sábado, 27 de junho de 2020

Resenhas Especiais



Ichi: O assassino

No Japão, um chefe da Yakuza desaparece levando consigo uma fortuna de três milhões de yens. Um velho membro da organização, Kakihara (Tadanobu Asano), junto da gangue da qual faz parte, dá início a uma caçada interminável pelo homem. Para auxiliar no caso, contrata o temível matador Ichi (Nao Ohmori), um rapaz com sede de vingança, que utiliza lâminas no sapato para esquartejar suas vítimas.

Do mangá para as telas, “Ichi: O assassino” (2001) é uma das fitas mais violentas já realizadas no cinema, um balde de sangue e crueldade, restrito a um público com nervos de aço (e estômago forte). A própria série de mangá a qual o filme se inspirou, chamada “Koroshiya Ichi” (de Hideo Yamamoto, lançada entre 1998 e 2001), já tinha um visual sanguinolento, com classificação indicativa para maiores de idade – o filme saiu tanto nos cinemas quanto em DVD com aviso para 18 anos, devido ao excesso de cenas de estupro, mutilação, tortura e nudez.


Dois anos antes o controverso (e muito criativo) diretor Takashi Miike havia causado furor em festivais de cinema asiático com seu chocante filme de ação/terror “Audição” (1999), que sofreu censura em vários países devido às cenas de desmembramento de corpos, decapitação, enfim, cenas atordoantes com uma violência gráfica única (se tiver curiosidade em assistir “Audição”, tem em DVD pela Versátil Home Video, no box ‘Obras-primas do terror – volume 5’). “Ichi” segue essa linha, lembra em certos pontos “Audição”, seu visual é bem estranho, com cores distorcidas e estouradas e uma câmera inquieta (que para alguns pode soar como “um filme mal gravado”). Por isso Miike é um diretor extremamente polêmico e autoral, suas obras perturbam, ficam na cabeça por dias - são dele também as fitas de terror “Uma chamada perdida” (2003) e “Lição do mal” (2012), e os de samurai “13 assassinos” (2010) e “Harakiri: Morte de Um Samurai” (2011, o remake do clássico japonês dos anos 60, “Harakiri”).
Reforçando: “Ichi” é violento, com sequências de perseguição em alta voltagem, outras brutais de tortura, com direito a membros decepados (o sangue exagerado, esguichando, é bem no estilo dos efeitos visuais realizados no Japão, das antigas fitas de samurai e de Yakuza - “Kill Bill”, do Tarantino, é uma homenagem a essas produções).

Ichi: O assassino (Koroshiya 1). Japão, 2001, 129 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike. Distribuição: Europa Filmes

 
Cine Clássico

Amor à italiana

Em Londres, um estadista almofadinha, Carter (Rock Hudson), conhece uma artista italiana com nervos à flor da pele chamada Toni (Gina Lollobrigida). Apaixonam-se, e num ímpeto louco, se casam. Com o passar dos meses descobrem que não têm nada em comum, optando pela separação. Anos depois os dois se reencontram, a paixão é reacendida e voltam a namorar. Também retornam as brigas, e novamente pensam na separação. No entanto, o estadista recebe um convite de promoção de trabalho, mas para isso ele precisa estar casado.

Aos amantes dos clássicos românticos, “Amor à italiana” é a recomendação dessa semana da coluna “Cinema em foco”. Uma fita graciosa, engraçada, leve e sofisticada, sobre uma segunda chance no amor, com dois grandes nomes do cinema fazendo par romântico, a italiana Gina Lollobrigida e o astro hollywoodiano Rock Hudson. Eles interpretam um casal briguento, que no final das contas se amam muito – Gina é uma italiana irritadiça, que atira objetos no marido durante as brigas (uma brincadeira sobre o lado ‘nervoso’ dos italianos), enquanto Hudson é um almofadinha que curte coisas finas. É um vai-e-vem com brigas, separação, romance, tentativas de reconciliação, marcado pelo humor e por bonitas paisagens urbanas.
Como muitos filmes da época (ele é de 1965), tem discurso machista, situações resolvidas num estalo de dedos e é lotado de estereótipos (como a italiana briguenta, que vive gritando) – Hollywood transitava para a modernidade dos temas na indústria de cinema, mas ainda mantinha sua mentalidade conservadora.


Do roteirista cinco vezes indicado ao Oscar, criador de fitas românticas e comédias clássicas, Melvin Frank, que também dirigiu o filme - ele é roteirista, por exemplo, de “Natal branco” (1954) e do premiado “Um toque de classe” (1973), que também dirigiu.
É o oitavo filme que a Classicline lança em DVD com a atriz Gina Lollobrigida, como forma de homenagear sua extensa carreira. Vale relembrar dela, hoje esquecida. Nascida na Itália, atuou em dezenas de produções, iniciou a carreira em seu país natal no final da década de 40, sendo dirigida lá por grandes nomes do cinema italiano, como Mario Costa, Carlo Lizzani, Pietro Germi, Steno, Mario Monicelli, Alberto Lattuada e Luigi Comencini. Estreou no cinema americano em “O diabo riu por último” (1953), depois esteve no elenco de produções notórias, como “Trapézio” (1956), “O corcunda de Notre Dame” (1956) e depois novamente com Rock Hudson em “Quando setembro vier” (1961) – estes três lançados em DVD pela Classicline. Gina recebeu duas indicações ao Globo de Ouro, abandonou a carreira em 1997 e completa em julho 93 anos.

Amor à italiana (Strange bedfellows). EUA, 1965, 98 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Melvin Frank. Distribuição: Classicline


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