O caçador
Martin
David (Willem Dafoe) é um mercenário contratado por uma empresa de
biotecnologia com uma difícil missão pela frente: caçar, na Tasmânia, o último tigre-da-Tasmânia,
espécie praticamente extinta do planeta, que servirá de cobaia para pesquisas
na área da saúde. Ele viaja para a famosa ilha australiana e hospeda-se em uma
casa de campo onde mora os filhos e a esposa de um expedicionário desaparecido
nas montanhas. Solitário, David aproxima-se daquela família, e a divide com o
pouco tempo que lhe resta para capturar o tigre.
Inédito
em nossos cinemas, “O caçador” também passou despercebido nos cinemas
americanos. Os distribuidores falharam ao exibi-lo em apenas quatro salas nos
EUA, cuja bilheteria rendeu míseros U$ 19 mil. O filme, pelo bom elenco, custou
barato (U$ 176 mil), e é uma pena o público não ter conhecido esse bom trabalho
que venceu prêmios na Austrália, país que o produziu. Agora a Paramount resolveu
resgatá-lo lançando diretamente em DVD no Brasil.
O
longa parte do romance de Julia Leigh, uma escritora desconhecida, que rodou no
ano passado seu primeiro longa como diretora, “Beleza adormecida” (lançado esse
mês em DVD também pela Paramount). Do livro, extraíram com cuidado o estranho
clima de tensão que envolve os personagens dessa trama de aventura e drama.
Willem
Dafoe, em bom momento da carreira, interpreta o caçador europeu absorvido nas
montanhas geladas da Tasmânia, no encalço do último exemplar do tilacino,
marsupial semelhante a um lobo com costas rajadas, mais conhecido como
tigre-da-Tasmânia. Não sabemos ao certo a razão de ele estar naquela missão – só
temos a sensação de que o mercenário, de passado duvidoso, chega ali para cumprir
um antigo trato. De temperamento frio, aloja-se na residência da família de um
caçador desaparecido. Aos poucos cria laços fortes com as crianças e em
especial com a mulher da casa (Frances O’Connor), que tenta esquecer o sumiço
do marido. Pressionado a terminar a missão em curto espaço de tempo, o solitário
caçador tem sua vida revirada, e sua história de vida confunde-se com a do
homem desaparecido. Ele assume a figura do pai, cujas conseqüências serão
trágicas.
Pautado
por um clima denso, de intensa recorrência dramática, o filme focaliza a
pequenez humana, envolta na presença de um homem disposto a arriscar tudo para
ganhar um bom dinheiro – no caso, caçar o animal extinto. Com certo sentimento
de culpa, procura se redimir ao lado de uma família angustiada, que espera o
retorno do pai.
Aparece
no meio da história, com participação inferior, o ator Sam Neill, como um
pacato guia local com ar de investigador.
Não
é um trabalho facilmente assimilado. De difícil classificação e um desfecho
avesso, é mais recomendado para público de fitas de arte.
Segundo
filme de um diretor australiano, Daniel Nettheim, que soube aproveitou as
gélidas paisagens montanhosas da real Tasmânia (ilha localizada ao sul da
Austrália), onde a trama ocorre. Os interessados devem conhecer. Por Felipe Brida
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