sexta-feira, 8 de junho de 2018

Cine Lançamento


Blade Runner 2049

O agente K (Ryan Gosling), um blade runner da Polícia de Los Angeles, descobre uma caixa enterrada durante uma investigação criminal. Dentro dela a ossada de uma mulher, que remonta fatos ocorridos 30 anos antes envolvendo o ex-caçador de androides Rick Deckard (Harrison Ford), hoje escondido em algum lugar do mundo. Para entender o caso, K sai à procura de Deckard, enfrentando, no caminho, replicantes assassinos.

O filme de ficção científica mais aguardado dos últimos anos, excepcional na concepção gráfica, uma obra de mestre do visionário cineasta Denis Villeneuve. Sem dúvida a continuação de “Blade runner – O caçador de androides” (1982) é um dos trabalhos mais impressionantes do cinema, que agitou a crítica mundial e surpreendeu o público, com mil motivos para isto tudo. Quem perdeu nos cinemas tem a chance de vibrar com a explosiva cópia em DVD ou bluray.
A história se passa novamente em Los Angeles, num futuro apocalíptico, agora no ano de 2049, exatas três décadas depois dos acontecimentos do primeiro filme. A degradação ambiental destroçou o planeta Terra enquanto a tecnologia cibernética substituiu o homem em suas tarefas. Há superpopulação nas cidades, a poluição ambiental tornou-se fatal e a escassez de alimentos elevou o número de mortos. Nessa conjuntura a poderosa empresa de Engenharia Genética Tyrell criou cópias perfeitas de humanos, chamados de replicantes, destinados para o trabalho forçado em outros planetas – a maioria são escravos, proibidos de viver na Terra. Eles colonizam espaços interplanetários, abrindo lugares para serem habitados. A Tyrell então lança uma novidade tecnológica, uma linha moderna de replicantes, obedientes, com implante de memórias fabricadas para gerar nesses robôs um sentido de vida – pela lógica do filme, se os replicantes possuem memórias autênticas, desenvolvem emoções e reações verdadeiras próximas a dos humanos. Um dos caçadores de replicantes, K, vaga em seu carro com a missão de “aposentar” modelos antigos de replicantes e procura também razões para a existência. Ele é uma dessas criações robóticas, recém-designado para investigar uma misteriosa caixa com ossos de uma mulher. O caso o leva até o ex-blade runner Rick Deckard, foragido há trinta anos, e K sai em busca do seu paradeiro. Só Deckard possui a chave para resolver o enigma que envolve a origem dos replicantes. Mas nada será fácil para o agente solitário, emboscado a todo minuto por um grupo de replicantes mercenários, assassinos de primeira classe.
Na linha futurista do anterior (uma obra-prima de Ridley Scott), o trabalho ímpar de Denis Villeneuve prossegue com a visão distópica do mundo, numa época mais sombria e assustadora, reforçando uma sociedade individualista, sufocada em arranha-céus, em que os humanos vivem de máscara, pois a poluição se tornou letal e deixou o céu escuro de dia. Tão bruta quanto é a tecnologia, hiperavançada, com carros voadores invadindo a Grande Los Angeles, responsável em redesenhar a inteligência artificial, sobrepondo-a aos humanos, com a possibilidade de convívio com pessoas holográficas (elas servem até para prazeres sexuais).
Nesse caos pertinente para amplas discussões, o filme atesta fatos que no primeiro ficaram subentendidos sobre os personagens. Assim como no anterior, e também no livro de Philip K. Dick “Androides sonham com ovelhas elétricas”, que inspiraram os dois “Blade Runner”, volta-se a questionar pontos filosóficos sobre a existência humana com sobriedade: de onde viemos e quanto tempo ainda temos na Terra, além do poder da memória. Com viés científico, traz diálogos sobre a expansão das fronteiras da ciência cuja dimensão provoca o desequilíbrio do ecossistema, favorecido pelas intervenções humanas sem limites. Já vivemos parte disto. E será que daqui a 30 anos veremos o restante do que o filme apresenta?
O processo de criação desse filmaço saiu dos esboços mentais de um dos diretores mais criativos da última década, o canadense Denis Villeneuve, de “Sicário: Terra de ninguém (2015)” e “A chegada” (2016), que realizou um feito cinematográfico único com união de uma equipe de primeira linha: Villeneuve reuniu de novo um velho parceiro, o diretor de fotografia Roger Deakins, que em sua 14ª indicação ao Oscar ganhou a primeira estatueta por este trabalho impressionante, e o designer de produção Dennis Gassner, também indicado ao Oscar pelo filme. Deakins e Gassner, a pedido de Villeneuve, utilizaram o mínimo de green screen (fundo verde) optando por locações e sets de filmagens gigantescos – por isso há tantas texturas, várias cidades de arquiteturas diferenciadas serviram para a base da obra, como Hungria, México, Islândia e Espanha. Misturaram cores fortíssimas, tanto quentes quanto frias, numa escala visual absurda de neon, azuis, vermelhos e alaranjados.
O elenco, um tiro certo. Ryan Gosling lidera com uma performance enigmática, atrelado por participações marcantes de Sylvia Hoeks, Jared Leto, Dave Bautista, Robin Wright e Ana de Armas, além de dois atores do primeiro Blade Runner, Edward James Olmos e, claro, Harrison Ford, que só aparece da metade pra frente, numa participação aguardada por todos.
“Blade runner 2049” é para assistir duas, três, quatro vezes. A beleza plástica, a direção, a trilha sonora, a narrativa e a história nos convidam para uma revisão. Que obra esplêndida! Enobrece o anterior, realça os detalhes, nos deixa atônitos.
Ganhou dois Oscars (melhor fotografia e efeitos visuais) e indicado a outros três (edição de som, mixagem de som e design de produção), e venceu dois Bafta (fotografia e efeitos). Assisti no cinema, revi em Bluray semana passada e logo vou colocar play de novo. No balanço de 2017 entrou na minha lista dos melhores do ano.
Uma dica: se gostar do filme e quiser afinar seus entendimentos sobre a história, assista aos bons extras (tanto do DVD quanto do Bluray). Saiu em versões em DVD, em Bluray e em steelbook com disco duplo, com mais bônus. Merece atenção nos extras os três curtas-metragens dirigidos por três cineastas a convite de Denis Villeneuve, na verdade prólogos, cujos enredos mostram eventos ocorridos entre 2019 e 2049, ou seja, entre o novo e o velho Blade Runner. Um é o anime de Shinichirô Watanabe, “Blade Runner: Black out 2022” e os outros dois foram criados por Luke Scott, “2036: Nexus dawn”, com Jared Leto, e “2048: Nowhere to run”, focando no personagem de Dave Bautista.

Blade Runner 2049 (Idem). EUA/Reino Unido/Hungria/Canadá, 2017, 163 min. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Denis Villeneuve. Distribuição: Sony Pictures



2 comentários:

Unknown disse...

Nunca pensei que Ryan Gosling pudesse desempenhar um papel dramático de uma maneira excelente. A história de K toca completamente com o espectador. Na minha opinião, Blade Runner foi um dos melhores filmes ficção cientifica que foi lançado. filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Adorei está história, por que além das cenas cheias de drama e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem.

Felipe Brida disse...

Olá, Fernanda. Obrigado pelo comentário. Continue acessando o blog e escrevendo nos textos e posts. Abraços :)