Yorkshire,
Inglaterra, século XIX. A bela Catherine Earnshaw (Juliette Binoche) apaixona-se
violentamente pelo irmão adotivo, Heathcliff (Ralph Fiennes). Proibidos de manterem
um relacionamento por questões óbvias, marcam encontros escondidos em uma
distante colina conhecida como “Morro dos ventos uivantes”. Heathcliff vive no
mesmo casarão que Catherine, e quando o pai deles morre, começa a ser
destratado pelo outro irmão. Catherine, por sua vez, esquiva-se do namoro; ama
demais o irmão adotivo, porém acredita que ali há um futuro incerto se casarem.
Inicia então um novo relacionamento, às escuras, com Edgar Linton (Simon
Sheperd), um homem rico e de boa fama. Heathcliff descobre a situação e, mais
uma vez humilhado, foge sem deixar rastro. Quase 20 anos depois retorna para se
vingar da família Earnshaw.
“O
morro dos ventos uivantes” teve dezenas de adaptações para o cinema desde a
década de 30. As versões de 1939, de William Wyler, e esta de 1992, de Peter
Kosminsky, sempre foram consideradas pela crítica como as que melhor invadem o
universo sombrio do notório romance de Emily Brontë – a grande diferença é que
a antiga narra apenas a primeira parte da história (o relacionamento de
Heathcliff com Catherine Earnshaw) enquanto a outra retrata também a segunda
parte, o retorno do atormentado Heathcliff e o encontro dele com Cathy Linton,
filha de Catherine Earnshaw.
Não
é tarefa fácil transportar para o cinema essa cruel história de paixão, devido
aos meandros das páginas de Brontë, o único livro da escritora britânica e um
clássico da literatura. Por questões de redirecionamento e edição do texto,
perdem-se detalhes da segunda parte do livro, justamente os conflitos mais
intensos e devastadores na vida dos personagens. Por isso prefiro a metade
inicial, o romance incondicional e proibido do cigano Heathcliff com a irmã
adotiva Catherine – Ralph Fiennes e Juliette Binoche, no começo de carreira,
marcam bem os pontos de amor e ódio do casal, e ela ainda interpreta papel
duplo, retornando depois como Cathy Linton.
Somos
conduzidos por uma força centrípeta ao fantasmagórico morro dos ventos uivantes
por causa do soberbo clima sombrio que conseguiram dimensionar a essa versão,
ajudada também pela trilha sonora do impecável Ryuchi Sakamoto, dedilhada e
intimista.
Perceba
que não há como torcer para os protagonistas. Sem devoção, Catherine arruína a
vida de Heathcliff, por quem não poderia se apaixonar – e como isso aconteceu,
deveria ter levado adiante o romance e não traí-lo. Já Heathcliff é o típico
herói byroniano, de caráter vingativo e que de tanto amar destrói quem o cerca
e a si próprio.
Rodado
em locações da esplêndida paisagem rural da Yorkshire inglesa, o filme sai em
DVD em nova embalagem, na coleção ‘Clássicos Paramount’, acompanhado de imã de
geladeira e pôster. Por Felipe Brida
O morro dos ventos uivantes (Wuthering heights). EUA/
Inglaterra, 1992, 105 min. Drama. Dirigido por Peter Kosminsky. Distribuição:
Paramount
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