quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Cine Especial

 


Solaris

*Reedição

O psicólogo Kris Kelvin (Donatas Banionis) é enviado a uma estação espacial na órbita de Solaris, um planeta distante, desconhecido dos humanos. Ele tem como missão investigar as causas que levaram a tripulação de uma nave à insanidade. Ao chegar encontra antigos cientistas em estado de transe, além de sua esposa, que se suicidou anos atrás, e passa a ter contato diário com o oceano de Solaris, que tem vida própria e pode promover estranhos fenômenos.

O cineasta Andrei Tarkovski dirigiu a segunda versão para o cinema (e a melhor de todas) de um romance hipnótico de ficção científica do polonês Stanslaw Lem (o livro está disponível no Brasil pela editora Aleph, li há alguns anos essa versão e recomendo a leitura). A essência da história, assim como a enorme complexidade de seus detalhes, permanece no filme, que é tão enigmático e estranho quanto o da literatura original. Tarkovski soube trazer a dimensão dos personagens narrados nas páginas de Lem para escrever o roteiro ao lado de Fridrikh Gorenshteyn, em particular na composição de Kris Kelvin, o psicólogo da missão crucial de resgate, enviado ao planeta Solaris, lugar temido e desconhecido, que possui um oceano dotado de inteligência, que pode entrar no íntimo das pessoas e materializar suas memórias, tornando-as reais. Além da história curiosa, esse cult movie soviético, que é para alguns indecifrável, prima por elementos técnicos invejáveis, como a direção de arte meio futurista meio atual (com elementos de “2001 – Uma odisseia no espaço”, realizado quatro anos antes), truques de montagem, uma trilha sonora marcante, do compositor Eduard Artemev, que compôs para mais de 160 filmes, dentre eles “O espelho” (1975) e “Stalker” (1979), do próprio Tarkovski, e a fotografia com luzes e cores alternantes, de Vadim Yusov, que havia trabalhado com o diretor em “A infância de Ivan” (1962) e “Andrei Rublev” (1966). Sem contar a narrativa lenta e íntima, típicas do diretor, com longas passagens sem diálogos, só com imagens oníricas.
Ganhou o Fipresci (Prêmio da Crítica) e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em 1972, onde concorreu à Palma de Ouro.
Disponível em DVD pela CPC-Umes Filmes, em disco duplo (com filme e extras, dentre eles entrevistas especiais, making of e cenas excluídas); saiu também em Bluray pela CPC-Umes em parceria com a Versátil, numa edição de colecionador – as últimas cópias do BD estão disponíveis no site da CPC-Umes. Ambas as cópias estão excelentes, saindo da matriz restaurada em 2015 pela Mosfilm, com a metragem original de cinema (de 167 minutos) – opte por esta, pois há em circulação uma edição não autorizada do diretor, de 115 min. Depois de ver “Solaris” de Tarkovski, procure, para comparar, as duas outras versões para cinema do livro de Lem, ambas de mesmo título - tem o telefilme de 1968, feito na URSS, e o longa de 2002 de Steven Soderbergh, com George Clooney, indicado ao Urso de Ouro em Berlim.






Solaris (Solyaris). URSS, 1972, 166 minutos. Drama/Ficção científica. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Andrei Tarkovski. Distribuição: CPC-Umes Filmes (DVD) e Versátil/CPC-Umes Filmes (Blu-ray)

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