Papillon
Em
1935 um prisioneiro francês apelidado de Papillon (Steve McQueen) organiza uma
série de fugas na Penitenciária da Ilha do Diabo, que aloja os criminosos mais
perigosos do mundo. Nas idas e vindas das tentativas de escapada torna-se amigo
de outro preso, Dega (Dustin Hoffman), um notório golpista de Paris.
Clássico
inquestionável da Sétima Arte, o drama de aventura é uma biografia romanceada de
Henri Charrière (1906-1973), conhecido como Papillon (“Borboleta”, em francês,
pois ele tinha uma tatuada no peito), um ex-militar da Marinha Francesa que
abandonou o cargo para viver nas ruas. Ele aplicava golpes em Paris até ser
injustamente preso pelo assassinato de um gigolô, por isto foi exilado na Ilha
do Diabo para cumprir prisão perpétua. O filme conta a dura vida dele nos anos
que seguiu preso, fala da descida de um homem inocente ao inferno, num local
terrível, a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Era uma colônia penal que
abrigava criminosos de toda a estirpe, viviam confinados em celas minúsculas no
alto de um penhasco, de impossível acesso, cercado por um mar com tubarões – e ainda
eram mal alimentados, muitos morriam nas primeiras semanas. Na penitenciária, Papillon
tentou fugir inúmeras vezes – o filme também acompanha essas escapadas
mirabolantes, e sempre era traído por alguém, e quando capturado, ficava na
solitária onde comia baratas. Um dos fiéis amigos era Dega, papel de Dustin
Hoffman em início de carreira, um golpista de coração bom.
Longo,
duro e violento para a época, a obra alinha duas vertentes: o espírito
libertador de um personagem audacioso contra o tratamento brutal que sofria nas
mãos dos soldados franceses. Os poderosos tentaram calar uma voz, mas não
conseguiram (Papillon fugiu, sobreviveu mesmo com inanição, escreveu o romance
sobre sua vida que virou best seller, e morreu pobre e alcoólatra, aos 66 anos.
Há inclusive contestações sobre os fatos narrados na prisão, no entanto
inegavelmente como cinema é uma aventura caprichada, famosa, que foi sucesso de
bilheteria).
O
roteiro foi escrito por Dalton Trumbo, baseado no romance de Charrière, que
ajudou em toda a concepção do filme, mas faleceu seis meses antes dele ser
lançado. Tem duas cenas antológicas, como o encontro de Papillon com os
leprosos num casebre na floresta, e o desfecho deslumbrante.
Rodado
em cinco países (Espanha, Venezuela, Jamaica, França e EUA), recebeu indicação
ao Oscar de melhor trilha sonora (fantástica, do mestre Jerry Goldsmith) e ao
Globo de Ouro de ator para McQueen.
Excelente
direção de atores, do cineasta de “O planeta dos macacos” (1968), “Patton –
Rebelde ou herói” (1970) e “Os meninos do Brasil” (1978), Franklin J.
Schaffner, que admiro bastante.
Em
2017 ganhou um remake muito bom, com Charlie Hunnam e Rami Malek, nos papéis de
Papillon e Dega, e por causa da nova versão a editora Bertrand Brasil relançou
o livro no Brasil. Em DVD pela Classicline.
Papillon (Idem). EUA/França, 1973, 150 min. Drama/Ação.
Colorido. Dirigido por Franklin J. Schaffner. Distribuição: Classicline. Disponível
em DVD.
* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de fevereiro/março de 2019
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