sábado, 19 de julho de 2008

Morre no Rio a atriz Dercy Gonçalves

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A humorista Dercy Gonçalves morreu hoje aos 101 anos, vítima de pneumonia. Ela estava internada desde a última madrugada no Hospital São Lucas, em Copacabana, Rio de Janeiro.
De família humilde, Dolores Gonçalves Costa nasceu no dia 23 de junho de 1907 na cidade de Santa Maria Madalena, Rio de Janeiro, onde morou até completar 17 anos. Em 1924, juntou-se a um grupo de teatro mambembe e foi seguir carreira artística. A partir de 1932, então com 25 anos de idade, Dercy começou a trabalhar com shows cômicos em casas noturnas, cassinos e teatro de revista. A irreverência era sua marca registrada.
No cinema fez pouco mais de 20 filmes, muitos deles na época da chanchada, como "Samba em Berlim" (1943), "Depois Eu Conto" (1956), "A Baronesa Transviada" (1957), "Absolutamente Certo" (1957), "A Grande Vedete" (1958), "Minervina Vem Aí" (1959), "Cala a boca, Etelvina" (1959), "Entrei de Gaiato" (1960), "Dona Violante Miranda" (1960), "Sonhando com Milhões" (1963) e "Se Meu Dólar Falasse" (1970).
Nos anos 60 trabalhou na TV Excelsior e na Rede Globo. Fez novelas como "Dulcinéia Vai à Guerra" (1980), "Que Rei Sou Eu" (1989) e "Deus nos Acuda" (1992). Atuou ainda em programas cômicos na Globo e no SBT nos anos 90.
Nas entrevistas que concedia nunca deixava de falar palavras obscenas, outra marca registrada da humorista. Em 1992 Dercy teve de retirar um tumor no estômago. Nos últimos anos a atriz estava debilitada e andava com auxílio de bengala e andador.
Teve apenas uma filha, Dercimar (que está viva), nascida do primeiro casamento, com Ademar Martins. Por Felipe Brida

terça-feira, 15 de julho de 2008

Cine Lançamento

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Maldita Sorte

Quando criança, Charlie Logan (Dane Cook) recebeu uma maldição, rogada por uma amiga, de que nunca arranjaria uma namorada. 25 anos se passam, e Logan, agora um charmoso dentista, vive desiludido e distante de um relacionamento amoroso. Certo dia apaixona-se pela especialista em pingüins Cam Wexler (Jessica Alba). Ele terá de driblar as confusões da desastrada garota e ao mesmo tempo livrar-se da antiga praga que ainda o persegue.

Medíocre fita para meninas cheia de sacanagens e diálogos pavorosos que só servem para deixar o público burro. É dose agüentar as trapalhadas de um casal improvável, interpretado por dois artistas fracos. Jessica Alba, apesar da beleza estonteante, nunca acerta nos papéis. E nunca tenta melhorar. Já seu par, Dane Cook, esforça-se à toa como o dentista faminto por sexo. O ator extrapola com micagens, caretas e tropeços.
As piadas são toscas e repetidas criando aquele clima de besteirol.
O filme recebeu duas indicações ao Framboesa de Ouro (o prêmio para os piores do ano) – pior atriz para Alba (e junto com este ainda incorporaram a péssima atuação da atriz em outros dois projetos, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” e “Awake – A Vida por um Fio”) e pior dupla (Alba e Cook). Totalmente dispensável. Por Felipe Brida

Título original: Good Luck Chuck
País/Ano: EUA/Canadá, 2007
Elenco: Dane Cook, Jessica Alba, Lonny Ross, Annie Wood, Jodie Stewart.
Direção: Mark Helfrich
Gênero: Comédia romântica
Duração: 101 min.
Lançamento (DVD): Primeira quinzena de julho
Distribuidora: Lions Gate Films/ Columbia Pictures/ Sony Pictures

domingo, 13 de julho de 2008

Especiais Sobre Cinema

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Novo filme de Zé do Caixão é o grande vencedor no I Festival de Paulínia


O filme de terror "Encarnação do Demônio", dirigido por José Mojica Marins, o Zé do Caixão, ganhou o prêmio principal - melhor filme - no I Festival de Paulinía. Premiado em cinco outras categorias, saiu-se o grande vencedor da noite. Os vencedores foram anunciados ontem, durante o encerramento do evento, no recém-inaugurado Teatro Municipal de Paulínia, cidade localizada na região de Campinas e que engloba um dos maiores pólos cinematográficos do Brasil.


Confira abaixo a lista completa de todos os ganhadores no I Festival.


Melhor Filme: Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins

Prêmio Especial do Júri: Walter Lima Júnior, diretor de Os Desafinados

Melhor Diretor: Selton Melo, por Feliz Natal

Melhor Ator: Paulo José, por Pequenas Histórias

Melhor Atriz: Claudia Abreu, por Os Desafinados

Melhor Ator Coadjuvante: Ângelo Paes Leme, por Os Desafinados


Melhor Atriz Coadjuvante: Darlene Gloria e Graziella Moretto, por Feliz Natal

Melhor Roteiro: Helvécio Ratton, por Pequenas Histórias

Melhor Documentário: Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Michael Langer

Melhor Fotografia: José Roberto Eliezer, por Encarnação do Demônio

Melhor Montagem: Paulo Sacramento, por Encarnação do Demônio

Melhor Edição de Som: Ricardo Reis, por Encarnação do Demônio

Melhor Direção de Arte: Cássio Amarante, por Encarnação do Demônio

Melhor Trilha Sonora: André Abujamra e Marcio Nigro, por Encarnação do Demônio

Melhor Figurino: Fabio Namatame, por Onde andará Dulce Veiga?


Prêmios Especiais - Documentários: Iluminados, de Cristina Leal, e Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais, de Carlos Alberto Prates Correia

Menção Especial: Fabrício Reis por sua atuação em Feliz Natal, de Selton Mello. Por Felipe Brida

Cine Lançamento

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O Amor nos Tempos do Cólera

O jovem Florentino Ariza (Javier Bardem) apaixona-se pela bela Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno) e passa a seguir os passos da moça. Autoritário, o pai da garota, Lorenzo (John Leguizamo), não aprova o romance. Quando descobre que a filha aceitou se casar com Florentino, envia a jovem para uma fazenda. Distante do amado, ela passa anos isolada até conhecer e se casar com o médico Juvenal Urbino (Benjamin Bratt), que trabalha intensamente para combater o cólera na região. Quatro décadas depois, já velho e debilitado, Florentino se reencontra com a mulher que tanto amou.

Decepcionante adaptação do famoso livro homônimo do escritor colombiano Gabriel García Márquez cuja história de amor impossível aqui ficou arrastada, aborrecida e sem emoção. Faltou sensibilidade do diretor Mike Newell no tratamento do enredo. A síntese de cinqüenta anos na vida dos personagens – estilo novelístico próprio de Márquez – é mal projetada e tampouco esclarecedora. A referida doença – o cólera – e suas conseqüências é apenas mencionada, o que deixa o teor da obra literária original em último plano. A maquiagem (envelhecimento) falha nos papéis, em especial nos femininos.
No casting uma mistura de artistas de diversas nacionalidades em maus momentos. Talvez este seja o pior trabalho do ator espanhol ganhador do Oscar de coadjuvante este ano, Javier Bardem, fraco e caricato. A italiana Giovanna Mezzogiorno continua inexpressiva assim como Benjamin Bratt, ex-Julia Roberts e hoje marido da atriz Talisa Soto. O colombiano John Leguizamo assina embaixo seu atestado de pobre artista. Por fim, a brasileiríssima Fernanda Montenegro, na pele da mãe beata de Florentino, segura as pontas, mas não deslumbra.
A interessante fotografia com cores saltitantes é do carioca Affonso Beato, que vem firmando carreira nos Estados Unidos desde os anos 80. A trilha sonora, também de um brasileiro, Antonio Pinto, cuja música principal, “Despedida”, interpretada por Shakira, recebeu indicação ao Globo de Ouro na categoria canção original este ano. No entanto Shakira em filme de época dá um tom atemporal na história, algo desnecessário e até superficial.
O diretor Mike Newell (um inglês, olham só, para completar o quadro das nacionalidades) errou feio em quase tudo, deixando nascer um projeto vazio e de ritmo desanimado. Isto porque García Márquez relutou para conceder os direitos autorais e só depois de dois anos de longas negociações liberou o projeto para os produtores da fita!
Um projeto com defeitos notáveis e qualidades mínimas. Já o vejo como um dos piores do ano. Por Felipe Brida

Título original: Love in the Time of Cholera
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Javier Bardem, Giovanna Mezzogiorno, Benjamin Bratt, Catalina Sandino Moreno, Fernanda Montenegro, John Leguizamo, Ana Claudia Talancón, Marcela Mar, Liev Schreiber, Hector Elizondo.
Direção: Mike Newell
Gênero: Drama/Romance
Duração: 139 min.
Lançamento: Primeira quinzena de julho
Distribuidora: New Line Cinema/Fox Films

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cine Lançamento

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Antes de Partir

O mecânico Carter Chambers (Morgan Freeman) descobre que está com câncer terminal e tem poucos meses de vida. Depois de passar mal no trabalho, é levado às pressas a um hospital. Seu companheiro de quarto é o milionário Edward Cole (Jack Nicholson), proprietário do hospital onde está internado, que está na mesma situação do mecânico: sofre de câncer e viverá por pouco tempo. Chambers resolve então escrever a “lista da bota”, um papel onde aponta desejos a serem realizados antes de morrer. E os dois colegas partem em viagens inusitadas pelo mundo afora.

Uma comédia dramática razoável que se sustenta graças a dois “monstros” em perfeita forma e química – Jack Nicholson e Morgan Freeman. Apesar de a história ser previsível e sem grandes sacadas, a fita é um bom passatempo e ainda dá abertura para reflexão. Para curtir, esqueça os absurdos do enredo e se atentem ao rumo que ele nos conduz.
O tema central aborda a morte e a força brutal como ela consegue transformar a vida de dois homens completamente opostos: um humilde e trabalhador e outro milionário e ranzinza. E neste contraposto concilia-se a união entre ambos, tão intensa quanto a conjugal.
A velha fórmula do Carpe Diem – “aproveite o agora”, “curta a vida e os bons momentos que ela oferece” – aqui é retratada de forma pungente, e em determinadas situações deixa de escanteio a comédia. Juntos, o mecânico e o empresário abandonam tudo para usufruir alguns dias que restam a eles. Voltam a ser jovens de novo para se aventurar em “skydiving” e corridas de carro, sempre com êxtase fervoroso. Por outro ângulo, os diálogos no hospital sob a perspectiva do medo estampado no rosto dos dois acamados carregam um clima de angústia e aflição, atmosferas estas que trilham todo o filme.
A direção é do oscilante Rob Reiner, responsável por projetos importantes como “Conta Comigo” (1986), “Harry & Sally – Feitos Um para o Outro” (1989), “Louca Obsessão” (1990) e “Questão de Honra” (1992), mas que ultimamente se envolveu em furadas, como “Alex & Emma” (2003) e “Dizem por Aí” (2005). No elenco uma rápida aparição do filho de Morgan Freeman, Alfonso, na pele do próprio filho dele.
Não é espetacular, mas consegue divertir e chega a emocionar. Vale uma conferida. Por Felipe Brida

Título original: The Bucket List
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes, Rob Morrow, Beverly Todd, Alfonso Freeman.
Direção: Rob Reiner
Gênero: Comédia/Drama
Duração: 97 min.
Lançamento: Primeira quinzena de julho
Distribuidora: Warner Bros.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Cine Lançamento

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A Família Savage

Os irmãos Wendy (Laura Linney) e Jon Savage (Philip Seymour Hoffman) estão arranjados na vida e vivem distantes um do outro. Ela é uma dramaturga mal sucedida e ele, professor de Filosofia em uma universidade. Entretanto o acaso irá unir os irmãos, quando o pai, Lenny (Philip Bosco), acometido pela demência, precisará do cuidado dos filhos.
Premiado em diversos festivais de cinema em todo mundo e indicado a dois Oscars este ano – melhor atriz para Laura Linney e melhor roteiro original, “A Família Savage” é um sensível trabalho intimista de uma diretora pouco conhecida do público, Tamara Jenkins, que aqui remonta fatos vividos por ela durante a infância e juventude.
Alicerçando o projeto estão duas unanimidades do cinema contemporâneo – o ator Philip Seymour Hoffman, na pele do professor workaholic e desleixado que mora em um cafofo, e Laura Linney, dramaturga cheia de manias que se entregou a um affair com o vizinho de apartamento, homem mais velho e casado. Neste contexto, os filhos de um senhor que sofre de uma doença em fase terminal precisarão se unir para zelar pela saúde do idoso. E a tarefa mais difícil, quase que uma missão suicida: conviverem com as diferenças um do outro.
Uma comédia dramática de primeira, que manuseia temáticas próximas de cada um de nós, como a desestruturação (e reorganização) familiar e a velhice. A atitude dos filhos diante do pai, nem sempre íntegra, deixa disperso no ar aquele gostinho de amargor para demonstrar o que de fato acontece em muitas famílias. Segue a mesma linha de “Parente é Serpente”, quando os filhos entram em pé de guerra para decidir quem vai levar os pais idosos para casa.
A diretora Tamara Jenkins rodou antes três curtas e apenas um longa metragem independente, “O Outro Lado de Beverly Hills” (1998). Para assistir, analisar e repensar aspectos do convívio familiar. Por Felipe Brida

Título original: The Savages
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Laura Linney, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco, Peter Friedman, Davis Zayas, Gbenga Akinnagbe.
Direção: Tamara Jenkins
Gênero: Comédia/Drama
Duração: 114 min.
Lançamento: Primeira quinzena de junho
Distribuidora: 20th Century Fox Film

domingo, 6 de julho de 2008

Cine Lançamento

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Jogos Mortais IV

Os agentes do FBI Strahm (Scott Paterson) e Perez (Athena Karkanis) se juntam ao veterano detetive Hoffman (Costas Mandylor) para desvendar o seqüestro de um oficial da polícia. Porém, antes de morrer, o maníaco Jigsaw (Tobin Bell) deixou para trás suas últimas armadilhas. Assim como os agentes do FBI outras pessoas serão vítimas dos terríveis jogos.
Fenômeno de bilheteria nos Estados Unidos, somente nos primeiros dias de estréia, em outubro passado, a quarta parte da sanguinária franquia “Jogos Mortais” rendeu US$ 32 milhões, três vezes mais que o orçamento do filme. Mais uma prova de que fazer cinema para alcançar o grande público – este cada vez mais desmiolado – independe de originalidade. Novamente aqui, sessões de torturas culminam com mortes escabrosas no mais tradicional estilo “gore”. Para quem assistiu aos anteriores, não há novidade alguma esta continuação. Aliás, em todos eles satura-se a violência gratuita e decreta-se a morte à criatividade. Só para acrescentar, o primeiro filme criou escola (dele vieram "Gritos Mortais", "Mutilados" etc)
Logo no início vemos a autópsia de Jigsaw, e a história se desenrola exatamente no ponto onde termina o capítulo anterior. Paralelamente, novas pessoas são seqüestradas por um suposto aliado a Jigsaw e todas elas passam a ser vítimas de novos jogos mortais, o que inclui escalpelamento e lacerações brutais. O desfecho é desprezível, e saímos com a sensação de que fomos enganados o tempo inteiro.
Diante das barbáries comumente vistas na TV e nos noticiários policiais as pessoas ainda se sujeitam a passar horas em frente à TV para acompanhar os assassinatos cometidos pelo ensandecido Jigsaw. Ó, sensacionalismo barato e repudiável!
O diretor Darren Lynn Bousman é o mesmo dos dois capítulos anteriores. A continuação (acreditem!) deve ser lançada em outubro deste ano. Por Felipe Brida

Título original: Saw IV
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Tobin Bell, Athena Karkanis, Scott Paterson, Costas Mandylor, Lyriq Bent, Donnie Wahlberg, Betsy Russell, Angus Macfadyen.
Direção: Darren Lynn Bousman
Gênero: Terror
Duração: 95 min.
Lançamento: Segunda quinzena de junho
Distribuidora: Lionsgate/ Buena Vista International

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cine Lançamento

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Cloverfield – Monstro

Um forte tremor na área central de Nova York causa alvoroço na população. Edifícios começam a ser destruídos e estranhos sons ecoam pelos becos, assustando os moradores. Um grupo de jovens, dentre eles um cinegrafista que passa a filmar o ocorrido, sai em busca de informações e se depara com uma terrível criatura solta pelas ruas.
Fenômeno de bilheteria nos Estados Unidos, “Cloverfield – Monstro” tornou-se rapidamente um dos blockbusters do ano. Apenas no final de semana de estréia, em janeiro, arrecadou US$ 41 milhões. E cobriu os gastos, já que o projeto custou US$ 30 milhões, valor modesto para grandes produções norte-americanas. No entanto, muito barulho por nada. A história é repetitiva e sem surpresas, ainda mais para quem assistiu Godzilla. O filme centraliza as ações em torno de um grupo de jovens que tenta a todo custo fugir de um gigante monstrengo. Um deles carrega uma câmera portátil e passa o tempo filmando a destruição e as perseguições, naquele estilo de visão em primeira pessoa de “A Bruxa de Blair”. E assim, durante a fita inteira o cinegrafista leva a câmera de lá pra cá, com trepidação e desordenada, o que pode causar enjôo no público desavisado. Minha cabeça rodou junto com a câmera e fiquei enfastiado. Não há como negar os deslumbrantes efeitos visuais, como a cabeça da Estátua da Liberdade sendo arrancada pela criatura, cena esta inspirada no cult de John Carpenter “Fuga de Nova York” (1981). Fica evidente a qualidade do trabalho técnico, mas só isto não justifica a razão de existir. Estranhamente não há trilha sonora para ajudar no clima de tensão. Para "fechar com chave de ouro" o encerramento deixa brecha para novas continuações, o que pode gerar mais uma franquia em breve. Blockbuster é blocskbuster e não tem jeito. Por Felipe Brida

Título original: Cloverfield
País/Ano: EUA, 2008
Elenco: Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller, Michael Stahl-David, Mike Vogel.
Direção: Matt Reeves
Gênero: Ação
Duração: 85 min.
Lançamento: Segunda quinzena de junho
Distribuidora: Paramount Pictures/ UIP

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Resenhas & Críticas

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Medo da Verdade

Designados para investigar o desaparecimento de uma criança, dois detetives particulares – Patrick Kenzie (Casey Affleck) e Angela Gennaro (Michelle Monaghan) iniciam as buscas em uma vizinhança barra pesada em Boston. Em meio a traficantes e policiais desonestos, Patrick e Angela unem forças para desvendar o caso.
Em seu longa de estréia como diretor, Ben Affleck acertou a mão ao desenvolver uma história de temática forte sem culminar com melodramas ou mesmo situações agradáveis. Por vezes chocante, o filme expõe fatos difíceis de engolir, como abuso de crianças e rapto de menores. Reservam-se surpresas a cada etapa, já que o filme é todo construído em fases distintas, e pistas para falsas conclusões cruzam a narrativa.
A resolução final, um tanto que serena e longe de ser previsível, põe em cheque a moralidade do ser humano e nos faz questionar até que ponto uma pessoa está disposta a acobertar a verdade, por mais obscura que a realidade seja.
O diretor reuniu um elenco composto por artistas renomados, como Morgan Freeman, Ed Harris e Amy Madigan e lançou para o papel principal seu irmão mais novo, Casey – aqui está melhor do que em “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”, filme este que não me empolguei, e os leitores já sabem disto; Casey, sem sombra de dúvida, manda melhor na encenação do que Ben, por sinal um ator que incrivelmente varia entre o ruim e o fraco – porém expressa-se com a boca fechada e tem aquele olhar vago.
Baseado no livro de Dennis Lehane, o mesmo de “Sobre Meninos e Lobos”, o filme deu chances a uma atriz pouco lembrada, Amy Ryan, cuja carreira ficou restrita a filmes para TV e seriados; por sua enérgica atuação como a mãe (problemática e drogada) da garota que desaparece, recebeu indicação ao Oscar de atriz coadjuvante este ano.
Um panorama indigesto sobre violência urbana e imoralidade, temas próximos de nós e, por conseguinte, fáceis de serem reconhecidos. Um bom filme para discussão e análises aprofundadas sobre comportamento humano. Não deixe de assistir. Por Felipe Brida

Título original: Gone Baby Gone
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, John Ashton, Amy Ryan, Amy Madigan, Titus Welliver.
Direção: Ben Affleck
Gênero: Drama
Duração: 114 min.
Lançamento: Primeira quinzena de abril/2008
Distribuidora: Miramax Films/Buena Vista International

terça-feira, 1 de julho de 2008

Entrevista Especial

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Etty Fraser: “Nasci com o traseiro virado pra lua” (*)

Felipe Brida

No teatro e na TV, Etty Fraser sempre deixou a marca de um carisma absoluto ao abraçar os papéis de mãe e vovó. Nesses 50 anos de carreira dedicados à arte, a atriz esteve à frente do processo de transformação da televisão e da reformulação do teatro. Nascida no Rio de Janeiro em 9 de maio de 1931, Etty começou a praticar teatro em casa, aos oito anos de idade, com apoio da mãe. Formou-se em Línguas (Anglo-germânicas) pela USP e foi professora em colégios e universidades em São Paulo, como Mackenzie. Tornou-se atriz os 27 anos, tardiamente. Foi precursora do Teatro Oficina em São Paulo e atuou em diversas telenovelas na Excelsior, Tupi e Bandeirantes.
Em 1962 casou-se com o ator e colega de teatro Chico Martins. Viveram juntos até 2003, quando Martins faleceu aos 78 anos. Em 2004, sua biografia foi lançada em livro, “Etty Fraser: Virada pra Lua”, escrita por Vilmar Ledesma e publicada na série Perfil da Coleção Aplauso, da editora Imprensa Oficial.
Em entrevista especial ao Notícia da Manhã, a atriz Etty Fraser contou sobre os altos e baixos da carreira e fez uma crítica quanto à postura dos artistas. Confira.


NM – Etty, como foi tornar-se “mãe” no teatro aos oito anos pela primeira vez?

Etty – Engraçado isto. Eu faço papel de mãe desde os oito anos. Nesta época, minha mãe montava um palco improvisado no quintal de casa. Tinha vontade de fazer o papel de Chapeuzinho Vermelho, mas a roupa não entrava em mim. Queria fazer o lobo, mas não cabia na máscara. Então minha mãe disse que eu deveria fazer a mãe. E até hoje acumulo papel de mãe em teatro, TV e cinema. É mãe doida, mãe doente, mãe alegre, mãe de todo jeito.

NM – Ao completar, em maio passado, 77 anos de idade, também comemorou 50 anos dedicados ao teatro. Como nasceu a paixão por este trabalho?
Etty – Sempre admirei teatro. Eu havia estudado teatro na Inglaterra, mas nunca exerci a profissão. Em 1958, no colégio Ofélia Fonseca eu era professora de uma menina, Albertina Costa, hoje grande filósofa, e esta me convidou para assistir a uma peça. Após o espetáculo, fomos cumprimentar o elenco. Daí o diretor falou para mim: “Você fala muito sobre teatro em suas aulas, e portanto gostaria que participasse de uma peça, que irá estrear no próximo mês no festival estudantil”. Eu topei de cara. Só que o teste seria no dia seguinte, 8 de maio, dia do meu aniversário. Não queria ir, mas fui. Gostaram de mim e ganhei o papel em “A Incubadeira”. O diretor da peça, que me convidou naquele dia, era ninguém mais que José Celso Martinez Corrêa. Foi meu primeiro passo na carreira, e nunca mais consegui ficar distante do teatro. Como dizia minha mãe, nasci com o traseiro virado pra lua.

NM – Daquele teatro ainda amador para o Teatro Oficina, considerado o “formador dos grandes artistas da atualidade”, foi um pulo?

Etty – Em 1958 fundamos, com a intervenção dos alunos da Escola de Direito do Largo São Francisco, o Teatro Oficina, um dos mais importantes do país. Firmei minha carreira lá, onde estive por 10 anos. Era um teatro diferenciado, com estilo de arte cênica internacional. Foi nas instalações dele que, influenciado pela montagem de “O Rei da Vela”, em 1967, lançou-se o movimento tropicalista. Também foi no Teatro Oficina onde conheci o amor da minha vida, Chico Martins. No Oficina haviam artistas já famosos, como Célia Helena, Renato Borghi, Miriam Mehler, Beatriz Segall, Dina Sfat e Cláudio Marzo. Remontamos peças famosas como “Os Inimigos” e “Pequenos Burgueses”, ambas de Maximo Gorki, “Toda Donzela tem um Pai que é uma Fera” e “A Importância de ser Fiel”. Sem dúvida o Teatro Oficina integrou a cultura artística brasileira e virou modelo para muitos outros grupos.

NM – Acredita que o advento da televisão tenha sido um fator determinante para a fragilidade do teatro, tanto para os artistas quanto para o público?

Etty – A televisão fez dividir o público do teatro, sem dúvida. Era algo novo, e tudo aquilo que é novidade atrai a atenção. Naquela época, anos 60, éramos bobocas. Achávamos que a televisão era sinônimo de prostituição. Prostituição da arte, uma idéia besta, se pensarmos hoje. Muitos artistas tinham receio de entrar na TV e ficarem “queimados”. Mas isto durou pouco tempo, pois emissoras de TV surgiram, e as telenovelas tornaram-se sensação. Para se ter idéia de como a TV dominou naquela época, um dia fui convidada pelo autor de teatro Bráulio Pedroso, que escrevia Beto Rockfeller, para participar de um capítulo desta novela – o objetivo da novela era revolucionar a arte por meio da narrativa inovadora. Isto foi em 1968; interpretei a madame Waleska, uma cigana fajuta. O sucesso fez com que eu atuasse em mais 40 capítulos. Meses depois Geraldo Vietri me viu em “Beto” e me convidou para “Nino, o Italianinho” (1969/1970), na TV Tupi. E assim teve início a minha saga na TV.

NM – Com o fechamento da Tupi em 1980 muitos artistas tiveram de rearranjar a carreira.

Muitos foram para o Rio de Janeiro seguir carreira na Globo. Como ficou a sua situação?
Etty – Eu tinha intenção de ir para o Rio, mas não deu certo. Trabalhei com comerciais de TV para a Cica, até que me chamaram para dar aulas de culinária na televisão. Apresentei o famoso programa “À Moda da Casa”, na Record, entre 1980 e 1988. Muita gente achava que as receitas eram minhas. Elas eram feitas pela equipe da Cica, e eu apenas as transmitia.

NM – A senhora passou por um momento inusitado e ao mesmo tempo trágico em 1998 relacionado à sua morte. De onde surgiu esse factóide?

Etty – Foi algo constrangedor. Em 1998 aceitei trabalhar na Globo, só porque era Sílvio de Abreu. Fui interpretar a tia Sarita na novela Torre de Babel. De tanto ir e voltar de avião para o Rio gravar a novela, tive uma embolia pulmonar e fiquei internada na UTI por um mês e, depois, fiquei 10 meses de cama. Por eu ter sumido, acharam que eu tivesse morrido, e até algumas emissoras de televisão divulgaram, naqueles programas de retrospectiva, a minha morte. Pelo amor de Deus, ainda estou viva e forte!

NM – No cinema, apesar de poucos filmes no currículo, ganhou notoriedade em Durval Discos. Como foi interpretar a dona Carmita, a mãe superprotetora?

Etty – Tudo começou em 1995, quando a diretora Anna Muylaert me convocou para o curta “A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti”; eu fazia a diretora do colégio e dizia apenas uma frase. Daí a Anna me prometeu que se um dia fizesse um filme iria me colocar no papel principal. Passaram-se seis anos e veio o “Durval Discos”. Anna dirigiu o filme como se fosse uma peça de teatro. Entrosamo-nos muito bem, o Ary França e eu. Carmita (foto ao lado) era uma senhora amorosa, que, com o desenrolar da história, pirava de vez, tudo para proteger uma criança. Quando tentam tomar a menina dela, Carmita fica louca e chega ao ponto de matar. Fico emocionada toda vez que revejo o filme. O público adorou o papel, até hoje me chamam de Carmita, principalmente os jovens. É uma “beijocação” danada, todos têm muito carinho pelo filme. Até ganhei o prêmio de atriz no Cine-PE/Recife por “Durval Discos”.

NM – A partir de “Durval” não surgiram vagas para o cinema?

Etty – O resultado de “Durval” foi tão agradável que alguns colegas e eu pensamos que iria chover na minha horta. Mas não. Cinema é uma panelinha, centralizado no Rio. Estou velha, não tive sorte em cinema. Mas tive sorte em teatro e TV. Aliás, para ser ator é preciso ter um pouco de talento, e a questão maior: sorte. Estar no lugar certo e na hora certa. Nunca me arrependi de nada, e se pudesse recomeçar tudo de novo, seria exatamente com os mesmos pais, mesmo marido, mesmo filho, mesma juventude, mesmos colegas de trabalho e mesma profissão. Não mudaria nada. Não sou conservadora, apenas feliz.

NM – Sente-se na mesma situação que os artistas que estão na terceira idade, em relação à falta de papéis na TV e no teatro?

Etty – Bastante. Recentemente fiz “Família Muda-se”, peça em que interpreto a tia judia com mal de Alzheimer. Também fui convidada, pouco tempo atrás, para a releitura de uma peça hebraica, e minha personagem também sofria de Alzheimer. Agora só aparece isto. Personagens com Parkinson, Alzheimer, esclerose e surdo. Hoje na “quarta idade” tudo fica mais difícil. Mas se pintar algo, vou correndo.

NM – Simpatia ou apatia. Como os artistas se portam diante do público?

Etty – Sempre critiquei a postura dos artistas que viram a cara para os fãs, ainda mais na atualidade. Artista precisa dar atenção ao público. Você chega num ponto em que faz a cabeça do telespectador , entra na casa da pessoa sem pedir licença, muda a mentalidade do jovem e depois trata mal o público? Precisa ter feeling, conversar com eles. Eu sempre fui de dar atenção a eles. É necessário saber que o telespectador é quem eleva a audiência da novela ou a bilheteria do filme e, em razão disto, torna o ator famoso e a atriz, estrela.


Outros trabalhos da carreira de Etty Fraser

Seriados

“O Vigilante Rodoviário” (1961)
“Mundo da Lua” (1992)
“Um Só Coração” (2004)

Novela

“Ninguém Crê em Mim” (1966)
“Simplesmente Maria” (1970)
“O Machão” (1974)
“Meu Rico Português” (1975)
“Os Apóstolos de Judas” (1976)
“Salário Mínimo” (1978)
“Cavalo Amarelo” (1980)
“Dulcinéia Vai à Guerra” (1980)
“Cidadão Brasileiro” (2006)

Cinema

“São Paulo, Sociedade Anônima” (1965)
“Em Cada Coração um Punhal” (1970)
“O Supermanso” (1974)
“O Homem do Pau Brasil” (1982)
“Por um Fio” (2003)
“Cristina Quer Casar” (2003)

(*) Entrevista publicada no jornal Notícia da Manhã, periódico de Catanduva, na edição do dia 01/07/2008. Créditos para as duas primeiras fotos de Etty Fraser: Felipe Brida. Outras fotos: Divulgação.