Círculo do medo
O criminoso Max Cady (Robert
Mitchum) deixa a cadeia disposto a se vingar de seu advogado, Sam Bowden
(Gregory Peck), que pode ter interferido propositalmente em sua prisão.
Está aí um clássico do
cinema hollywoodiano de tirar o chapéu, um thriller classe A sobre vingança que
ganhou, trinta anos depois, um remake tão fenomenal quanto esse, “Cabo do medo”
(1991, de Martin Scorsese). Do início ao fim o público é envolto num eletrizante
(e sádico) jogo de gato e rato, que deixa qualquer um atônito. Na história, um
criminoso (Robert Mitchum, sinistro) sai da cadeia e bola um plano para acabar
com o advogado (Gregory Peck, sempre bem) que o colocou lá, preparando uma série
de armadilhas que atingirão toda a sua família (no caso a esposa e a filha, interpretadas
por Polly Bergen e Lori Martin). Para ajudar o advogado a sair dessa, entram na
trama um chefe de polícia (Martin Balsam) e um detetive particular (Telly Savalas).
É baseado num livro de sucesso
da literatura americana policial, e polêmico pela violência, “Os executores”,
de 1956 (intitulado no Brasil de “Os algozes” e recentemente lançado pela Darkside
Books com o título “Cabo do medo”), do escritor John D. MacDonald. O roteiro enérgico
é de James R. Webb (que no mesmo ano ganharia o Oscar de roteiro por “A
conquista do Oeste”), e inspirou o roteiro do remake de 1991 (há muitas diferenças
entre o livro e esse primeiro filme, e mais diferenças ainda com o remake, como
o desfecho, a relação de Cady com a filha adolescente do advogado etc).
A dupla Peck-Mitchum mantém
um clima de sintonia em cena, com todos os aspectos de comportamento exigidos
pelos personagens, do olhar de ódio à rivalidade com brigas corporais – o Cady
de Mitchum lembra um de seus vilões mais marcantes do cinema, o fanático
religioso Harry Powell de “O mensageiro do diabo” (1955). Curiosidade: parte do
elenco voltaria em papéis menores no segundo filme, como Peck, Mitchum e
Balsam.
Memorável é a trilha
sonora de Bernard Herrmann, que inspirou a do remake e ainda podemos ouvi-la na
série da Netflix “Ratched”.
A direção é o ponto alto
de “Círculo do medo”, do mestre do cinema policial J. Lee Thompson, um ano
depois de ter sido indicado ao Oscar de melhor direção pelo clássico de guerra “Os
canhões de Navarone” (1961) – nas décadas seguintes faria fitas passageiras de
ação, muitas com Charles Bronson (“O grande búfalo branco”, “Cabo Blanco”, “Kinjite”),
além de dois filmes da franquia “O planeta dos macacos”, no caso “A conquista
do planeta dos macacos” e “A batalha do planeta dos macacos”, e ainda um
clássico da Sessão da Tarde, “As minas do rei Salomão” (1985).
Esse filmaço de suspense
não envelheceu, continua intacto nos deixando atônitos, com os nervos à flor da
pele. Em DVD pela Universal.
Círculo do medo (Cape Fear). EUA, 1962, 106 minutos.
Suspense. Preto-e-branco. Dirigido por J. Lee Thompson. Distribuição: Universal
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