segunda-feira, 13 de abril de 2020

Resenhas Especiais


Vamos de Netflix nessa quarentena? Conheça esses cinco bons títulos que estão disponíveis na plataforma!

O declínio

Num campo de treinamento de sobrevivência no meio da neve na província de Quebec, um estranho acidente desencadeia uma caçada mortal entre os participantes.

Thriller canadense no melhor estilo “fervura máxima”, a primeira investida do Netflix Quebec, portanto falado em língua francesa. Em seu primeiro longa-metragem, o jovem diretor Patrice Laliberté escala um elenco de atores locais promissores, nenhum conhecido nosso, e parte de um roteiro próprio, sobre caçada e sobrevivência no meio do gelo. Demora um pouco para desenrolar a ideia, depois de apresentados os personagens o filme dá um up com perseguições sem fim, tiros, mortes, com plot twist e sacadas legais, tudo fotografado em maravilhosas locações, em florestas congeladas no meio do nada (as lindas paisagens são das montanhas de Quebec).
Curtinho, com apenas 83 minutos, é um autêntico e estranho jogo de gato e rato, onde pouquíssimos irão se manter em pé... Programa adequado para quem gosta de suspense e ação, que acabou de “estrear” no Netflix.

O declínio (Jusqu'au déclin/ The decline). Canadá, 2020, 83 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Patrice Laliberté. Distribuição: Netflix


Paddleton


Michael (Mark Duplass), um homem de meia-idade solitário, descobre um câncer agressivo. Seu único contato é o vizinho Andy (Ray Romano), que também vive só, e acaba se solidarizando a ele. Ambos partem sem destino para uma última viagem de carro pelos Estados Unidos.

Mark Duplass, ator americano de vários filmes independentes, como “Creep” (2014), também roteirista e produtor, protagoniza esse bonito drama ao lado de Ray Romano, indicado a dois Globos de Ouro pela série “Everybody loves Raymond”, e que recentemente apareceu no filme de máfia “O irlandês” (2019). Eles formam a dupla de amigos solitários que, depois da descoberta do câncer de um deles, resolvem seguir viagem pelos EUA, sem rumo, sem prumo. Pelas estradas, aprofundam a relação, conversam sobre o passado, o futuro e a morte. Haverá momentos ternos, outros cômicos, sempre tratados com um lado humano, realista, sem cair em dramalhões pesados, por mais que o tema possa parecer. Já vimos diversas histórias assim no cinema, mas esse aqui é honesto, tocante e merece ser descoberto (essa modesta produção do Netflix entrou no catálogo em fevereiro de 2019).
Exibido no Festival de Sundance, tem roteiro assinado por Duplass junto de Alex Lehmann, que dirigiu o filme.

Paddleton (Idem). EUA, 2019, 89 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Alex Lehmann. Distribuição: Netflix


Loja de unicórnios

Kit (Brie Larson) é uma jovem alegre e sonhadora, pressionada pelos pais para ter um emprego digno. Um dia, de maneira mágica, recebe a ilustre visita do proprietário de uma loja que vende unicórnios de verdade (Samuel L. Jackson). Ele oferece a Kit o poder de realizar seus sonhos de criança.

Passou no Festival de Toronto em 2017 e só dois anos depois entrou no Netflix essa produção original deles, uma fita bem com cara de cinema independente. É uma comédia dramática up, bonitinha, leve, que beira o fantástico (devido aos toques de fantasia), com a presença marcante de Brie Larson, que dessa vez não só atua como estreia na direção, dois anos após ter ganhado o Oscar de melhor atriz pelo impactante “O quarto de Jack” (2015). Samuel L. Jackson aceitou mais um papel excêntrico para sua galeria de personagens meio over, meio loucos, agora usando ternos rosas, com adornos coloridos (ele é famoso por caricaturas), esbanjado graça, super à vontade como o vendedor de unicórnios. O filme é uma inspiração para adolescentes, fala sobre a realização de sonhos de crianças (aqueles sonhos impossíveis), e encanta pela forma que conduz a história. Conta com uma ajuda extra do bom time de coadjuvantes, como Joan Cusack e Bradley Whitford, que interpretam os pais da protagonista.
Não quebre a cabeça procurando explicações palpáveis, entre na onda e divirta-se com esse entretenimento meio maluquinho do Netflix.

Loja de unicórnios (Unicorn store). EUA, 2017, 92 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Brie Larson. Distribuição: Netflix


Gente de bem


Anders (Ben Mendelsohn), um americano de 60 anos, está cansado da vida que leva. Acaba de abandonar o trabalho, separou-se há pouco da esposa, tem uma difícil relação com o filho adolescente. Meio perdido, ocupa o tempo decorando a casa, enquanto tenta se reaproximar do filho e inicia uma amizade com um jovem usuário de drogas.

Muita gente não conhece Ben Mendelsohn, e muitos que o conhecem não gostam dele pelo ar de antipático, sempre em papéis fechados, sérios. Eu gosto dele por causa dessas particularidades – é um ator australiano, indicado ao Globo de Ouro pela série “Bloodline”, fez cerca de 40 longas, dentre eles um personagem fortíssimo no drama “Una” (2016), o vilão de “Jogador número 1” (2018), participações em blockbusters como “Rogue One: Uma história Star Wars” (2016), “Robin Hood: A origem” (2018), “Capitã Marvel” (2019) e “Homem-Aranha: Longe de casa” (2019). Em suma, um cara que está em voga.
Nessa produção original do Netflix, ele dá um show como Anders, um homem que tem a vida bagunçada nos aspectos “família” e “trabalho”, não se encontra de jeito nenhum. Separado, tenta se reconciliar com o filho-problema, pensa na ex-esposa na hora que transa com outras mulheres. E arruma uma solução para se organizar internamente quando fica fissurado em decorar a casa.
O drama mostra a dificuldade dele em reajustar o seu interior e as relações que o cercam, tornando-se um retrato das famílias americanas de classe média em crise. O filme se segura principalmente pelo trabalho de Mendelsohn – apesar que tem coadjuvantes bons, como a grande atriz Edie Falco, pouco aproveitada (ela é mais vista em séries de sucesso, como “Nurse Jackie” e “The Sopranos”, pelo qual ganhou dois Globos de Ouro), Thomas Mann (que tem o mesmo nome do famoso escritor alemão, o garoto fez filmes como “Eu, você e a garota que vai morrer”), e a premiada Connie Britton.
Não é para todos os públicos... é uma história dura tratada com certo humor, baseado no romance de Ted Thompson, adaptado para as telas e dirigido pela cineasta Nicole Holofcener, de “À procura do amor” (2013), indicada ao Oscar de roteiro pelo fantástico drama real “Poderia me perdoar?” (2018).

Gente de bem (The land of steady habits). EUA, 2018, 98 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Nicole Holofcener. Distribuição: Netflix


Amizades improváveis

Trevor (Craig Roberts) é um garoto de 19 anos, cadeirante, portador de distrofia muscular. Seu novo cuidador é Ben (Paul Rudd), um homem 20 anos mais velho, com depressão devido à morte do filho pequeno, e inexperiente na área de cuidados médicos. Nessa amizade improvável, farão juntos uma viagem pelo interior dos Estados Unidos, em busca de redescobertas.

Agradável comédia dramática produzida pelo Netflix na linha do emotivo filme francês “Intocáveis” (2011 - que teve remake e imitações), sobre a amizade de um homem com um garoto cadeirante que tem pouco tempo de vida. Em primeiro plano temos um escritor recém-divorciado que trata de uma depressão, pois se sente culpado pela morte do filho pequeno (Paul Rudd, em bom momento). Então inicia um job diferente, para ajudar nos cuidados diários de um garoto cadeirante, agitado, que fala pelos cotovelos, cheio de piadas na ponta da língua e adora fazer adivinhações com números (outro bom ator, o jovem Craig Roberts). Com a permissão da mãe do menino (a ótima Jennifer Ehle), viajam sozinhos de carro para o interior do país, onde terão longos momentos para conversar sobre si, acerca da vida, do futuro, sonhos, ou seja, vão se autodescobrir e entrar em sintonia. No caminho até arrumam uma companheira de estrada (a cantora e também atriz Selena Gomez).
Tudo é previsível, agridoce, a história cativa, emociona, servindo de reflexão sobre o tema “Nada está perdido”!
Dirige Rob Burnett, produtor de “Late show with David Letterman”, ganhador de cinco Emmys pelo programa, que escreveu o roteiro baseado no romance de Jonathan Evison, de 2015.

Amizades improváveis (The fundamentals of caring). EUA, 2016, 97 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Rob Burnett. Distribuição: Netflix

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