terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cine Lançamento


O caçador

Martin David (Willem Dafoe) é um mercenário contratado por uma empresa de biotecnologia com uma difícil missão pela frente: caçar, na Tasmânia, o último tigre-da-Tasmânia, espécie praticamente extinta do planeta, que servirá de cobaia para pesquisas na área da saúde. Ele viaja para a famosa ilha australiana e hospeda-se em uma casa de campo onde mora os filhos e a esposa de um expedicionário desaparecido nas montanhas. Solitário, David aproxima-se daquela família, e a divide com o pouco tempo que lhe resta para capturar o tigre.

Inédito em nossos cinemas, “O caçador” também passou despercebido nos cinemas americanos. Os distribuidores falharam ao exibi-lo em apenas quatro salas nos EUA, cuja bilheteria rendeu míseros U$ 19 mil. O filme, pelo bom elenco, custou barato (U$ 176 mil), e é uma pena o público não ter conhecido esse bom trabalho que venceu prêmios na Austrália, país que o produziu. Agora a Paramount resolveu resgatá-lo lançando diretamente em DVD no Brasil.
O longa parte do romance de Julia Leigh, uma escritora desconhecida, que rodou no ano passado seu primeiro longa como diretora, “Beleza adormecida” (lançado esse mês em DVD também pela Paramount). Do livro, extraíram com cuidado o estranho clima de tensão que envolve os personagens dessa trama de aventura e drama.
Willem Dafoe, em bom momento da carreira, interpreta o caçador europeu absorvido nas montanhas geladas da Tasmânia, no encalço do último exemplar do tilacino, marsupial semelhante a um lobo com costas rajadas, mais conhecido como tigre-da-Tasmânia. Não sabemos ao certo a razão de ele estar naquela missão – só temos a sensação de que o mercenário, de passado duvidoso, chega ali para cumprir um antigo trato. De temperamento frio, aloja-se na residência da família de um caçador desaparecido. Aos poucos cria laços fortes com as crianças e em especial com a mulher da casa (Frances O’Connor), que tenta esquecer o sumiço do marido. Pressionado a terminar a missão em curto espaço de tempo, o solitário caçador tem sua vida revirada, e sua história de vida confunde-se com a do homem desaparecido. Ele assume a figura do pai, cujas conseqüências serão trágicas.
Pautado por um clima denso, de intensa recorrência dramática, o filme focaliza a pequenez humana, envolta na presença de um homem disposto a arriscar tudo para ganhar um bom dinheiro – no caso, caçar o animal extinto. Com certo sentimento de culpa, procura se redimir ao lado de uma família angustiada, que espera o retorno do pai.
Aparece no meio da história, com participação inferior, o ator Sam Neill, como um pacato guia local com ar de investigador.
Não é um trabalho facilmente assimilado. De difícil classificação e um desfecho avesso, é mais recomendado para público de fitas de arte.
Segundo filme de um diretor australiano, Daniel Nettheim, que soube aproveitou as gélidas paisagens montanhosas da real Tasmânia (ilha localizada ao sul da Austrália), onde a trama ocorre. Os interessados devem conhecer. Por Felipe Brida

O caçador (The hunter). Austrália, 2011, 102 min. Drama. Dirigido por Daniel Nettheim. Distribuição: Paramount Pictures

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