segunda-feira, 23 de julho de 2018

Cine Lançamento


Trama fantasma

Na Londres pós-guerra, o famoso estilista Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis), ao lado da irmã Cyril (Lesley Manville), veste a alta sociedade britânica com muito requinte. Os dois mantêm a Casa Woodcock, que representa o centro da moda do país. Ao sair do trabalho, num final de tarde, o solitário estilista conhece a garçonete Alma (Vicky Krieps), por quem se apaixona perdidamente. A garota suburbana logo se tornará sua amante e musa inspiradora, provocando uma série de conflitos em Woodcock.

Ilustre fita de arte indicada a seis Oscars, o último trabalho do ator Daniel Day-Lewis, que no fim das gravações anunciou a aposentadoria, em novembro de 2017. Ele estava com 60 anos, recebeu a sexta indicação ao Oscar pelo filme e é um recordista, com três prêmios da Academia.
Este é um romance melodramático de inspiração gótica sobre o mundo da moda na Inglaterra da metade do século XX. Lewis arrebenta em cena no papel de um estilista exigente, perfeccionista e solitário, que só se dedica ao trabalho. Apegado à figura da mãe falecida, tem uma irmã conselheira e observadora, que o controla (papel exemplar da inglesa Lesley Manville, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante). Eles formam a dupla que mantém com determinação e rigor a Casa Woodcock, principal representante da Alta Costura do país, que veste a realeza e as estrelas de cinema. Reynolds Woodcock troca de mulheres com frequência, não consegue manter relacionamento duradouro e como ele mesmo diz, é um “solteiro convicto e incurável”. Mas acaba se perdendo numa louca paixão por uma garçonete bem mais nova, uma garota simples (bom trabalho da jovem Vicky Krieps), que apresenta um corpo perfeito para os moldes de suas roupas, um ponto que também o interessa. No início parecia estar ali um relacionamento ideal, porém Woodcock não consegue mudar velhos hábitos, autodestrói-se, apenas focado nas roupas que confecciona com exímios detalhes.
Da metade para o fim o filme ganha ares estranhos, reviravoltas perversas, com momentos de pura excentricidade. É uma fórmula recorrente nas obras do cineasta, o diretor autor Paul Thomas Anderson (de “Boogie nights: Prazer sem limites”, “Magnólia” e “Sangue egro”, também com Lewis), que também escreveu o roteiro. Aguarde surpresas bem diferentes!
Anderson se inspirou nas obras do conhecido estilista espanhol Cristobal Balenciaga, utilizando um figurino de luxo, que ganhou o Oscar e o Bafta neste ano (era de esperar, trabalho merecido, assinado por Mark Bridges, que ganhou o Oscar também por “O artista” e que já havia trabalho com o diretor). Ele tem uma câmera segura e sensível, que capta a delicada produção de moda com enquadramento de pormenores, focando mãos, costas, botões, golas, pescoço, o que aumenta o brilho nos olhos do público com estas lindas imagens.
Outro destaque do filme para se prestar atenção é a curiosa trilha sonora com piano sempre presente, ao fundo, que varia entre os volumes alto e baixo, produzido por Jonny Greenwood, da banda Radiohead (realizador das trilhas de vários filmes de Anderson).
Assista para compreender o significado do título (ambíguo), ver o trabalho derradeiro de Lewis numa entrega total de mente e alma e se deslumbrar com o brilhantismo do figurino, ganhador do Oscar.
Recebeu cinco outras indicações – ator, atriz coadjuvante (Lesley), trilha sonora, direção e filme, além de concorrer ao Bafta e ao Globo de Ouro. Já em DVD pela Universal Pictures.

Trama fantasma (Phantom thread). EUA/Reino Unido, 2017, 130 min. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Paul Thomas Anderson. Distribuição: Universal Pictures

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