O soldado americano Frank Dux (Jean-Claude Van Damme) viaja a Hong Kong
para conhecer o Kumite, uma modalidade de artes marciais secreta e violenta. Considerado
foragido pelos militares, tenta ganhar espaço como lutador em Hong Kong. Após
diversos desafios e provações, é aceito para competir com os maiores lutadores na
arena do Kumite.
Filme de ação, luta e esportes que lançou no Ocidente a figura de
Jean-Claude Van Damme, na época com 28 anos, um ator belga que antes havia
participado de outra fita de luta conhecida dos fãs, ‘Retroceder nunca,
render-se jamais’ (1985). ‘O grande dragão’ foi seu segundo filme, com boa
bilheteria e ganhando fãs no mundo todo, e em seguida Van Damme estrelaria uma
série de fitas de ação e artes marciais semelhantes, como ‘Cyborg – O dragão do
futuro’ (1989), ‘Kickboxer – O desafio do dragão’ (1989), ‘Leão branco, o
lutador sem lei’ (1990), ‘Soldado universal’ (1992), ‘Vencer ou morrer’ (1993)
etc. ‘O grande dragão branco’ é um dos melhores dessa linha, e foi baseado em
fatos reais. Conta a vida de um lutador canadense, mas criado nos Estados
Unidos, Frank William Dux, hoje com 67 anos. Dux era militar, participou de mais
de 300 lutas nos anos 70 e 80, foi campeão de peso pesado e nunca sofreu uma
derrota. Segundo Dux conta, viajou para Hong Kong conhecer o proibido Kumite,
uma arte marcial violenta, em que o adversário morre. Acabou ficando por lá e
se dedicando ao esporte, que era clandestino. No Kumite, Dux ficou conhecido
pelo nocaute rápido, e ao voltar para os EUA nos anos 80, fundou a sua escola
de ninjitsu, a Dux-Ryo. Ele virou treinador de dublês para o cinema – inclusive
coreografou Van Damme para o filme ‘Leão branco, lutador sem lei’ e até auxiliou
no roteiro de outro filme de luta com Van Damme, ‘Desafio mortal’ (1996). O filme
narra partes da trajetória dele, de quando chega a Hong Kong e aos poucos tenta
entrar no Kumite, sofrendo preconceito por não ser nem japonês nem chinês, que
eram aqueles que subiam no ringue da luta. Era um esporte clandestino,
escondido em subterrâneos, sem alarde e com pouco público, e o filme procura
desvendar esse lado sórdido da competição.
Van Damme nunca foi bom ator, mas tem carisma e consegue segurar e prosseguir
com o papel do lendário lutador. Dispensou dublês para as cenas de luta, e esse
seu filme surpreendeu na bilheteria da época - custou U$ 1 milhão e rendeu 11
vezes mais nas salas de cinema. Depois foi incessantemente reprisado na TV aberta
– lembro que na metade da década de 90 o filme chegou a passar três vezes no mesmo
ano na mesma emissora.
Produção norte-americana, foi rodada totalmente em Hong Kong, inclusive
na ‘Cidade murada de Kowloon’, uma região populosa, degradada e que era uma antiga
fortaleza militar.
Newt Arnold dirigiu dois filmes antes, os de terror B ‘Mãos criminosas’ (1962)
e ‘Blood thirst’ (1971), e viu aqui seu maior sucesso comercial. Trabalhou, de
maneira ocasional, como roteirista e ator em pontas, no entanto seu destaque no
cinema foi como assistente de direção, com mais de 50 longas nas costas, como
‘O poderoso chefão 2’, ‘Inferno na torre’, ‘Blade runner’ e ‘Os Goonies’.
Reparem na participação especial de Forest Whitaker em início de
carreira e no bom trabalho do veterano ator chinês Roy Chiao.
Entre 1996 e 1999, houve três continuações do filme - sequências, diríamos,
sem permissão, apenas usando o mesmo título; a história era cópia barata, reunia
outro elenco e mudaram o nome do personagem, sendo as três protagonizadas por Daniel
Bernhardt – isso sem contar a infinidade de imitações ruins que surgiram.
Ganhou mês retrasado duas ótimas edições em mídia física pela
Obras-primas do Cinema, uma em DVD e outra em bluray. A em DVD vem luva, cards,
capa dupla face e quase duas horas de extras, como entrevistas e especiais
sobre o filme, enquanto a em bluray traz os mesmos itens, exceto mais uma
entrevista no extra e um trailer, reunida em um digibook especial de
colecionador com 30 páginas.
O grande dragão branco (Bloodsport). Hong Kong,
1988, 92 minutos. Ação/Comédia. Colorido. Dirigido por Newt Arnold.
Distribuição: Obras-primas do Cinema
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