Fúria da natureza (2023)
Produção indiana de 2023 que fez carreira
nos cinemas de lá e chega agora nos streamings brasileiros. É um disaster movie
inspirado em uma tragédia real, as enchentes de Kerala, que mataram 500 pessoas
no sul da Índia, no verão de 2018. As chuvas causaram inundações avassaladoras,
afetando cinco milhões de moradores da populosa cidade de Kerala. O filme
resgata histórias diferentes de sobrevivência em meio ao desastre – um militar
que ajuda um lojista cego, uma jornalista que se arrisca para cobrir as
enchentes, uma família de pescadores diretamente atingidos pelas águas, um
casal em busca de um novo lar, um motorista de táxi com seus passageiros
estrangeiros, dentre outras. Os personagens são tratados como heróis comuns,
cidadãos que levavam uma vida normal até serem surpreendidos pelo dilúvio e
tentam encontrar formas de se salvar. Há romance, drama – quase um melodrama,
e, claro, como em todos os filmes indianos, muita música e trilha sonora constante,
que perpassa todos os momentos da trama. É um filme-mosaico, com uma gama de
personagens e seus desafios antes e depois das enchentes.
Bem realizado, o longa indiano é
intenso, com uma fotografia primorosa, principalmente nas cenas dos resgates na
enchente, difíceis de serem gravadas. Mesmo tratando de uma tragédia, traz
personagens carismáticos e afetivos. No elenco, rostos do novo cinema indiano,
atores e atrizes que fazem sucesso no país, como Kunchacko Boban, Tovino Thomas,
Asif Ali e Aparna Balamurali. Distribuído no Brasil pela A2 Filmes, está disponível
para aluguel nas principais plataformas online, como Prime Video, Amazon Video
e Apple TV.
Fúria da natureza (2018). Índia, 2023, 148 minutos.
Ação/Drama. Colorido. Dirigido por Jude Anthany Joseph. Distribuição: A2 Filmes
(nos cinemas e no streaming)
Aposentados e curiosos (2023)
Não tinha ouvido falar desse filme
independente norte-americano, uma comédia original em uma trama policialesca.
Engraçado e perspicaz, conta a história de um protagonista em dois tempos, o detetive
Wilbert Moser (bom trabalho de Basil Hoffman) - em 1972 ele investigou um caso
que ficou sem solução, o roubo de um banco cometido por quatro bandidos
mascarados; passados 50 anos, ele, agora aposentado, mas curioso para solucionar
o antigo crime, resolve reabri-lo e investigar por conta própria. Para dar
conta do recado, convoca uma psicóloga forense, um amigo que é dono de um
restaurante e ex-presidiários que prendeu no passado e hoje estão em
reabilitação, e que participam de estudos bíblicos com ele. Esse grupo improvável
se une aos moradores da minúscula comunidade de Lehigh Valley, e juntos correm
contra o tempo para a resolução do caso.
Tem um roteiro original, rápido, com
participação de coadjuvantes como Daniel Roebuck (ator de ‘O fugitivo’, de 1993,
e diretor, que dirigiu o filme com a filha, Grace), Duane Whitaker, de ‘Pulp
Fiction: Tempo de violência’ (1994), Stephanie Zimbalist (filha do famoso ator
Efrem Zimbalist Jr.), da série ‘Jogo duplo’ (1982-1987), Willard E. Pugh, de ‘A cor púrpura’ (1985),
e Timothy E. Goodwin, de ‘Bela vingança’ (2020). Foi o último trabalho do
multipremiado ator veterano Basil Hoffman, de ‘A caixa’ (2009) e ‘O artista’
(2011), falecido meses antes do término das gravações, em 2021. Distribuído no
Brasil pela A2 Filmes, disponível para aluguel nas principais plataformas
online, como Prime Video, Amazon Video e Apple TV.
Aposentados e curiosos (Lucky Louie). EUA, 2023, 109 minutos.
Comédia/Policial. Colorido. Dirigido por Daniel Roebuck e Grace Roebuck.
Distribuição: A2 Filmes (no streaming)
Anhangabaú (2023)
Premiado no Festival de Gramado como
melhor documentário e exibido na Mostra Ecofalante de Cinema de 2024, 'Anhangabaú',
de Lufe Bollini, foi exibido pela primeira vez em sessão pública no aniversário
de 471 anos de São Paulo, nos dias 24/01, com uma masterclass, e 25/01, na
Caixa Cultural (localizado na Praça da Sé), ambas gratuitas. Vi em cabine
digital para jornalistas naquela semana e gostei muito. O filme foca num embate
cultural em torno das transformações da cidade de São Paulo que, ao expandir
como metrópole, ‘apagou’ as histórias indígenas do território. Daí o longa
procura resgatar memórias dos povos originários da capital, sucumbidos durante
a evolução da maior cidade do país. Uma comunidade indígena que ainda resiste
em SP, a Guarani Mbya, junta-se a uma das maiores ocupações culturais da
América Latina, a ‘Ocupação Ouvidor 63’, e ao notório ‘Teatro Oficina’ para
discutir território, colonização e barbárie. A obra acompanha uma longa jornada
de protestos e manifestações desses três grupos que, por meio de seus corpos e
vozes, pedem socorro contra a ocupação de bairros tradicionais como o Bixiga,
ameaçado pela especulação imobiliária que pode pôr fim aos centros culturais e
históricos que lá existem. Enquanto ouvimos os guaranis, membros da ocupação e artistas
do Oficina, eles performam nas ruas, fazem discursos contundentes para chamar a
atenção à causa social que defendem. Um dos destaques do filme, que acabou
tomando conta de pautas jornalísticas recentes, é a luta pela construção do
Parque do Rio Bixiga, uma disputa territorial e cultural que existe no entorno
do Teatro Oficina Uzyna Uzona desde a década de 1980, que voltou a ser ameaçado
pelo grupo Silvio Santos, que possui terrenos próximos e pretende construir
arranha-ceús, demolindo assim o espaço que abriga o Oficina desde 1958. E vale
lembrar a região destacada anteriormente é o marco zero da capital.
O diretor Lufe Bollini também fez a
montagem e a trilha sonora, bem criativas por sinal. Rodado entre 2014 e 2020
na capital paulista, tem inspiração no livro ‘A cidade polifônica" (1993),
do antropólogo e arquiteto italiano Massimo Canevacci. É uma produção da Elixir
Entretenimento, Kino-Cobra Filmes e Fogo no Olho Filmes e em breve entra em
cartaz nos cinemas.
Anhangabaú (Idem). Brasil, 2023, 96 minutos.
Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Lufe Bollini. Distribuição:
Elixir Entretenimento, Kino-Cobra Filmes e Fogo no Olho Filmes (nos cinemas)
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