domingo, 16 de maio de 2021

Cine Especial


A colina escarlate

Órfã, filha de um milionário, Edith (Mia Wasikowska) se casa com um empreendedor inglês chamado Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), e com ele se muda para um velho castelo no meio do nada. Lá reside a irmã de Thomas, Lucille (Jessica Chastain), uma mulher misteriosa. Edith, cada vez mais sozinha, começa a ser assombrada por sinistros fantasmas, que dão um alerta para ela. A jovem então resolve por conta investigar um antigo segredo, guardado a sete-chaves nos porões do castelo.

O estimado cineasta mexicano Guillermo del Toro prestou sua homenagem ao cinema de horror gótico nesse seu filme menos experimental, mais com cara de blockbuster (e orçamento para isso), e ainda assim soturno e com certa inventividade. Escrevendo o roteiro ao lado do veterano Matthew Robbins, que juntos haviam feito o gosmento e escatológico “Mutação” (1997), trouxe traços do Romantismo, com claro diálogo com o romance “Jane Eyre”, um pouco do espírito de Edgar Allan Poe, personagens alusivos ao mundo de Roger Corman, e até do suspense de Hitchcock “Rebecca, a mulher inesquecível” (1940). Tudo isso para contar uma história melancólica, de um terror que oscila entre o psicológico e o evidente, cujo enredo segue numa montanha russa do medo, com reviravoltas envolvendo crimes brutais, espíritos feiosos ensanguentados (que não sabemos se são amigáveis ou mortais) e uma estranha argila que circunda o decrépito castelo.


Notadamente é uma produção bem cuidada e bem cara (custou U$ 55 milhões), com elementos visuais estridentes, de forte impacto, como a fotografia, o figurino e a direção de arte, que lembram o estilo das fitas populares da produtora britânica Hammer (esses elementos ficarão na nossa memória por um bom tempo). Infelizmente não teve a bilheteria esperada (U$ 75 milhões no mundo), e posso dizer que assumiu o lado cult, assim como ocorreu com grande parte da filmografia do diretor.


O elenco se esforça (gosto em particular de Hiddleston, que casa bem com filmes de época), e o filme pode cair no gosto de quem curte “gore” (terror com mortes macabras e muito sangue) – e há até uma investida numa trama de “mistério” (só para aguçar a curiosidade de quem não viu, existe um assassino na história, meio fácil de descobrir quem seja, e só revelado no desfecho).
Assisti no cinema em 2015, depois revi duas vezes, na época do lançamento em DVD pela Universal e essa semana novamente em DVD. Continuo gostando da obra, e confesso que na revisão melhorou... não é um Del Toro megaespecial, mas ele faz jus ao tema, e há seu estilo marcante, com criaturas estranhas, o tom macabro, os elementos visuais com suas cores fortes – dele, na linha do “gore” com fantasia como esse, destaco “Cronos” (sua estreia em longa-metragem, de 1993) e “A espinha do diabo” (2001 – um exercício com espíritos, de forma inventiva), ambos rodados no México.

A colina escarlate (Crimson Peak). EUA/Canadá/México, 2015, 119 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Guillermo Del Toro. Distribuição: Universal Pictures

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