segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Resenha Especial


Gatinhas e gatões

Em estado de pura tensão, Samantha Baker (Molly Ringwald) se prepara para completar 16 anos. Para ela, a sorte passa longe em todos os aspectos de sua vida: é apaixonada por um rapaz que não corresponde, o foco da família está em sua irmã que irá se casar, os pais são desligados e os colegas da escola, esquisitos. Diante de um mundo que conspira contra ela, Samantha sobreviverá a esse turbilhão de sentimentos e situações?

Comédia adolescente extrovertida escrita e dirigida por John Hughes, papa do gênero e do diálogo com o mundo teen, que retrata com perfeição e entusiasmo a cultura pop oitentista, assim como o sentido da vida para os jovens da época. Engraçado, com pitadas dramáticas, o filme marcou gerações, influenciou cineastas, abriu escola e virou um emblema cinematográfico, exibido infinitas vezes na Sessão da Tarde.
Estreando na direção, Hughes (1950-2009) aproxima-se, com detalhes pontuais, da febre dos 16 anos, sob a perspectiva de uma garota comum americana que explode em dilemas. Ela caminha para a fase crucial de amadurecimento, não consegue equilibrar as emoções, enfrentando assim problemas em casa e na escola. Procura um lugar ao sol, busca atenção, carinho e afeto, e quer se tornar uma mulher logo – mas para isto precisará provar o gostinho do fracasso, dos medos, das frustrações.
Na bolha do mundinho adolescente em que Samantha reside, os amigos mais próximos seguem no mesmo barco: assim como ela, são os “patinhos feios” da turma, jovens com espinhas, óculos e aparelhos nos dentes, com dificuldade de concentração nos estudos, mais atentos a xavecos no corredor, quase sempre com paqueras malsucedidas - e até arriscam um beijo desastroso na balada. Todos, conforme o relógio da vida, terão um longo caminho pela frente para saltarem à idade adulta.
Hughes apropriou-se bem das picardias estudantis para realçar o mundo teenager dos anos 80, talvez o diretor que melhor falou disto. Logo depois faria três de seus maiores sucessos, com a mesma pegada e discussão, exibidos sem fim na TV aberta – “Clube dos cinco” (1985), “Mulher nota 1000” (1985) e “Curtindo a vida adoidado” (1986).
Atriz recorrente de seus filmes, Molly Ringwald (de “Clube dos cinco” e “A garota de rosa-shocking”, este somente escrito por Hughes) sumiu das telas por um período e recentemente voltou a aparecer em seriados e longas menores, como o recente drama “King Cobra” (2016). Em “Gatinhas e gatões” chama a atenção a participação especial de atores de clássicos do Sétima Arte em rápidos desfiles cômicos, como Max Showalter, Carole Cook, Billie Bird e Edward Andrews.
Foi relançado há alguns meses com capa diferenciada, numa linha criativa intitulada pela Universal de “pop”, com arte bem bacana, juntamente com quatro outros títulos: “Clube dos cinco”, “Orgulho & preconceito”, “Mamma mia!” e “Psicose”. Sem extras.


Gatinhas e gatões (Sixteen candles). EUA, 1984, 92 min. Comédia. Dirigido por John Hughes. Distribuição: Universal

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