segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Resenhas Especiais


O altar do diabo


Wilbur (Dean Stockwell) é um feiticeiro que elabora um plano diabólico para um ritual de fertilidade. Para tanto, precisa encontrar uma cópia fiel do Necronomicon, o livro sagrado dos mortos.

Produzido pelo lendário mestre do terror Roger Corman e baseado no conto “O horror de Dunwich”, de H.P. Lovecraft, o filme acaba de ganhar uma excelente cópia em DVD pela Versátil, que o lançou no box “Lovecraft no cinema – volume 3”, junto com três filmes, “A maldição do altar escarlate” (1968), “Herança maldita” (1995) e “Dagon” (2001).
Lovecraft (1890-1937) é ainda hoje um dos autores mais celebrados do terror moderno, responsável por popularizar o gênero na literatura com textos surpreendentes, abrindo o campo para mortos-vivos, demônios, criaturas sanguinárias, experiências sádicas, figuras míticas (por exemplo, o impronunciável Cthulhu) e bruxaria. “O horror de Dunwich”, publicado em 1929, integra o ciclo de Necronomicon (ou no original, em árabe, Al Azif), um livro fictício de magia negra criado pelo próprio autor, que contem rituais para ressuscitar os mortos. No conto original, a história se passa em 1913 no vilarejo de Dunwich, uma comunidade atrasada e supersticiosa. Wilbur é um dos moradores, um jovem que nasceu com feições de bode e espantosamente se desenvolve com rapidez. Ligado à feitiçaria, tem poderes sobrenaturais, e um dia conhece partes do Necronomicon. Começa ali sua jornada em busca do restante do livro para que possa prosseguir com um ritual de bruxaria. Grande parte dos acontecimentos e personagens permanecem nesse bom filme de gênero, originalmente da MGM, e pouquíssimo conhecido do público brasileiro.


Curiosamente este foi o primeiro trabalho de Curtis Hanson (1945-2016) no cinema; ele ajudou no roteiro, tinha então 24 anos, depois se tornou um diretor e produtor, ganhador do Oscar por “Los Angeles – Cidade proibida” (1997). Quem interpreta bem o diabólico protagonista, Wilbur, é Dean Stockwell, ex-ator mirim que fez dezenas de filmes e recebeu indicação ao Oscar de coadjuvante por “De caso com a máfia”. Há participação de Sandra Dee, atriz tipicamente do mundo das comédias românticas, muito confundida com Doris Day, além de aparições rápidas do lendário Ed Begley e da então estreante Talia Shire, irmã de Francis Ford Coppola, que logo se destacaria na trilogia “O poderoso chefão”.
Boa direção de Daniel Haller, de “Morte para um monstro” (1965) e “Buck Rogers no século 25” (1979), e uma excelente fotografia sombria. A forte sequência dos devaneios na cama de Sandra Dee lembram os pesadelos de Mia Farrow em “O bebê de Rosemary”, cujo tema do filme tem vaga semelhança.
Para os leitores de Lovecraft, uma opção altamente indicada.

O altar do diabo (The Dunwich horror). EUA, 1970, 88 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Daniel Haller. Distribuição: Versatil


A maldição do altar escarlate

Um antiquário (Mark Eden) viaja até uma velha mansão no campo que pertenceu à família para buscar respostas sobre o desaparecimento do irmão. Percebe uma grande movimentação de pessoas desconhecidas até descobrir que esses convidados vieram para participar de um ritual de bruxaria.

Adaptação para o cinema do conto “Sonhos na casa da bruxa” (1933), de H.P. Lovecraft, mestre da literatura de horror americana, reunindo, nesse filme de baixo orçamento, três nomes famosos do terror britânico: Christopher Lee, Barbara Steele (no papel da bruxa de Greymarsh, com uma maquiagem irreconhecível e adornos super chamativos) e o maior de todos, Boris Karloff (em seu antepenúltimo trabalho – ele ficou doente durante as gravações, em muitas sequências o vemos na cadeira de rodas, e morreria no ano seguinte, 1969).
É uma fita instigante de medo e mistério, sobre satanismo, bruxaria e afins. Tem sacrifícios humanos, bode, magia negra, mortes macabras, resumindo, elementos que não poderiam faltar no mundo lovecraftiano. Atenção para a fotografia de cores alucinantes, com predominância dos tons vermelhos, excepcional para compor o ambiente sórdido dos rituais.


Produzida pela Tigon, que ao lado da Hammer e da Amicus, dominou a produção de filmes de terror no Reino Unido dos anos 60 e 70.
Pouca gente ouviu falar - lembro que na minha infância chegou a ser exibido numa sessão noturna em canal aberto, época que o assisti pela primeira vez. Agora pude rever numa cópia decente. Está disponível em DVD pela Versatil, dentro do box “Lovecraft no cinema – volume 3”, lançado em 2019; na caixa vem “O altar do diabo” (1970), “Herança maldita” (1995) e “Dagon” (2001). Se puder veja todos!

A maldição do altar escarlate (Curse of the Crimson Altar/ The Crimson Cult). Reino Unido, 1968, 87 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Vernon Sewell. Distribuição: Versatil


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