domingo, 31 de outubro de 2021

Especial de cinema


Os melhores filmes da 45ª Mostra Intl. de Cinema de SP: Parte 02

A 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo termina na próxima quarta-feira, dia 03 de novembro. Nesse ano ela encontra-se em formato híbrido (com sessões presenciais em cinemas de São Paulo e sessões online pela plataforma MostraPlay). São 264 filmes de mais de 70 países, e parte deles você pode conferir online, em https://mostraplay.mostra.org. Os ingressos podem ser adquiridos lá (individuais, pacotes ou credenciais), a valores promocionais (inteira e meia entrada), e também há exibições gratuitas nas plataformas do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) e do Sesc Digital (https://sesc.digital).
Toda a programação está no site oficial, em https://mostra.org. Confira abaixo mais uma seleção feita por mim com drops dos melhores filmes da 45ª Mostra Intl. de Cinema de SP- e dessa vez de filmes que estão online na plataforma Mostraplay, para você assistir em casa!

O garoto mais bonito do mundo (Suécia, 2021, de Kristina Lindström e Kristian Petri)

Documentário brilhante que a 45ª Mostra SP traz ao público com exclusividade. Exibido no Festival de Sundance, fala da trajetória do ator sueco Björn Andrésen, um dos meninos mais bonitos do cinema europeu dos anos 70, quando foi lançado em “Morte em Veneza” (na pele de Tadzio). O ator, hoje aos 66 anos, relembra a trajetória, histórias pessoais de paixões e casamentos, a relação distanciada com a filha, o sucesso na Sétima Arte e uma tragédia que o abalou para sempre.


Sr. Bachmann e seus alunos (Alemanha, 2021, de Maria Speth)

De extensa duração (3h37), o documentário alemão vencedor dos prêmios do Júri e do Público no Festival de Berlim acompanha as aulas diferenciais de um professor do Ensino Fundamental que fazia seus alunos pensar o seu entorno e a colocar a mão na massa. No entanto, seu método conflita com a realidade social e cultural dos adolescentes, que moram numa pequena cidade operária próxima a Frankfurt. É uma análise complexa do sistema de ensino, recomendado a educadores e sociólogos.

Luz natural (Hungria/Letônia/França/Alemanha, 2021, de Dénes Nagy)

Vencedor do prêmio de direção (Urso de Prata) no Festival de Berlim, o drama de guerra húngaro fala de um soldado na URSS ocupada durante a Segunda Guerra, que tem de assumir o comando do grupo quando o seu líder morre. Uma série de incidentes colocará a vida dele e do regimento em risco. Com uma fotografia arrebatadora e uma direção de mão firme, é uma pequena joia do cinema da Hungria.

O leopardo das neves (França, 2021, de Marie Amiguet)

Exibido no Festival de Cannes onde concorreu ao prêmio Golden Eye, esse documentário, difícil de ser realizado, acompanha dois exploradores nas montanhas do Tibete para registrar imagens do raríssimo leopardo-das-neves, que vive recluso num santuário selvagem. Imagens brilhantes e uma proeza de filme!

Na prisão Evin (Irã, 2021, de Mohammed Torab-Beig e Mehdi Torab-Beig)

Drama iraniano sobre uma garota transgênero que tem o sonho de fazer a cirurgia de redesignação de sexo, e ao se mudar para Teerã, fica a um passo de conquistá-lo. Um homem rico se aproxima dela para auxiliar no procedimento, porém impõe uma cruel condição. Um drama contundente, de um tema seríssimo, feito em um país que ainda sofre dura censura na arte. Por isso, uma obra corajosa e de extremo vigor.


Quem fomos (Alemanha, 2021, de Marc Bauder)

Documentário alemão exibido no Festival de Berlim que reflete os avanços das pesquisas científicas e traz luz para as possibilidades do futuro para a humanidade. Seis cientistas exploram diversos lugares do planeta (como as profundezas do oceano, o mais alto do espaço aéreo e o pico das montanhas) para amarrar ideias sobre mente humana, capacidade do homem de exploração, a alta tecnologia, a inteligência artificial e a economia mundial.

A noite do fogo (México/Brasil/Argentina/Alemanha 2021, de Tatiana Huezo)

Para mim o melhor filme da Mostra desse ano. O drama mexicano, coproduzido no Brasil e na Alemanha, recebeu menção especial em Cannes (na seção ‘Um certo olhar’), e trata de uma comunidade isolada nas montanhas do México marcada pela violência dos cartéis de drogas. As mulheres adultas escondem as filhas em esconderijos para evitar sequestros e estupros, e muitas dessas famílias são forçadas a trabalhar nas plantações de papoula para a produção de cocaína. Nesse meio violento, uma menina e duas amigas tentam compreender o mundo onde estão e enfrentam, ao longo dos anos, as imposições dos cartéis e o inevitável rumo de suas vidas. É da Netflix, e em breve estreia lá! Não deixem de conferir - é o representante do México para uma vaga no Oscar de filmes estrangeiro de 2022.


Jane por Charlotte (França, 2021, de Charlotte Gainsbourg)

Indicado ao Golden Eye em Cannes, o discreto documentário dirigido pela atriz Charlotte Gainsbourg expõe a relação dela com a mãe, a atriz, modelo e cantora Jane Birkin, que fez muito sucesso nos anos 70. Em conversas íntimas sobre o passado, o filme acompanha os laços rompidos de mãe e filha e agora em reconstrução. Duas grandes personalidades em cena e sem medo de se falar seus sentimentos.

Truman & Tennessee: Uma conversa pessoal (EUA, 2021, de Lisa Immordino Vreeland)

Documentário que resgata afiadas entrevistas de dois dos maiores escritores da literatura americana do século passado, Truman Capote e Tennessee Williams, em que falam sobre amor, homossexualidade, processo criativo, recepção de suas obras etc. Um filme bem arquitetado, preciso e curioso, com vozes dos atores Jim Parsons e Zachary Quinto.

domingo, 24 de outubro de 2021

Especial de Cinema


Os melhores filmes da 45ª Mostra Intl. de Cinema de SP

A 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou na última quinta-feira, dia 21, e segue até o dia 03 de novembro, em formato híbrido (sessões presenciais em cinemas de São Paulo e sessões online por uma plataforma exclusiva). São 264 filmes de mais de 70 países, muitos deles premiados em festivais de cinema como Cannes, Berlim, Veneza, Sundance e Rotterdam. Toda a programação consta no site oficial, em mostra.org.
O acesso remoto à 45ª Mostra Intl. de São Paulo se dá pela plataforma exclusiva Mostra Play - https://mostraplay.mostra.org. Os ingressos podem ser adquiridos lá (individuais, pacotes ou credenciais), a valores promocionais (inteira e meia entrada), e também há exibições gratuitas nas plataformas do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) e do Sesc Digital (https://sesc.digital).
Confira abaixo uma seleção feita por mim com drops dos melhores filmes da 45ª Mostra de Cinema de SP.

Armugan (Espanha, 2020, de Jo Sol)

Drama espanhol tocante com uma esplêndida fotografia em preto-e-branco, sobre a imbricada relação de dois homens em um vale isolado nos Pirineus. Eles visitam diariamente as casas da população local, e um deles, deficiente físico, precisa ser carregado nas costas. Até que é revelado o misterioso trabalho dos dois. Um dos ótimos filmes da Mostra desse ano, que trata da morte com outro viés e de um certo misticismo secular.


Má sorte no sexo ou Pornô amador (Romênia/Luxemburgo/República Tcheca/Croácia/Reino Unido, 2021, de Radu Jude)

Destaque da 45ª Mostra, a comédia anárquica romena em tom surrealista foi a ganhadora do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2021. Acompanha um dia inteiro na vida de uma professora após um vídeo íntimo seu vazar na internet. Enfrenta ameaças, acusações e pode ser demitida da escola. Uma reunião com os pais de alunos será decisiva para ela. Filme para público restrito (cuidado com a classificação, devido a rápidas cenas de sexo), é também subversivo na linguagem (em especial na edição). Uma boa dica de cinema alternativo para esse momento.

Stillwater: Em busca da verdade (EUA, 2021, de Tom McCarthy)

Exibido em Cannes (fora da competição), o drama é uma revisão do caso Amanda Knox e traz Matt Damon na pele de um pai que vai atrás da filha presa por um homicídio que diz não ter cometido (papel excepcional de Abigail Breslin, que pode pegar indicação ao Oscar em 2022). Ele tentará de tudo para provar a inocência da jovem. Com suspense e um bom roteiro, o filme do diretor de “O visitante” e “Ganhar ou ganhar” é uma grata surpresa.


A taça quebrada (Chile, 2021, de Esteban Cabezas)

Fita independente chilena sobre um músico fracassado que procura se reconectar com o filho pequeno após a separação da mulher. É um drama sentimental, cheio de cortes e enquadramentos experimentais, sobre aprisionamento e casamento em ruínas. Gostei também dos diálogos intensos.

Lidando com a morte (Holanda, 2020, de Paul Rigter)

Documentário holandês que aponta os diversos rituais relacionados à morte num bairro multiétnico de Amsterdã, observados e narrados pela chefe de uma agência funerária local. Ela se chama Anita, e com bom humor e distanciamento, guia o espectador por esse universo difícil de aceitação e transição.

No táxi do Jack (Portugal, 2021, de Susana Nobre)

De Portugal, o filme, exibido no Festival de Berlim, é uma mistura de documentário e ficção, sobre um ex-taxista de 60 anos e suas tentativas para garantir uma melhor aposentadoria. Ele é uma figura ímpar em cena, com um ar brega total, de jaqueta de couro e cabelo com gel no estilo Tony Manero. Joaquim (ou Jack) recorda sobre viagens e trabalho e nos deixa totalmente à vontade nessa fita indie curtinha, de 70 minutos apenas.

Pegando a estrada (Irã, 2021, de Panah Panahi)

Primeiro filme do filho do cineasta iraniano exilado Jafar Panahi, um drama com passagens cômicas sobre uma família desajeitada numa viagem sem destino. É um road-movie a la Irã, trazendo vários personagens caóticos, em uma série de peripécias e desventuras pelo país. Pela obra, Panah afirma que dá para fazer comédias críticas no Irã. Exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes.

As Bruxas do Oriente (França, 2021, de Julien Faraut)

Adorei o doc francês sobre o time de jogadoras de vôlei feminino do Japão dos anos 50 e 60, cujas mulheres trabalhavam em uma fabrica têxtil. Nesse filme, cinco delas se reúnem no momento atual, com mais de 70 anos, para recordar as centenas de competições vencidas (elas inclusive triunfaram nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964), e contam sobre o apelido que receberam, “Bruxas do Oriente”. Uma fita bacana, emocionante, sobre esporte, Terceira Idade e vontade de viver. Exibido no Festival de Rotterdam.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Resenha Especial



Ad Astra: Rumo às estrelas

Após um acidente numa plataforma espacial, o astronauta e engenheiro Roy McBride (Brad Pitt) é convocado para uma missão no espaço. Descobre que os eventos relacionados a essa missão tem a ver com o paradeiro de seu pai, um veterano astronauta chamado Clifford (Tommy Lee Jones), que desapareceu em uma viagem a Netuno há 30 anos.

O termo em latim “Ad astra” significa “Para as estrelas”, e é para lá que viaja o personagem central dessa trama mirabolante de ação, drama, ficção científica e até elementos do mundo do terror. A história se passa num futuro onde os planetas estão sendo colonizados, e entra em cena o galã Brad Pitt (hoje com 57 anos), como o astronauta e engenheiro espacial designado para investigar um estranho acidente e ao mesmo tempo localizar o pai no espaço. Acredita-se que, depois de uma malfadada viagem a Netuno, 30 anos atrás, ele tenha enlouquecido e matado toda a tripulação (quem o interpreta é Tommy Lee Jones, numa participação final magistral). Nessa jornada complexa e solitária em direção “às estrelas”, o astronauta enfrentará uma série de obstáculos perniciosos, incluindo um confronto com um macaco assassino. Ele está dividido entre lembranças da infância (construídas em flashbacks durante a viagem) e um certo receio do que pode encontrar pela frente... E tudo indica que seu pai esteja por trás de crimes contra o sistema solar, o que põem em risco a vida na Terra.


Pitt está sóbrio, maduro, envelheceu bem, ganhou o Oscar de ator coadjuvante no ano passado por “Era uma vez em Hollywood” e é um dos produtores do filme. Bem realizado, com bons efeitos visuais, custou caro (U$ 90 milhões) e traz um desfecho emocionante, de impacto. Não é somente um suspense scifi, que funciona bem; seu maior trunfo é se conciliar a um drama em tom filosófico e melancólico, na linha do excepcional “Interestellar” (2014 – que considero o melhor scifi moderno desde o ano de 2000).
Além de Tommy Lee Jones, há outro veterano num papel rápido e marcante, o octogenário Donald Sutherland, todos bem dirigidos pelo especialista em cinema de ação James Gray, de “Fuga para Odessa” (1994) e “Os donos da noite” (2007) – ele também escreveu o roteiro.
Teve indicações ao Oscar de melhor mixagem de som, ao Leão de Ouro no Festival de Veneza e ao Grammy de melhor trilha (realmente uma trilha linda, de Max Ritcher, de “Duas rainhas”). Outro elemento da parte técnica que vale menção é a fotografia inebriante num espaço desconhecido, do suíço Hoyte Van Hoytema, indicado ao Oscar por “Dunkirk” (2017).


Percebam que tem assinatura do Brasil na produção, além da China e Estados Unidos – isso porque um dos produtores é o brasileiro Rodrigo Teixeira, que desde 2012 produz fitas (independentes e de médio a alto orçamento) nos EUA e em outros países, como “Frances Ha”, “A bruxa”, “Love” e “Wasp Network”.

Ad Astra: Rumo às estrelas (Ad Astra). EUA/China/Brasil, 2019, 123 minutos. Ficção científica/Drama. Colorido. Dirigido por James Gray. Distribuição: 20th Century Fox

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Cine Cult


3 faces

A atriz Behnaz Jafari, acompanhada do diretor iraniano Jafar Panahi, tenta localizar uma garota proibida por sua família de estudar cinema. Eles viajam de carro até o vilarejo onde ela mora, na fronteira entre o Azerbaijão e o Irã, e lá se esbarram em um povo hospitaleiro e ao mesmo tempo conservador, com suas antigas tradições.

Mais uma fita sagaz do cineasta Jafar Panahi, banido do seu país, o Irã, responsável por obras cult importantes e questionadoras, como “O balão branco” (1995), “Isto não é um filme” (2011) e “Taxi Teerã” (2015). Seu último filme, esse “3 faces”, de 2018, ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes, indicado à Palma de Ouro.
O diretor (também roteirista, produtor, ator e montador de grande parte de seus longas) é perseguido pelo regime iraniano desde 2009, quando apoiou um candidato oposicionista e reformista ao governo nas eleições daquele ano – na época teve a casa invadida e suas películas apreendidas, sendo preso em 2010, ficando 90 dias detido. Na cadeia fez greve de fome, ficou doente e quando solto foi proibido de filmar por 20 anos. De lá pra cá, em exílio domiciliar, já filmou três filmes escondido (ele grava sem ninguém saber, realiza filmes rápidos e caseiros, e o inscreve em festivais de cinema, mas devido ao banimento, não pode participar dos eventos).
Panahi é crítico ao governo extremista do Irã, as histórias escritas por ele falam da opressão dos governantes com o povo, a censura à informação, bem como registra a discriminação das mulheres pelo Estado Islâmico, intensificada após a Revolução de 1979. “Três faces” fala disso tudo; é a história de uma garota banida pela família quando pretende estudar cinema num conservatório em Teerã. Uma atriz renomada do país, Behnaz Jafari, ao receber um vídeo desesperador da menina, que promete se suicidar, resolve ajudá-la, com apoio do diretor Jafar. Eles seguem viagem de carro até a fronteira do Azerbaijão e o Irã, onde ela mora. Nesse longo percurso, esperam o pior, o medo toma conta dos dois viajantes. Não sabem como serão recebidos pelo povo que lá mora nem como será esse encontro. Aos poucos cruzam com pessoas hospitaleiras, gente com fortes crenças, alguns calados, outros com hobbies inusitados, muita gente divertida e com boas histórias para contar.


Panahi faz assim um filme-manifesto à cultura popular e à liberdade, também aos encontros que podem transformar vidas. Mostra um contraste entre a velha e a nova cultura, do Irã milenar das vilas com o Irã atual que tenta a todo custo se modernizar. É um documentário que flerta com a ficção (ou vice-versa) - até o diretor, na abertura do filme, fala que a obra transita entre a realidade e a ficção/representação (como já fez em outras vezes). Sensível, bem narrado e de impressionante capacidade técnica, frente às adversidades de se filmar num país tão intolerante e radical. Vale ver.

3 faces (Se rokh). Irã, 2018, 100 minutos. Drama/Documentário. Colorido. Dirigido por Jafar Panahi. Distribuição: Imovision


quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Dica de Livro


"Tudo começou em outubro de 1978. Como detetive da Unidade de Inteligência do Departamento de Polícia de Colorado Spring - o primeiro detetive negro na história do departamento, devo acrescentar -, um dos meus deveres era analisar os dois jornais diários em busca de qualquer indício de atividade subversiva que pudesse ter impacto no bem-estar e segurança de Colorado Springs".

Abertura do livro "Infiltrado na Klan" (2014), de Ron Stallworth, publicado no Brasil pela editora Seoman (2018, 208 páginas, tradução de Jacqueline D. Valpassos). Nessa autobiografia, o detetive negro Ron Stallworth dá detalhes de como se infiltrou na Ku Klux Klan no final dos anos 70. A partir de um anúncio em um jornal local que convocava pessoas para integrar a seita KKK, Ron passou-se por um homem branco e racista, utilizando, para os encontros da Klan, um colega policial do setor de narcóticos. O disfarce durou nove meses, e o objetivo era ajudar nas investigações policiais da seita na cidade de Colorado Springs. Ron guardou segredo sobre essa história por quase 30 anos - somente em 2006, já aposentado, revelou o caso em uma entrevista para um jornal. Em 2014 publicou esse livro sobre sua experiência frente à KKK, que inspirou o filme de mesmo título, dirigido por Spike Lee, lançado em 2018. O filme ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado, fez muito sucesso e recebeu ainda indicação ao Oscar de melhor filme, diretor, ator coadjuvante para Adam Driver, trilha sonora e edição.
O livro, que também conta com um rico arquivo de fotografias pessoais de Ron, tem uma trama curiosa e mirabolante, conta com momentos de muito humor, ação e suspense, e ao mesmo tempo trata dos pormenores do racismo nos Estados Unidos. Vale a leitura!




terça-feira, 12 de outubro de 2021

Cine Lançamento


Ford vs. Ferrari

O designer de carros da Ford Carroll Shelby (Matt Damon) e o piloto britânico Ken Miles (Christian Bale) se unem para a maior corrida do século diante de um carro possante e recém-criado por eles. Miles estará no circuito das 24 horas de Le Mans na França em 1966.

Diretor de “Cop Land” (1997), “Johnny & June” (2005), “Os indomáveis” (2007) e “Logan” (2017), James Mangold realizou um dos filmes de corrida mais brilhantes do cinema, uma reconstituição fiel da relação de amizade entre ex-piloto e designer de carros esportivos Carroll Shelby e o piloto britânico Ken Miles, ambos muito bem interpretados por Matt Damon e Christian Bale. O período recortado é a metade da década de 60, e toda a trama prepara os personagens para a famosa corrida de Le Mans, uma das mais longas e exaustivas do mundo, que existe desde 1923, dura 24 horas e desafia as condições físicas e psicológicas dos pilotos. De rivais a parceiros de trabalho, de brigas físicas a longas conversas pessoais, essa é a relação entre Shelby e Miles, que foram os melhores de suas respectivas áreas. Mostra a rivalidade de Shelby e Miles com a italiana Ferrari, que detinha os prêmios de corrida até então, e a reconstrução da poderosa Ford para atender aos requisitos mínimos para uma competição de peso nas pistas (o que garantiria uma melhor imagem da empresa diante do público, inclusive para a venda direta de carros populares). O filme, de drama com momentos de ação, não fica só nas corridas; o diretor humanizou Shelby e Miles, vemos os personagens se confrontando com demônios, seus problemas pessoais com esposa e filhos e até com parte do passado deles.


As cenas de corrida são impressionantes, muito bem gravadas, que nos levam para dentro das pistas – o filme ganhou dois prêmios técnicos no Oscar, de melhor montagem e de edição de som, ainda indicado ao de melhor filme e melhor mixagem de som. Bale, com papel de destaque, recebeu indicação ao Globo de Ouro de ator em filme de drama, e por pouco não pegou Oscar (uma pena, pois seu trabalho é perfeito, é um papel complexo que lembra o verdadeiro Ken Miles com seu jeito matuto e tiques labiais, e que foi um raio de velocidade dentro dos carros). Filmão para ver e rever!


Ford vs. Ferrari (Ford v. Ferrari). EUA, 2019, 152 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por James Mangold. Distribuição: 20th Century Fox

domingo, 10 de outubro de 2021

Especial de Cinema


45ª Mostra Internacional de Cinema de SP será em formato híbrido e tem início no dia 21/10

A 45ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo será realizada esse ano de 21 de outubro a 03 de novembro, em formato híbrido, ou seja, haverá sessões de cinema online e também sessões nos principais cinemas de São Paulo. Na manhã de ontem ocorreu a coletiva de imprensa online para jornalistas, conduzida pela organizadora da Mostra, Renata de Almeida, que explicou detalhes do evento. “Foi um ano difícil, mas conseguimos trazer uma mostra completa, que privilegia duas centenas de filmes de 50 países. No formato presencial, as salas de São Paulo serão ocupadas em até 50%, e todos devem seguir os protocolos de distanciamento social, bem como apresentação de comprovante de vacinação. Haverá, como em 2020, as sessões online com limite de ingressos e visualizações”, disse Renata.
Durante a coletiva foi lançado o site oficial da mostra - https://mostra.org/ e apresentada a vinheta de abertura do evento, com arte assinada pelo cartunista Ziraldo (que também assina o pôster de 2021).
A seleção de filmes conta com 264 títulos de 50 países, apresentados nas seções Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil e Apresentação Especial. Haverá filmes exclusivos para o formato presencial, e outros para o online.
A Mostra de Cinema de SP conta com patrocinadores e apoiadores como Sesc, Itaú, SPCine, Folha de SP e outros. Os ingressos são pagos (com venda liberada a partir de 18/10), e como nos anos anteriores haverá apresentações gratuitas no Vão Livre do Masp, e nesse ano no Vale do Anhangabaú, no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso e no Centro Cultural Tiradentes, além de valores promocionais que variam de R$ 2 a R$ 10, no circuito Spcine (Centro Cultural São Paulo e Biblioteca Roberto Santos) e no Museu da Imigração.
As sessões online serão na plataforma Mostra Play e em dois streaming parceiros, o Sesc Digital e o Itaú Cultural Play.
A abertura da Mostra será dia 20/10, de maneira diferente: em vez de um filme de abertura numa sala, serão 10 salas simultaneamente com 10 filmes diferentes, e antes da sessão haverá uma apresentação especial de Renata de Almeida e Serginho Groissman, com convidados dentre eles os patrocinadores. Alguns filmes de abertura são “Noite passada em Soho”, “Bergman island”, “A crônica francesa” e “Um herói”.



Ingressos e Mostra Play

A 45ª Mostra de São Paulo poderá ser acessada pela plataforma exclusiva “Mostra Play”, cujo ingresso custa R$ 12 por filme. Ela já se encontra disponível pelo link https://mostraplay.mostra.org e também por app (Android e IOS). Após aquisição dos ingressos, a partir de 18/10, o espectador criará um cadastro na plataforma da Mostra Play e dentro da biblioteca terá até três dias para assistir aos títulos escolhidos, e 24 horas a partir do acesso de cada um. Os ingressos podem ser adquiridos por cartão de crédito, transferência bancária e PIX – há também a possibilidade de aquisição de pacotes (de 5, 10 ou 15 ingressos, com descontos). Informações em info@mostra.org
Já os ingressos para as salas físicas de cinema, em São Paulo, terão o valor de R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia) de segunda a quinta-feira, e de R$30 (inteira) e R$ 15 (meia), de sexta a domingo. Haverá os tradicionais pacotes e permanentes com descontos, incluindo a permanente especial para assinantes da Folha de São Paulo. Eles começam a ser vendidos também a partir do dia 18/10.

Cinemas participantes

Nesse ano serão as seguintes salas de cinemas para a mostra presencial em São Paulo: Cine Marquise (sala 1), Cinesala, CineSesc, Espaço Itaú de Cinema Augusta (sala 1), Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca (salas 1, 2, 3), Espaço Itaú de Cinema Pompéia (sala 10), Petra Belas Artes (sala Leon Cakoff) e Reserva Cultural (sala 1).

Central da Mostra

A Central da Mostra continua no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, com um balcão para informações e venda de produtos e itens do evento, como cartazes, camisetas, canecas, bolsas, livros, livretos com a programação etc (há também a loja online, no site da Mostra).

Eventos

Nesse ano a Mostra contará com eventos paralelos importantes, como o Seminário Internacional ‘Mulheres do Audiovisual’, gratuito e aberto ao público, transmitido pelo Youtube da Mostra, bem como lançamento de livros com sessões de autógrafo, masterclass, oficinas e o “Fórum Mostra” (mais informações no site da Mostra).


Júri e prêmios

O júri da edição de 2021 da Mostra é composto pelo diretor, roteirista e produtor Joel Zito Araújo, pela diretora de arte Carla Caffé e pela diretora Beatriz Seigner.
O Prêmio Leon Cakoff desse ano será para a atriz, roteirista e diretora Helena Ignez, que ganhará uma biografia em livro chamada “Helena Ignez, atriz experimental”, de autoria de Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira (que será lançada no evento).

Filmes de destaque

São 264 filmes programados para a 45ª Mostra Intl. de Cinema de SP, premiados nos Festivais de Cannes, Berlim, Veneza, Sundance, Jerusalém, Tribeca, Rotterdam e San Sebastian. Confira abaixo os principais títulos:

- Annette (prêmio de direção em Cannes), de Leos Carax – França/Bélgica/Alemanha

- Um herói (dois prêmios em Cannes, incluindo o Grand Prix), de Asghar Farhadi – Irã/França

- Titane (Palma de Ouro em Cannes e prêmio especial em Toronto), de Julia Ducournau – França/Bélgica

- Memoria (prêmio do Júri em Cannes), de Apichatpong Weerasethakul – Tailândia/Colômbia/França

- Ao cair do sol (indicado ao Leão de Ouro em Veneza), de Michel Franco – França/México

- Noite passada em Soho (indicado a prêmio especial em Veneza), de Edgar Wright – Reino Unido



- A crônica francesa
(indicado à Palma de Ouro em Cannes), de Wes Anderson) – EUA/Alemanha

- Má sorte no sexo ou Pornô amador (ganhador do Urso de Ouro em Berlim), de Radu Jude – Romênia/Luxemburgo

- Bergman island (indicado à Palma de Ouro em Cannes), de Mia Hansen-Løve – França/Bélgica/Alemanha

- Lamb (prêmio especial no Um certain Regard em Cannes), de Valdimar Jóhannsson – Islândia/Suécia/Polônia

- A mulher que fugiu (Urso de Prata de direção) e Encontros (Urso de Prata de roteiro), ambos de Sang-soo Hong – Coréia do Sul

- 7 prisioneiros (prêmio especial em Veneza), de Alexandre Moratto – Brasil (da Netflix)


- Higiene pessoal (prêmio especial no Festival de Berlim), de Denis Côté – Canadá

- Ha'berech/ Ahed’s knee (prêmio de Júri em Cannes e indicado à Palma de Ouro), de Nadav Lapid – Israel/França/Alemanha

- Summer of Soul (ou Quando a revolução não pode ser televisionada) (vencedor do Grande Prêmio do Júri de melhor documentário em Sundance), de Questlove – EUA

- Nebenan/ Next door (indicado ao Urso de Ouro em Berlim), de Daniel Brühl – Alemanha

- Murina (prêmio Golden Camera em Cannes), de Antoneta Alamat Kusijanovic – Croácia/Eslovênia/Brasil

- A febre de Petrov (prêmio especial em Cannes e indicado à Palma de Ouro), de Kirill Serebrennikov – Rússia/França

- Coisas verdadeiras (indicado ao ‘Venice Horizons’ em Veneza), de Harry Wootliff – Reino Unido

- Imaculat (três prêmios especiais em Veneza), de Monica Stan e George Chiper - Romênia

- Zalava (prêmio da crítica em Veneza), de Arsalan Amiri - Irã

- Jane par Charlotte (indicado ao Golden Eye em Cannes), de Charlotte Gainsbourg - França

- France (indicado à Palma de Ouro), de Bruno Dumont – França/Alemanha

- Um equilíbrio (ganhador de prêmios em festivais como Tokyo, Atenas e Busan), de Yujiro Harumoto - Japão

- Os intranquilos (indicado à Palma de Ouro), de Joachim Lafosse – Bélgica/França

- Roda do destino (Urso de Prata - Grande Prêmio do Júri em Berlim), de Ryûsuke Hamaguchi – Japão

- Compartimento 6 (Grande Prêmio e Prêmio do Júri Ecumênico em Cannes), de Juho Kuosmanen – Finlândia/Rússia/Alemanha)




Outros filmes:

- Meu filho

- Marx can wait

- O marinheiro das montanhas

- Diários de Otsoga

- Pegando a estrada

- First date

- Bob Cuspe: Nós não gostamos de gente

- A viagem de Pedro

- Stillwater

- A noite do fogo

- Medusa

- Evolution

- As verdades

- Bachmann e seus alunos

Sessões especiais

Haverá na Mostra a retrospectiva em homenagem ao diretor português Paulo Rocha (1935-2012), com exibição de vários de seus filmes, como “Os verdes anos”, “A ilha de Moraes”, “O rio de Ouro”, “Mudar de vida” e “A ilha dos amores”. Também terá a exibição do documentário “A távola de Rocha”, em homenagem ao cineasta.
Haverá sessões dos curtas-metragens “A voz humana” (de Pedro Almodóvar), “Ato”, de Bárbara Paz, e “A noite”, de Tsai Ming Liang. Também serão exibidas as cópias restauradas de “Terra estrangeira” e de “O rei da noite”, bem como a versão em preto-e-branco de “Parasita” e de dois documentários sobre Ziraldo, o criador do pôster da Mostra desse ano, “Ziraldo, uma obra que pede socorro” e “Ziraldo, era uma vez um menino”.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021


Noite interminável


Michael Rogers (Hywel Bennett) é um jovem em busca de um grande sonho: ter uma casa perfeita no campo ao lado de uma esposa dedicada. Ele tem a chance quando conhece Ellie (Hayley Mills), uma moça alegre e bem intencionada. Num passeio campestre, os dois avistam um antigo casarão abandonado e são advertidos sobre uma maldição que ronda o local. Michael a partir daí desenvolve estranhas visões relacionadas a crimes hediondos.

A primeira parte desse filme de suspense baseado num clássico romance de Agatha Christie é um tanto quanto arrastada, cansativa, em que acompanhamos uma longa apresentação dos personagens - longe do que poderia vir das obras de Agatha, onde praticamente nada ocorre. Na segunda parte, há um up, com pitadas de terror e angústia, quando os personagens são trancados em uma casa de campo possivelmente assombrada por estranhas ocorrências de um passado remoto (o personagem central tem visões de crimes, de crianças brincando, de mortes violentas, tudo numa conjunção sombria). É lá que ficaremos atônitos com uma reveladora cena final.
O romance “Noite sem fim” é o ponto de partida, uma obra que Agatha considerava seu melhor livro, e a crítica também, publicado em 1967. A adaptação do roteiro veio do também diretor do filme, Sidney Gilliat, em seu último trabalho no cinema – ele dirigiu uma dezena de filmes no Reino Unido, como “Segredos do estado” (1950), e um de seus roteiros adaptados mais brilhantes foi a de “A dama oculta” (1938), de Alfred Hitchcock.


O elenco reúne o falecido Hywell Bennett ao lado de Hayley Mills – curioso que ambos fizeram vários trabalhos juntos, como “Lua-de-mel ao meio-dia” (1966) e “A morte tem cara de anjo” (1968), e Hayley já tinha um Oscar infantil pelo papel de “Pollyana” (1960). Tem também a atriz sueca e ex-mulher de Peter Sellers, Britt Eckland, rosto famoso no cinema dos anos 60 e 70 (fez “O homem de palha” e “007 contra o homem com a pistola de ouro”, por exemplo), além de participações especiais do ganhador do Oscar George Sanders (de “A malvada”) e Ann Way (de “Brazil: O filme”).
Acaba de sair em DVD numa edição bem legal no box “Agatha Christie – volume 3”, pela Obras-primas do Cinema, com mais dois filmes: a maior adaptação de todas das obras de Agatha, “Assassinato no Expresso Oriente” (1974, de Sidney Lumet, com um elenco grandioso, como Albert Finney e Ingrid Bergman, que ganhou o Oscar aqui de atriz coadjuvante) e o telefilme “Tragédia em três atos” (1986, com Peter Ustinov em mais uma colaboração no papel do inspetor Poirot). O box é em disco duplo, com muitos extras e cards colecionáveis.


Noite interminável (Endless night). Reino Unido, 1972, 99 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por Sidney Gilliat. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Cine Clássico


Sangue de pantera

Oliver (Kent Smith) casa-se com uma imigrante sérvia, Irena (Simone Simon), que trabalha com desenhos de moda. Ele ouve uma lenda de que as mulheres da Sérvia podem se transformar em felinos quando atingidas por fortes emoções. Ao perceber que Irena visita com frequência uma pantera negra no zoológico, Oliver passa a vigiá-la.

Primeira versão de uma história de terror que nos anos 80 ficou bem conhecida no Brasil, “A marca da pantera” (1982), realizada 40 anos depois desse aqui, com Nastassja Kinski e Malcolm McDowell (Paul Schrader incrementou a trama original, de DeWitt Bodeen, trazendo dois irmãos que viram panteras, cometem incesto, em cenas ousadas de sexo e mortes sanguinárias). Nesse filme mais antigo, de 1942, tudo é mais sutil e implícito, é uma obra de fantasia com suspense e terror, assinada pelo lendário produtor de fitas de horror da década de 40 Val Lewton (de “O túmulo vazio” e de um que lembra “Sangue de pantera”, feito no ano seguinte, “O homem-leopardo”). E quem dirige é o francês Jacques Tourneur, de vários filmes noir e de terror nos anos 40 e 50.
Na trama, uma mulher da Sérvia (país exótico na cabeça dos americanos) possui o tal “sangue da pantera”, uma crença ancestral que diz que as mulheres de lá, ao ter contato com fortes emoções, transformam-se em um felino feroz, capaz de atacar os humanos. O filme é construído com jogos e simbologias, num clima de tensão presente e cenas com panteras de verdade no set de filmagem.


Quem estrela é a atriz francesa Simone Simon (de “A besta humana”), que naquela época se tornava atriz importante no cinema de Hollywood. Ela chegou a fazer a continuação, “A maldição do sangue da pantera” (1944), com parte do elenco, só mudando os diretores (Robert Wise codirige, por exemplo). Disponível em DVD pela Obras-primas do Cinema, numa cópia excelente, com extras.

Sangue de pantera (Cat people). EUA, 1942, 72 minutos. Suspense. Preto-e-branco. Dirigido por Jacques Tourneur. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Dica de livro


"Alguns meses depois daquela sessão de terapia, ele se deu conta de que fizera várias coisas no casamento pelas quais tinha certeza de nunca ter escutado um agradecimento ou recebido um reconhecimento. Ele cuidava de tudo relacionado ao carro dela, por exemplo. O ser humano amador deixava o tanque do carro dela cheio de gasolina. Muitas vezes Tony se perguntara se ela achava que o automóvel tinha algum mecanismo autossuficiente".

Trecho do livro "Nove desconhecidos" (2018), de Liane Moriarty, lançado no Brasil pela editora Intrínseca (2019, 464 páginas, tradução de Julia Sobral Campos). Outro livro intenso da autora do bestseller que deu origem ao seriado "Big little lies", e que acaba de ganhar uma adaptação para a TV - "Nove desconhecidos" originou a série homônima da Hulu, de 2021, distribuída no Brasil pela Amazon Prime, e conta com um elenco de peso, como Nicole Kidman, Melissa McCarthy, Michael Shannon e Luke Evans. Na trama, nove pessoas com algum grau de estresse hospedam-se em um retiro que promete aliviar seus tormentos. Lá, eles passarão por estranhos experimentos sigilosos.
O livro é um suspense com uma teia de mistérios e reviravoltas, para quem curte histórias intrigantes. Procure já e depois assista à primeira temporada da série.




domingo, 3 de outubro de 2021

Cine Cult


Fogo no mar

Em Lampedusa, na costa sul da Itália, embarcações lotadas de refugiados superlotam a pequena ilha, que se tornou nos últimos anos o ponto central da crise imigratória europeia.

Vencedor do Urso de Ouro e do prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Berlim, e indicado ao Oscar de melhor documentário, o filme faz um duro registro da crise imigratória na Europa intensificada a partir de 2010. Com uma câmera íntima, o premiado documentarista Gianfranco Rosi acompanha os refugiados que chegam à ilha de Lampedusa, na Itália, em embarcações precárias, com o objetivo de melhores condições de trabalho. Grande parte deles são da África, de países massacrados pela guerra civil, outros do Oriente Médio, também de lugares condenados por eternos conflitos sociais. Arriscam a vida pelo oceano em navios de segunda mão, para fugir da fome, do preconceito, da morte - nos créditos iniciais do documentário aparecem textos informativos sobre o número alarmante de refugiados que seguem até a ilha, já que ela tem ponto estratégico que liga a África à Europa; foram dezenas de milhares nos últimos anos, sendo que muitos morreram no caminho (afogados, em naufrágios, de doenças, insolações, queimaduras), sem falar daqueles que pisavam em solo debilitados e precisavam de hospitais.

O doc, de narrativa lenta e que deixa um amargor no ar, entrelaça a história dos imigrantes com a de moradores da ilha de Lampedusa, dentre eles um casal de idosos que ouve música tomando café, a de um médico que cuida dos refugiados e a de uma criança com problemas de saúde.
Um filme sério, de impacto e que nos faz refletir. Disponível em DVD pela Imovision.

Fogo no mar (Fuocoammare). Itália/França, 2016, 113 minutos. Documentário. Colorido. Dirigido por Gianfranco Rosi. Distribuição: Imovision

sábado, 2 de outubro de 2021

Especial de cinema

 
Vem aí a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Entre os dias 21 de outubro e 03 de novembro de 2021 será realizada a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, dessa vez em formato híbrido, ou seja, com sessões de filmes online em plataformas digitais e também sessões presenciais nos principais cinemas da cidade de São Paulo. No último sábado foi divulgado o pôster oficial da edição de 2021, assinado pelo cartunista Ziraldo a partir de um desenho que criou na década de 70.
No próximo sábado, dia 09 de outubro, ocorrerá a coletiva de imprensa para jornalistas em que os organizadores da Mostra apresentarão a programação completa do evento, incluindo a lista dos filmes selecionados. Na edição do ano passado da Mostra foram 198 filmes de 71 países, que resgatam um panorama da produção mundial de cinema. Os títulos da Mostra de 2020 incluíam obras premiadas em festivais de renome, como Berlim, Sundance, Tribeca, Toronto, Roterdã e Veneza, e alguns, no ano seguinte, foram indicados ao Oscar. Alguns dos filmes foram “Druk: Mais uma rodada”, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2021, “Sibéria”, de Abel Ferrara, “Nova ordem”, de Michel Franco, “O charlatão”, de Agnieszka Holland e “Mães de verdade”, de Naomi Kawase, além de “Stardust”, “Berlin Alexanderplatz”, “Lorelei”, “Casa de antiguidades”, “Coronation”, “Bem-vindo a Chechenya”, “Verlust”, “Mosquito” e “Não há mal algum”.
Na edição de 2020 foi lançada a plataforma exclusiva da mostra, chamada ‘Mostra Play’, para o público assistir aos filmes em casa – ela deverá permanecer na desse ano.
A lista dos filmes para 2021, bem como valor dos ingressos e credenciais, composição do júri, premiações, debates e masterclass serão anunciados na coletiva do dia 09 de outubro. Trago mais informações em breve aqui no 'Cinema na Web'.