sábado, 4 de janeiro de 2020

Resenha Especial



El Camino: Um filme de Breaking Bad

O traficante Jesse Pinkman (Aaron Paul), que produzia metanfetamina com o comparsa Walter White, foge do cativeiro onde ficou preso por dias. Ele busca novos rumos para recomeçar a vida. Mas para isso terá de se reconciliar com o passado, marcado por brutalidades. Enquanto Jesse retorna aos poucos à rotina, ex-aliados e antigos criminosos querem a todo custo sua cabeça.

A provedora Netflix, em parceria com a Sony Pictures Television, arriscou produzir um filme da premiada série televisiva “Breaking Bad” (2008-2013, da AMC), para solucionar fatos que ficaram em aberto com os personagens das cinco temporadas, e, claro, dar um destino melhor para Jesse Pinkman (muita gente reclamou na época sobre a abrupta fuga dele do cativeiro). Os fãs da série pediam desde 2013 pelo menos um novo capítulo como desfecho, até que foram saciados, seis anos depois, com esse ótimo filme de ação, violento e derradeiro.
Com cara de epílogo, parece um episódio esticado (era para ter três horas de duração, mas cortaram para duas). Começa com um resumo (de quatro minutos) de todas as temporadas, chamado de “A história até agora”, e parte da fuga alucinada de Pinkman num carro sozinho. Ele assume o protagonismo do professor e mentor Walter White (Bryan Cranston), para ser agora o dono da história, com os holofotes virados para ele. Compõe, com proveitosa condição, um grande personagem solitário, em busca de redenção. Para se reconciliar com o passado de erros, dor, sofrimento e perseguições, ele terá pela frente diversos encontros com velhos rostos, todos ligados ao submundo do crime. Seu objetivo é sair vivo dessa para viver em paz...
Cheio de easter eggs inteligentes (como placas, lugares, uniformes, veículos) e rostos conhecidos da série vencedora de dois Globos de Ouro, o filme ganha uma força descomunal graças a Vince Gilligan, criador do seriado, que assumiu a direção, não deixando nada para trás - ele é também produtor executivo tanto de “Breaking Bad” quanto de “Better call Saul”, que fala das origens do advogado de Walter White, Saul Goodman, ou seja, o que ocorre antes de “Breaking”.


O filme fica melhor para entender se assistirmos antes aos dois últimos episódios da 5ª. temporada, que tem forte ligação com os eventos de “El Camino”. Fica a dica!
Novamente Aaron Paul dá um show de interpretação como Jesse Pinkman, num papel mais dramático que de costume. Vale lembrar que sua carreira alavancou com “Breaking Bad”, pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro de ator coadjuvante na temporada final.
Retornam ao filme os personagens Mike (Jonathan Banks), Todd (Jesse Plemons), Ed (Robert Forster – falecido aos 78 anos, no dia que “El Camino” estreou no Netflix, em 11 de outubro de 2019) e Sra. Pinkman, mãe de Jesse (Tess Harper). Não vou estragar a surpresa, mas tem outro personagem especial revelado bem no finalzinho...
Várias séries ganharam, depois do término das temporadas, filmes próprios, como “24 horas” e “Veronica Mars”, surpreendendo os fãs. “El Camino” está nessa lista, e é um dos melhores exemplos de como TV e cinema podem andar juntos. 

El Camino: Um filme de Breaking Bad (El Camino: A Breaking Bad Movie). EUA, 2019, 122 minutos. Policial/Drama. Colorido. Dirigido por Vince Gilligan. Distribuição: Netflix

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