sábado, 14 de setembro de 2019

Resenhas Especiais



Dois filmes de drama protagonizados por mulheres, lançados pela Sony Pictures, em DVD no Brasil.


Smashed: De volta à realidade

Professora do ensino primário, Kate (Mary Elizabeth Winstead) mora com o namorado Charlie (Aaron Paul) e é viciada em álcool. Eles formam um casal alegre, unidos pela música, diversão e pela bebida. Com frequência, Kate abusa da bebida, chegando a dormir na rua. Quando percebe que a situação anda incontrolável, busca ajuda num grupo de terapia. Pouco a pouco tenta voltar à vida normal, à sobriedade, um caminho nada fácil, que a fará visitar seu passado e sua relação com a família e o namorado.

Bonita, versátil e de rosto memorável, Mary Elizabeth Winstead (de “Rua Cloverfield, 10”) brilha em cena nesse bom filme independente que, inacreditavelmente, custou U$ 500 mil, um valor irrisório se pensarmos em produções norte-americanas de cinema. É um tour-de-fource da atriz num papel dúbio, em que ela se divide entre uma professora atenciosa quando está sóbria, e em uma mulher autodestrutiva nos momentos que não se controla com bebidas alcoólicas. Os dias da protagonista são de altos e baixos, ela é uma adicta em busca de recuperação, e quando procura ajuda num terapia em grupo surge uma luz no fim do túnel para ela, que contará com apoio do namorado/marido (Aaron Paul, um bom ator, mas pouco aproveitado no cinema – ficou conhecido pela série “Breaking bad”, pelo qual recebeu indicação ao Globo de Ouro). Nesse drama construído com seriedade, a história provoca impacto imediato, tocando num tema delicado (alcoolismo, drogas, vícios), focando na superação e no reencontrar-se da protagonista. A duração é curtíssima (tem 81 minutos apenas), e o filme conta ainda com um elenco de apoio que chama a atenção: Nick Offerman, Octavia Spencer, Mary Kay Place e Mackenzie Davis.


“Smashed” participou de uma dezena de festivais internacionais, inclusive indicado ao Grande Prêmio do Júri em Sundance, exibido também em Toronto, em 2012. É o segundo trabalho autoral do diretor James Ponsoldt, de “O maravilhoso agora” (2013), “O fim da turnê” (2015) e “O círculo” (2017), com roteiro escrito por ele junto da atriz Susan Burke.

Smashed – De volta à realidade (Smashed). EUA, 2012, 81 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por James Ponsoldt. Distribuição: Sony Pictures


Certas mulheres

Na pequena cidade de Livingston, no Noroeste americano, três mulheres (Laura Dern, Kristen Stewart e Michelle Williams) vivem um intenso processo de autodescoberta numa sociedade hostil e machista.

Drama de alma feminina que discute os problemas enfrentados pelas mulheres na sociedade americana atual, levando-as ao interior do país, onde a visão machista predomina. Escrito e dirigido por Kelly Reichardt, que realizou três outros filmes independentes que mal chegaram no Brasil, “Antiga alegria” (2006), “Wendy e Lucy” (2008) e “Movimentos noturnos” (2013). Ela adaptou para o cinema histórias cruzadas de Maile Meloy (criadora de “The Society”, série do Netflix lançada este ano), sobre a vida de três mulheres moradoras de uma mesma cidade, Livingston, Montana, nas planícies do Noroeste americano, mas que nunca se encontram. Na primeira, Laura Dern interpreta uma advogada com uma causa trabalhista nas mãos, na defesa de um ex-funcionário de uma empresa em busca de indenização. Ela é pressionada por esse homem (Jared Harris), recebe ameaças, e seus dias serão de angústia, de sufocamento.
O segundo episódio (irregular, fraquinho) traz Michelle Williams como uma esposa que não tem atenção merecida do marido, ambos vivem se desentendendo. Os dias dessa mulher estão focados na construção da casa de seus sonhos. Além do marido, terá conflitos com um idoso com quem trabalha.
O terceiro e último (o melhor de todos) mostra Kristen Stewart como uma estudante de Direito em uma relação ambígua com uma tratadora de cavalos (Lily Gladstone, revelação). Elas trocam olhares, porém não conseguem uma aproximação.


As melhores histórias de “Certas mulheres” são a primeira e a última, a construção de ambas as partes se completam nesse recorte sobre um tema atual, que deve ser revisitado com frequência. Vale uma conferida também pelo elenco de nomes femininos importantes do cinema de hoje.
O filme participou de dezenas de festivais pelo mundo afora, recebendo aplausos e prêmios.

Certas mulheres (Certain women). EUA, 2016, 107 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Kelly Reichardt. Distribuição: Sony Pictures

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