O repórter
investigativo Eddie Brock (Tom Hardy) é demitido após se envolver em um
escândalo jornalístico e na mesma semana termina o relacionamento com a
namorada, Anne (Michelle Williams). Deprimido, sem perspectiva de vida, torna-se
hospedeiro de um simbionte alienígena, que dá a ele altos poderes de
destruição. Brock agora é Venom, uma criatura monstruosa, que lutará contra
outros simbiontes espalhados pelas ruas de São Francisco.
A
tagline do pôster explica o conceito do filme: “O mundo já tem muitos super-heróis”.
Realmente... Depois de uma safra de duas décadas ininterruptas de fitas de
heróis, a Marvel resolveu apostar numa nova era, a de anti-heróis e vilões. Em
parceria com a Sony Pictures, investiu alto nesta “origin story” de um dos
personagens mais enigmáticos, sombrios e violentos das HQs do Universo Marvel, Venom,
lembrado como arqui-inimigo do Homem-Aranha (e bem semelhante a ele, repare no formato
da cabeça e no modelo do corpo). Venom é a fusão de um simbionte que veio do
espaço (uma gosma negra) no corpo de um jornalista decadente. Humano e
alienígena viram um monstro imbatível, dominado pela raiva, que possui uma
mandíbula enorme que chega a engolir os adversários. E dá medo nas crianças
(devido à violência, a classificação do filme foi para 14 anos).
Eficiente
nas cenas de ação (da metade para o fim), “Venom” tem um roteiro fragilizado
pela falta de humor e de personagens secundários contundentes, deixando a carga
pesada em cima do ator Tom Hardy, que se esforça em desempenhar o papel duplo –
o do jornalista em crise, atordoado pelas vozes em sua cabeça enquanto se
transmuta no indestrutível Venom, seu alterego. Curiosidade: Hardy aceitou o
papel depois que o filho apresentou a ele o personagem da Marvel.
Outra
defasagem no roteiro é a criação de uma enorme quantidade de histórias
paralelas que ficam em aberto – o relacionamento dele com Anne (Michelle
Williams, em participação pequena), a Fundação Vida e seus negócios escusos
sobre missões espaciais e experimentos genéticos com pessoas, e até a demora na
apresentação do vilão Riot, deixada para a meia hora final. Ainda dá para
perdoar os pequenos deslizes, pelo menos para mim, que não sou fã de HQs, porém
adoro um bom filme de ação da Marvel. Com certeza o filme é uma boa investida
no cinema blockbuster de ação, que diferencia o personagem central de tudo que vimos
até agora. Ah, sem esquecer do interessante visual do simbionte em computação gráfica, feito a partir dos traços de Todd
McFarlane e David Michelinie, além da bacana música oficial do personagem,
cantada por Eminem, e ainda a tradicional aparição (de segundos) do editor e
presidente da Marvel Comics Stan Lee (foi seu penúltimo trabalho, ele faleceu
em novembro de 2018).
“Venom”
é bem curto em relação à maioria das fitas da Marvel, que beiram 140 minutos;
este tem exatos 112 minutos, mas filme, filme mesmo, tem 107, incluindo uma
cena extra nos créditos finais mostrando outro vilão (sem spoiler, por favor),
que ficará para “Venom 2” (previsto para o segundo semestre de 2020) - os cinco
minutos restantes é de um trechinho do ótimo “Homem-Aranha no Aranhaverso”,
ainda em exibição nos cinemas (ganhou o Globo de Ouro de animação e deve
receber o Oscar este ano).
Dirigido por Ruben Fleischer, de
“Zumbilândia” (2009) e “Caça aos gângsteres” (2013), que realizou um filme
sério e com sequências bem violentas para o subgênero de superheroes, tudo
dentro de um orçamento de U$ 100 milhões, que alcançou uma inacreditável bilheteria,
de U$ 855 milhões; um fenômeno mundial, atingindo a quinta maior bilheteria de
2018 (os quatro primeiros do ranking foram, em sequência, “Vingadores: Guerra
infinita”, “Pantera Negra”, “Jurassic World: Reino ameaçado” e “Os Incríveis
2”).
Saiu este mês pela Sony Pictures em vários
formatos: em DVD, com poucos extras, e em Bluray (uma versão em disco único e uma
dupla em Steelbook, com bônus exclusivos).
Venom (Idem). EUA/China, 2018, 112 min.
Ação. Colorido. Dirigido por Ruben Fleischer. Distribuição: Sony Pictures
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