domingo, 21 de junho de 2020

Resenha Especial



 O ilusionista (*)

* Reedição, de uma resenha publicada em 2007

O mágico Eisenheim (Edward Norton) trava um embate com o príncipe Leopold (Rufus Sewell), herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, disputando inclusive o amor de uma mesma mulher, Sophie (Jessica Biel).

O cenário é Viena, na virada do século XX. Um estranho chamado Eisenheim (Edward Norton) chega à capital da Áustria e começa a fazer números de mágica em um teatro. Não são simples mágicas, mas verdadeiros truques, o que se assemelham a efeitos sobrenaturais (considerado necromancia). A população, diante das novidades, fica estarrecida. Eisenheim firma residência em Viena e reconhece na sociedade um amor de infância. O problema é que essa mulher, a jovem Sophie (Jessica Biel), hoje é noiva do príncipe Leopold (Rufus Sewell), um homem rude, único herdeiro do império austríaco. O ilusionista então divide seu tempo entre os números de mágica nos palcos e um romance escondido com o antigo amor. Essa combinação irá sacudir as bases do império e colocar a cabeça do ilusionista em jogo.
O drama recebeu uma única indicação ao Oscar de 2007, a de fotografia, para o britânico Dick Pope, fotógrafo da maioria dos filmes de Mike Leigh, como “Segredos e mentiras” (1996) e “Agora ou nunca” (2002). A indicação foi merecida, já que o grande charme do filme é a fotografia em tons de dourado, além do figurino e da cenografia de requinte. Esses três itens são combinados de maneira uniforme e trabalham em conjunto, resultando em um espetáculo visual incrível. A boa trilha sonora, do minimalista Philip Glass (indicado ao Oscar por “Kundun” e “As horas”), acompanha todo o ritmo das situações e dos personagens.
Já no começo do filme vemos a prisão do ilusionista em meio a uma apresentação. Ele é acusado de cometer fraudes e, portanto, enganar o público. A partir daí, a trama se constrói, em cima de uma narração sobre a vida do mágico, desde seu nascimento até o momento atual (mistura cenas atuais com flashbacks). O foco está no confronto entre o mágico e o príncipe truculento, até entrar em cena um inspetor de polícia (papel superlegal de Paul Giamatti), convocado para seguir os passos do ilusionista. O objetivo dele é descobrir a identidade verdadeira do mágico e desvendar os mistérios que cercam o famigerado ilusionista, um estranho que incomoda o governo imperial.
O atrativo à parte está na finalização das imagens das mágicas, em que são usados bons recursos de computação gráfica. Numa das sequências, por exemplo, o mágico retira uma semente de dentro de uma laranja, planta-a num vaso e em poucos segundos faz nascer uma laranjeira, que cresce rapidamente e atinge cinquenta centímetros, cheia de frutos. Ou então não permite que os reflexos acompanhem os movimentos de uma jovem em frente a um espelho.
Perdoa-se o clichê no romance proibido dele com a jovem, com a qual se reencontra depois de 15 anos, já que tirando isso tudo funciona. Rodado inteiramente na República Tcheca, é baseado num conto adaptado para o cinema pelo roteirista Neil Burger, que assina a direção.


Como um todo o filme é bonito, com riqueza de visual e boas interpretações do elenco, com destaque para Norton e Sewell. Fez muito sucesso e saiu no mesmo ano de outro filme curioso sobre mágicas e investigação, o premiado “O grande truque” (2006, de Christopher Nolan).

O ilusionista (The illusionist). EUA/República Tcheca, 2006, 108 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Neil Burger. Distribuição: Focus Filmes

Reeditado a partir de uma resenha originalmente publicada em 14/06/2007, no boletim informativo “Voz dos Jardins” (São José do Rio Preto/SP)

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