Cría cuervos
Em Madri, três irmãs, todas menores, são criadas pela austera tia após a morte dos pais. Dentre as órfãs está Ana (Ana Torrent), uma garotinha pensativa e fascinada pela morte. Presenciara a mãe agonizar na cama até morrer, e logo depois encontrara o pai morto. Só que um mistério ronda o passado da pequena menina.
Obra-prima do diretor espanhol Carlos Saura, vencedora do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 1976 e indicado ao Globo de Ouro de filme estrangeiro.
Aparentemente o filme é um retrato sobre a infância. Porém a psicologia é mais profunda. Saura esteve engajado contra o regime totalitário de Francisco Franco (conhecido como “El Caudillo”) na Espanha; por causa disso, “Cria cuervos” carrega uma aura de mistério, metáforas e inúmeras simbologias, que já se inicia com o próprio título – uma alusão ao ditado espanhol: “Crie corvos e eles te comerão os olhos”. A mãe agonizando na cama remete à ideia da pátria doente, assim como o envolvimento do general com a amante implica na concepção implícita da traição do país – e que culmina com a criança matando o pai com veneno, simbolizando a revolta popular a fim de depor o presidente. A música-tema, cantada por Jeanette, “Por que te vas”, sucesso na época, é cínica e ambígua.
No elenco, destacam-se a garotinha Ana Torrent, em início de carreira – hoje uma mulher belíssima e importante atriz, além de Geraldine Chaplin, em papel duplo feito em tempos diferentes – a mãe e a filha (na fase adulta).
Um clássico de nossos tempos, que sai agora em boa cópia pela Platina Filmes. Por Felipe Brida
Título original: Cría Cuervos
País/Ano: Espanha, 1976
Elenco: Geraldine Chaplin, Ana Torrent, Monica Randall, Florinda Chico, Hector Alterio.
Direção: Carlos Saura
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Distribuidora: Platina Filmes
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