A história de Ricky
Ricky (Siu-Wong Fan) é preso injustamente numa penitenciária que abriga
perigosos assassinos. Na cadeia aprende lutas marciais e enfrenta um clã de
bandidos que querem eliminá-lo. A ideia de Ricky é fugir de lá para se vingar
de quem o prendeu.
Trash de carteirinha, esse filme extremamente violento é baseado num mangá
japonês gore, ‘Riki-Oh’, de Masahiko Takajo e Tetsuya Saruwatari, que circulou
entre 1987 e 1990. Tanto o mangá quanto o filme trazem um universo das artes
marciais com mortes violentas e muito humor negro/macabro, misturando elementos
do scifi e do terror, numa trama tensa sobre encarceramento e injustiça.
Num futuro próximo, o sistema penitenciário é privado, existe um
descontrole social, e ali dentro as leis são feitas pelos presos. Ricky é um
jovem detido por um crime que não cometeu, um atentado contra uma máfia. Na
prisão vira uma espécie de ultra-humano ao se dedicar às lutas marciais,
percebendo forças poderosas em seus golpes. Perseguidos por algozes na cadeia e
querendo reestruturar aquele sistema perverso em que os encarcerados são submetidos
a torturas, Ricky se transforma numa arma mortífera, matando todos que aparecem
em seu caminho.
A fita virou cult, com cenas grotescas e escrachadas de mortes, com
tripas voando, cabeças sendo arrancadas com soco, olhos saltando do crânio e
por aí vai. No desfecho, altamente sanguinolento, um dos vilões que vira um
monstro é estraçalhado num moedor de carnes. Prepare-se para um espetáculo de
sangue e risos, nesse filme trash proposital, com visíveis membros de borracha,
sangue de groselha e maquiagem grosseira. Vi pela primeira vez agora e me
diverti bastante.
Esse é o trabalho mais conhecido do diretor honconguês Ngai Choi Lam,
que também trabalha como diretor de fotografia, e fez fitas de terror com ação,
como ‘A sétima maldição’ (1986), um longa violento com monstros horripilantes
na selva da Tailândia, estrelado por Chow Yun-fat.
O mangá ‘Riki-Oh’ deu origem, antes, aos animes para cinema ‘Riki-Oh – O
muro do inferno’ (1989) e ‘Riki-Oh – Filho da destruição’ (1990), sem contar,
nos anos 2000, a inúmeras adaptações para telefilmes e séries na China e Hong
Kong.
‘A história de Ricky’ saiu recentemente em DVD pela Obras-primas do
Cinema numa excelente cópia, na maior versão possível, a de cinema, com 91
minutos - isso porque em países como Alemanha houve cortes de 10 minutos por
causa da violência. Nessa edição da OP, vem luva, cards e 40 minutos de extras.
A história de Ricky (Lik Wong/ Riki-Oh: The story
of Ricky). Hong Kong, 1991, 91 minutos. Ação/Comédia. Colorido. Dirigido por Ngai
Choi Lam. Distribuição: Obras-primas do Cinema
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