Com
a morte do rei, sua esposa, a rainha (Julia Roberts), assume o trono. Mulher
vaidosa e tirana, ela mantém presa em seu quarto a enteada, a jovem Branca de
Neve (Lily Collins). Quando esta completa 18 anos, consegue sair pela primeira
vez do castelo para conhecer o reino que o cerca. Transtornada com a miséria do
povo, Branca de Neve volta-se contra a rainha, para derrubá-la do trono visando
promover a justiça e a igualdade.
Outra
livre adaptação do mundialmente famoso conto dos Irmãos Grimm escrito no início
do século XIX. Lançado esse ano junto com “Branca de Neve e o caçador”, é mais cômico
e sutil que o outro – e ambos receberam indicações ao Teen Choice, prêmio dado
aos filmes para adolescente.
Tem
maior clima dos tradicionais contos de fadas, certo humor e piadas, além de pastelão,
drama e suspense. A grande diferença está na visão criativa do diretor – o
indiano Tarsem Singh, cujos filmes de teor fantástico viraram cult (“A cela” e
“The fall”, por exemplo). Sem meio termo, investe num visual estilizado, com
direção de arte multicolorida, figurinos refinados e modestos efeitos visuais. Para
reduzir gastos, optou em gravar tudo em estúdio, em Quebec, no Canadá. O
orçamento moderado, de U$ 85 milhões, resultou em bilheteria abaixo do esperado
(quase o dobro de lucro, apenas).
Quem
dá um show e rouba o filme é Julia Roberts, muito bonita, numa má fase da
carreira – ela está sumida do cinema, sem projetos significativos. Ela interpreta
a tirana bruxa que domina o reino e quer a juventude e a beleza da Branca de
Neve, sua enteada. Esplêndida no papel, Julia tem o timing perfeito para
comédia sabendo alterná-lo aos momentos de fúria da vilã.
A
protagonista, Lily Collins, também é correta, simpática, na pele da doce Branca
de Neve – a atriz, filha do cantor Phil Collins, ingressou recentemente nas
telonas.
Enquanto
em “Branca de Neve e o caçador” convidaram atores britânicos conhecidos para interpretar
os anões, num truque visual que diminui o tamanho deles, em “Espelho, espelho
meu” os anões são verdadeiros (desconhecidos, vindos do circo).
Como
adaptação da literatura para o cinema, esse filme se molda melhor com aquilo
que o público se identifica, ou seja, as características de fábula e conto de
fadas podem ser encontradas com nitidez na obra.
Para
falar a verdade, “Espelho, espelho meu” não é uma aventura fantasiosa restrita
às crianças. Pelo clima de suspense e uma história conhecida por todo mundo, deverá
agradar jovens e até adultos. Um entretenimento de qualidade, perfeitamente
consumível. Por Felipe Brida