quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Resenha Especial



Thelma

Thelma (Eili Harboe), uma jovem tímida, deixa a casa dos pais para estudar Biologia numa faculdade em Oslo, capital da Noruega. Mesmo à distância, pai e mãe, muito religiosos, controlam a garota. Na faculdade, torna-se amiga de Anja (Kaya Wilkins), que a leva para a balada e a apresenta a novos amigos. A vida de Thelma se transforma radicalmente quando, sem explicação médica, ela desenvolve epilepsia, chegando a uma descoberta sobrenatural.

Instigante, perturbador e original na técnica e no conteúdo, “Thelma” é um achado do cinema norueguês. Participou de 32 festivais de cinema e foi indicado como representante do seu país no Oscar 2018 (mas inacreditavelmente ficou fora da lista final). Um filmão cult inteligente de primeira classe, que alinha com precisão drama e suspense num clima de total mistério.
Fala de uma garota tímida (uma atriz jovem, norueguesa, a talentosa Eili Harboe), novata na faculdade e criada em uma família religiosa, bem metódica (o pai é um médico, e a mãe utiliza cadeira de rodas para se locomover). Ela conhece uma outra garota, trocam flertes, até que começa a sofrer convulsões. A partir daí a história muda de tom quando, em flashbacks, fatos assustadores renascem sobre o passado da protagonista, na época da infância, para traçar um paralelo com seus dias na faculdade envolvendo discussões sobre sexualidade, repressão e libertação.
“Thelma” não é um filme fácil de se digerir e tampouco de se comentar, pois há revelações surpreendentes a cada meia hora de filme. Assista com calma, prestando atenção nos mínimos detalhes da história, intensa e de conflitos únicos.


O primor está na direção, um trabalho fantástico do cineasta e roteirista Joachim Trier, filho do diretor Jacob Trier e neto do renomado cineasta Erik Løchen (nenhum deles tem parentesco com Lars Von Trier). Ele conduz de forma atraente este drama estiloso, com domínio de enquadramentos, jogos de câmeras diferenciados e contornos sombrios dos misteriosos personagens. O diretor leva o público para além dos limites da mente! Se gostou dos dois filmes anteriores dele, “Mais forte que bombas” (2015, indicado à Palma de Ouro em Cannes) e “Oslo, 31 de Agosto” (2011, indicado ao prêmio Um Certo Olhar, também em Cannes), com certeza “Thelma” irá te causar deslumbramento.
Disponível em DVD pela Mares Filmes (que vem se destacando no mercado de filmes cult no Brasil e integra o grupo da A2 Filmes).

Thelma (Idem). Noruega/França/Dinamarca/Suécia, 2017, 117 min. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Joachim Trier. Distribuição: Mares Filmes

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