quarta-feira, 24 de abril de 2013

Resenha



O morro dos ventos uivantes

Yorkshire, Inglaterra, século XIX. A bela Catherine Earnshaw (Juliette Binoche) apaixona-se violentamente pelo irmão adotivo, Heathcliff (Ralph Fiennes). Proibidos de manterem um relacionamento por questões óbvias, marcam encontros escondidos em uma distante colina conhecida como “Morro dos ventos uivantes”. Heathcliff vive no mesmo casarão que Catherine, e quando o pai deles morre, começa a ser destratado pelo outro irmão. Catherine, por sua vez, esquiva-se do namoro; ama demais o irmão adotivo, porém acredita que ali há um futuro incerto se casarem. Inicia então um novo relacionamento, às escuras, com Edgar Linton (Simon Sheperd), um homem rico e de boa fama. Heathcliff descobre a situação e, mais uma vez humilhado, foge sem deixar rastro. Quase 20 anos depois retorna para se vingar da família Earnshaw.

“O morro dos ventos uivantes” teve dezenas de adaptações para o cinema desde a década de 30. As versões de 1939, de William Wyler, e esta de 1992, de Peter Kosminsky, sempre foram consideradas pela crítica como as que melhor invadem o universo sombrio do notório romance de Emily Brontë – a grande diferença é que a antiga narra apenas a primeira parte da história (o relacionamento de Heathcliff com Catherine Earnshaw) enquanto a outra retrata também a segunda parte, o retorno do atormentado Heathcliff e o encontro dele com Cathy Linton, filha de Catherine Earnshaw.
Não é tarefa fácil transportar para o cinema essa cruel história de paixão, devido aos meandros das páginas de Brontë, o único livro da escritora britânica e um clássico da literatura. Por questões de redirecionamento e edição do texto, perdem-se detalhes da segunda parte do livro, justamente os conflitos mais intensos e devastadores na vida dos personagens. Por isso prefiro a metade inicial, o romance incondicional e proibido do cigano Heathcliff com a irmã adotiva Catherine – Ralph Fiennes e Juliette Binoche, no começo de carreira, marcam bem os pontos de amor e ódio do casal, e ela ainda interpreta papel duplo, retornando depois como Cathy Linton.
Somos conduzidos por uma força centrípeta ao fantasmagórico morro dos ventos uivantes por causa do soberbo clima sombrio que conseguiram dimensionar a essa versão, ajudada também pela trilha sonora do impecável Ryuchi Sakamoto, dedilhada e intimista.
Perceba que não há como torcer para os protagonistas. Sem devoção, Catherine arruína a vida de Heathcliff, por quem não poderia se apaixonar – e como isso aconteceu, deveria ter levado adiante o romance e não traí-lo. Já Heathcliff é o típico herói byroniano, de caráter vingativo e que de tanto amar destrói quem o cerca e a si próprio.
Rodado em locações da esplêndida paisagem rural da Yorkshire inglesa, o filme sai em DVD em nova embalagem, na coleção ‘Clássicos Paramount’, acompanhado de imã de geladeira e pôster. Por Felipe Brida

O morro dos ventos uivantes (Wuthering heights). EUA/ Inglaterra, 1992, 105 min. Drama. Dirigido por Peter Kosminsky. Distribuição: Paramount

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