Gatinhas e gatões
Em
estado de pura tensão, Samantha Baker (Molly Ringwald) se prepara para completar
16 anos. Para ela, a sorte passa longe em todos os aspectos de sua vida: é
apaixonada por um rapaz que não corresponde, o foco da família está em sua irmã
que irá se casar, os pais são desligados e os colegas da escola, esquisitos. Diante
de um mundo que conspira contra ela, Samantha sobreviverá a esse turbilhão de
sentimentos e situações?
Comédia
adolescente extrovertida escrita e dirigida por John Hughes, papa do gênero e
do diálogo com o mundo teen, que retrata com perfeição e entusiasmo a cultura
pop oitentista, assim como o sentido da vida para os jovens da época. Engraçado,
com pitadas dramáticas, o filme marcou gerações, influenciou cineastas, abriu
escola e virou um emblema cinematográfico, exibido infinitas vezes na Sessão da
Tarde.
Estreando
na direção, Hughes (1950-2009) aproxima-se, com detalhes pontuais, da febre dos
16 anos, sob a perspectiva de uma garota comum americana que explode em dilemas.
Ela caminha para a fase crucial de amadurecimento, não consegue equilibrar as
emoções, enfrentando assim problemas em casa e na escola. Procura um lugar ao
sol, busca atenção, carinho e afeto, e quer se tornar uma mulher logo – mas para
isto precisará provar o gostinho do fracasso, dos medos, das frustrações.
Na
bolha do mundinho adolescente em que Samantha reside, os amigos mais próximos seguem
no mesmo barco: assim como ela, são os “patinhos feios” da turma, jovens com
espinhas, óculos e aparelhos nos dentes, com dificuldade de concentração nos
estudos, mais atentos a xavecos no corredor, quase sempre com paqueras malsucedidas
- e até arriscam um beijo desastroso na balada. Todos, conforme o relógio da
vida, terão um longo caminho pela frente para saltarem à idade adulta.
Hughes
apropriou-se bem das picardias estudantis para realçar o mundo teenager dos
anos 80, talvez o diretor que melhor falou disto. Logo depois faria três de
seus maiores sucessos, com a mesma pegada e discussão, exibidos sem fim na TV
aberta – “Clube dos cinco” (1985), “Mulher nota 1000” (1985) e “Curtindo a vida
adoidado” (1986).
Atriz
recorrente de seus filmes, Molly Ringwald (de “Clube dos cinco” e “A garota de
rosa-shocking”, este somente escrito por Hughes) sumiu das telas por um período
e recentemente voltou a aparecer em seriados e longas menores, como o recente drama
“King Cobra” (2016). Em “Gatinhas e gatões” chama a atenção a participação especial
de atores de clássicos do Sétima Arte em rápidos desfiles cômicos, como Max
Showalter, Carole Cook, Billie Bird e Edward Andrews.
Foi
relançado há alguns meses com capa diferenciada, numa linha criativa intitulada
pela Universal de “pop”, com arte bem bacana, juntamente com quatro outros títulos:
“Clube dos cinco”, “Orgulho & preconceito”, “Mamma mia!” e “Psicose”. Sem
extras.
Gatinhas e gatões (Sixteen candles). EUA,
1984, 92 min. Comédia. Dirigido por John Hughes. Distribuição: Universal
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