Marguerite & Julien: Um amor proibido
França,
virada do século XVI para o XVII. Os irmãos Marguerite (Anaïs Demoustier) e Julien
de Ravalet (Jérémie Elkaïm) cresceram juntos com uma grande afinidade. Na adolescência
apaixonam-se perdidamente e iniciam um relacionamento que escandaliza a aristocracia
da época. Sob pressão, os dois fogem para viverem juntos, porém são perseguidos
pela família com ajuda da polícia.
Empregando
uma câmera distanciada e um ritmo lento, a cineasta Valérie Donzelli, de “A
guerra está declarada” (2011), recriou um fato verídico com desfecho trágico sobre
um caso de incesto que abalou a França no século XVI, envolvendo dois irmãos
nascidos em uma família aristocrata. Eles são Marguerite e Julien de Ravalet,
uma espécie de “Romeu e Julieta”. Quando crianças, já tinham uma relação
próxima, prometeram um ao outro amor eterno. Passados os anos, na juventude,
isto se transformou em uma paixão proibida. Mantiveram por várias ocasiões
encontros amorosos às escondidas, desafiando principalmente Marguerite, que
iria se casar; quando flagrados, fugiram para viverem juntos. E daí são alvo da
polícia, de um padre moralista que os acusam de um crime irremediável e por fim
da família desesperada. O romance do casal de irmãos terminou de forma brutal, com
violência, e o desfecho não nos poupa de nada – é cru e direto, causando um nó
na garganta.
O
filme tem uma história dentro de outra (abre com uma moça contando à a trajetória
dos jovens Ravalet para crianças antes de dormirem), tem liberdade para misturar
épocas, dialoga o velho com o novo (a ambientação é entre 1590 e 1603, mas vemos
em cena telefone celular, roupas atuais etc), e a montagem é altamente veloz.
A
ideia veio de um argumento de Jean Gruault, o roteirista de “Jules e Jim”
(1962) e “O garoto selvagem” (1970), que François Truffaut iria filmar quarenta
anos atrás, mas não aconteceu (imaginem como teria ficado essa baita história
pelas mãos de um dos arquitetos da Nouvelle Vague?). Então a diretora francesa Valérie
Donzelli, com ajuda do ator de seus filmes Jérémie Elkaïm (que interpreta aqui
o Julien), fizeram a adaptação, que mantem aspectos fieis do original; o
resultado é uma obra controversa, desafiadora, um exemplar cult para público
específico.
Indicado
à Palma de Ouro e ao Queer Palm em Cannes em 2015, foi vaiado no festival e
dividiu a opinião dos críticos – maltratado pela imprensa estrangeira, o drama teve
pouca adesão do público, aqui no Brasil passou na Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo em 2016, entrando em seguida em cartaz por duas semanas nas
capitais, porém em muitos países importantes sequer esteve em circuito. Uma
pena, pois é um trabalho bem finalizado e original, com um tema tabu que nos
permite uma série de reflexões. Disponível em DVD pela Mares Filmes e em
plataformas digitais.
Marguerite & Julien: Um amor proibido (Marguerite et Julien). França, 2015,
103 minutos. Colorido. Dirigido por Valérie Donzelli. Distribuição: Mares
Filmes
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