Ichi:
O assassino
No
Japão, um chefe da Yakuza desaparece levando consigo uma fortuna de três
milhões de yens. Um velho membro da organização, Kakihara (Tadanobu Asano),
junto da gangue da qual faz parte, dá início a uma caçada interminável pelo
homem. Para auxiliar no caso, contrata o temível matador Ichi (Nao Ohmori), um
rapaz com sede de vingança, que utiliza lâminas no sapato para esquartejar suas
vítimas.
Do
mangá para as telas, “Ichi: O assassino” (2001) é uma das fitas mais violentas
já realizadas no cinema, um balde de sangue e crueldade, restrito a um público
com nervos de aço (e estômago forte). A própria série de mangá a qual o filme
se inspirou, chamada “Koroshiya Ichi” (de Hideo Yamamoto, lançada entre 1998 e
2001), já tinha um visual sanguinolento, com classificação indicativa para
maiores de idade – o filme saiu tanto nos cinemas quanto em DVD com aviso para
18 anos, devido ao excesso de cenas de estupro, mutilação, tortura e nudez.
Dois
anos antes o controverso (e muito criativo) diretor Takashi Miike havia causado
furor em festivais de cinema asiático com seu chocante filme de ação/terror “Audição”
(1999), que sofreu censura em vários países devido às cenas de desmembramento
de corpos, decapitação, enfim, cenas atordoantes com uma violência gráfica
única (se tiver curiosidade em assistir “Audição”, tem em DVD pela Versátil
Home Video, no box ‘Obras-primas do terror – volume 5’). “Ichi” segue essa
linha, lembra em certos pontos “Audição”, seu visual é bem estranho, com cores distorcidas
e estouradas e uma câmera inquieta (que para alguns pode soar como “um filme
mal gravado”). Por isso Miike é um diretor extremamente polêmico e autoral, suas
obras perturbam, ficam na cabeça por dias - são dele também as fitas de terror “Uma
chamada perdida” (2003) e “Lição do mal” (2012), e os de samurai “13 assassinos”
(2010) e “Harakiri: Morte de Um Samurai” (2011, o remake do clássico japonês dos
anos 60, “Harakiri”).
Reforçando:
“Ichi” é violento, com sequências de perseguição em alta voltagem, outras
brutais de tortura, com direito a membros decepados (o sangue exagerado, esguichando,
é bem no estilo dos efeitos visuais realizados no Japão, das antigas fitas de samurai
e de Yakuza - “Kill Bill”, do Tarantino, é uma homenagem a essas produções).
Ichi:
O assassino (Koroshiya
1). Japão, 2001, 129 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike.
Distribuição: Europa Filmes
Cine Clássico
Amor à italiana
Em Londres, um estadista almofadinha, Carter (Rock Hudson),
conhece uma artista italiana com nervos à flor da pele chamada Toni (Gina
Lollobrigida). Apaixonam-se, e num ímpeto louco, se casam. Com o passar dos
meses descobrem que não têm nada em comum, optando pela separação. Anos depois
os dois se reencontram, a paixão é reacendida e voltam a namorar. Também retornam
as brigas, e novamente pensam na separação. No entanto, o estadista recebe um
convite de promoção de trabalho, mas para isso ele precisa estar casado.
Aos amantes dos clássicos românticos, “Amor à
italiana” é a recomendação dessa semana da coluna “Cinema em foco”. Uma fita
graciosa, engraçada, leve e sofisticada, sobre uma segunda chance no amor, com
dois grandes nomes do cinema fazendo par romântico, a italiana Gina
Lollobrigida e o astro hollywoodiano Rock Hudson. Eles interpretam um casal
briguento, que no final das contas se amam muito – Gina é uma italiana irritadiça,
que atira objetos no marido durante as brigas (uma brincadeira sobre o lado
‘nervoso’ dos italianos), enquanto Hudson é um almofadinha que curte coisas
finas. É um vai-e-vem com brigas, separação, romance, tentativas de reconciliação,
marcado pelo humor e por bonitas paisagens urbanas.
Como muitos filmes da época (ele é de 1965), tem
discurso machista, situações resolvidas num estalo de dedos e é lotado de estereótipos
(como a italiana briguenta, que vive gritando) – Hollywood transitava para a
modernidade dos temas na indústria de cinema, mas ainda mantinha sua
mentalidade conservadora.
Do roteirista cinco vezes indicado ao Oscar, criador
de fitas românticas e comédias clássicas, Melvin Frank, que também dirigiu o
filme - ele é roteirista, por exemplo, de “Natal branco” (1954) e do premiado “Um
toque de classe” (1973), que também dirigiu.
É o oitavo filme que a Classicline lança em DVD com a
atriz Gina Lollobrigida, como forma de homenagear sua extensa carreira. Vale
relembrar dela, hoje esquecida. Nascida na Itália, atuou em dezenas de
produções, iniciou a carreira em seu país natal no final da década de 40, sendo
dirigida lá por grandes nomes do cinema italiano, como Mario Costa, Carlo
Lizzani, Pietro Germi, Steno, Mario Monicelli, Alberto Lattuada e Luigi
Comencini. Estreou no cinema americano em “O diabo riu por último” (1953),
depois esteve no elenco de produções notórias, como “Trapézio” (1956), “O
corcunda de Notre Dame” (1956) e depois novamente com Rock Hudson em “Quando
setembro vier” (1961) – estes três lançados em DVD pela Classicline. Gina recebeu
duas indicações ao Globo de Ouro, abandonou a carreira em 1997 e completa em
julho 93 anos.
Amor à italiana (Strange
bedfellows). EUA, 1965, 98 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por
Melvin Frank. Distribuição: Classicline
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