sábado, 29 de setembro de 2012

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Traição perigosa

Num dia de serviço, a novata policial Kate Logan (Alexis Bledel) revista um executivo francês, Benoit Gando (Laurent Lucas), suspeitando que ele seja criminoso. Ao perceber que cometera um erro, seduz aquele homem para que ele não a denuncie aos superiores. Kate, de comportamento desequilibrado, leva Benoit a um mundo perverso, de mentiras e até de assassinato.

Difícil explicar as razões que levaram a distribuidora Paramount Pictures a lançar, aqui no Brasil, esse péssimo thriller de traição e troca de identidade. Há tempos não assistia a uma produção tão sofrível, com história absurda e talhada de furos.
Tudo acontece em poucos dias na vida de dois personagens estranhos. Uma policial que para evitar ser punida por um erro no serviço (suspeitar de um executivo rico, revistá-lo e ameaçá-lo categoricamente) resolve seduzir o coitado. Porém ela é bipolar, tem atitudes agressivas, e acaba destruindo a vida do homem. O problema: os desconhecidos atores centrais são fracos, sendo que o casal não tem química – Laurent Lucas, com um sotaque irritante, parece desmotivado, sem expressão, e Alexis Bledel, nova demais para o papel de uma mulher misteriosa e vingativa, não convence, tampouco transmite credibilidade. Até que se esforça para ser uma figura forte na trama, só que o resultado fica em débito.
Em suma, trama ruim, elenco abaixo da crítica, clima inexistente. Não tem atrativo algum, portanto não dá para levar a sério.
Rodado no Canadá em 2010, com recursos mínimos, por produtora independente. Evite. Por Felipe Brida

Traição perigosa (The Kate Logan affair). Canadá, 2010, 86 min. Dirigido por Noël Mitrani. Distribuição: Paramount Pictures

terça-feira, 25 de setembro de 2012

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O caçador

Martin David (Willem Dafoe) é um mercenário contratado por uma empresa de biotecnologia com uma difícil missão pela frente: caçar, na Tasmânia, o último tigre-da-Tasmânia, espécie praticamente extinta do planeta, que servirá de cobaia para pesquisas na área da saúde. Ele viaja para a famosa ilha australiana e hospeda-se em uma casa de campo onde mora os filhos e a esposa de um expedicionário desaparecido nas montanhas. Solitário, David aproxima-se daquela família, e a divide com o pouco tempo que lhe resta para capturar o tigre.

Inédito em nossos cinemas, “O caçador” também passou despercebido nos cinemas americanos. Os distribuidores falharam ao exibi-lo em apenas quatro salas nos EUA, cuja bilheteria rendeu míseros U$ 19 mil. O filme, pelo bom elenco, custou barato (U$ 176 mil), e é uma pena o público não ter conhecido esse bom trabalho que venceu prêmios na Austrália, país que o produziu. Agora a Paramount resolveu resgatá-lo lançando diretamente em DVD no Brasil.
O longa parte do romance de Julia Leigh, uma escritora desconhecida, que rodou no ano passado seu primeiro longa como diretora, “Beleza adormecida” (lançado esse mês em DVD também pela Paramount). Do livro, extraíram com cuidado o estranho clima de tensão que envolve os personagens dessa trama de aventura e drama.
Willem Dafoe, em bom momento da carreira, interpreta o caçador europeu absorvido nas montanhas geladas da Tasmânia, no encalço do último exemplar do tilacino, marsupial semelhante a um lobo com costas rajadas, mais conhecido como tigre-da-Tasmânia. Não sabemos ao certo a razão de ele estar naquela missão – só temos a sensação de que o mercenário, de passado duvidoso, chega ali para cumprir um antigo trato. De temperamento frio, aloja-se na residência da família de um caçador desaparecido. Aos poucos cria laços fortes com as crianças e em especial com a mulher da casa (Frances O’Connor), que tenta esquecer o sumiço do marido. Pressionado a terminar a missão em curto espaço de tempo, o solitário caçador tem sua vida revirada, e sua história de vida confunde-se com a do homem desaparecido. Ele assume a figura do pai, cujas conseqüências serão trágicas.
Pautado por um clima denso, de intensa recorrência dramática, o filme focaliza a pequenez humana, envolta na presença de um homem disposto a arriscar tudo para ganhar um bom dinheiro – no caso, caçar o animal extinto. Com certo sentimento de culpa, procura se redimir ao lado de uma família angustiada, que espera o retorno do pai.
Aparece no meio da história, com participação inferior, o ator Sam Neill, como um pacato guia local com ar de investigador.
Não é um trabalho facilmente assimilado. De difícil classificação e um desfecho avesso, é mais recomendado para público de fitas de arte.
Segundo filme de um diretor australiano, Daniel Nettheim, que soube aproveitou as gélidas paisagens montanhosas da real Tasmânia (ilha localizada ao sul da Austrália), onde a trama ocorre. Os interessados devem conhecer. Por Felipe Brida

O caçador (The hunter). Austrália, 2011, 102 min. Drama. Dirigido por Daniel Nettheim. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

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Jovens adultos

Aos 37 anos, a escritora de livros infanto-juvenis Mavis Gary (Charlize Theron) leva uma vida solitária, sem amigos, sem família e sem namorado. O humor oscila e seu refúgio é na bebida. Certo dia, retorna à cidade natal, no estado de Minnesota, na tentativa de reconquistar o antigo amor da época de colégio, Buddy (Patrick Wilson). Só que atualmente ele está bem casado e pai de um bebê. Durante aquela estada desafiadora na cidade, Mavis passará por dias amargos encarando uma série de situações embaraçosas.

Indicado ao Globo de Ouro 2012 na categoria de melhor atriz (Charlize Theron), “Jovens adultos” foi erroneamente vendido como comédia, até pela capa engraçadinha, toda colorida e com um forte background cor-de-rosa. Fiquem avisados: o filme é pesado, bem pra baixo, com uma dura lição de vida por trás. Tudo porque a personagem central, a escritora, tem problemas de comportamento, vive como se fosse uma garota que está se descobrindo (ela tem 37!) e para fugir das obrigações toma altas doses de álcool. O único companheiro é o cachorro branco de pêlos arrepiados. Para piorar, sai de casa para reencontrar o amor do passado, numa viagem marcada por momentos de sofrimento. Esse antigo namorado agora tem mulher e filho, mas a descontrolada ex, Mavis, reluta em entender a situação. A história toda gira em torno dos conflitos existenciais dessa mulher imatura, cuja vida profissional está um desastre. Ela facilmente se entregue a emoções de um caso mal resolvido, e que agora não faz mais sentido para o outro. Em meio a crises, ela se aproxima de um amigo de colégio com problemas de locomoção (o comediante Patton Oswalt, num papel bizarro e patético), e tenta consertar o que está despedaçado em milhões de minúsculos pedaços...
O teor da fita beira o amargo, com resoluções difíceis, destoante das obras do cineasta responsável pela fita. Aliás, já conhecíamos a boa parceria entre a roteirista Diablo Cody e o diretor Jason Reitman (filho do famoso diretor Ivan Reitman), que conquistaram o público com “Juno”, em 2007 – ela até ganhou o Oscar de roteiro original. Mas aqui retornaram com personagens menos carismáticos em uma história deprê. E a trágica andança da personagem se dá pela excelente caracterização da atriz Charlize Theron, num papel nada agradável. Ou seja, uma atriz experiente interpretando uma mulher auto-destrutiva numa história sem dúvida alguma muito triste, reduzindo as possibilidades do filme. Não é ruim, no entanto os pontos negativos dos personagens e da condução da trama repudiam o público, que está mais interessado em situações alegres, com finais felizes. Por Felipe Brida

Jovens adultos (Young adult). EUA, 2011, 93 min. Drama. Dirigido por Jason Reitman. Distribuição: Paramount Pictures

sábado, 22 de setembro de 2012

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Roubo nas alturas

O milionário Arthur Shaw (Alan Alda), especializado em movimentações fraudulentas, dá um golpe nos funcionários da Trump Tower, uma importante torre de luxo de Nova York. O gerente do local, Josh (Ben Stiller), para dar o troco, reúne um grupo de homens agora falidos. O objetivo é arruinar financeiramente o cruel Shaw; para que a vingança dê certo, Josh e os comparsas armam um plano mirabolante, contando com a colaboração de um ladrão profissional, Slide (Eddie Murphy).

Entretenimento garantido para jovens e adultos! Um movimentado filme de assalto com comédia (moderada) estrelado por dois ases do cinema atual – Ben Stiller e Eddie Murphy (que também produziu). Apesar de ambos manterem a desenvoltura de sempre, com as já conhecidas caras e bocas, a intrigante história de ação, em torno de um plano mirabolante de vingança, prende o público. Custa a começar, e a partir da metade o roteiro toma fôlego e parte para surpresas e reviravoltas espetaculares que só o cinema domina. Lembra “Onze homens e um segredo” e tem como atrações imperdíveis a fotografia do badalado centro de Nova York, com suas ruas iluminadas à noite e os imensos prédios comerciais com arquitetura moderna. Aliás, a torre de luxo onde o filme se passa é a Trump Tower, uma dos quatro construções faraônicas do empresário Donald Trump – a Trump de Nova York possui 202 metros e 58 andares, encabeçando a lista dos maiores arranha-céus da Grande Maçã.
Lá na Trump mora um multimilionário à beira da falência (Alda, um vilão perverso), que em plena crise econômica americana atual resolve dar golpes em seus empregados, desviando a poupança deles. O gerente do edifício (Stiller) leva a pior, e vários cidadãos honrados caem na desgraça daquele poderoso salafrário. É quando inicia um sofisticado plano secreto para revidar a atitude inescrupulosa do chefe, contando com o apoio dos homens que foram passados para trás e também de um criminoso recém-saído da prisão (Murphy); este é quem irá esquematizar o tal roubo nas alturas, que envolve uma caríssima Ferrari vermelha.
Divirta-se sem crise e deixe-se levar pelo visual deslumbrante de Nova York e das reviravoltas pra lá de absurdas.
Vale mencionar duas situações: o filme conta com apenas uma participação feminina, a da atriz Téa Leoni, na pele de uma agente do FBI na cola do milionário Shaw; e a estreia nos cinemas não surtiu grandes efeitos, obtendo pouco mais de U$ 74 milhões de bilheteria contra os US$ 75 milhões gastos.
Agora em DVD, vale uma conferida sem compromisso. Bom passatempo. Por Felipe Brida

Roubo nas alturas (Tower heist). EUA, 2011, 104 min. Ação/Comédia. Dirigido por Brett Ratner. Distribuição: Universal

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Resenha



Dormindo com o inimigo

Laura (Julia Roberts) está casada com Martin (Patrick Bergin), um homem mais velho e de temperamento agressivo. Ele bate na esposa, e a faz submissa. Cansada do tormento dentro de casa, Laura simula a própria morte em um acidente de barco; foge para outra cidade, muda o visual e conhece um rapaz, por quem se apaixona. Só que o marido descobre a verdade e começa a persegui-la dia e noite, com a intenção de matá-la.

Um thriller eletrizante que fez sucesso no mundo todo e firmou, no cinema, a novata atriz Julia Roberts, um ano após ter sido indicada ao Oscar por “Uma linda mulher” (1990). Reprisado infinitas vezes na TV aberta, o suspense veio na onda de filmes de psicopata, abrindo portas para imitações de todos os tipos: desde vizinhos vigiados por serial killers a crianças raptadas por bandidos.
A premissa de “Dormindo com o inimigo” é uma só: uma mulher em perigo, sob ameaças do marido violento. Julia Roberts interpreta corretamente essa sacrificada, nas garras de um homem sinistro - Patrick Bergin no papel de um vilão assustador, descontrolado, com aquele olhar de frieza.
A história não escapa de absurdos que só o cinema e as novelas criam para o público, como a personagem central fingir ter morrido num afogamento, sem que o marido desconfie naquele momento, e ela desaparecer das vistas dele, passando a viver como outra pessoa (cabelos mudados, outros tipos de vestimentas etc). Acredito o público perdoará as “marmeladas”, devido à trama de tensão e medo, que segura todos na cadeira.
Com final previsível, a fita marcou uma época em que a temática de psicopatas dentro de casa ainda era pouco explorada! Tem seu charme, tem seu lado curioso, ainda mais para assistirmos Julia Roberts em iníciode carreira, bem moça, com apenas 23 anos.
Admiro a romântica trilha sonora principal, do notório (e falecido) Jerry Goldsmith, que soube inseri-la nos momentos de descanso da trama.
O bom resultado se dá graças ao engenhoso diretor Joseph Ruben, responsável por muitas fitas de suspense eletrizante, dentre elas “O padrasto” (1987), “O anjo malvado” (1993) e “Os esquecidos” (2004). Em DVD pela Fox. Por Felipe Brida

Dormindo com o inimigo (Sleeping with the enemy). EUA, 1991, 98 min. Suspense. Dirigido por Joseph Ruben. Distribuição: Fox