terça-feira, 15 de junho de 2021

Resenha Especial


Invencível

Na Segunda Guerra Mundial, o ex-atleta olímpico Louis Zamperini (Jack O’Connell) se alista no Exército e é chamado para uma missão no Oceano Pacífico. O avião onde viaja cai no mar, Zamperini sobrevive com outros três soldados, até serem capturados pela marinha japonesa. Eles são enviados a um campo de concentração e passam por torturas. Zamperini vira alvo de um obcecado oficial japonês.

Angelina Jolie, além de ser uma atriz bonita e competente em cena quando aceita bons projetos de bons diretores, demonstra enorme talento como diretora. Filha do astro Jon Voight, ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por “Garota, interrompida” (1999) e um Oscar especial (prêmio humanitário) em 2014, devido a suas causas sociais na África, Oriente Médio e Ásia. Produtora e roteirista, dirigiu até agora cinco filmes, quase todos sobre conflitos de guerras – com destaque para “Na terra de amor e ódio” (2011 - sobre a Guerra da Bósnia), esse bom “Invencível” (2014) e o melhor deles, “Primeiro mataram meu pai” (2017) - uma produção da Netflix, do Cambodja, indicada ao Globo de Ouro e ao Bafta de melhor filme estrangeiro, baseado em fatos reais sobre os horrores cometidos pelo Khmer Vermelho no Cambodja do final dos anos 70.


Em “Invencível”, Angelina mostra domínio na direção para contar uma história forte, por vezes sofrida, e muito comovente, que reconstitui a vida trágica de Louis Zamperini, que morreu aos 97 anos quando o filme estava em fase de conclusão. Parte dela acompanha a infância e a juventude rebelde do novaiorquino Louis, que se tornou atleta ainda pequeno, competindo na escola, e até os 20 anos esteve em competições de alto nível, ganhando medalhas, sendo recordista e por fim convocado para os Jogos Olímpicos de Verão em Berlim, em 1936. Ao estourar a Segunda Guerra, alistou-se no Exército e após uma queda de avião numa missão no Pacífico, sobreviveu com três membros. Até serem capturados pelos japoneses e enviados a um campo de prisioneiros, onde viveriam dias infernais...
Tecnicamente bem realizado, com cenas efusivas de desastre aéreo e explosões, traz cenas memoráveis como a dos soldados no bote no meio do mar, cheio de feridas por causa da insolação, tendo de comer tubarão e peixes, e as mais famosas delas, as do embate de Zamperini com o rigoroso oficial japonês (com certo olhar lembra o emblemático “Furyo, em nome da honra”, de Nagisa Oshima).
O elenco dá o tom adequado e a dramaticidade pretendida, a contar o britânico Jack O’Connell (de “300: A ascensão do império” e de outro filme de guerra também feito em 2014, “71: Esquecido em Belfast”), na pele do protagonista; o irlandês Domhnall Gleeson (de “Questão de tempo” e “Ex_Machina: Instinto artificial”), filho do grande ator Brendan Gleeson; e os norte-americanos Garrett Hedlund (de “Quatro irmãos”) e Finn Wittrock (lembrado por várias temporadas de “American horror story”).


Vale destacar que o filme era um antigo projeto da Universal, engavetado desde a década de 50, reencontrado por Angelina, que deu vida a ele. Recebeu três indicações ao Oscar (fotografia, edição de som e mixagem de som), tem roteiro dos irmãos Coen (Ethan e Joel, os soberbos e premiados diretores e roteiristas de filmes autorais como “Gosto de sangue”, “Fargo” e tantos outros), em colaboração com Richard LaGravenese e William Nicholson, baseado no livro de Laura Hillenbrand.
Ganhou uma continuação fraquinha, “Invencível: Caminho da redenção” (2018), que conta com outro elenco, outro diretor e produtor.

Invencível (Unbroken). EUA, 2014, 137 minutos. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por Angelina Jolie. Distribuição: Universal Pictures

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