domingo, 24 de outubro de 2021

Especial de Cinema


Os melhores filmes da 45ª Mostra Intl. de Cinema de SP

A 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou na última quinta-feira, dia 21, e segue até o dia 03 de novembro, em formato híbrido (sessões presenciais em cinemas de São Paulo e sessões online por uma plataforma exclusiva). São 264 filmes de mais de 70 países, muitos deles premiados em festivais de cinema como Cannes, Berlim, Veneza, Sundance e Rotterdam. Toda a programação consta no site oficial, em mostra.org.
O acesso remoto à 45ª Mostra Intl. de São Paulo se dá pela plataforma exclusiva Mostra Play - https://mostraplay.mostra.org. Os ingressos podem ser adquiridos lá (individuais, pacotes ou credenciais), a valores promocionais (inteira e meia entrada), e também há exibições gratuitas nas plataformas do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) e do Sesc Digital (https://sesc.digital).
Confira abaixo uma seleção feita por mim com drops dos melhores filmes da 45ª Mostra de Cinema de SP.

Armugan (Espanha, 2020, de Jo Sol)

Drama espanhol tocante com uma esplêndida fotografia em preto-e-branco, sobre a imbricada relação de dois homens em um vale isolado nos Pirineus. Eles visitam diariamente as casas da população local, e um deles, deficiente físico, precisa ser carregado nas costas. Até que é revelado o misterioso trabalho dos dois. Um dos ótimos filmes da Mostra desse ano, que trata da morte com outro viés e de um certo misticismo secular.


Má sorte no sexo ou Pornô amador (Romênia/Luxemburgo/República Tcheca/Croácia/Reino Unido, 2021, de Radu Jude)

Destaque da 45ª Mostra, a comédia anárquica romena em tom surrealista foi a ganhadora do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2021. Acompanha um dia inteiro na vida de uma professora após um vídeo íntimo seu vazar na internet. Enfrenta ameaças, acusações e pode ser demitida da escola. Uma reunião com os pais de alunos será decisiva para ela. Filme para público restrito (cuidado com a classificação, devido a rápidas cenas de sexo), é também subversivo na linguagem (em especial na edição). Uma boa dica de cinema alternativo para esse momento.

Stillwater: Em busca da verdade (EUA, 2021, de Tom McCarthy)

Exibido em Cannes (fora da competição), o drama é uma revisão do caso Amanda Knox e traz Matt Damon na pele de um pai que vai atrás da filha presa por um homicídio que diz não ter cometido (papel excepcional de Abigail Breslin, que pode pegar indicação ao Oscar em 2022). Ele tentará de tudo para provar a inocência da jovem. Com suspense e um bom roteiro, o filme do diretor de “O visitante” e “Ganhar ou ganhar” é uma grata surpresa.


A taça quebrada (Chile, 2021, de Esteban Cabezas)

Fita independente chilena sobre um músico fracassado que procura se reconectar com o filho pequeno após a separação da mulher. É um drama sentimental, cheio de cortes e enquadramentos experimentais, sobre aprisionamento e casamento em ruínas. Gostei também dos diálogos intensos.

Lidando com a morte (Holanda, 2020, de Paul Rigter)

Documentário holandês que aponta os diversos rituais relacionados à morte num bairro multiétnico de Amsterdã, observados e narrados pela chefe de uma agência funerária local. Ela se chama Anita, e com bom humor e distanciamento, guia o espectador por esse universo difícil de aceitação e transição.

No táxi do Jack (Portugal, 2021, de Susana Nobre)

De Portugal, o filme, exibido no Festival de Berlim, é uma mistura de documentário e ficção, sobre um ex-taxista de 60 anos e suas tentativas para garantir uma melhor aposentadoria. Ele é uma figura ímpar em cena, com um ar brega total, de jaqueta de couro e cabelo com gel no estilo Tony Manero. Joaquim (ou Jack) recorda sobre viagens e trabalho e nos deixa totalmente à vontade nessa fita indie curtinha, de 70 minutos apenas.

Pegando a estrada (Irã, 2021, de Panah Panahi)

Primeiro filme do filho do cineasta iraniano exilado Jafar Panahi, um drama com passagens cômicas sobre uma família desajeitada numa viagem sem destino. É um road-movie a la Irã, trazendo vários personagens caóticos, em uma série de peripécias e desventuras pelo país. Pela obra, Panah afirma que dá para fazer comédias críticas no Irã. Exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes.

As Bruxas do Oriente (França, 2021, de Julien Faraut)

Adorei o doc francês sobre o time de jogadoras de vôlei feminino do Japão dos anos 50 e 60, cujas mulheres trabalhavam em uma fabrica têxtil. Nesse filme, cinco delas se reúnem no momento atual, com mais de 70 anos, para recordar as centenas de competições vencidas (elas inclusive triunfaram nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964), e contam sobre o apelido que receberam, “Bruxas do Oriente”. Uma fita bacana, emocionante, sobre esporte, Terceira Idade e vontade de viver. Exibido no Festival de Rotterdam.

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