Testes
nucleares no Ártico conduzidos pelo Exército americano despertam um perigoso dinossauro
que hibernava há centenas de anos. A criatura segue pelo mar em direção à costa
para se alimentar de carne, o que poderá causar destruição nas cidades. Alertados
do iminente caos, o professor Tom Nesbitt (Paul Hubschmid) ao lado do veterano
paleontólogo Thurgood Elson (Cecil Kellaway) mobilizará o máximo de pessoas
para barrar o dinossauro.
Produzido
pela Warner Bros em 1953, “O monstro do mar” é uma legítima fita de ficção
científica nos padrões da época de ouro do cinema americano. Eletrizante desde
o fantástico início no gelo (gravado em cenários bem realistas), foi enorme
sucesso de público nos Estados Unidos – custou U$ 210 mil e teve U$ 5 milhões
de bilheteria! Historiadores do cinema apontam a fita como precursora do
Godzilla, pois o filme japonês realizado um ano depois trouxe história
parecida, inclusive na forma como o monstro desperta (por testes nucleares),
além do aspecto jurássico da criatura (aqui ele anda com as quatro patas, como
um réptil, diferente do Godzilla). O responsável por dar vida ao dinossauro de
“O monstro do mar” foi o famoso novelista Ray Bradbury (1920-2012), o mago dos
contos fantásticos de scifi, muitos deles transformados em produtos de cinema e
TV. E ele não cria nada casual. Do despertar da criatura no Ártico ao
grand-finale no parque de diversões acompanhamos, atônitos, a luta “do bem
contra o mal”, do homem racional contra a besta destruidora, um dos “yin-yang”
dos primórdios da humanidade. O homem, dotado de inteligência e força, desperta
o bicho em seu habitat natural e ele mesmo têm de eliminar o problema, movido
ao ímpeto da evolução das máquinas, da guerra, do poderio bélico, na base do
capitalismo mais selvagem que possamos testemunhar. Na linha do Godzilla, o
filme provoca uma reflexão de assuntos experimentados na pele na atualidade, e
se trocarmos a perseguição do monstro por símbolos contemporâneos, vê-se, por
exemplo, o consumo desmedido em busca do fator ‘poder/status’. Realço, devido à
importância desse teor por trás da obra, não a assista com uma visão simplista.
Quem
procura um entretenimento do cinema antigo, inteligente, movimentado,
aproxime-se dessa boa oportunidade, que acaba de sair em DVD no Brasil em cópia
restaurada, na caixa “Godzilla Origens”, que reúne também o clássico japonês
“Godzilla” (1954) e “Godzilla, o rei dos monstros!” (1956), além de extras
imperdíveis e cards especiais.
A
direção é do ucraniano Eugène Lourié (1903–1991), que dirigiu pouco, mais
lembrado como diretor de arte de dezenas de filmes nos anos 30, 40 e 50, e os efeitos especiais foram assinados pelo estreante Ray Harryhausen, que logo se tornaria um dos papas dos efeitos visuais, de vários filmes de Simbad (entre as décadas de 50 e 70) e "Fúria de titãs" (1981).
O
monstro do mar (The beast from 20,000 fathoms). EUA, 1953, 79 min. Ficção
científica/Ação. Preto-e-branco. Dirigido por Eugène Lourié. Distribuição:
Obras-primas
* Publicado na coluna "Middia Cinema", da revista Middia - edição fevereiro/marco de 2016
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