Um lobisomem americano em Paris
Andy (Tom Everett Scott) viaja com dois amigos para Paris. Numa noite,
sobem ao topo da Torre Eiffel para apreciar a vista da cidade. Até que
encontram Serafine (Julie Delpy), uma jovem suicida que pretende pular do alto
da torre. Andy a salva e ficam amigos. Ele descobre que Serafine herdou do pai
um gene que a transforma em lobisomem.
Fracassou nas bilheterias, mas virou cult entre os jovens fazendo certo
sucesso em VHS na época esse filme que presta uma homenagem a uma das mais
populares fitas de terror com lobisomem, “Um lobisomem americano em Londres”
(1981), de John Landis. A história assume outro tom, é um terrir (terror com
humor, e um humor bem macabro), com cara de fita independente e conta com
efeitos especiais interessantes num período em que a computação gráfica atingia
outro nível no cinema mundial – mas devido aos efeitos estrondosos que vemos atualmente,
os desse filme soam precários. É quase uma paródia em cima do filme original de
1981, com sequências que lembram o de John Landis, como os espíritos dos mortos
que visitam o personagem, e aos poucos vão apodrecendo, e as do ataque do
lobisomem a grandes multidões. O lobisomem agora é uma mulher (no anterior era
um rapaz, interpretado por David Naughton), e o protagonista, depois, também se
transforma na criatura. A violência nas cenas de morte é contida, até para
evitar maior classificação indicativa. Tem um ritmo ágil e vira um passatempo legalzinho.
Nem se vê a hora passar (tem apenas 98 minutos de duração).
Além da trama central aproveitada do filme de 1981, o diretor e
roteirista Anthony Waller acrescentou situações que beiram o impossível, como a
jovem suicida (papel da francesa Julie Delpy) que procura uma cura da
licantropia e frequenta uma sociedade tomada por lobisomens e ainda descobre uma
droga que faz as pessoas se transformarem em lobisomem sem a presença da lua
cheia. O diretor, libanês, naturalizado britânico e que morou grande parte da
vida na Alemanha, impressionou o mundo com uma das fitas mais perturbadoras dos
anos de 1990, sua estreia na direção, “Testemunha muda” (1995), uma coprodução
Alemanha e Rússia com muita violência, proibida para menores de 18 anos (vi quando
adolescente, e na minha memória era uma fita impressionante e inovadora no tema
de psicopatas, com uma personagem muda fugindo de um criminoso durante a
gravação de um filme ‘snuff’) – foi exibido na Semana da Crítica de Cannes e
depois no Festival de Toronto. Depois Waller teve a oportunidade de produzir,
dirigir e roteirizar longas mais “industrializados”, para lançar nos EUA; seu
segundo trabalho foi esse “Lobisomem”, em seguida veio a fita policial “O
culpado” (2001, com Bill Pullman) e mais tarde o irregular suspense com ficção
científica “Nove milhas para o inferno” (2009, com Adrian Paul e com o próprio
diretor contracenando em papel maior, já que em todos os que dirigiu aparecia
como figurante).
Para fazer “Um lobisomem americano em Paris”, Waller escalou um ator
americano iniciante, Tom Everett Scott, de “The Wonders: O sonho não acabou”
(1996), e que depois faria um monte de filmes teen, e a atriz francesa Julie
Delpy, de “A igualdade é branca” (1994) e da trilogia que começou com “Antes do
amanhecer” (1995) – a presença dos dois garantia repercussão, no entanto o
filme não vingou nas salas e depois popularizou-se no extinto VHS.
Agora, para relembrar dele, a Classicline o lançou em DVD numa edição de
colecionador muito bonita. Vem o filme, sem extras, com um card colecionável –
e traz dublagem em português.
Um lobisomem americano em Paris (An american
werewolf in Paris). Reino Unido/ Países Baixos/ Luxemburgo/ EUA/ França/Alemanha,
1997, 98 minutos. Comédia/Terror. Colorido. Dirigido por Anthony Waller.
Distribuição: Classicline
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