Dois filmes de drama protagonizados
por mulheres, lançados pela Sony Pictures, em DVD no Brasil.
Smashed: De volta à realidade
Professora
do ensino primário, Kate (Mary Elizabeth Winstead) mora com o namorado Charlie (Aaron
Paul) e é viciada em álcool. Eles formam um casal alegre, unidos pela música,
diversão e pela bebida. Com frequência, Kate abusa da bebida, chegando a dormir
na rua. Quando percebe que a situação anda incontrolável, busca ajuda num grupo
de terapia. Pouco a pouco tenta voltar à vida normal, à sobriedade, um caminho
nada fácil, que a fará visitar seu passado e sua relação com a família e o namorado.
Bonita,
versátil e de rosto memorável, Mary Elizabeth Winstead (de “Rua Cloverfield, 10”)
brilha em cena nesse bom filme independente que, inacreditavelmente, custou U$
500 mil, um valor irrisório se pensarmos em produções norte-americanas de
cinema. É um tour-de-fource da atriz num papel dúbio, em que ela se divide entre
uma professora atenciosa quando está sóbria, e em uma mulher autodestrutiva nos
momentos que não se controla com bebidas alcoólicas. Os dias da protagonista são
de altos e baixos, ela é uma adicta em busca de recuperação, e quando procura
ajuda num terapia em grupo surge uma luz no fim do túnel para ela, que contará
com apoio do namorado/marido (Aaron Paul, um bom ator, mas pouco aproveitado no
cinema – ficou conhecido pela série “Breaking bad”, pelo qual recebeu indicação
ao Globo de Ouro). Nesse drama construído com seriedade, a história provoca
impacto imediato, tocando num tema delicado (alcoolismo, drogas, vícios),
focando na superação e no reencontrar-se da protagonista. A duração é curtíssima
(tem 81 minutos apenas), e o filme conta ainda com um elenco de apoio que chama
a atenção: Nick Offerman, Octavia Spencer, Mary Kay Place e Mackenzie Davis.
“Smashed”
participou de uma dezena de festivais internacionais, inclusive indicado ao
Grande Prêmio do Júri em Sundance, exibido também em Toronto, em 2012. É o segundo
trabalho autoral do diretor James Ponsoldt, de “O maravilhoso agora” (2013), “O
fim da turnê” (2015) e “O círculo” (2017), com roteiro escrito por ele junto da
atriz Susan Burke.
Smashed – De volta à realidade (Smashed). EUA, 2012, 81 minutos. Drama.
Colorido. Dirigido por James Ponsoldt. Distribuição: Sony Pictures
Certas mulheres
Na pequena
cidade de Livingston, no Noroeste americano, três mulheres (Laura Dern, Kristen
Stewart e Michelle Williams) vivem um intenso processo de autodescoberta numa sociedade
hostil e machista.
Drama
de alma feminina que discute os problemas enfrentados pelas mulheres na sociedade
americana atual, levando-as ao interior do país, onde a visão machista
predomina. Escrito e dirigido por Kelly Reichardt, que realizou três outros
filmes independentes que mal chegaram no Brasil, “Antiga alegria” (2006), “Wendy
e Lucy” (2008) e “Movimentos noturnos” (2013). Ela adaptou para o cinema
histórias cruzadas de Maile Meloy (criadora de “The Society”, série do Netflix
lançada este ano), sobre a vida de três mulheres moradoras de uma mesma cidade,
Livingston, Montana, nas planícies do Noroeste americano, mas que nunca se
encontram. Na primeira, Laura Dern interpreta uma advogada com uma causa
trabalhista nas mãos, na defesa de um ex-funcionário de uma empresa em busca de
indenização. Ela é pressionada por esse homem (Jared Harris), recebe ameaças, e
seus dias serão de angústia, de sufocamento.
O segundo
episódio (irregular, fraquinho) traz Michelle Williams como uma esposa que não tem
atenção merecida do marido, ambos vivem se desentendendo. Os dias dessa mulher estão
focados na construção da casa de seus sonhos. Além do marido, terá conflitos com
um idoso com quem trabalha.
O terceiro
e último (o melhor de todos) mostra Kristen Stewart como uma estudante de Direito
em uma relação ambígua com uma tratadora de cavalos (Lily Gladstone, revelação).
Elas trocam olhares, porém não conseguem uma aproximação.
As
melhores histórias de “Certas mulheres” são a primeira e a última, a construção
de ambas as partes se completam nesse recorte sobre um tema atual, que deve ser
revisitado com frequência. Vale uma conferida também pelo elenco de nomes femininos
importantes do cinema de hoje.
O
filme participou de dezenas de festivais pelo mundo afora, recebendo aplausos e
prêmios.
Certas mulheres (Certain women). EUA, 2016, 107 minutos.
Drama. Colorido. Dirigido por Kelly Reichardt. Distribuição: Sony Pictures
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