O fascismo de todos os dias
Ascensão
e queda do Nazi-Fascismo contada com criatividade neste importante documentário
soviético.
E
para a comemoração dos cinéfilos sai em DVD no Brasil mais um incrível filme da
série ‘Cinema Soviético’, distribuído pela CPC-Umes Filmes, numa cópia muito
boa. Produzido pela Mosfilm, este documentário histórico de 1965 faz uma
revisão cautelosa e dramática do surgimento do Nazismo e do Fascismo no mundo,
com imagens impressionantes de Benito Mussolini e Adolf Hitler flagrados em
caretas e discursos cabulosos, intercaladas com registros de “hoje” (no caso, o
hoje era 1965), de como as pessoas encaravam o cotidiano após a guerra. Todo o
material utilizado veio do Ministério de Propaganda do III Reich, outros da
coleção particular de Hitler e muitos capturados de soldados alemães da SS,
para remontar temas tétricos cruciais da Segunda Guerra Mundial, como o
genocídio dos judeus, o ideal do Arianismo e a alienação das massas pelo regime
totalitário. Perceba que a narração ácida e extasiante, feita pelo próprio
diretor, Mikhail Romm, em seu penúltimo trabalho no cinema, é pontuada com
comentários cínicos, ora com comicidade ora com duplos sentidos, numa
construção cabalmente inusitada, daí a alta criatividade desse filme soviético.
Dividido
em duas partes com uma gama incontável de capítulos entre eles, o doc mantém-se
atual e deflagra reflexões constantes do dia a dia, sobre abuso de autoridade,
preconceito, idolatrias em excesso, individualismo, censura e poder sem
mensuração. Uma obra inigualável, para ser assistida com urgência, revista e
discutida.
O fascismo de todos os dias (Obyknovennyy fashizm). URSS, 1965,
130 min. Documentário. PB. Dirigido por Mikhail Romm. Distribuição: CPC-Umes
Filmes
* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de outubro/novembro de 2017.
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