quinta-feira, 28 de junho de 2018

Nota do Blogueiro


Dose dupla! Livro e filme "O destino de uma nação", que recebi da Universal. A empolgante obra biográfica de Churchill foi escrita por Anthony McCarten e publicada em 2017 (no Brasil saiu pela editora Critica), e a excelente adaptação para o cinema passou este ano nos cinemas, ganhando dois Oscars (melhor ator para Gary Oldman e melhor maquiagem e cabelo). Destaco o filme, que é um drama de guerra arrasador, e merece atenção especial! Já nas lojas! Obrigado, @universalpicsbr e @m2.comunicacao pelo envio dos exemplares.


quarta-feira, 27 de junho de 2018

Cine Lançamento



The Post – A guerra secreta


Em 1971, os editores do jornal The Washington Post Katharine Graham (Meryl Streep) e Ben Bradlee (Tom Hanks) unem forças para expor no periódico uma notícia bombástica envolvendo a invasão dos Estados Unidos no Vietnã, após obterem documentos ultrassecretos de dentro do Pentágono. A divulgação do caso colocará em risco a carreira dos editores e dos jornalistas envolvidos, além de ser uma ameaça ao governo norte-americano.

Spielberg sendo Spielberg fora dos blockbusters numa aula de cinema a partir de um polêmico fato real ocorrido entre os anos 60 e 70, como o diretor e produtor bem fez em “Lincoln”, “Munique” e “A lista de Schindler”. Aos 71 anos dirigiu com exatidão cirúrgica dois monstros sagrados do cinema, juntos pela primeira vez, Meryl Streep e Tom Hanks, interpretando respectivamente a editora-chefe e coordenadora do The Washington Post e o jornalista e editor-executivo do jornal (ambos falecidos). A dupla ficou bem caracterizada, semelhante às duas notórias figuras reais da imprensa norte-americana, com destaque para Meryl com cabelo armado, numa interpretação majestosa que rendeu a ela uma indicação ao Oscar neste ano.
Poderoso e eficiente, esse drama de denúncia e investigação jornalística antecede e complementa o clássico “Todos os homens do presidente” (1976), que explicava o desenrolar do caso Watergate. Aqui, na mesma forma dialogada e expositiva, propõe-se a narrar minúcias dos turbulentos fatos que chacoalharam a Casa Branca em 1971 quando a dupla de editores publicou reportagens sobre os planos de invasão no Vietnã decretados pelo governo americano em anos anteriores. Para publicar as matérias, o jornal teve acesso direto a documentos secretos do Pentágono, uma catástrofe anunciada que reverberou na política internacional e colocou vidas em jogo. As acusações respingavam em presidentes anteriores a Nixon, como John Kennedy, Lindon Johnson e Dwight Eisenhower, que causou furor na sociedade, destroçando a popularidade de Nixon, governante na época do caso, que renunciou depois do vexame de Watergate, em 1974.
Spielberg dá nomes reais da lista secreta e não titubeia em alardear. Com uma extensa pesquisa por trás, o filme vasculha documentos secretos, tratando das mentiras contadas por décadas acerca dos motivos reais da Guerra do Vietnã (até hoje são contraditórias as versões, o filme assume um lado, por isso não esconde um aspecto de teoria de conspiração).
Bem costurado, com momentos alternativos de suspense, a obra apoia o engajamento de jornalistas pela divulgação da verdade mesmo que esta desmascare fontes, políticos e homens do poder, na maneira mais exata do jornalismo imparcial e combativo.
O veterano Spielberg acertou em cheio, porém o filme dividiu opiniões da crítica internacional. Eu fico do lado dos que aprovaram a ideia, e pra mim “The Post” mantém-se na lista dos bons filmes de 2018.
Spielberg, além dos blockbusters movimentados, também é bom de mira nas fitas sérias focadas em dramas reais. Rodou este em poucas semanas, com dois meses de preparação dos atores, entre uma folga e outra na produção da excelente e enérgica aventura “Jogador número 1”.
Além da indicação de Meryl ao Oscar, recebeu na categoria de melhor filme, e seis outras indicações ao Globo de Ouro (como diretor, filme, ator e atriz). Foi um azarão, não ganhou nada, apenas um prêmio especial no AFI pela contribuição ao jornalismo político.
O roteiro foi escrito pelo vencedor do Oscar Josh Singer, que ganhou exatamente dois anos atrás por outro filme sobre jornalismo de denúncia, o espetacular “Spotlight: Segredos revelados” (2015). Está aí a razão de ter dado tão certo o resultado!
Exibido nos cinemas em janeiro deste ano, chegou agora em DVD pela Universal, co-distribuído pela 20th Century Fox. No DVD há três bons extras para acompanhar a produção e entender a história, a concepção do filme, a criação da trilha e o roteiro.

The Post – A guerra secreta (The Post). EUA/ Reino Unido, 2017, 116 min. Drama. Colorido. Dirigido por Steven Spielberg. Distribuição: Universal Pictures 

Resenha Especial


A fabulosa Gilly Hopkins

Gilly Hopkins (Sophie Nélisse) tem 12 anos e é uma garota impulsiva, que vive trocando de lares adotivos. Seu sonho é conhecer a mãe biológica, Courtney (Julia Stiles), que a abandonou quando pequena. Sua nova morada, agora, é a casa da família Trotters, e Gilly fica sob os cuidados da afetuosa Maime (Kathy Bates). Mas a garota quer de todo jeito encontrar a mãe verdadeira, então bola um plano para fugir de lá.

Do diretor Stephen Herek, de “Mr. Holland - Adorável professor” (1995) e “101 dálmatas” (1996), chega em DVD no Brasil pela Flashstar esse adorável filme teen indicado para toda a família, composto por uma história sensível e emocionante sobre as dificuldades de uma garotinha em lidar com a adoção, que pretende ir ao encontro da mãe verdadeira a todo custo. Gilly Hopkins, interpretado pela boa atriz mirim Sophie Nélisse, na época com 15 anos, é incontrolável, respondona, mas sonha alto, com um coração cheio de ternura, que aos poucos vai se revelando para a última família que acabara de recebê-la, os Trotters. No novo lar, novos conflitos explodem, e daí despertam os anseios da fabulosa garotinha em se reconciliar com ela mesma.
Além de mostrar quem é Gilly em terceira pessoa, o filme apresenta mais dela pelas narrações do próprio diário, uma forma que Gilly encontrou para escapar da chatice (e da dureza) da realidade. Na mesma medida vemos o desabrochar de uma menina que, apesar da imaturidade, detém nas mãos um poder transformador na vida dos que a cercam.
A história inspira, é fraterna e agradável, típica fita de Sessão da Tarde, com um bom desempenho da atriz protagonista Sophie, canadense, que antes ficara conhecida pela versão cinematográfica de “A menina que roubava livros” (2013) – ela é irmã de outra atriz mirim, Isabelle Nélisse.
O roteiro foi adaptado do best seller da premiada escritora Katherine Paterson, de “Ponte para Terabítia” (que virou um filme legal de aventura infanto-juvenil em 2007, e antes, em 1985, já havia ganho uma versão em telefilme); a autora nasceu na China, foi morar nos Estados Unidos e completou 85 anos, em plena atividade literária. O livro original, “The great Gilly Hopkins”, foi publicado em 1978 e depois de quase quatro décadas virou cinema.
O filme ganha ainda com as participações especiais de Glenn Close (como a avó de Gilly), Octavia Spencer (a professora), Julia Stiles (a mãe da garota) e Bill Cobbs (um dos avós adotivos dela), além de um show de interpretação de Kathy Bates na pele de uma carinhosa senhora que a recebe em seu lar para morar.
Confira esse bonito retrato da juventude em formação, já disponível em DVD pela Flashstar.

A fabulosa Gilly Hopkins (The great Gilly Hopkins). EUA, 2015, 97 min. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Stephen Herek. Distribuição: Flashstar

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Resenhas Especiais


Duas fitas policiais distribuídas no Brasil pela Flashstar, uma em tom de comédia e outra thriller, para quem curte! Leia abaixo as críticas. Boa sessão!

Os opostos se atraem

Apesar das diferenças gritantes, os agentes policiais Ousmane (Omar Sy) e François (Laurent Lafitte) unem-se para investigar o assassinato da esposa de um magnata francês. Ousmane é um policial negro do subúrbio enquanto François atua como chefe da polícia criminal parisiense. Dois homens de mundo opostos com o mesmo objetivo: encontrar os criminosos para colocá-los atrás das grades.

Divertida e movimentada comédia policial com uma dupla formidável de atores franceses, Omar Sy (de “Intocáveis” e “Chocolate”) e Laurent Lafitte, que meses depois do lançamento desse filme, em 2012, entraria para a renomada companhia de teatro Comédie-Française. Eles interpretam dois agentes policiais de perfis diferentes enviados para as ruas de Paris para investigar um crime brutal nos arredores da capital. No longo percurso atrás dos bandidos, varando dia e noite, os sujeitos, com visões de mundo opostas, precisarão segurar as pontas para aceitarem um ao outro, pois cada um apresenta uma condição, e vivem em realidades antagônicas. Entre provocações, atritos e ameaças, a dupla tentará arduamente deixar as diferenças de lado, pois o trabalho grita mais alto, e o tempo urge. Na minuciosa investigação policial a dupla se esbarrará em questões de status, com a constante classificação de subordinado versus chefe (e no caso de Ousmane e François, de branco versus negro). Dentro de uma aparente comédia policial corriqueira sobra espaço para se discutir preconceito, questões étnicas e analisar os guetos em Paris, com um resultado muito acima da média. Por isto o filme tem altos pontos positivos.
No estilo “Máquina mortífera”, “Os opostos se atraem” reúne elementos-chave, piadas de humor negro, reviravoltas e perseguições com acidentes, dialogando diretamente com a cultura pop. Um atrativo diferenciado no mercado. Vale ver!
Saiu comercialmente no exterior pela The Weinstein Company em 2012, e no Brasil foi lançado quase cinco anos depois em DVD pela Flashstar. Também pode ser encontrado com o título de “Os incompatíveis”, exibido assim na TV.

Os opostos se atraem (De l'autre côté du périph/ On the other side of the tracks). França, 2012, 95 min. Comédia/Policial. Colorido. Dirigido por David Charhon. Distribuição: Flashstar


A sacada

Stone (Nicolas Cage) e Waters (Elijah Wood) são dois policiais especializados no combate às drogas, que doam a alma pelo trabalho. Num dia rotineiro, Stone descobre um cofre escondido no departamento onde atua e bola um plano para roubá-lo com a ajuda de Waters. O que parecia ser fácil desenrolará numa série de mortes e reviravoltas inusitadas.

Modesta fita policial com Nicolas Cage e Elijah Wood, que toparam participar de uma produção independente de pouco renome, porém com resultado vigoroso, interessantíssimo do ponto de vista do roteiro, que mistura thriller e drama. A dupla nos brinda com boas performances nesse policial intenso, caprichado nas reviravoltas e um final imprevisível. Daqueles filmes sobre roubo onde tudo parece fácil para os protagonistas, dois personagens fortes que mudam de lado e entram de cabeça num jogo de erros, dotado de surpresas, troca de tiros, assassinatos e desova de cadáveres. Tudo por causa de um cofre guardado em segredo... A máxima “A curiosidade matou o gato” vale a cada minuto para os dois policiais centrais dessa história de ganância levada às últimas consequências. Assista e não desgrude os olhos!
Rodado em Las Vegas, com orçamento baixo (U$ 9 milhões), o filme traz participação da cantora, modelo e atriz filha de brasileiro Sky Ferreira e uma ponta do lendário comediante já falecido Jerry Lewis, como o pai do personagem de Nicolas Cage - Lewis faria mais três filmes depois deste e morreria em 2017, aos 91 anos.
Escrito pelos diretores com apoio do roteirista de curtas-metragens de ação Adam Hirsch, teve no Brasil um título confuso e banal (“Sacada”?), lançado em DVD pela Flashstar. Destaco o nome da distribuidora Flashstar, que de uns anos para cá se reinventou e traz fitas independentes bacanas para o mercado nacional, como este bom exemplar aqui.

A sacada (The trust). EUA, 2016, 91 min. Policial. Colorido. Dirigido por Alex Brewer e Benjamin Brewer. Distribuição: Flashstar

Nota do Blogueiro


Dois grandes lançamentos em DVD da Universal indicados ao Oscar 2018, já à venda e também nas locadoras. O primeiro é o drama de investigação jornalística "The Post - A guerra secreta", baseado em um instigante fato real envolvendo o periódico The Washington Post e documentos ultrassecretos do governo americano durante a Guerra do Vietnã, com Meryl Streep e Tom Hanks dirigidos por Steven Spielberg; já o segundo é o drama sobre moda, paixão e obsessão "Trama fantasma", de Paul Thomas Anderson, último trabalho de Daniel Day-Lewis que logo depois anunciou a aposentadoria. Filmes importantes que merecem ser assistidos! Não perca. Obrigado, @universalpicsbr e @m2.comunicacao pelo envio dos DVDs.



quarta-feira, 20 de junho de 2018

Nota do Blogueiro


Box Jean Cocteau, com quatro filmes do multifacetado e revolucionário artista francês, que trabalhou como diretor, designer, encenador, poeta e escritor. Um lançamento indescritível da distribuidora Obras-primas do Cinema em DVD. São dois discos contendo "Sangue de um poeta" (1932), "A bela e a fera" (1946), "Orfeu" (1950) e "O testamento de Orfeu" (1960). Filmes restaurados e com uma infinidade de extras, acompanhados de cards colecionáveis. Já nas lojas. Obrigado, @obrasprimas_docinema, pelo gentil envio do box.



segunda-feira, 18 de junho de 2018

Nota do Blogueiro


Primeira parte dos lindos lançamentos em DVD da Obras-primas do Cinema, que chegaram no mercado brasileiro no final de maio. Temos Jerry Lewis em "Cinderelo sem sapato" (1960), a divertida versão masculina de Cinderela, e o elegante box Sessão Anos 80 - volume 2, com quatro comédias que marcaram toda uma geração - "A primeira transa de Jonathan" (1985 - com Doug McKeon e Kelly Preston), "Um salto para a felicidade" (1987 - com Goldie Hawn e Kurt Russell), "Sem licença para dirigir" (1988 - com Corey Haim e Corey Feldman) e "Digam o que quiserem" (1989 - com John Cusack). Todos acompanham cards colecionáveis, e nos DVDs, extras imperdíveis! Já nas lojas. Obrigado, @obrasprimas_docinema, pelo gentil envio dos filmes.





domingo, 17 de junho de 2018

Resenha Especial


Grease – Nos tempos da brilhantina

Califórnia, anos 50. O bonitão Danny (John Travolta) e a charmosa Sandy (Olivia Newton-John) estudam em escolas conservadoras. Ambos se amam, porém ela terá de largá-lo quando é chamada para retornar ao seu país, Austrália. Do dia para a noite os planos mudam, e Sandy se matricula na mesma escola de Danny, causando ciúmes nas meninas bonitas do colégio, que estão a fim de namorar o jovem, recém-solteiro.

“Grease” acaba de ganhar uma linda edição especial comemorativa de 40 anos, com uma nova capa toda desenhada e cheia de cor e extras imperdíveis, tanto em DVD como em Bluray. Edição caprichada para apreciarmos sem moderação esse estrondoso sucesso de público, daqueles filmes ingênuos adoráveis, que arrastou multidões aos cinemas. Uma fita musical vibrante, que registra uma época tão distante da atual, sobre o comportamento dos jovens na década de 50, com cabelos com brilhantina, topetes, o início das roupas de couro coladas no corpo, as saias rodadas, as danças de salão e o rock n’roll em germinação.
O casal John Travolta e Olivia Newton-John, com intensa química e carisma, marcou toda uma geração com as músicas “You’re the one that I want”, “Summer nights” (“Tell me more”) e “We go together”, ainda hoje lembradas nos revivals dos anos 70. Travolta puxa os holofotes para si, roubando a cena e esbanjando simpatia. Tinha, na época, 23 anos, em início de carreira, um ano depois do sucesso de “Os embalos de sábado à noite”. E Olivia, uma graça, cantora com energia e ótima dançarina - pena que deixou a carreira no cinema, apareceu em cinco filmes deposite deste, como “Xanadu” (1980) e de novo com Travolta no fraco “Embalo a dois” (1983), dedicando-se hoje à música; ela enfrenta uma nova batalha contra o câncer de mama e mantem-se em tratamento. O casal brilha ao lado de um elenco coadjuvante fantástico e engraçado, como Stockard Channing, Jeff Conaway, e dos veteranos Sid Caesar, Joan Blondell e Eve Arden.
Com visual colorido (tachado hoje de brega), o musical teve indicação ao Oscar de canção original (“Hopelessly devoted to you”), de John Farrar, e também ao Globo de Ouro (em cinco categorias – Ator para Travolta, Atriz para Olivia, Filme – Musical ou Comédia, e em duas canções famosas, a da abertura, “Grease”, de Barry Gibb, dos Bee Gees, e “You’re the one that I want”).
Foi o melhor trabalho do diretor Randal Kleiser, de “A lagoa azul” (1980) e “Amantes de verão” (91982), especializado em fitas românticas melosas para jovens.
Originou uma péssima continuação quatro anos depois, “Grease 2: Os tempos da brilhantina voltaram (1982), com ninguém do elenco original (na linha de frente do elenco tinha Michelle Pfeiffer, novata, em seu segundo trabalho), dirigido pela coreógrafa do original, Patricia Birch. Também deu gancho a um monte de filmes musicais com ritmo dançante, com temas sobre a juventude, de forma bem humorada.
É um prazer rever e lembrar com saudade, ainda mais nessa incrível edição de colecionador, distribuída pela Paramount Pictures, com uma série de extras inéditos (como final alternativo, especiais de TV, making of, trailers, documentários e introdução do diretor). A nova edição está disponível em DVD e Bluray, em disco simples, e ainda numa luxuosa edição limitada, em bluray, com livreto ilustrado e um fone de ouvido com a marca Grease.

Grease – Nos tempos da brilhantina (Grease). EUA, 1978, 110 min. Musical. Colorido. Dirigido por Randal Kleiser. Distribuição: Paramount Pictures



sábado, 16 de junho de 2018

Nota do blogueiro


Linda edição de quadragésimo aniversário do musical "Grease - Nos tempos da brilhantina", em bluray, que ganhei da Paramount Pictures. Além do filme remasterizado, com nova capa colorida e uma excelente cópia, há duas dezenas de extras para os fãs apreciarem e se divertirem. Reviva a história de amor de Sandy e Danny, que inspirou gerações, protagonizada por uma dupla formidável, John Travolta e Olivia Newton-John. Grease is the word! Acabou de chegar nas lojas! Já à venda. Obrigado, @paramountmovies @paramountbrasil @m2.comunicacao, pelo envio do exemplar.


sexta-feira, 15 de junho de 2018

Resenha Especial


Uma verdade mais inconveniente

Dez anos depois do lançamento do documentário “Uma verdade inconveniente” (2006), o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore segue com sua luta contra o aquecimento global.

Urgente e reveladora, a continuação de “Uma verdade inconveniente” toca ainda mais fundo na ferida do aquecimento global, um tema imprescindível nos dias atuais que vem ganhando forças nos debates políticos internacionais graças ao trabalho incansável do ex-senador e ex-VP americano Al Gore. Como no primeiro documentário, Gore volta a alertar o público em suas palestras sobre os perigos das ações desenfreadas dos humanos que agridem o meio ambiente, exibindo vídeos chocantes de desastres ambientais, de geleiras polares em constante derretimento causado pelas alterações climáticas, de cidades afetadas por inundações, furacões e doenças até tempo atrás controladas. Seja nas Filipinas ou no Brasil, percebe-se a devolutiva da natureza quando atacada. É uma reação em cadeia: o homem destrói, a natureza devolve com fúria. E a mensagem de Gore é clara: se cada um não mudar os velhos hábitos, o mundo sucumbirá.
Indicado ao Bafta de melhor documentário e ao Golden Eye, no Festival de Cannes, este filme corajoso nos deixa atônitos – e espero que quem assistir coloque a mão na consciência para fazer a sua parte, mesmo com atitudes simples, na recuperação do planeta Terra. 
Al Gore esboçou a ideia, assim como no anterior (que foi premiado com dois Oscars), e novos diretores assumiram o projeto (a dupla Bonni Cohen e Jon Shenk), com orçamento mínimo, de U$ 1 milhão (infelizmente a bilheteria ficou bem abaixo do esperado).
Já disponível em DVD pela Paramount Pictures, com bons extras, como novos depoimentos de Al Gore e o clipe com a música-tema, “Truth to power”, da banda OneRepublic.

Uma verdade mais inconveniente (An inconvenient sequel: Truth to power). EUA, 2017, 98 min. Documentário. Colorido. Dirigido por Bonni Cohen e Jon Shenk. Distribuição: Paramount Pictures

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Nota do blogueiro


Lançamentos de maio e junho em DVD da Classicline, especializada em filmes clássicos. Tem a comédia musical com Gene Kelly e Cyd Charisse "Dançando nas nuvens" (1955), o romance "O preço de um prazer" (1963), indicado a cinco Oscars, com Natalie Wood e Steve McQueen, a comédia dramática "Sonhos de um sedutor" (1973), com Woody Allen e Diane Keaton, e o policial premiado com o Oscar "A honra do poderoso Prizzi" (1985), estrelado por Jack Nicholson e Kathleen Turner. Todos pela primeira vez em DVD no Brasil. Já nas lojas. Obrigado, Classicline, pelo envio das amostras.





segunda-feira, 11 de junho de 2018

Nota do Blogueiro


"Lucas não estava comprando e reformando casas apenas para poder construir seu próprio complexo cinematográfico; ele e Marcia queriam formar uma família. Mas era difícil. Lucas trabalhara até ficar exausto por quase dois anos que passara escrevendo, filmando, montando e brigando por Loucuras de verão. Escrever The Star Wars também estava esgotando sua motivação e sua energia [...]"
Trecho de "George Lucas - Uma vida", obrigatória biografia do cineasta criador da franquia Star Wars, escrita por Brian Jay Jones e disponível no Brasil pela editora Best Seller (2017, 588 páginas). Uma obra detalhada sobre a carreira e as importantes façanhas do universo de George Lucas, da juventude aos dias atuais, com foco entre 1977 e 1983, quando ele filmou os três primeiros filmes da saga Star Wars. Ilustrado com fotos e repleto de informações curiosas, o livro também serve de estudo sobre o cinema blockbuster norte-americano. Muito bom! Agradeço à equipe da @editorabestseller que me enviou um exemplar. Já nas livrarias!



sexta-feira, 8 de junho de 2018

Cine Lançamento


Blade Runner 2049

O agente K (Ryan Gosling), um blade runner da Polícia de Los Angeles, descobre uma caixa enterrada durante uma investigação criminal. Dentro dela a ossada de uma mulher, que remonta fatos ocorridos 30 anos antes envolvendo o ex-caçador de androides Rick Deckard (Harrison Ford), hoje escondido em algum lugar do mundo. Para entender o caso, K sai à procura de Deckard, enfrentando, no caminho, replicantes assassinos.

O filme de ficção científica mais aguardado dos últimos anos, excepcional na concepção gráfica, uma obra de mestre do visionário cineasta Denis Villeneuve. Sem dúvida a continuação de “Blade runner – O caçador de androides” (1982) é um dos trabalhos mais impressionantes do cinema, que agitou a crítica mundial e surpreendeu o público, com mil motivos para isto tudo. Quem perdeu nos cinemas tem a chance de vibrar com a explosiva cópia em DVD ou bluray.
A história se passa novamente em Los Angeles, num futuro apocalíptico, agora no ano de 2049, exatas três décadas depois dos acontecimentos do primeiro filme. A degradação ambiental destroçou o planeta Terra enquanto a tecnologia cibernética substituiu o homem em suas tarefas. Há superpopulação nas cidades, a poluição ambiental tornou-se fatal e a escassez de alimentos elevou o número de mortos. Nessa conjuntura a poderosa empresa de Engenharia Genética Tyrell criou cópias perfeitas de humanos, chamados de replicantes, destinados para o trabalho forçado em outros planetas – a maioria são escravos, proibidos de viver na Terra. Eles colonizam espaços interplanetários, abrindo lugares para serem habitados. A Tyrell então lança uma novidade tecnológica, uma linha moderna de replicantes, obedientes, com implante de memórias fabricadas para gerar nesses robôs um sentido de vida – pela lógica do filme, se os replicantes possuem memórias autênticas, desenvolvem emoções e reações verdadeiras próximas a dos humanos. Um dos caçadores de replicantes, K, vaga em seu carro com a missão de “aposentar” modelos antigos de replicantes e procura também razões para a existência. Ele é uma dessas criações robóticas, recém-designado para investigar uma misteriosa caixa com ossos de uma mulher. O caso o leva até o ex-blade runner Rick Deckard, foragido há trinta anos, e K sai em busca do seu paradeiro. Só Deckard possui a chave para resolver o enigma que envolve a origem dos replicantes. Mas nada será fácil para o agente solitário, emboscado a todo minuto por um grupo de replicantes mercenários, assassinos de primeira classe.
Na linha futurista do anterior (uma obra-prima de Ridley Scott), o trabalho ímpar de Denis Villeneuve prossegue com a visão distópica do mundo, numa época mais sombria e assustadora, reforçando uma sociedade individualista, sufocada em arranha-céus, em que os humanos vivem de máscara, pois a poluição se tornou letal e deixou o céu escuro de dia. Tão bruta quanto é a tecnologia, hiperavançada, com carros voadores invadindo a Grande Los Angeles, responsável em redesenhar a inteligência artificial, sobrepondo-a aos humanos, com a possibilidade de convívio com pessoas holográficas (elas servem até para prazeres sexuais).
Nesse caos pertinente para amplas discussões, o filme atesta fatos que no primeiro ficaram subentendidos sobre os personagens. Assim como no anterior, e também no livro de Philip K. Dick “Androides sonham com ovelhas elétricas”, que inspiraram os dois “Blade Runner”, volta-se a questionar pontos filosóficos sobre a existência humana com sobriedade: de onde viemos e quanto tempo ainda temos na Terra, além do poder da memória. Com viés científico, traz diálogos sobre a expansão das fronteiras da ciência cuja dimensão provoca o desequilíbrio do ecossistema, favorecido pelas intervenções humanas sem limites. Já vivemos parte disto. E será que daqui a 30 anos veremos o restante do que o filme apresenta?
O processo de criação desse filmaço saiu dos esboços mentais de um dos diretores mais criativos da última década, o canadense Denis Villeneuve, de “Sicário: Terra de ninguém (2015)” e “A chegada” (2016), que realizou um feito cinematográfico único com união de uma equipe de primeira linha: Villeneuve reuniu de novo um velho parceiro, o diretor de fotografia Roger Deakins, que em sua 14ª indicação ao Oscar ganhou a primeira estatueta por este trabalho impressionante, e o designer de produção Dennis Gassner, também indicado ao Oscar pelo filme. Deakins e Gassner, a pedido de Villeneuve, utilizaram o mínimo de green screen (fundo verde) optando por locações e sets de filmagens gigantescos – por isso há tantas texturas, várias cidades de arquiteturas diferenciadas serviram para a base da obra, como Hungria, México, Islândia e Espanha. Misturaram cores fortíssimas, tanto quentes quanto frias, numa escala visual absurda de neon, azuis, vermelhos e alaranjados.
O elenco, um tiro certo. Ryan Gosling lidera com uma performance enigmática, atrelado por participações marcantes de Sylvia Hoeks, Jared Leto, Dave Bautista, Robin Wright e Ana de Armas, além de dois atores do primeiro Blade Runner, Edward James Olmos e, claro, Harrison Ford, que só aparece da metade pra frente, numa participação aguardada por todos.
“Blade runner 2049” é para assistir duas, três, quatro vezes. A beleza plástica, a direção, a trilha sonora, a narrativa e a história nos convidam para uma revisão. Que obra esplêndida! Enobrece o anterior, realça os detalhes, nos deixa atônitos.
Ganhou dois Oscars (melhor fotografia e efeitos visuais) e indicado a outros três (edição de som, mixagem de som e design de produção), e venceu dois Bafta (fotografia e efeitos). Assisti no cinema, revi em Bluray semana passada e logo vou colocar play de novo. No balanço de 2017 entrou na minha lista dos melhores do ano.
Uma dica: se gostar do filme e quiser afinar seus entendimentos sobre a história, assista aos bons extras (tanto do DVD quanto do Bluray). Saiu em versões em DVD, em Bluray e em steelbook com disco duplo, com mais bônus. Merece atenção nos extras os três curtas-metragens dirigidos por três cineastas a convite de Denis Villeneuve, na verdade prólogos, cujos enredos mostram eventos ocorridos entre 2019 e 2049, ou seja, entre o novo e o velho Blade Runner. Um é o anime de Shinichirô Watanabe, “Blade Runner: Black out 2022” e os outros dois foram criados por Luke Scott, “2036: Nexus dawn”, com Jared Leto, e “2048: Nowhere to run”, focando no personagem de Dave Bautista.

Blade Runner 2049 (Idem). EUA/Reino Unido/Hungria/Canadá, 2017, 163 min. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Denis Villeneuve. Distribuição: Sony Pictures



Nota do Blogueiro


"A União Soviética desmoronou. Não há mais um inimigo, um adversário dos Estados Unidos e do Ocidente, em geral. Então, para que expandir a Otan? Contra quem? E depois disso ocorreram duas ondas de expansão da Otan, após a dissolução da União Soviética, mais ou menos esse mito de que todo país pode escolher como vai garantir sua segurança. Escutamos isso em muitas ocasiões. Porém, esse mito é tolice".
Trecho do livro "As entrevistas de Putin", de Oliver Stone, que reúne uma série de conversas do premiado cineasta com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que deram origem ao documentário do canal Showtime. O livro foi publicado em 2017, inclusive no Brasil, aqui pela editora Best Seller, do Grupo Editorial Record (336 páginas, tradução de Carlos Szlak). A obra investe nas transcrições completas dessas entrevistas concedidas por Putin a Stone durante quatro encontros entre eles, compreendidos entre 2015 e 2017, em que o polêmico governante russo tece profundas análises sobre política internacional, economia e direitos humanos. Material amplo para quem gosta do assunto. Já nas livrarias! Obrigado, pessoal da @editorabestseller e @grupoeditorialrecord, pelo exemplar.



quarta-feira, 6 de junho de 2018

Resenha Especial


12 cadeiras

Na Rússia Soviética, um ex-aristocrata, Kisa Vorobyaninov (Sergei Filippov), batalha para uma vida mais digna. Numa visita à sogra, que está no leito de morte, descobre um segredo inimaginável – a idosa havia escondido por décadas os diamantes da família em uma das doze cadeiras que possuía – e muitas delas já foram vendidas. Com o auxílio do vigarista Ostap Bender (Archil Gomiashvili), Vorobianinov segue uma longa jornada, de muitas confusões e trapalhadas, para capturar as pedras preciosas.

Comédia impagável, de arrancar risos, que foi campeã de bilheteria na União Soviética em 1971. É uma farsa de inspiração surrealista, com piadas divertidas, baseada no romance satírico “12 stulev”, dos jornalistas Ilia Ilf e Evgueny Petrov. O livro foi publicado em 1928, na implantação da Nova Política Econômica (NEP), que introduzia práticas capitalistas na URSS, reverberando na história uma série de equívocos e acontecimentos burlescos, como a centralização do poder e o acúmulo de riqueza – fatos vistos no filme vieram de casos verídicos sobre empresários trapaceiros, cujos dados foram levantados pelos autores quando trabalharam em jornais da época. Ou seja, o fio condutor apresenta eventos possivelmente reais.
Dividido em duas partes, a comédia trata da ganância e do individualismo, dois temas cada vez mais apropriados para estudar o ser humano em sociedade. Na história, um homem de vida miserável se corrompe para encontrar as joias da falecida sogra, escondida em uma cadeira sabe-se lá aonde. Ele e um amigo dão golpes, mentem e criam situações favoráveis para obter as pedras, mesmo que tenham de passar a perna nos outros.
Célebre na União Soviética, o filme abriga técnicas cinematográficas brilhantes: há uma mistura do colorido ao preto-e-branco e sequências em ritmo acelerado, como se assistíssemos a um desenho animado.
Até agora houve 20 versões de “12 stulev”, rodadas em diversos países, como as norte-americanas “Está no papo” (1945, com Don Ameche) e a de Mel Brooks com um título horroroso, “Banzé na Rússia” (1970), incluindo ainda a chanchada brasileira “Treze cadeiras” (1957, com Oscarito), além de adaptações em Cuba, Suécia, Polônia, Alemanha e Irã. Esta soviética de 1971 é a mais famosa e a melhor, dirigida pelo siberiano Leonid Gayday (1923-1993), um verdadeiro mestre do humor, superpopular na Rússia – é dele outra obra-prima do gênero, “Braço de diamante” (1969). Suas comédias venderam mais de 600 milhões de ingressos na URSS, quebrando recordes de público.
Legal também é a trilha sonora, do compositor Aleksandr Zatsepin (1926-), parceiro de trabalho de Gayday - juntos realizaram uma dezena de filmes.
Licenciada pela Mosfilm, “12 cadeiras” teve distribuição em DVD no Brasil pela CPC-Umes Filmes na série “Cinema Soviético”. Oportunidade única de assistir à cópia integral e restaurada dessa Magnum opus da comédia soviética.

12 cadeiras (12 stulev). URSS, 1971, 162 min. Comédia. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Leonid Gayday. Distribuição: CPC-Umes Filmes



* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de maio/junho de 2018


Resenha Especial


A menina do outro lado da rua

Numa pequena cidade no estado canadense de Quebec, a garota Rynn Jacobs (Jodie Foster), de 13 anos, mora sozinha no casarão alugado pelo pai. Mente sobre seu passado, vira alvo de maus-tratos cometidos pela proprietária da casa, Sra. Cora Hallet (Alexis Smith), e passa a ser aliciada pelo filho desta mulher, um homem mais velho, o sádico Frank Hallet (Martin Sheen). O que ninguém desconfia é que ela guarda um segredo aterrador.

Tornou-se cult por excelência este filme setentista de mistério e suspense psicológico, um dos mais intrigantes do cinema e um dos meus preferidos, com Jodie Foster no início de carreira, bem garotinha, na época com 13 anos. Ela interpreta a menina enigmática do título, que vive isolada numa casa grande, sem contato com a família. Diz ter pai, que ele é poeta, está trancado no quarto escrevendo (ou descansando), mas nunca o vemos. Conta mentiras sobre a idade para parecer mais velha, tem atritos com a dona da casa, uma mulher intragável e violenta (papel marcante de grande atriz Alexis Smith) e é seduzida pelo filho dela, um sádico que tortura animais, apontado pela comunidade como pedófilo (Martin Sheen, em aparição rápida, mas especial). Rynn adota uma vida independente, como de adulto, porém dúbia, cercada por mistério e com comportamentos estranhos, a ponto de não revelar seu segredo nem para o novo namoradinho com quem está saindo.
Numa linha tênue entre o suspense e o terror, o filme cria um clima próprio, obscuro e angustiante, para também discutir um tema polêmico, a pedofilia (em plenos anos 70). Tudo o que assistimos saiu das páginas do livro que deram origem a este cult movie, um best seller mundial de Laird Koenig traduzido no Brasil para “A menina do fim da rua” (de 1973). O autor adaptou o romance para um roteiro, filmado com precisão pelo diretor húngaro Nicolas Gessner, seu trabalho mais importante – é dele também a fita policial com Charles Bronson “Alguém atrás da porta” (1971). Quando um escritor é contratado para adaptar a sua obra original como roteiro para cinema, há garantia de manter e fidelizar os elementos centrais da história, como aqui.
Rodado em Quebec, Canadá, e no estado de Maine, EUA, o filme traz uma interpretação particularmente boa de Jodie Foster, novinha de tudo. Neste mesmo ano, 1976, ela havia feito três outras produções notórias – as comédias “Quando as metralhadoras cospem” e “Um dia muito louco” e a obra máxima do cinema “Taxi driver”, ao lado de Robert De Niro, pelo qual recebeu a primeira indicação ao Oscar, de atriz coadjuvante.
Inédito em DVD, saiu agora em cópia restaurada pela Obras-Primas do Cinema, com bons extras.

A menina do outro lado da rua (The little girl who lives down the lane). França/Canadá, 1976, 91 min. Suspense. Colorido. Dirigido por Nicolas Gessner. Distribuição: Obras-Primas do Cinema

* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de maio/junho de 2018



segunda-feira, 4 de junho de 2018

Nota do Blogueiro


"Tendo cumprido a formalidade do visto, Phileas Fogg voltou a bordo para retomar sua partida interrompida. Passepartout, como era de hábito, ficou passeando em meio a essa população de somalis, banians, pársis, judeus, árabes e europeus, que compunha os 25 mil habitantes de Aden. Ele admirou as fortificações da cidade como se fosse a Gibraltar do mar das Índias, e as magníficas cisternas, nas quais engenheiros ingleses trabalhavam ainda, dois mil anos após os engenheiros rei Salomão".
Trecho de "A volta ao mundo em 80 dias", famoso livro de aventuras escrito pelo francês Julio Verne em 1873, e que acaba de ganhar uma linda edição brasileira pela editora Martin Claret (2018, 348 páginas, tradução de Maria José Rodrigues). A obra inspirou uma geração de escritores, conta a fantástica história de um nobre inglês chamado Phileas Fogg que, com a ajuda do fiel escudeiro Passepartout, resolvem viajar ao redor do mundo. Repleto de aventuras exuberantes e descobertas culturais, o livro originou versões para o cinema, dentre elas a de 1956, ganhadora do Oscar de melhor filme (com David Niven e Cantinflas nos papéis centrais). Já nas livrarias! Obrigado, Mayara e equipe da @editoramartinclaret, pelo exemplar.




sábado, 2 de junho de 2018

Cine Lançamento


O mar de árvores

Em forte crise pessoal, o professor universitário Arthur Brennan (Matthew McConaughey) viaja ao Japão com destino à floresta de Aokigahara, um lugar misterioso onde pessoas do mundo inteiro vão para cometer suicídio. Vagando entre os caminhos de árvores, prestes a se matar, ele encontra um homem ferido, Takumi Nakamura (Ken Watanabe), que não consegue achar a saída da floresta. Enquanto presta ajuda a Nakamura, Brennan recorda o passado conflituoso com a esposa alcoólatra, Joan (Naomi Watts). Juntos, tentam se reconectar à vida.

Poderoso drama contemplativo dirigido por Gus Van Sant, recebido, vai entender, sob vaias em Cannes em 2015 (o filme foi indicado à Palma de Ouro, e não entendi o motivo de tamanha falta de sensibilidade do público, pois a fita é bem realizada, carrega uma poesia que toca o coração de qualquer indivíduo). É uma bonita (e bem triste) história de amor, redenção, encontros e reconciliação, sobre um professor americano (Matthew McConaughey, excelente) que, em crise, pretende cometer suicídio, viajando até uma floresta enigmática conhecida por abrigar suicidas. Realmente o local existe no Japão; Aokigahara (que significa “Mar de árvores”, pela quantidade infinita de árvores) ocupa 35 quilômetros quadrados, fica cravado nos pés do Monte Fuji, na zona rural de Yamanashi, e esconde um lado místico, de lendas japonesas milenares. No útero da floresta, o professor deverá encontrar a redenção depois de uma vida tumultuada com a esposa viciada em álcool, extremamente agressiva (Naomi Watts aparece pouco, apenas em flashbacks, num personagem marcante). Todavia, seus planos de morte não se concretizam porque encontra um suicida ferido, o japonês Nakamura, que vaga com pouca memória, atordoado querendo encontrar a saída (o bom Watanabe, contido, com poucas falas, que ganha destaque ao longo da história).
Pelas palavras do personagem Nakamura, aquela floresta é um purgatório na terra, cheia de almas que andam em busca da passagem para outro plano, considerado um lugar poderoso que atrai fortes energias. O professor não acredita, e nasce um ponto para discutir o choque de culturas – o descrente versus o convicto. Postas as diferenças de lado, os dois desconhecidos iniciam uma jornada espiritual de entendimentos sobre a vida e as circunstâncias, cada qual com seus problemas pessoais relacionados à família, tentando apoio num momento de “morte em vida”. O desfecho emociona (menos em Cannes), resultando num poético trabalho cinematográfico que serve de aprendizado, sensível na condução narrativa, para encararmos as descobertas da vida e fazermos uma análise da nossa própria existência.
Apresenta um ar filosófico, fortalecido por técnicas sensoriais de gravação, com pormenores e close up, além da fotografia enriquecedora, com adoração à natureza e realces ao verde e ao azul claro (a cor blue remete à tristeza), pouco som e uma delicada trilha sonora instrumental de música japonesa e sinos.
Com referências a mitos do Japão, parece bastante com o premiado “A balada de Narayama” (1983), cult japonês também de cunho existencial sobre uma antiga comunidade cujos idosos subiam as montanhas geladas para morrerem sozinhos no pico.
Rodado na região do Monte Fuji e em locações no estado de Massachusetts, “O Mar de Árvores” teve o interessante roteiro assinado por Chris Sparling, o mesmo do claustrofóbico e original “Enterrado vivo” (2010).
Retomo: não entendi os motivos de desprezo pelo filme em Cannes, o público do festival sofre de caretice, exige demais. Fico entristecido também em saber que poucas pessoas assistiram nos cinemas (vasculhando os dados, a bilheteria foi fraca nos lugares de exibição no exterior). Nós, brasileiros, temos agora a chance de assisti-lo em DVD, em cópia lançada pela Sony Pictures meses atrás (sem extras, apenas trailers). Conheçam esta pequena grande obra filosófica.

O mar de árvores (The Sea of Trees). EUA, 2015, 110 min. Drama. Colorido. Dirigido por Gus Van Sant. Distribuição: Sony Pictures

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Cine Lançamento


Elle

Michèle Leblanc (Isabelle Huppert), gerente de uma empresa que produz jogos para videogame, é estuprada dentro de casa por um criminoso mascarado. Egoísta e dotada de uma ironia cruel em seus posicionamentos, procura formas de se proteger, sem se deixar afetar pelo que ocorreu. Dia após dia passa a receber mensagens de ameaça no celular, que acredita ser do estuprador, mas não procura a polícia. Poderá Michèle ser atacada de novo?

Intrigante thriller erótico de um dos peritos do assunto, o veterano cineasta holandês Paul Verhoeven, de “Instinto selvagem” (1992). Deu o que falar seu novo filme, uma obra cult indispensável e de vanguarda, protagonizado pela exuberante Isabelle Huppert. Ela recebeu indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro de atriz por este complexo personagem (de perfeito encaixe à Miss Huppert), uma anti-heróina perversa e sedutora.
Abre com a cena de estupro da empresária Michèle Leblanc (Isabelle Huppert), atacada em casa, cuja única testemunha é o gato de estimação. Ela não se abala e conta o ocorrido naturalmente aos amigos e ao ex-marido, sem se colocar como vítima (esta é a fortaleza da personalidade de Michèle, mulher indestrutível, que recusa ser vista com vítima). Aos poucos somos impactados pelas ações, comportamentos e pensamentos dela: a empresária trata as pessoas com frieza, mantém autoridade sem limites, escolhe amantes diferentes por dia, cria conflitos com a mãe idosa que sai com garotões e fica atraída por um vizinho recém-chegado, charmoso, porém casado, de nome Patrick (Laurent Lafitte). Michèle vira voyeur, observa os passos do vizinho, e enquanto tudo isto se desenrola, é atormentada por mensagens no celular, possivelmente do estuprador – em vários momentos do dia a ação do estupro baterá na mente dela, assim como maneiras que poderia ter lidado na hora do crime. Não bastasse isto tudo, guarda um segredo monstruoso de infância, relacionado ao pai, um psicopata hoje detido na prisão. Até que as coisas fogem do controle.
Nada é o que parece. Para contar essa provocadora história, Verhoeven optou pelo caminho menos convencional; misturou suspense ao erotismo (a classificação indicativa é de 16 anos) e resfriou o caldo com um humor ácido inundado de ironias e situações ambíguas que contrapõe aspectos sombrios da trama com o realismo dos fatos. Subverteu a narrativa. Deixou o foco nas relações humanas complexas e desfalcadas, dando voz a personagens com muitas camadas. E deu atenção especial à forte protagonista, que gera dúvida sobre sua índole; Michèle reúne argumentos feministas que desconstroem a visão da mulher do século XX. Verhoeven é uma potência criativa! Pode abalar até os menos sensíveis esta obra autoral de prestígio, baseada no tórrido romance do francês Philippe Djian, escritor de “Betty Blue” (1986).
“Elle” (que significa “ela”, em francês”) foi exibido na 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde vi pela primeira vez, e saiu há três meses em DVD pela Sony Pictures, numa edição boa, com extras especiais (na revisão, gostei mais).
Indicado à Palma de Ouro em Cannes, também concorreu ao Bafta e ao Globo de Ouro de filme estrangeiro (a produção é França, Alemanha e Bélgica). Estrela em ascensão, Isabelle Huppert brilha como ouro e nos desconcerta com esse papel fantástico (que bom que pelo menos a Academia reconheceu o talento da atriz francesa, de 65 anos, dando a ela uma indicação ao Oscar em 2017).
“Elle” comprova o genuíno talento de Paul Verhoeven, que em julho completará 80 anos de idade e seis décadas de carreira, criador de fitas eletrizantes de ficção científica, como “RoboCop – O policial do futuro” (1987), “O vingador do futuro” (1990) e “Tropas estelares” (1997).

Elle (Idem). França/Alemanha/Bélgica, 2016, 131 min. Suspense. Colorido. Dirigido por Paul Verhoeven. Distribuição: Sony Pictures