domingo, 12 de fevereiro de 2023

Cine Cult



Um lobisomem americano em Paris


Andy (Tom Everett Scott) viaja com dois amigos para Paris. Numa noite, sobem ao topo da Torre Eiffel para apreciar a vista da cidade. Até que encontram Serafine (Julie Delpy), uma jovem suicida que pretende pular do alto da torre. Andy a salva e ficam amigos. Ele descobre que Serafine herdou do pai um gene que a transforma em lobisomem.

Fracassou nas bilheterias, mas virou cult entre os jovens fazendo certo sucesso em VHS na época esse filme que presta uma homenagem a uma das mais populares fitas de terror com lobisomem, “Um lobisomem americano em Londres” (1981), de John Landis. A história assume outro tom, é um terrir (terror com humor, e um humor bem macabro), com cara de fita independente e conta com efeitos especiais interessantes num período em que a computação gráfica atingia outro nível no cinema mundial – mas devido aos efeitos estrondosos que vemos atualmente, os desse filme soam precários. É quase uma paródia em cima do filme original de 1981, com sequências que lembram o de John Landis, como os espíritos dos mortos que visitam o personagem, e aos poucos vão apodrecendo, e as do ataque do lobisomem a grandes multidões. O lobisomem agora é uma mulher (no anterior era um rapaz, interpretado por David Naughton), e o protagonista, depois, também se transforma na criatura. A violência nas cenas de morte é contida, até para evitar maior classificação indicativa. Tem um ritmo ágil e vira um passatempo legalzinho. Nem se vê a hora passar (tem apenas 98 minutos de duração).



Além da trama central aproveitada do filme de 1981, o diretor e roteirista Anthony Waller acrescentou situações que beiram o impossível, como a jovem suicida (papel da francesa Julie Delpy) que procura uma cura da licantropia e frequenta uma sociedade tomada por lobisomens e ainda descobre uma droga que faz as pessoas se transformarem em lobisomem sem a presença da lua cheia. O diretor, libanês, naturalizado britânico e que morou grande parte da vida na Alemanha, impressionou o mundo com uma das fitas mais perturbadoras dos anos de 1990, sua estreia na direção, “Testemunha muda” (1995), uma coprodução Alemanha e Rússia com muita violência, proibida para menores de 18 anos (vi quando adolescente, e na minha memória era uma fita impressionante e inovadora no tema de psicopatas, com uma personagem muda fugindo de um criminoso durante a gravação de um filme ‘snuff’) – foi exibido na Semana da Crítica de Cannes e depois no Festival de Toronto. Depois Waller teve a oportunidade de produzir, dirigir e roteirizar longas mais “industrializados”, para lançar nos EUA; seu segundo trabalho foi esse “Lobisomem”, em seguida veio a fita policial “O culpado” (2001, com Bill Pullman) e mais tarde o irregular suspense com ficção científica “Nove milhas para o inferno” (2009, com Adrian Paul e com o próprio diretor contracenando em papel maior, já que em todos os que dirigiu aparecia como figurante).
Para fazer “Um lobisomem americano em Paris”, Waller escalou um ator americano iniciante, Tom Everett Scott, de “The Wonders: O sonho não acabou” (1996), e que depois faria um monte de filmes teen, e a atriz francesa Julie Delpy, de “A igualdade é branca” (1994) e da trilogia que começou com “Antes do amanhecer” (1995) – a presença dos dois garantia repercussão, no entanto o filme não vingou nas salas e depois popularizou-se no extinto VHS.
Agora, para relembrar dele, a Classicline o lançou em DVD numa edição de colecionador muito bonita. Vem o filme, sem extras, com um card colecionável – e traz dublagem em português.

Um lobisomem americano em Paris (An american werewolf in Paris). Reino Unido/ Países Baixos/ Luxemburgo/ EUA/ França/Alemanha, 1997, 98 minutos. Comédia/Terror. Colorido. Dirigido por Anthony Waller. Distribuição: Classicline

Nenhum comentário: