A estação (2023)
Em sua estreia no cinema
ficcional, a diretora mineira Cristina Maure faz uma viagem ao universo
feminino ao retratar dias na vida de uma mulher que chega a uma estação para
pegar um trem, que nunca aparece. Ela está em busca do marido que a abandonou.
Enquanto isso, fica hospedada numa pensão e cruza com pessoas estranhas, o que
a faz relembrar velhos fatos. Nessa fita independente, coprodução Brasil e
Uruguai, rodada durante a pandemia e finalizada somente agora, a diretora
escala um elenco misto, como atores do teatro mineiro e a atriz uruguaia Jimena
Castiglioni, radicada no Brasil. Conta com uma bela fotografia em
preto-e-branca que evoca o passado, de um vilarejo e de uma mulher estacionados
no tempo, criando uma atmosfera de sonho e realidade, que beiram o absurdo e
surrealismo. Exibido no Festival de Tiradentes desse ano, o filme está nos
cinemas pela Vaca Amarela.
A ordem do tempo (2023)
Aos 90 anos, a veterana diretora italiana Liliana Cavani realizou esse seu último trabalho em 2023, um drama de ar misterioso que reúne bons nomes do cinema da Itália, como Claudia Gerini, Alessandro Gassmann (filho do ator Vittorio Gasmman e da atriz Juliette Mayniel) e participação da espanhola Ángela Molina. O longa é inspirado no livro de mesmo nome do físico Carlo Rovelli, que discorre sobre teorias físicas, como gravidade, loop, passando por Newton e Einstein. Cavani pegou a ideia central e escreveu um roteiro com vários personagens, juntando poesia e efeitos dramáticos – ela adaptou-o ao lado do roteirista Paolo Costella. Acompanhamos um grupo de amigos, homens e mulheres, reunido numa casa à beira-mar para o aniversário de uma delas. De repente, eis que um anuncia a espalhafatosa notícia de que um asteroide que está rumo à Terra, o que colocará fim ao planeta em poucas horas. A notícia causa espanto, angústia e dúvidas entre os amigos, que passam a falar incessantemente sobre o assunto. Ora engraçado, ora filosófico, não é uma grande obra de Liliana, que dirigiu filmes de arte chocantes muitas décadas atrás, como ‘O porteiro da noite’ (1974) e ‘A pele’ (1981); infelizmente, nos últimos tempos, sua carreira é bem irregular, com filmes esquecíveis. Ainda que com problemas de roteiro e a falta de ingredientes encorpados, ‘A ordem do tempo’ assiste-se até o fim, pois queremos saber como terminará a tal trama do meteoro. Exibido nos festivais de Veneza e Rio, está nos cinemas das principais capitais brasileiras pela Pandora Filmes.
A semente do mal (2023)
Terror com suspense que tem um início curioso, mas que decai ao longo de um enredo absurdo e estranho. Começa com um bebê raptado em uma casa, deixando a mãe apavorada. Tempos depois, a criança cresce, e hoje é um jovem (Carloto Cotta, ator francês, de ‘Tabu’), que busca respostas sobre seu passado e planeja encontrar a mãe biológica, que nunca viu. Depois de um teste de DNA, descobre que a mãe mora em Portugal; então, ao lado da namorada (Brigette Lundy-Paine, da série ‘Atypical’), viaja à Europa, indo até o casarão onde a mãe mora reclusa vive. Instalados lá, percebe que a mãe (Alba Baptista, atriz portuguesa, de ‘Dulcineia’) guarda segredos assustadores – a mulher é atormentada após uma série de cirurgias que não deram certo e a deixaram deformada. Gabriel Abrantes, jovem cineasta de origem portuguesa, que mora nos EUA e teve longas e curtas exibidos em festivais de prestígio como Cannes, Berlim e Veneza, não esconde as influências do cinema de Dario Argento e de David Lynch, além do estilo camp, só que tudo é muito razoável, com situações que beiram o ridículo. Ele diz que foi influenciado por filmes como ‘Suspiria’ e ‘Veludo azul’, tanto para compor a trama quanto para criar os personagens (ele é o roteirista também), mas obviamente que suas tentativas são fracassadas. Falta também engajamento dos atores, em especial o rapaz, Cotta, que aparece em três personagens diferentes. Brigette é boa, tenta segurar as pontas, só que em vão... Quem quiser arriscar, o filme está nos cinemas brasileiros pela Imagem Filmes.
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