quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Cine Lançamento


Boneco de neve

O expert detetive Harry Hole (Michael Fassbender), com a ajuda da recruta da Divisão de Desaparecidos Katrine Bratt (Rebecca Ferguson), lidera a investigação de mulheres desaparecidas no temível inverno da Noruega. A dupla encontra corpos mutilados e suspeitam de que um serial killer do passado voltou a atacar.

Um bom suspense de investigação baseado no livro campeão de vendas, de mesmo nome, do escritor e músico norueguês Jo Nesbø, que escreveu uma série de 11 obras com o detetive lacônico e alcoólatra Harry Hole – este é o sétimo, lançado em 2007, único que virou filme – do mesmo autor saiu sete anos atrás “Headhunters”, um ótimo thriller.
Não entendo o auê da crítica americana em detonar “Boneco de neve”, até citando-o como um dos piores de 2017, apesar do fracasso na bilheteria (teve custo de U$ 35 milhões e não rendeu mais que U$ 7 mi). O filme é um pouco apressado, com falhas de roteiro, falta emoção e humor, mas tem atrativos generosos, como a belíssima fotografia no gelo e o bom trabalho da dupla de investigadores, uma composição interessante de Michael Fassbender (duas vezes indicado ao Oscar), que fala sussurrando com voz grossa, e Rebecca Ferguson, linda de cabelos pretos, franja e olhar penetrante. Está longe de ser uma fita ruim, é um suspense regular com policial envolvendo crimes brutais, investigação e um jogo de gato e rato que serve para manter o público apreensivo por duas horas diante da TV - o próprio diretor Tomas Alfredson desabafou que teve problemas com imposições do estúdio, e o resultado não foi o que esperava.
Fassbender e Rebecca investigam desaparecimentos no frio congelante da Noruega até se deparar com um psicopata insano que se autointitula “O Assassino do Boneco de Neve”. Ele dopa as vítimas com uma injeção, arranca partes do corpo com uma ferramenta de corte e coloca bonecos de neve na cena do crime. Os desaparecimentos atuais fazem os policiais voltarem ao passado, pois um serial killer com o mesmo modus operandi nunca foi preso e pode ser ele atacando de novo.
Rodado na Noruega, em locações de puro gelo nas cidades de Oslo, Rjukan e Bergen, o filme foi desafiador para a produção, pois as externas foram gravadas sob uma temperatura de 17 graus negativos, que captam imagens impressionantes da neve real. Assim o ambiente gera o clima de medo necessário para o percurso da mórbida história.
As ideias vieram do livro original atrelada à criatividade do cineasta sueco indicado ao Bafta Tomas Alfredson, de “Deixa ela entrar” (2008, a versão original) e “O espião que sabia demais” (2011). O diretor soube utilizar inflexões, texturas e ritmos para cada personagem, o que dá ingredientes charmosos nas composições do filme. Circundando os dois personagens centrais aparece um elenco diversificado em papéis menores e pouco aproveitados, como Val Kilmer (debaixo de uma forte maquiagem, bochechudo), Chloë Sevigny (em papel, duplo, de irmãs gêmeas), J. K. Simmons, Charlotte Gainsbourg, Toby Jones, Anne Reid e James D'Arcy, além de atores suecos e noruegueses.
Produzido por Martin Scorsese (que iria dirigir, mas abandonou o projeto), o filme termina com possibilidade de uma nova investigação do detetive Harry Hole. Vamos esperar!
Gostei do suspense quando assisti na estreia, no final do ano passado, e agora revi em DVD, recém-lançado pela Universal. No disco há cinco extras bem legais para se conhecer a fundo a produção.


Boneco de neve (The snowman). EUA/Reino Unido/Suécia, 2017, 119 min. Suspense/Policial. Colorido. Dirigido por Tomas Alfredson. Distribuição: Universal Pictures

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