A melhor estreia
brasileira do mês é esse incrível drama com ar misterioso ‘O estranho’, escrito
e dirigido por Flora Dias e Juruna Mallon. Indicado ao Teddy Bear no Festival
de Berlim de 2023, o filme se passa no Aeroporto Internacional de Guarulhos, construído
sob o território indígena, onde três milhões de pessoas cruzam todos os meses. Uma
funcionária que trabalha na pista de pouso investiga o passado daquela área que
abrigava indígenas, que contrapõe as ideias de civilização com a desapropriação
forçada e genocídio do povo indígena.
Com tom memorialista,
recorrendo a imagens de um passado perdido, o filme traz sempre o paradoxo do
progresso do aeroporto e da colonização do território. Gravado no aeroporto de
Guarulhos e nos arredores, tem participação dos atores Romulo Braga, Helena
Albergaria e Larissa Siqueira. Produção da Lira Cinematográfica e Enquadramento
Produções em coprodução com a francesa Pomme Hurlante Films e as brasileiras
Filmes de Abril e Ipê Branco Filmes, com distribuição nos cinemas pela Embaúba
Filmes.
Tudo o que você podia
ser (2023)
Dirigido por Ricardo
Alves Jr., de ‘Elon não acredita na morte’ (2016), essa cativante comédia
dramática queer brasileira recebeu prêmios no Festival do Rio e no MixBrasil do
ano passado. Rodada em Belo Horizonte, conta com atores do teatro de lá, cujos
nomes reais são os dos personagens. No filme, quatro amigas se reúnem para a despedida
de uma delas, que deixará BH. Durante um dia inteiro, vão rir, chorar, lembrar
de momentos de afeto do passado.
O diretor costuma fazer
filme-teatro, misturando real e ficcional (doc/ficção), e aqui segue a mesma linha,
num bonito retrato sobre o valor da amizade, dos encontros e despedidas da vida,
focando personagens do universo LGBTQIAPN+, que dão um show de interpretação.
O tema musical central, título
do filme, é a canção “Tudo o que você podia ser”, do Clube da Esquina, regravado
pela cantora baiana Coral.
Produzido pela EntreFilmes
e Sancho&Punta, tem distribuição da ‘Sessão Vitrine Petrobras’ em 20
cidades brasileiras, por meio do Programa Petrobras Cultural.
Sin embargo, uma
utopia (2024)
Estreou em algumas salas
de cinemas de São Paulo esse documentário alternativo sobre a viagem do professor
e maestro paulista Kleber Mazziero a Cuba, quando da comemoração de seus 50
anos de carreira. Em Havana, ele fala sobre a relação de Brasil e Cuba na
música, suas andanças pela ilha e seu trabalho na formação de jovens pianistas
cubanos. Tanto na abertura quanto em outros momentos do filme, Mazziero faz um
apelo para o fim do embargo dos Estados Unidos, que paralisa Cuba desde os anos
60 com o bloqueio econômico e é um risco para a população de 11 milhões de
habitantes. O filme celebra ainda os 110 anos do Museu Nacional de Belas Artes
de Cuba, um centro histórico e de formação da identidade cultural do país.
Mazziero é produtor do filme, e sua esposa, Fabiana Parra, a diretora. Doc
produzido por Kaza Véia e Instituto Cubano del Arte e Industria
Cinematográficos - ICAIC.
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