domingo, 24 de fevereiro de 2019

Resenha Especial



Papillon

Em 1935 um prisioneiro francês apelidado de Papillon (Steve McQueen) organiza uma série de fugas na Penitenciária da Ilha do Diabo, que aloja os criminosos mais perigosos do mundo. Nas idas e vindas das tentativas de escapada torna-se amigo de outro preso, Dega (Dustin Hoffman), um notório golpista de Paris.

Clássico inquestionável da Sétima Arte, o drama de aventura é uma biografia romanceada de Henri Charrière (1906-1973), conhecido como Papillon (“Borboleta”, em francês, pois ele tinha uma tatuada no peito), um ex-militar da Marinha Francesa que abandonou o cargo para viver nas ruas. Ele aplicava golpes em Paris até ser injustamente preso pelo assassinato de um gigolô, por isto foi exilado na Ilha do Diabo para cumprir prisão perpétua. O filme conta a dura vida dele nos anos que seguiu preso, fala da descida de um homem inocente ao inferno, num local terrível, a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Era uma colônia penal que abrigava criminosos de toda a estirpe, viviam confinados em celas minúsculas no alto de um penhasco, de impossível acesso, cercado por um mar com tubarões – e ainda eram mal alimentados, muitos morriam nas primeiras semanas. Na penitenciária, Papillon tentou fugir inúmeras vezes – o filme também acompanha essas escapadas mirabolantes, e sempre era traído por alguém, e quando capturado, ficava na solitária onde comia baratas. Um dos fiéis amigos era Dega, papel de Dustin Hoffman em início de carreira, um golpista de coração bom.
Longo, duro e violento para a época, a obra alinha duas vertentes: o espírito libertador de um personagem audacioso contra o tratamento brutal que sofria nas mãos dos soldados franceses. Os poderosos tentaram calar uma voz, mas não conseguiram (Papillon fugiu, sobreviveu mesmo com inanição, escreveu o romance sobre sua vida que virou best seller, e morreu pobre e alcoólatra, aos 66 anos. Há inclusive contestações sobre os fatos narrados na prisão, no entanto inegavelmente como cinema é uma aventura caprichada, famosa, que foi sucesso de bilheteria).


O roteiro foi escrito por Dalton Trumbo, baseado no romance de Charrière, que ajudou em toda a concepção do filme, mas faleceu seis meses antes dele ser lançado. Tem duas cenas antológicas, como o encontro de Papillon com os leprosos num casebre na floresta, e o desfecho deslumbrante.
Rodado em cinco países (Espanha, Venezuela, Jamaica, França e EUA), recebeu indicação ao Oscar de melhor trilha sonora (fantástica, do mestre Jerry Goldsmith) e ao Globo de Ouro de ator para McQueen.
Excelente direção de atores, do cineasta de “O planeta dos macacos” (1968), “Patton – Rebelde ou herói” (1970) e “Os meninos do Brasil” (1978), Franklin J. Schaffner, que admiro bastante.
Em 2017 ganhou um remake muito bom, com Charlie Hunnam e Rami Malek, nos papéis de Papillon e Dega, e por causa da nova versão a editora Bertrand Brasil relançou o livro no Brasil. Em DVD pela Classicline.

Papillon (Idem). EUA/França, 1973, 150 min. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por Franklin J. Schaffner. Distribuição: Classicline. Disponível em DVD.

* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de fevereiro/março de 2019

Nenhum comentário: