Hoje tem resenha das duas adaptações para o cinema do polêmico livro de James M. Cain, "O destino bate à sua porta". Confira!
O
destino bate à porta (1946)
Na
Califórnia dos anos 30, o romance extraconjugal entre a sexy Cora (Lana Turner)
e o amante Frank (John Garfield) desencadeará um maquiavélico plano de
assassinato.
Inegável
clássico do cinema noir americano, produzido pela MGM, agora disponível em DVD
numa excelente cópia pela Classicline. É o trabalho mais conhecido do diretor e
roteirista Tay Garnett, baseado no polêmico livro de James M. Cain – na época
do lançamento, tanto do livro (em 1934) quanto o filme (em 1946) quase houve censura,
devido ao teor escandaloso (um tórrido romance extraconjugal entre um pobretão
e uma garçonete, e o plano que ambos se metem para matar o marido da
personagem, para que amante e mulher consigam viver juntos). Cain escreveu
vários livros com tramas policiais incisivas, que viraram filmes noir, como “Pacto
de sangue” (1944) e “Alma em suplício” (1945, que deu a Joan Crawford o Oscar
de atriz).
No
cinema noir havia um incrível jogo de luzes, histórias policiais com assassinato
e a consequente investigação, as personagens femininas (as “mulheres fatais” do
cinema, e Lana Turner foi uma delas) arquitetavam planos diabólicos, onde manipulavam
homens aparentemente inocentes para terminar ação, ou seja, era um cinema
sério, conflituoso, instigante, com resoluções difíceis (passando longe de finais
felizes). Todos os elementos descritos você encontra nesse ótimo exemplo do gênero!
Ainda sobre o noir americano, o modelo desse fazer cinema foi inspirado nos primórdios
do noir da França do final da década de 30 (Jean Renoir foi um mestre lá na
Europa com a abordagem), e nos Estados Unidos esse subgênero policial (intitulado
também de “polar”) resistiu por duas décadas (as de 40 e 50), abrindo o campo
para um neonoir nos anos 70 e 80 (com diretores como Arthur Penn, Lawrence Kasdan
e Bob Rafelson, que realizou uma boa adaptação do livro de Cain, no filme homônimo,
de 1981 – veja texto a seguir).
Filmão
necessário para os amantes do antigo cinema!
Curiosidade:
Três anos antes de “O destino bate à porta”, o italiano Luchino Visconti havia
feito uma versão do livro de Cain, “Obsessão” (1943), uma notória obra do Neorrealismo.
O
destino bate à porta (The
postman always rings twice). EUA, 1946, 113 minutos. Drama/Suspense.
Preto-e-branco. Dirigido por Tay Garnett. Distribuição: Classicline (DVD de
2019); Warner Bros. (DVD de 2005)
Frank
(Jack Nicholson) recebe uma proposta por acaso, de trabalhar num posto de
gasolina junto de um restaurante à beira da estrada. Quem o contrata é Nick
(John Colicos), um descendente de gregos, casado com Cora (Jessica Lange), que atua
no estabelecimento como garçonete. Frank e Cora iniciam um tórrido romance
secreto, e ela convence o amante a matar o marido para fugirem juntos.
Terceira
versão para o cinema de um polêmico livro de James M. Cain, publicado em 1934,
que deu o que falar, pelo teor escandaloso, sobre traição, forte teor sexual e
planos de morte. A primeira é a do italiano Luchino Visconti, “Obsessão” (1943),
uma fita neorrealista da gênese do movimento na Itália, e a segunda, “O destino
bate à porta” (1946), com John Garfield e Lana Turner nos papéis principais.
O dramaturgo
David Mamet, roteirista e diretor de “Jogo de emoções” (1987), bolou a boa adaptação
do livro de Cain quando no início da carreira. Trouxe ingredientes
contemporâneos, ousou ainda mais com momentos calientes entre os amantes da
história (agora os ótimos Jack Nicholson e Jessica Lange), e quem dirigiu foi
Bob Rafelson, parceiro de velha data de Nicholson, com quem havia trabalhado em
“Cada um vive como quer” (1970) e “O dia dos loucos” (1976, também chamado de “O
rei da ilusão”). Rafelson acertou em recontar a trama com mais sordidez, e
fechou com chave de ouro na questão técnica de seu filme mais lembrado: tem o
diretor de fotografia de Ingmar Bergman, Sven Nykvist (num dos poucos trabalhos
fora da Suécia), o compositor Michael Small (de duas trilhas famosas do cinema
dos anos 70, “Maratona da morte” e “Caçador de morte”), e o montador Graeme
Clifford, que depois viria a ser diretor (de “Frances”, com Jessica Lange, por
exemplo). Só nisso ganhou pontos, amarrou bem o roteiro, que permanece obscuro
e sinistro (perde o fôlego depois da metade, quando entra o julgamento, mas
sempre é bom ver Jessica e Nicholson brilhando em cena – além de John Colicos, um
grande ator, já falecido).
Para
quem gosta de suspense e mistério, uma obra neonoir recomendadíssima!
Disponível em DVD e Bluray, pela Warner Bros.
O
destino bate à porta (The
postman always rings twice). EUA, 1981, 122 minutos. Drama/Suspense. Colorido.
Dirigido por Bob Rafelson. Distribuição: Warner Bros.
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