quarta-feira, 5 de maio de 2021

Cine Clássico


Círculo do medo

O criminoso Max Cady (Robert Mitchum) deixa a cadeia disposto a se vingar de seu advogado, Sam Bowden (Gregory Peck), que pode ter interferido propositalmente em sua prisão.

Está aí um clássico do cinema hollywoodiano de tirar o chapéu, um thriller classe A sobre vingança que ganhou, trinta anos depois, um remake tão fenomenal quanto esse, “Cabo do medo” (1991, de Martin Scorsese). Do início ao fim o público é envolto num eletrizante (e sádico) jogo de gato e rato, que deixa qualquer um atônito. Na história, um criminoso (Robert Mitchum, sinistro) sai da cadeia e bola um plano para acabar com o advogado (Gregory Peck, sempre bem) que o colocou lá, preparando uma série de armadilhas que atingirão toda a sua família (no caso a esposa e a filha, interpretadas por Polly Bergen e Lori Martin). Para ajudar o advogado a sair dessa, entram na trama um chefe de polícia (Martin Balsam) e um detetive particular (Telly Savalas).
É baseado num livro de sucesso da literatura americana policial, e polêmico pela violência, “Os executores”, de 1956 (intitulado no Brasil de “Os algozes” e recentemente lançado pela Darkside Books com o título “Cabo do medo”), do escritor John D. MacDonald. O roteiro enérgico é de James R. Webb (que no mesmo ano ganharia o Oscar de roteiro por “A conquista do Oeste”), e inspirou o roteiro do remake de 1991 (há muitas diferenças entre o livro e esse primeiro filme, e mais diferenças ainda com o remake, como o desfecho, a relação de Cady com a filha adolescente do advogado etc).


A dupla Peck-Mitchum mantém um clima de sintonia em cena, com todos os aspectos de comportamento exigidos pelos personagens, do olhar de ódio à rivalidade com brigas corporais – o Cady de Mitchum lembra um de seus vilões mais marcantes do cinema, o fanático religioso Harry Powell de “O mensageiro do diabo” (1955). Curiosidade: parte do elenco voltaria em papéis menores no segundo filme, como Peck, Mitchum e Balsam.
Memorável é a trilha sonora de Bernard Herrmann, que inspirou a do remake e ainda podemos ouvi-la na série da Netflix “Ratched”.


A direção é o ponto alto de “Círculo do medo”, do mestre do cinema policial J. Lee Thompson, um ano depois de ter sido indicado ao Oscar de melhor direção pelo clássico de guerra “Os canhões de Navarone” (1961) – nas décadas seguintes faria fitas passageiras de ação, muitas com Charles Bronson (“O grande búfalo branco”, “Cabo Blanco”, “Kinjite”), além de dois filmes da franquia “O planeta dos macacos”, no caso “A conquista do planeta dos macacos” e “A batalha do planeta dos macacos”, e ainda um clássico da Sessão da Tarde, “As minas do rei Salomão” (1985).
Esse filmaço de suspense não envelheceu, continua intacto nos deixando atônitos, com os nervos à flor da pele. Em DVD pela Universal.

Círculo do medo (Cape Fear). EUA, 1962, 106 minutos. Suspense. Preto-e-branco. Dirigido por J. Lee Thompson. Distribuição: Universal

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