quinta-feira, 13 de abril de 2023

Cine Cult


O congresso futurista


A atriz norte-americana Robin Wright (Robin Wright) passa por maus bocados. Com quase 50 anos nas costas, está desempregada, e seus últimos filmes não foram recebidos com satisfação. Ela aceita participar de um último filme, produzido por um grande estúdio, porém com uma condição: terá de ser escaneada para que sua imagem seja usada em filmes futuros. Robin inicialmente reluta, no entanto acaba cedendo às pressões, já que ganhará um bom dinheiro, fora a promessa de ser mantida “jovem” em todas aquelas produções. Tempos depois, ela se depara com um mundo distópico, tomado por cores, formas e personagens inusitados, totalmente controlado pela indústria de entretenimento.

Uma das animações para adultos mais complexas do cinema, uma fita pessoal do diretor Ari Folman recheada de cifras e enigmas, que discorre sobre temas que vão da área da saúde ao mundo das artes, como clonagem, farmacologia, indústria cultural, crise de identidade, bloqueio criativo e direito de imagem. Folman, natural de Israel, surpreendeu com o documentário em animação sobre a Guerra do Líbano “Valsa com Bashir” (2008), que recebeu indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro e acabou vencendo o Globo de Ouro na categoria, além de ter sido indicado à Palma de Ouro em Cannes. Passados cinco anos, inovou, mais uma vez, o universo das animações com esse filme diferentaço, que faz referências ao mundo pop e recorre à linguagem da ficção científica para contar uma história – é inspirado no livro do escritor ucraniano Stanislaw Lem, de “Solaris”, intitulado “O incrível congresso de futurologia”, lançado em 1971. Parecem as discussões existenciais de Charlie Kaufman, misturando formatos usados no psicodelismo dos anos de 1970. Há também junção de variadas modalidades de desenho, como as animações clássicas à mão, computação gráfica, e ainda uso de cores fortes intercalado com quadros em preto-e-branco. Lembrou-me também não só a forma como o conteúdo dos filmes de animação de Richard Linklater, especialmente “O homem duplo” (2006).
Robin Wright se desafia num papel autocrítico, que fala da própria atriz em crise. Na época, ela, que fez sucessos como “A princesa prometida” (1987), “Forrest Gump: O contador de histórias” (1994) e “Corpo fechado” (2000), enfrentava sérios problemas pessoais, aparecia em poucos papeis importantes no cinema e reclamava de ter vivido por 15 anos à sombra do ex-marido, o premiado ator Sean Penn. Por isso seu papel de protagonista é real e ao mesmo tempo irônico.



Ao falar do scanner/clonagem para a vida eterna na tela, o filme toca num ponto crucial, motivo de discussões intermináveis: de como o cinema vem utilizando as tecnologias que tornam tudo superficial, efêmero e rápido.
Além de Robin Wright, há participações de Harvey Keitel, Danny Huston e Paul Giamatti, bem como Jon Hamm como o narrador.
Veja, mas vá preparado: é um filme de arte para poucos, que intriga, desafia a nossa mente e propõe discussões fundamentais sobre a indústria do cinema na atualidade.

O congresso futurista (The congress). Israel/ Alemanha/ Polônia/ Luxemburgo/ Bélgica/ França/ Estados Unidos/ Índia, 2013, 122 minutos. Animação/Ficção científica. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Ari Folman. Distribuição: Imovision

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Começa hoje o Festival É Tudo Verdade com 72 filmes na programação

Um dos festivais mais importantes e antigos de documentários tem início hoje, dia 13, em formato presencial e também online. Trata-se do “É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários”, que chega em sua 28ª edição. A programação segue até 23 de abril simultaneamente em seis salas em São Paulo e em três salas no Rio de Janeiro, com entrada gratuita. Esse ano serão exibidas 72 produções entre longas, médias e curtas-metragens, produzidos em 34 países. A programação inclui também conferências, debates e sessões em streaming.


O documentário norte-americano “Subject” (2022), de Jennifer Tiexiera e Camilla Hall, teve sua pré-estreia nacional na sessão de abertura em São Paulo para convidados, ontem, na Cinemateca Brasileira. A abertura para convidados no Estação NET Botafogo exibirá hoje, em estreia mundial, “1968 – Um Ano na Vida” (2023), de Eduardo Escorel.
Os vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas-Metragens estarão automaticamente classificados para apreciação à disputa pelo Oscar do próximo ano. Neste ano, a cerimônia de premiação será às 18h do dia 22 de abril, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. As produções premiadas pelos júris oficiais terão reapresentações especiais tanto em São Paulo quanto no Rio no dia 23 de abril.
A 28ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários conta com patrocínio do Itaú e da Sabesp, parceria do Sesc-SP, apoio cultural do Galo da Manhã, SPCine e Itaú Cultural e apoio da Riofilme. Realização: Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e Ministério da Cultura do Governo Federal. “Ao lado da belíssima safra de filmes, o grande marco desta 28ª edição é o retorno pleno do festival às salas de cinema”, comentou o diretor-fundador do Festival, Amir Labaki.
O circuito de exibição em São Paulo será nas seguintes salas: Cine Marquise, Cinemateca Brasileira (Salas Grande Otelo e Oscarito), Sesc 24 de Maio, Instituto Moreira Salles (IMS) e Centro Cultural São Paulo. No Rio de Janeiro, as sessões ocorrem na sala do Estação NET Botafogo e na Estação NET Rio (duas salas).
O programa do É Tudo Verdade 2023 estrutura-se em Mostras Competitivas de Longas/Médias-Metragens Brasileiros e Internacionais e de Curtas-Metragens Brasileiros e Internacionais e nas mostras não-competitivas Programas Especiais, O Estado das Coisas, Foco Latino-Americano e Clássicos É Tudo Verdade.

Filmes e apresentações especiais

Esse ano o festival traz filmes premiados, todos exibidos pela primeira vez no Brasil, como “Little Richard: Eu sou tudo” (2023, exibido nos festivais de Sundance e Miami), “El caso Padilla” (2022, exibido nos festivais de San Sebastian e Miami), “Subject” (2022, exibido no festival de Tribeca), “A história natural da destruição” (2022, indicado ao Golden Eye em Cannes) e “Vire cada página: As aventuras de Robert Caro e Robert Gottlieb” (2022, exibido nos festivais de Palm Springs e Philadelphia).
O festival homenageia, em 2023, em ciclos especiais, o cinema de Humberto Mauro (1897-1983), com a exibição de 10 curtas-metragens feitos entre os anos de 1930 e 1950 e dois documentários sobre esse pioneiro da produção brasileira. Também será realizada uma homenagem a Jean-Luc Godard (1930-2022), com a apresentação dos oito episódios da série “História(s) do cinema” (1987-1998).
A Sessão Especial Sabesp apresenta a estreia no festival do documentário “Lixo fora de lugar” (Matter Out of Place), do cineasta austríaco Nikolaus Geyrhalter, vencedor do Pardo Verde no Festival de Locarno de 2022.
Na sessão “Clássicos É Tudo Verdade”, exibição de “O prisioneiro da grade de ferro” (2003) e de outros filmes que marcaram o festival.
De 17 a 23 de abril, o Sesc Digital vai exibir em streaming dois filmes da mostra Foco Latino-Americano: “Beleza silenciosa”, de Jasmin Mara López, e “Hot Club de Montevideo”, de Maximiliano Contenti. A programação streaming apresenta no Itaú Cultural Play, entre 24 e 30 de abril, sete dos curtas-metragens da competição brasileira.

Atividades paralelas

Entre as atividades paralelas, destaca-se a 20ª edição da Conferência Internacional do Documentário, em correalização com a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, nos dias 13 e 14 de abril; Masterclass com o cineasta Cristiano Burlan, que estreia entre as Projeções Especiais do festival seu novo documentário, “Antunes Filho, do coração para o olho”, no dia 16; e o Ciclo de Palestras "O arquivo no Documentário", a ser realizado nos dias 17 e 18 de abril no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF Sesc).

Mais informações no site oficial do festival, em http://etudoverdade.com.br/br/home/

terça-feira, 11 de abril de 2023

Cine Infantil


Hotel Transilvânia


No exótico Hotel Transilvânia, Conde Drácula (voz de Adam Sandler) recebe diariamente monstros de todos os lugares. Lá humanos não entram. Mas tudo irá mudar quando um garoto vai para o resort para comemorar o aniversário de 118 anos da filha de Drácula, Mavis (voz de Selena Gomez), causando confusões do outro mundo.

Crianças, jovens e adultos curtiram à beça o resultado do primeiro filme “Hotel Transilvânia” (sites de críticas com participação popular indicaram isso), tanto que a produtora (Sony Pictures Animation) realizou mais três continuações. A bilheteria foi quatro vezes maior que o orçamento (U$ 85 milhões contra U$ 358 milhões), indicando que o bom marketing para a promoção do filme na época reverteu-se em público.
A animação em computação gráfica é repleta de gags e referências a filmes clássicos de terror com monstros famosos do cinema, como o Conde Drácula, protagonista aqui, a Múmia, Frankenstein e Lobisomem, sem contar bruxas, caveiras e mortos-vivos que desfilam com graça e um estranho charme.
Emprestaram suas vozes para a dublagem original nomes de peso, como Adam Sandler, Andy Samberg e Selena Gomez, somando-se a eles Kevin James, Fran Drescher, Steve Buscemi, David Spade e Jon Lovitz. A história é bacaninha, nada de especial, arrancando bons risos de quem assiste – os mais ligados ao mundo do cinema verão homenagens a “Nosferatu”, “A Família Addams” etc


Indicado ao Globo de Ouro de animação, o filme tem como diretor o russo radicado nos Estados Unidos Genndy Tartakovsky. Ele dirigiu os três primeiros, um pouco inferiores ao original e com mais maluquices (as continuações são “Hotel Transilvânia 2”, de 2015, e “Hotel Transilvânia 3: Férias monstruosas”, de 2018), e produziu a parte quatro, que depois de passar nos cinemas, entrou diretamente na Amazon Prime, “Hotel Transilvânia 4: Transformonstrão” (2022).

Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania). EUA/Canadá, 2012, 91 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Genndy Tartakovsky. Distribuição: Sony Pictures

Cine Cult



Meu passado me condena


A polícia britânica prende um homem chamado Jack Barrett (Peter McEnery), acusado de furtar a empresa onde trabalha. Com ele são encontrados recortes de jornal que estampam a figura de um influente advogado da cidade, Melville Farr (Dirk Bogarde). Farr também passa a ser investigado por integrar uma rede de chantagistas que perseguem homossexuais.

Na época do lançamento, em 1961, esse filme independente britânico dividiu a opinião por tocar em um tema tabu, pois fala de uma rede (que realmente existiu) que perseguia gays nos anos de 1950 e 1960, cuja prática passou a ser considerada crime no país tempos depois. O filme veio no auge da Nouvelle Vague Britânica, conta com uma história complexa, cheia de detalhes e grandes atores em cena, com destaque para Dirk Bogarde, de “O criado” (1963) e “Morte em Veneza” (1971).
Desafiador, faz uma incisiva crítica social em tom de “filme de denúncia” – a tal rede de chantagistas enxergava os gays como delinquentes e criminosos, portanto poderiam puni-los com as próprias mãos (a “chantagem” aqui seriam ameaças, com grupos organizados que pichavam xingamentos e humilhações contra os homossexuais nas paredes das casas onde moravam, bem como em carros e enviando cartas secretas).
O filme rompeu barreiras, influenciando o comportamento e a mentalidade do público da época. Foi escrito por John McCormick, de “7 mulheres” (1965), e por uma roteirista visionária, que tocava em feridas abertas da sociedade, Janet Green, que antes fez um filme apontando o racismo, “Safira, a mulher sem alma” (1959).



Recebeu indicação ao Bafta de melhor ator (Dirk Bogarde) e roteiro, e ainda ao Leão de Ouro no Festival de Veneza.
O diretor, Basil Dearden, de “Na solidão da noite” (1945), drama de terror sobrenatural codirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti, morreu prematuramente em 1971 aos 60 anos, vítima de acidente de carro em Londres. Ele é pai do diretor e roteirista James Dearden, de “Um beijo antes de morrer” (1991), e indicado ao Oscar de melhor roteiro por “Atração fatal” (1988).
O filme ganhou uma ótima versão em DVD pela Obras-primas do Cinema, com 1h30 de extras, que incluem entrevista com Dirk Bogarde e um documentário especial.

Meu passado me condena (Victim). Reino Unido, 1961, 100 minutos. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Basil Dearden. Distribuição: Obras-primas do Cinema

domingo, 9 de abril de 2023

Cine Especial - Páscoa


Hop – Rebelde sem Páscoa


E.B. Junior (voz de Russell Brand) é um coelho adolescente que vive na Ilha de Páscoa com a família. Ele se recusa a assumir os negócios do pai, uma megafábrica de ovos de Páscoa, pois tem o sonho de seguir a carreira musical. Após uma briga com o pai, Junior foge para Hollywood e é atropelado por Fred (James Marsden), que passa a cuidar dele. Quando descobre um terrível golpe orquestrado na Ilha de Páscoa pelos funcionários da fábrica de ovos de E.B., colocando a vida de todos os animais de lá em risco, Junior resolve retornar para a terra natal com o apoio de Fred.

Um filme-família descompromissado e bem divertido para assistir hoje, dia de Páscoa. Um dos criadores da série infantil “Bob Esponja”, Tim Hill dirigiu várias fitinhas corriqueiras para a criançada, ressuscitando clássicos com nova roupagem, como fez em “Muppets no espaço” (1999), “Garfield 2” (2006) e “Alvin e os esquilos” (2007). Em “Hop”, Hill dirige uma história da dupla Cinco Paul e Ken Daurio, roteiristas de “Meu malvado favorito” (2010), que reinventa o coelho da Páscoa com um perfil mais adolescente. Aqui o coelho E.B. Junior - voz de Russell Brand, de “O pior trabalho do mundo” (2010), nascido na Ilha de Páscoa (Rapa Nui), na Polinésia, não quer seguir os negócios do pai, E.B. (voz de Hugh Laurie, da série “House”). Ele é o verdadeiro coelho da Páscoa, que possui uma empresa de produção de ovos de chocolate e em breve irá se aposentar. Junior quer entrar no mundo do rock, gosta de bateria, e para conquistar o sonho, foge para Hollywood numa espécie de fenda mágica. Na cidade dos astros e estrelas, é atropelado por Fred, um rapaz desempregado (James Marsden, da franquia “X-Men: O filme”). Machucado, fica sob cuidado de Fred. Enquanto isso, na Ilha de Páscoa, o pintinho francês Carlos - voz de Hank Azaria, de “A gaiola das loucas” (1996), organiza um golpe para assumir a fábrica de chocolates de E.B, o que faz Junior retornar para salvar o lugar. A aventura então começa, com perseguições, sequestros e maluquices que uma fita desse naipe exige.



O filme mistura animação em computação gráfica com atores de verdade. Aparecem, além de James Marsden, Kaley Cuoco, Elizabeth Perkins, Gary Cole e David Hasselhoff (como ele mesmo), e tem vozes de Russell Brand, Hugh Laurie e até de Hugh Hefner, o fundador da Playboy, que faz uma piadinha infame com as coelhinhas da revista erótica.
Um passatempo para todos, fita rápida e engraçadinha, produzida pela Universal com a Illumination, estúdios que lançaram franquias de animações campeãs de bilheteria, como “Meu malvado favorito”, “Minions”, “A vida secreta dos bichos” e “Sing”, e hoje é forte concorrente da Disney.

Hop – Rebelde sem Páscoa (Hop). EUA/Japão, 2011, 94 minutos. Animação/Aventura. Colorido. Dirigido por Tim Hill. Distribuição: Universal Pictures

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Cine Clássico



A vida de Alexander Graham Bell

Trajetória do cientista britânico naturalizado americano Alexander Graham Bell (1847-1922), que deu os primeiros passos para a invenção do telefone.

Nascido de uma família de estudiosos do som e das palavras, de Edimburgo (avô e pai eram professores de linguagem e elocução, pioneiros com trabalhos com pessoas surdas), Alexander seguiu a carreira de professor nas mesmas áreas, e de música também, na Escócia e na Inglaterra. A mãe ficou surda, e isso o motivou nas pesquisas de surdez. Morou no Canadá, onde se debruçou, em 1870, no campo da transmissão de som por meios eletrônicos. Três anos depois foi para os EUA (com residência em Boston) continuar os estudos na área e fundou sua companhia de telefone, a Bell Telephone Company, obtendo mais de 10 patentes de aparatos de som e de telefonia que revolucionariam o mundo. Nessa época também era professor de crianças surdas.
Porém virou uma discussão quem inventou o telefone: parte da sociedade atribuía a ideia a Bell, outros ao italiano Antonio Meucci (Meucci fez um protótipo e o vendeu a Bell em 1870, e Bell expandiu o negócio). Na metade do filme há a passagem histórica que ficou conhecida como “Guerra das Patentes”, uma disputa judicial travada entre cientistas que de um jeito ou de outro tinham criado sistemas de transmissão de som (dentre eles Meucci e o americano Elisha Gray) e, portanto, reivindicavam a patente – a batalha perdurou por mais de um século, só encerrando em 2002, quando o Congresso, por meio de uma resolução, reconheceu Meucci como o verdadeiro inventor do telefone.
Há duas passagens reais e importantes no filme de 1939: quando Bell faz a primeira demonstração pública do telefone, que deu errado e por isso foi humilhado; e quando apresentou o telefone à rainha Vitória – ela foi a primeira a comprar os equipamentos para a corte e daí a notícia correu o mundo, consolidando o trabalho de Bell.



Assim como todos os cientistas da época, Bell não se fixou em apenas um projeto; estudou com afinco o telégrafo, a locução, a acústica e a fonologia, além de desenvolver inventos ligados à aeronáutica (infelizmente flertou com movimentos de eugenia no final do século XX).
Dirigido por Irving Cummings, realizador de 80 filmes, muitos deles mudos e da era de Ouro de Hollywood – destaque na sua filmografia o premiado faroeste musical “No velho Arizona” (1928) e vários infantis com Shirley Temple, como “A pequena órfã” (1935).
Saiu em DVD pela Classicline anos atrás, com o título modificado para “A história de Alexander Graham Bell”, e depois pela Versátil Home Video na coleção da Folha “Grandes biografias no cinema”.

A vida de Alexander Graham Bell (The story of Alexander Graham Bell). EUA, 1939, 98 minutos. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Irving Cummings. Distribuição: Classicline (DVD) e Versátil Home Video (DVD de 2016, na coleção da Folha “Grandes biografias no cinema”)

domingo, 2 de abril de 2023

Cine Cult

 

Comportamento suspeito

Steve (James Marsden) muda-se com a família para a idílica cidade de Cradle Bay. Ele vai estudar em uma escola de elite e lá conhece Gavin (Nick Stahl) e Rachel (Katie Holmes), dois jovens rebeldes, ficando amigo deles. Percebe que Gavin, um dia, muda bruscamente de comportamento, entrando em transe frequente e tornando-se robotizado. Quando Gavin passa a integrar um seleto grupo de jovens com os mesmos comportamentos, Steve e Rachel investigam o que há por trás daquelas atitudes suspeitas.

Produzido pela MGM, o filme de terror e ficção científica, uma coprodução Austrália, EUA e Canadá, totalmente rodada no Canadá, fez certa carreira no extinto VHS depois de fracassar nos cinemas - independente, custou barato, U$ 15 milhões, rendendo apenas U$ 17 milhões ao redor do mundo. Parece um episódio saído das histórias sobrenaturais da premiadíssima série “Arquivo X” – o diretor David Nutter dirigiu e produziu episódios do famoso seriado e de outro de estilo semelhante muito assistido no fim dos anos de 1990, “Millennium”. “Comportamento suspeito” foi o primeiro e único filme para cinema de Nutter, e foi escrito por Scott Rosenberg, roteirista de “Con Air: A rota da fuga” (1997). Rosenberg botou um tom sobrenatural, com visível pegada scifi vinda de fitas B dos anos 60 e 70, para criar esse filme teen que não investe em violência e aos poucos vai se tornando uma fita de investigação, mistério e fantasia. Ao trazer garotos e garotas tomados por uma estranha força sinistra, cujo comportamento é alterado, o filme toca em outro ponto, mesmo não sendo a tônica da obra: a discussão sobre tribos nas escolas, com grupos próprios e isolados que representavam a cara dos anos 1990: os nerds, os riquinhos, os skatistas, os rebeldes, aqueles que afrontam professores, outros que não se enquadram em nenhum estilo, as vítimas de bullying etc.



Não é um filme tão bem realizado, falta gás nas cenas de suspense, a conclusão é rápida e há momentos irregulares, porém tem uma história curiosa (adoro filmes sobrenaturais de scifi) que prende o público até o fim para saber do segredo que ronda o comportamento dos adolescentes.
Marcou a estreia de James Marsden (que depois viveria o Cyclope na franquia de cinema “X-Men”) e Katie Holmes, da série “Dawson’s creek” - depois se casaria com Tom Cruise. E no elenco também vemos Nick Stahl, coadjuvante de filmes premiados como “Além da linha vermelha” (1998) e “Entre quatro paredes” (2001), e os veteranos Steve Railsback, William Sadler e Bruce Greenwood.
A Classicline acaba de lançar o filme em DVD, com extras e card colecionável.

Comportamento suspeito (Disturbing behavior). EUA/Austrália/Canadá, 1998, 84 minutos. Terror/Ficção científica. Colorido. Dirigido por David Nutter. Distribuição: Classicline

Resenhas especiais

  O presente   O casal Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) muda-se para uma nova casa. A rotina tranquila dos dois é ameaçada quand...