* Reedição, de uma resenha publicada em 2007
O mágico
Eisenheim (Edward Norton) trava um embate com o príncipe Leopold (Rufus
Sewell), herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, disputando inclusive o amor
de uma mesma mulher, Sophie (Jessica Biel).
O
cenário é Viena, na virada do século XX. Um estranho chamado Eisenheim (Edward Norton)
chega à capital da Áustria e começa a fazer números de mágica em um teatro. Não
são simples mágicas, mas verdadeiros truques, o que se assemelham a efeitos
sobrenaturais (considerado necromancia). A população, diante das novidades,
fica estarrecida. Eisenheim firma residência em Viena e reconhece na sociedade
um amor de infância. O problema é que essa mulher, a jovem Sophie (Jessica
Biel), hoje é noiva do príncipe Leopold (Rufus Sewell), um homem rude, único
herdeiro do império austríaco. O ilusionista então divide seu tempo entre os números
de mágica nos palcos e um romance escondido com o antigo amor. Essa combinação
irá sacudir as bases do império e colocar a cabeça do ilusionista em jogo.
O
drama recebeu uma única indicação ao Oscar de 2007, a de fotografia, para o
britânico Dick Pope, fotógrafo da maioria dos filmes de Mike Leigh, como “Segredos
e mentiras” (1996) e “Agora ou nunca” (2002). A indicação foi merecida, já que o
grande charme do filme é a fotografia em tons de dourado, além do figurino e da
cenografia de requinte. Esses três itens são combinados de maneira uniforme e
trabalham em conjunto, resultando em um espetáculo visual incrível. A boa trilha
sonora, do minimalista Philip Glass (indicado ao Oscar por “Kundun” e “As horas”),
acompanha todo o ritmo das situações e dos personagens.
Já
no começo do filme vemos a prisão do ilusionista em meio a uma apresentação. Ele
é acusado de cometer fraudes e, portanto, enganar o público. A partir daí, a
trama se constrói, em cima de uma narração sobre a vida do mágico, desde seu
nascimento até o momento atual (mistura cenas atuais com flashbacks). O foco
está no confronto entre o mágico e o príncipe truculento, até entrar em cena um
inspetor de polícia (papel superlegal de Paul Giamatti), convocado para seguir
os passos do ilusionista. O objetivo dele é descobrir a identidade verdadeira
do mágico e desvendar os mistérios que cercam o famigerado ilusionista, um
estranho que incomoda o governo imperial.
O atrativo
à parte está na finalização das imagens das mágicas, em que são usados bons recursos
de computação gráfica. Numa das sequências, por exemplo, o mágico retira uma
semente de dentro de uma laranja, planta-a num vaso e em poucos segundos faz
nascer uma laranjeira, que cresce rapidamente e atinge cinquenta centímetros,
cheia de frutos. Ou então não permite que os reflexos acompanhem os movimentos
de uma jovem em frente a um espelho.
Perdoa-se
o clichê no romance proibido dele com a jovem, com a qual se reencontra depois
de 15 anos, já que tirando isso tudo funciona. Rodado inteiramente na República Tcheca, é baseado num conto
adaptado para o cinema pelo roteirista Neil Burger, que assina a direção.
Como
um todo o filme é bonito, com riqueza de visual e boas interpretações do elenco,
com destaque para Norton e Sewell. Fez muito sucesso e saiu no mesmo ano de
outro filme curioso sobre mágicas e investigação, o premiado “O grande truque”
(2006, de Christopher Nolan).
O
ilusionista (The illusionist).
EUA/República Tcheca, 2006, 108 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Neil
Burger. Distribuição: Focus Filmes
Reeditado a partir de uma resenha originalmente publicada em 14/06/2007, no boletim informativo “Voz dos Jardins” (São José do Rio Preto/SP)
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