abril de 2025
Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 1
Abá e sua banda
(2024)
Se você gosta de filmes de
animação, prestigie esse caprichado longa-metragem brasileiro, exibido nas
últimas edições dos festivais de Gramado e Rio e na Mostra Internacional de
Cinema de SP e premiado em festivais no exterior. Na história, o príncipe Abá,
que é um abacaxi adolescente, de 13 anos, foge do castelo onde mora para realizar
seu sonho: ele quer ser músico. Seus dois melhores amigos, que também são
músicos, Juca, um caju, e Ana, uma banana, partem com ele para uma incrível jornada
em busca daquele ideal. Eles se preparam para um festival de música, porém são
confrontados com Don Côco, um vilão maquiavélico que pretende acabar com os
pomares da região. Com muita aventura e música, o filme, educativo e com
mensagem ecológica, valoriza a cultura brasileira com canções alegres, que
carregam brasilidade, além das formas e cores que remetem ao nosso país. É uma
animação graciosa que mescla 3D e 2D, apropriada para todos os públicos, mais
ainda indicada às crianças pela linguagem e ludicidade. Tem como diretor um
expert em animação, que já fez curtas e seriados nesse formato, Humberto
Avelar, e conta com vozes de Filipe Bragança, Robson Nunes, Carol Valença, Zezé
Motta e Rafael Infante. Produzido pela Fraiha Produções em coprodução com Globo
Filmes, Gloob e RioFilme, por meio da RioFilme. Distribuição nos cinemas pela Manequim
Filmes.
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Especial de Cinema
‘É Tudo Verdade’ segue até o dia 30 no streaming com 10 curtas-metragens
Direção: Caio Baú
Brasil | 18’ | 2025
Direção: Mariana Reade, Thays Acaiabe e Patrick Zeiger
Brasil | 26’ | 2024
Direção: Gabriela Poester e Henrique Lahude
Brasil | 18’ | 2024
Direção: Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
Brasil | 18’ | 2024
Direção: Anna Costa e Silva e Isis Mello
Brasil | 28’ | 2024
Direção: Carol Benjamin
Brasil | 17’ | 2025
Brasil | 15’ | 1962
Brasil | 10’ | 1969
Brasil | 25’ | 1972
Brasil | 16’ | 1975
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