domingo, 23 de fevereiro de 2025

Estreia da semana – Nos cinemas (20/02)


Flow (2024)

Um gatinho preto perdido durante uma gigantesca inundação é o mote desse incrível e original filme de animação da Letônia, um país no extremo norte da Europa, que pouco faz cinema. Com coprodução da Bélgica e França, o filme, já na minha lista dos melhores do ano, assim como de muita gente, foi escrito e dirigido pelo jovem cineasta letão Gints Zilbalodis, que o escreveu e produziu com dois parceiros, Matiss Kaza e Ron Dyens.
‘Flow’, em inglês, ‘fluxo’ e também ‘inundação’, substituindo o termo ‘Flood’, é uma animação sem diálogos, somente com trilha sonora e sons da natureza e de bichos, como bolhas de água, miados, chuva e latidos (gravados de animais verdadeiros). Na cativante história, um solitário gato, ao ver sua casa ser destruída por uma terrível inundação, sai numa fuga desesperada para se salvar. A água cobre casas e florestas, tornando a cidade puro oceano. O gato, que não tem nome, refugia-se num velho barco que cruza o local. Quando ele entra na embarcação, descobre ser habitado por uma capivara. Os dois se estranham, mas logo se suportam. Em constante movimento, o barco ruma por estranhos lugares, e aos poucos três outros animais se abrigam nele – um cachorro amigável, um lêmure que rouba objetos e um misterioso pássaro branco grandalhão. O quinteto terá de deixar as diferenças de lado para sobreviver àquela interminável viagem marcada por ameaças e situações desafiadoras.
O filme segue um fluxo ininterrupto, assim como o fluxo da água leva os personagens a labirintos inimagináveis. Como espectadores, nunca sabemos o próximo passo, aonde eles vão parar e se irão sobreviver. O gato é o meigo protagonista, só que os bichos coadjuvantes, assim que surgem na tela, tomam a rédea e até roubam a cena. E sentados na frente da tela vibramos por todos eles. Tanto ‘Flow’ quanto o longa anterior do diretor, ‘Longe’ (2019), sobre um menino e um pássaro que precisam retornam para casa, tratam de uma jornada ao desconhecido, de amizade e sobrevivência.







O diretor desenhou a mão personagens e cenários, e depois os lançou a um software chamado Blender. O resultado é uma animação de aventura contínua, com cores vibrantes e uma textura impecável, que lembra pintura a óleo.
É a animação do momento, que vem fazendo sucesso pelo mundo e chega agora aos cinemas brasileiros distribuído pela Mares Filmes e Alpha Filmes. E que vem levando todos os prêmios por onde passa; até agora venceu 45, como o Globo de Ouro de melhor animação, o Annecy – principal prêmio de animação da Europa, de melhor animação do Júri e do Público, e o Film Independent Spirit Awards de filme estrangeiro. Está indicado ao Oscar e ao Critics' Choice nas categorias de melhor animação e melhor filme estrangeiro, ao Bafta de filme de animação e filme infantil, ao Cesar de animação, e ao Annie de animação independente, direção e roteiro.

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